Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

31 de março de 2011

Antiga sabedoria perdida

Escravos do Tempo

Antiga sabedoria perdida na contemporaneidade:
"Desta vida só se leva a vida que se levou."

Sobre a independência

Poucos são feitos para a independência - trata-se de um privilégio dos fortes. E aquele que a tenta, tendo o mais pleno direito a ela mas sem que seja compelido,  com isso demonstra que é provavelmente não apenas forte, como também temerário, ultrapassando qualquer medida. Aventura-se num labirinto, multiplica por mil os perigos que a vida por si já traz consigo, um dos maiores deles, sendo que ninguém é capaz de contemplar como e onde ele se desvia, é isolado dos outros e despedaçado membro a membro por algum minotauro cavernoso da consciência. Se alguém assim desaparece, isso ocorre tão distante do entendimento dos homens que estes nem o sentem, nem por isso experimentam compaixão - e e ele não pode mais voltar! Não pode mais voltar sequer para a compaixão dos homens!

Nietzsche

Filme - Sem Limites (2011)



Ano: 2011
Título em Português: Sem Limites
Título Original: The Dark Fields
Título Inglês: Limitless
Gênero: Ação
Origem: Estados Unidos
Versões: Inglês
Direção: Neil Burger
Elenco: Robert De Niro (Carl Van Loon), Bradley Cooper (Eddie Morra)
Duração: 105 min.
Classificação: 14 anos

O que seria viver num estado alterado de consciência sem limites?... Há anos o escritor Eddie Morra (Bradley Cooper) esta sofrendo um bloqueio criativo. Quando um velho amigo lhe apresenta um remédio revolucionário sua vida muda instantaneamente. Com o remédio Eddie passa a usar 100% do seu cérebro. Ele consegue lembrar de tudo que já leu, ouviu ou viu em toda sua vida. Aprende línguas, faz cálculos, consegue ler e escrever muito rapidamente. Porém para que tudo isto ocorra ele precisa tomar o remédio todo dia. Em poucas semanas Eddie vira o rei de Wall Street chamando a atenção do mega empresário Carl Van Loon (Robert De Niro) que o contrata para fechar um dos maiores negócios da história. Tendo se tornado uma pessoa perfeita ele agora passará a viver sem limites.


Mundanidade Normótica

Afinal de contas, que é mundanidade? Mundanidade, certamente, é estar satisfeito - estar satisfeito não somente com as coisas exteriores, com propriedade, riqueza, posição, poder, mas também com as coisas internas. A maioria de nós está satisfeita em um nível muito superficial. Obtemos satisfação em possuir coisas - um carro, uma casa, um jardim, um título. Possuir nos dá um extraordinário sentimento de gratificação. E quando estamos satisfeitos em possuir coisas, procuramos satisfação em um nível mais profundo; buscamos o que chamamos de verdade, Deus, a salvação. Mas ainda estamos movidos pela mesma compulsão - a exigência de sermos satisfeitos. Da mesma forma que você busca satisfação no sexo, em uma posição social, em ser dono das coisas, assim você também quer ser satisfeito por meios "espirituais".

Autor: Krishnamurti

30 de março de 2011

Não é fácil ser livre

Ocupações de famílias de sem teto que vivem na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, Brasil, clamam por negociação junto ao governo local, que ameaça despejá-los.


Se puderes olhar, vê!

Death Letter

Retrato do desmoronar completo da sociedade causado pela cegueira que aos poucos assola o mundo,  reduzindo-o ao obscurantismo de meros seres extasiados na busca incessante pelo poder.

Crítica pura às facetas básicas da natureza humana encarada como uma crise epidérmica.

Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente.

Caso contrário, continuará uma máquina insensível que observa passivamente o desabar de tudo à sua volta.

José Saramago

O Efeito sombra


O conflito entre quem somos e quem queremos ser encontra-se no âmago da luta humana. A dualidade, na verdade, está no centro da experiência humana. A vida e a morte, o bem e o mal, a esperança e a resignação coexistem em todas as pessoas e manifestam sua força em todas as facetas da vida. Se sabemos o que é a coragem, é porque também experimentamos o medo; se podemos reconhecer a honestidade, é porque já encontramos a falsidade. No entanto, a maioria de nós nega ou ignora nossa natureza dualista.

