Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

17 de fevereiro de 2011

Sobre o viver

Vivi tão pouco que tendo a imaginar que não morrerei. Parece inverossímil que uma vida humana se reduza a tão pouco. A gente imagina, apesar de tudo, que algo, cedo ou tarde, acontecerá. Profundo engano. Uma vida pode ser muito bem, ao mesmo tempo, vazia e curta. Os dias passam pobres, sem deixar nem lembranças; depois, de um golpe, acabam.

Às vezes, também, tenho a impressão de que conseguirei me instalar duradouramente numa vida ausente. Que o tédio, relativamente indolor, me deixará continuar a realizar os gestos corriqueiros da vida. Novo engano. O tédio prolongado não é uma posição sustentável. Transforma-se, cedo ou tarde, em percepções nitidamente mais dolorosas, de uma dor positiva. É exatamente o que está acontecendo comigo.

Michel Houellebecq - Extensão do domínio da luta
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