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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

29 de janeiro de 2011

Imobilidade atuante

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Criar dentro do universo virtual é criar na imobilidade. O quanto desta aparente imobilidade pode interferir no real é o questionamento a se fazer; se a modificação de um fato distante noticiado está ao nosso alcance.

Eu afirmo: isso depende do quanto estamos em um estado de Unidade, o quanto estamos nos permitindo ser empaticamente solidários com o ocorrido. Isso não requer nenhuma ação concreta. É uma espécie de dinâmica interior. Qualquer ação concreta desprovida desta dinâmica interior é sem efeito. Pode até trazer alívio às necessidades primárias imediatas. E mais nada além...

Um exemplo está nas recentes doações às vítimas da tragédia pelas chuvas. Este é um típico fato distante noticiado, cuja modificação acreditamos estar fora do nosso alcance. Porém, todo o volume de doações e ajuda voluntária terão efeito fugaz. Claro que irão proporcionar alívio e amparo às necessidades imediatas, quando chegarem ao local da tragédia, mesmo se a logística contiver vícios de desvios e corrupção. Mas as condições sociais por trás de tal tragédia continuarão a existir.

Então, como eu, centenas de quilômetros dali, poderia alcançar aquelas pessoas que estão sem casa e sem comida? Como poderia aliviar o desespero e a dor delas?

A resposta é: compartilhando com elas aquela dor e aquele desespero – no exato lugar que estou e no exato momento em que tomo conhecimento delas.

Para muitos, isso está muito além da compreensão e da capacidade de suportar. Para suportar o compartilhamento de uma dor desta magnitude, onde sobreviventes ficam instantaneamente desprovidos de todos os alicerces da própria vida (sem todos os parentes, sem todos os pertences), somente o mais amoroso desapego de tudo que representa a vida comum pode ajudar deveras. A ajuda de que tanto necessitam está no campo psico-energético. Ou seja, está numa dimensão não mensurável, não racional, não científica, para além da excelência em logística, ou de qualquer formalidade corporativa empresarial, ou de qualquer estudo acadêmico. Está numa disponibilidade afável para com a dor alheia. E tal disponibilidade, tal afabilidade, tal poder de amparo no campo psico-energético, só existe de forma autêntica, legítima, em quem sabe vivenciar a própria dor em toda sua intensidade... em toda a sua mais profunda e intensa solidão... no mais absoluto abandono...no mais desesperador isolamento... próximo, muito próximo do auto-extermínio...do extermínio de toda vontade falsa do ego...

As maiores crueldades que uma tragédia desta proporção denunciam são as frivolidades que adotamos por representações da nossa própria vida trivial. São estas frivolidades; esta inabilidade de empatia, este não querer se aperceber e compartilhar da dor contida em si mesmo e, muito menos, da dor no outro; as verdadeiras responsáveis pela falta de providências que poderiam evitar tais tragédias. As responsáveis pela imensa gama de violências, de tragédias diárias, banalizadas de tão rotineiras.

E a que... ou a quem... devemos responsabilizar pelo predomínio destas frivolidades?

Quem, em última instância, prefere entretenimentos recreativos, distrações, consumismos e outras fugas, ao invés de depurar os males e as angústias, senão nós mesmos?

Liban Raach
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