Caso estejamos vivendo sob a suposição de que somos apenas de um jeito ou de outro, dentro de um espectro limitado de características humanas, então, precisamos questionar por que, atualmente, muitos de nós estamos insatisfeitos com a nossa vida. Por que temos acesso a tanta sabedoria e, ainda assim, não temos a força e a coragem para agir segundo nossas boas intenções, tomando decisões eficazes? E, mais importante, por que continuamos a nos expressar de maneiras contrárias aos nossos valores e a tudo aquilo em que acreditamos?

Vamos mostrar que isso ocorre porque não examinamos nossa vida, nosso eu mais obscuro, o eu sombrio, onde está escondido nosso poder esquecido. É ali, nesse local mais improvável, que encontramos a chave para destrancar a força, a felicidade e a capacidade de viver nossos sonhos.

Fomos condicionados a temer o lado obscuro da vida, assim como o nosso. Quando nos pegamos em meio a um pensamento sombrio ou tendo um comportamento que julgamos inaceitável, corremos como uma marmota ao buraco no chão e nos escondemos, torcendo e rezando para que aquilo desapareça antes de nos aventurarmos a sair novamente. Por que fazemos isso? Porque tememos, independentemente do quanto nos esforcemos, jamais conseguir escapar desse nosso lado. E, embora ignorar ou reprimir esse lado sombrio seja a norma, a verdade soberana é que correr da sombra apenas intensifica seu poder. Negá-la apenas conduz a mais dor, sofrimento, tristeza e sujeição. Se falharmos em assumir a responsabilidade de extrair a sabedoria que está oculta no fundo de nossa consciência, a treva assume o comando e, em vez de sermos capazes de assumir o controle, a escuridão acaba nos controlando, provocando o efeito sombra. Então, o lado obscuro passa a tomar as decisões, tirando-nos o direito a escolhas conscientes, seja quanto ao que comemos, ao tanto que gastamos ou aos vícios a que sucumbimos. Nosso lado sombrio nos incita a agir de forma que jamais imaginamos e a desperdiçar a energia vital em maus hábitos e comportamentos repetitivos. A obscuridade interior nos impede de expressar inteiramente o nosso eu, de falar nossa verdade e viver uma vida autêntica. Somente ao abraçar a nossa dualidade é que nos libertamos dos comportamentos que poderão potencialmente nos levar para baixo. Se não reconhecermos integralmente quem somos, é certo que seremos tomados de assalto pelo efeito sombra.

O efeito sombra está por toda parte. A prova de sua disseminação pode ser vista em todos os aspectos da vida. Lemos sobre ele on-line. Podemos vê-lo nos noticiários da TV e também em amigos, familiares e estranhos na rua. E talvez possamos reconhecê-lo de forma mais expressiva em nossos pensamentos, comportamentos, e senti-lo nas interações que fazemos com os outros. Receamos que, se lançarmos luz nessa escuridão, isso nos fará sentir uma imensa vergonha ou, até pior, nos levará a expressar nossos piores pesadelos. Tornamo-nos temerosos quanto ao que podemos encontrar se olharmos dentro de nós mesmos; portanto, em vez disso, escondemos a cabeça e nos recusamos a enfrentar o lado sombrio.

Mas este livro revela uma nova verdade - compartilhada com base em três perspectivas transformadoras: o oposto do que tememos é, de fato, o que acontece. Em vez de vergonha, sentimos empatia. Em vez de constrangimento, ganhamos coragem. Em vez de limitação, experimentamos a liberdade. Mantida oculta, a sombra é uma caixa de Pandora repleta de segredos, que tememos destruírem tudo o que amamos e gostamos. Porém, se abrirmos a caixa, descobrimos que aquilo que está ali dentro tem o poder de alterar radicalmente nossa vida, e de forma positiva. Sairemos da ilusão de que nossa obscuridade nos dominará e, em vez disso, veremos o mundo sob uma nova luz. A empatia que descobrimos por nós mesmos dará a centelha de ignição para nossa confiança e coragem à medida que abrirmos nosso coração a todos ao redor. O poder que desencavamos nos ajudará a confrontar o medo que esteve nos segurando e nos incitará a seguir adiante, rumo ao mais alto potencial. Longe de ser assustador, abraçar a sombra nos concede uma plenitude, permite que sejamos reais, reassumindo nosso poder, libertando nossa paixão e realizando nossos sonhos.

Do Livro: O Efeito Sombra
Clique aqui para conhecer melhor o luivro

Mobilização ecológica




  • A cada ano 671 milhões kg de plástico são produzidas em todo o mundo.
  • A Cada ano 400 milhões de contêiners não são reciclados, em Quebec.
  • Existem 18 mil pedaços de plástico flutuando em cada Km2 de oceano.
  • 91% dos quebequenses estão preocupados com o meio ambiente. E você?

A Ciência salvou a minha alma

Ídolos ou Ideal?

"Se houver apenas cinco pessoas que queiram escutar, que queiram viver, que tenham a face voltada para a eternidade, será o suficiente. De que servem milhares que não compreendem, completamente imbuídos de preconceitos, que não desejam o novo(...)? Gostaria que todos os que queiram compreender sejam livres, não para me seguir, não para fazer de mim uma gaiola, que se torne uma religião, uma seita. Deverão estar livres de todos os temores (...), do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida."

Autor: Krishnamurti

29 de março de 2011

Crescendo na real prosperidade

Pergunta a Osho:

Parece-me que os seres humanos sentem que ser eles mesmos não é suficiente. Por que a maioria das pessoas tem tal compulsão para atingir o poder e o prestígio, em vez de apenas ser simples seres humanos?

Essa é uma questão complicada. Ela tem dois lados, e ambos têm de ser entendidos. Primeiro: você nunca foi aceito por seus pais, professores, vizinhos e pela sociedade como você é.

Todos tentaram modificá-lo, torná-lo melhor. Todos apontaram as falhas, os equívocos, os erros, as fraquezas e as fragilidades que todos os seres humanos estão sujeitos a ter. Ninguém enalteceu sua beleza, sua inteligência; ninguém enalteceu sua grandeza.

Só o fato de estar vivo já é um presente, mas ninguém jamais disse para estar grato à existência. Pelo contrário, todos estavam amargurados, reclamando.

Naturalmente, se tudo o que cerca sua vida desde o início vai lhe mostrando que você não é o que deveria ser, vai lhe dando grandes ideais que você deve seguir, que você deve atingir, seu ser nunca é louvado. O que é louvado é seu futuro, se você puder se tornar alguém respeitável, poderoso, rico, intelectual, de alguma forma famoso, e não um simples zé-ninguém.

O constante condicionamento criou em você a ideia de que "eu não sou suficiente como sou, alguma coisa está faltando. E tenho de estar em algum outro lugar, não aqui. Não é neste lugar que eu deveria estar, mas em algum outro lugar mais alto, mais poderoso, mais dominante, mais respeitado, mais bem conhecido".

Essa é a metade da história, que é feia, e não deveria ser assim. Isso pode ser simplesmente removido se as pessoas forem um pouco mais inteligentes como mães, como pais, como professores.

Vocês não devem corromper as crianças, sua auto-estima, sua aceitação de si mesmas; devem ajudá-las a crescer. Do contrário, vocês serão um obstáculo ao crescimento. Essa é a parte feia, mas é a parte simples. Ela pode ser removida, porque é muito simples e lógico perceber que você não é responsável pelo que é, foi a natureza que o fez assim. Agora, chorar desnecessariamente sobre o leite derramado é pura estupidez.

Mas a segunda parte é tremendamente importante. Mesmo que todos esses condicionamentos sejam removidos, que você seja desprogamado, que todas essas ideias sejam retiradas de sua mente — ainda assim você vai sentir que não é suficiente; mas essa será uma experiência totalmente diferente. As palavras serão as mesmas, mas a experiência será diferente.

Você não é suficiente porque pode ser mais. Não será mais uma questão de se tornar famoso, respeitável, poderoso, rico. Essa não será mais sua preocupação. Sua preocupação será a de que o seu ser é apenas uma semente.

Ao nascer você não é como uma árvore; você nasce apenas como uma semente, e tem de crescer até o ponto em que floresça; e esse florescimento será seu contentamento, sua realização.

Esse florescer não tem nada a ver com poder, com dinheiro, com política. Tem algo a ver com você; é um progresso individual. E, para isso, o outro condicionamento é um obstáculo, uma distração; é um mau uso do desejo natural de crescer.

Cada criança nasce para crescer e se tornar um ser humano completo, com amor, com compaixão, com silêncio. Ela tem de se tornar uma celebração em si mesma. Não é uma questão de competição, nem mesmo uma questão de comparação.

Mas o primeiro condicionamento o distrai devido à necessidade de crescer, à necessidade de se tornar mais, à necessidade de expandir, que é utilizada pela sociedade, pelos interesses estabelecidos.

Eles distorcem tudo. Enchem sua mente de tal maneira que você passa a pensar que essa necessidade é a de ter dinheiro, que essa necessidade significa estar no topo todos os dias, na educação, na política. Onde quer que você esteja, tem de estar no topo: menos que isso e você sentirá que não está fazendo algo bem, sentirá um profundo complexo de inferioridade.

Todo esse condicionamento produz um complexo de inferioridade porque visa a torná-lo superior, superior aos outros. Ele ensina a competição, a comparação, ensina a violência, a luta. Ensina que os meios não importam, o que importa são os fins — o sucesso é a meta. E isso pode ser facilmente realizado porque você já nasce com uma necessidade de crescer, com uma necessidade de estar em outro lugar.

Uma semente precisa fazer uma longa viagem até se transformar em flor. É uma peregrinação. A necessidade é bela. Ela lhe é dada pela própria natureza. Mas a sociedade, até agora, tem sido muito esperta; ela altera, desvia, distorce seus instintos naturais em algo de utilidade social.

Esses são os dois lados que lhe dão a sensação de que, onde quer que você esteja, algo está faltando; você quer ganhar algo, alcançar algo, tornar-se um realizador, um alpinista.

Agora, é preciso ser inteligente para perceber qual é sua necessidade natural e o que é o condicionamento social. Corte o condicionamento social — é tudo porcaria —, de forma que a natureza permaneça pura, não poluída.

E a natureza é sempre individualista. Você crescerá e florescerá, e poderá ter muitas rosas. Alguns podem crescer e se tornar margaridas. Você não é superior porque tem rosas; ele não é inferior porque tem margaridas. Ambos floresceram, esse é o ponto; e esse florescimento traz um profundo contentamento.

Todas as frustrações, todas as tensões desaparecem; uma profunda paz prevalece sobre você, a paz que ultrapassa o entendimento. Mas primeiro você deve eliminar completamente a porcaria social; de outra forma ela o distrairá.

Osho, em "Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade"

Sobre a publicidade


Na propaganda nunca se deve acreditar na própria publicidade.
Desenho animado: Liga da Justiça - Episódio "Laços que prendem".

Pessoas

Quando duas pessoas se encontram há, na verdade, seis pessoas presentes: cada pessoa como se vê a si mesma, cada pessoa como a outra a vê e cada pessoa como realmente é.


William James

Fotografando em Modo Zen

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Manhã de sol, céu azul e poucas nuvens. Depois de um saboroso café, com frios e pães especiais, partimos em direção ao Templo Zu Lai, para a primeira saída fotográfica de um casal de sobrinhos. A ansiedade deles fez-me lembrar dos meus primeiros dias de relação com a fotografia. Durante o caminho, fui falando um pouco da minha visão sobre o que a fotografia fez comigo, como ampliou minha maneira de ver o mundo, de perceber que existem variados ângulos pelos quais podemos vê-lo, ao contrário da forma obtusa com a qual antes o via. Falei também de como a fotografia nos torna muito mais sensíveis, atentos e abertos para situações nas quais a grande maioria, por estar quase sempre ligada aos 220 watts, não se dá conta. Falei sobre a importância de fazer da fotografia, muito mais do que um mero “retratar” de beleza, mas sim, um “denunciar” da falta de coerência e dignidade humana tão presente em nossos dias. Meu desejo era poder passar tudo de bom que trago comigo, mas, a boca não consegue dizer mais que uns poucos bocados do que trazemos no intimo; acho que só a terça parte e, talvez, esse seja o simbolismo da palavra “dizimo”: dividir o que diz o intimo.

Chegando ao local, encontramos vaga logo no estacionamento da entrada. Hora de dividir equipamentos. Pela primeira vez, fiquei sem minha máquina, o que sobrou, foi carregar o tripé. Sob a sombra de uma pequena mas bela árvore, passei as explicações sobre como fotografar em modo manual, como encontrar o valor da exposição, da importância da poesia fotográfica formada pelas linhas, retas, curvas, perspectivas, cores e formas. Da importância de captar o “espírito” que paira no ar, bem como as emoções que o mesmo causa nos presentes. Depois da explicações, paramos diante das primeiras estátuas para alguns testes. Para minha surpresa, ambos pegaram as explicações na primeira. Hora de partir à campo. Usei os turistas que ali estavam para mostrar para os “aprendizes” como o olhar humano é acelerado e automatizado, como quase sempre vê o mundo na mesma posição, como não sai do seu lugar para arriscar a beleza de se deparar com novas formas de ver as formas. Apresentar aos acelerados as formas por outras formas: essa é a grande arte do fotógrafo. Dito isto, lancei-os, juntamente com meus internos e silênciosos votos de que a fotografia fizesse com eles, tudo aquilo que vem fazendo por mim.

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Começamos as fotos pelo jardim de entrada do templo, para depois partir em direção ao mesmo. Abaixo do umbral de entrada, havia uma caravana atenta as explicações do monitor. No templo, ocorria um cerimonial do qual se podia ouvir os cantos. Havia também no local um grupo de fotógrafos da cidade mineira de Pouso Alegre. Enquanto meus sobrinhos e esposa fotografavam, fui olhando as imagens do andar do Templo. Uma grande estátua, parecendo ser de bronze me chamou atenção. Enquanto a observava, pude ver meu sobrinho se aproximando. Pedi para que me passasse sua máquina para que eu avaliasse suas fotos tiradas até então. Enquanto, pelo visor apontava alguns de seus erros e acertos, pude perceber um cidadão, de fisionomia oriental, numa negra roupa monástica, com sapatilhas pretas, meias brancas e num acelerado e raivoso andar “dez paras duas” vindo em nossa direção. Quanto mais se aproximava, mais seu olhar se fechava. Sem expressar nenhum cumprimento, gesticulando muito, disparou seu mal-estar:

- Já falado não fazer fotografia cerimônia. Não poder fotografar.

Com muita calma, respondi:

- Senhor, não estou fotografando.

- Está sim, vi fotografando.

- Não estou fotografando, se quiser posso lhe mostrar. – Disse-lhe apontando o visor da máquina, a qual ele empurrou de forma brusca, negando-se a conferencia.

- Não querer ver.

Como ele quis virar as costas e sair bruscamente, segurei em seu braço e disse:

- O senhor não tem o direito de me chamar atenção por algo que não estou fazendo.

Dito isto, empurrou meu braço e saiu em disparada, feito uma negra mariposa transloucada, em direção a entrada do templo, onde, com ajuda de vários incensos, deu continuidade a sua participação no culto. Sua postura só fez confirmar em mim, aquilo que já trago comigo: a desconfiança de situações envoltas na necessidade de cerimônias e roupas especiais que não condizem com o dia a dia.

Meu sobrinho olhou para mim e disse:

- Esse tal budismo não deve estar funcionando com ele.

Com um riso malicioso, respondi:

- É um tipo diferente de Zen budismo... Zenpaciêncianenhuma!...

O que aprendi com o ocorrido? Aquilo que não necessita de um olhar fotográfico: Que belas roupas, um belo templo e uma perfumada e florida cerimônia, de modo algum fazem um monge.

Sobre Meditação

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Para meditar, no sentido mais profundo da palavra, temos de ser íntegros, morais. Não se trata da moralidade de um padrão, de uma prática, ou da ordem social, mas sim da moralidade que brota naturalmente, inevitavelmente, suavemente, quando começamos a compreender-nos a nós próprios, quando estamos atentos aos nossos pensamentos e sentimentos, às nossas atividades, desejos, ambições, etc. -- atentos sem qualquer escolha, observando apenas. Dessa observação nasce a ação correta, que não tem nada a ver com conformismo ou com uma ação de acordo com um ideal. Então, quando isso existe profundamente em nós, com a sua beleza e austeridade na qual não há nenhuma rigidez -- rigidez só existe quando há esforço -- quando tivermos observado todos os sistemas, todos os métodos, todas as promessas e olhado para eles objetivamente, sem gostar ou não-gostar, então podemos recusar tudo isso completamente, para que a mente fique liberta do passado; então podemos prosseguir na descoberta do que é meditação.

Autor: Krishnamurti

28 de março de 2011

Akiane - Menina Prodígio


Akiane começou a desenhar com 4 anos. Hoje ela também é poetisa e se dedica a música.

O correspondente Gilberto Smaniotto foi ao estado de Idaho, EUA, conhecer essa garota que, para muitos, é considerada um gênio.

Akiane, a young artist who was inspired by visions from God to paint from the age of just 4 years old. A brilliant young mind using her gift to inspire people.

Producão: Paula Martins
Imagens: Cláudio Silva
Edição: Osmar Junior e Willian Silva

Felicidade

Se você quer ser feliz, então comece a fazer escolhas naturais. Há muitas ocasiões em que você terá que ser desobediente - seja! Haverá muitas ocasiões em que você terá que ser rebelde - seja! Não há nenhum desrespeito implícito nisso. Seja respeitoso com seus pais. Mas lembre-se de que a sua mais profunda responsabilidade é com o seu próprio ser.
Todo mundo está sendo empurrado e manipulado. Ninguém sabe qual é o seu destino. O que você realmente sempre quis fazer, foi deixado de lado. E como você pode ser feliz? Alguém que poderia ter sido um poeta, tornou-se simplesmente um emprestador de dinheiro. Alguém que poderia ter sido um pintor, tornou-se um médico. Alguém que poderia ter sido um médico, um belo médico, é agora um homem de negócios. Todo mundo está fora do lugar. Todo mundo está fazendo alguma coisa que nunca quis fazer; daí a infelicidade.
A felicidade acontece quando a sua vida se encaixa com o que você é, quando se encaixa tão harmoniosamente que qualquer coisa que você fizer será pura alegria. Então, de repente, você descobrirá que a meditação segue você. Se você ama o trabalho que está fazendo, se você ama a maneira como está vivendo, então você está meditativo. Então nada irá desviar você. Quando você se desvia de certas coisas, isso simplesmente demonstra que você não está realmente interessado naquelas coisas.
Nós temos nos desviado por motivos não naturais: dinheiro, prestígio, poder. Ouvir o pássaro cantar não vai lhe dar dinheiro. Ouvir o pássaro cantar não vai lhe dar poder e prestígio. Observar uma borboleta não irá ajudá-lo economicamente, politicamente, socialmente. Essa coisas não lhe trarão remuneração, mas essas coisas irão fazê-lo feliz.
Uma pessoa verdadeira tem coragem de se voltar para as coisas que a fazem feliz. Se com isso ela permanecer pobre, ela permanecerá pobre; ela não reclamará disso, ela não guardará nenhum rancor. Ela dirá: 'Eu escolhi o meu caminho, eu escolhi o cantar dos pássaros e as borboletas e as flores. Eu posso não ser rico, tudo bem, mas eu sou rico porque eu sou feliz.'
Esse tipo de homem não necessita de qualquer método para se centrar, por que não é preciso, ele está centrado. Seu centramento está por toda a sua vida. Vinte e quatro horas por dia ele está centrado.
Em qualquer lugar que você vê dinheiro, você já não é mais você mesmo. Em qualquer lugar que você vê poder e prestígio, você já não é mais você mesmo. Em qualquer lugar que você vê respeitabilidade, você já não é mais você mesmo. Imediatamente você esquece tudo - você esquece os valores intrínsecos de sua vida, a sua felicidade, a sua alegria, o seu deleite.
Você sempre escolhe algo do lado de fora, e você barganha com algo do lado de dentro. Você perde o interior e ganha o lado de fora. Mas o que você vai fazer com isso? Mesmo se você tiver todo o mundo aos seus pés, mas se você tiver perdido a si mesmo; mesmo se você tiver conquistado todas as riquezas do mundo, mas se você tiver perdido seu próprio tesouro interior, o que você fará com tudo aquilo? Essa é a miséria.
Se você puder aprender uma coisa comigo, então que essa coisa seja: esteja alerta, consciente a respeito de seus próprios motivos mais internos, a respeito de seu próprio destino mais interno. Nunca perca você mesmo de vista, de outra maneira você será infeliz. E quando você estiver infeliz, as pessoas irão dizer: 'medite e você se tornará feliz!' Elas dirão: 'Esteja centrado e você se tornará feliz; ore e você se tornará feliz; vá ao templo, seja religioso, seja um cristão ou um hindu, e você será feliz'. Tudo isso é tolice.
Seja feliz! e a meditação virá em seguida. Seja feliz, e a religião virá em seguida. Felicidade é a condição básica. As pessoas se tornam religiosas somente quando elas estão infelizes; então a religião delas é falsa. Tente entender porque você está infeliz.
Muitas pessoas vêm a mim e dizem que elas são infelizes, e elas querem que eu lhes dê alguma meditação. Eu digo: primeiro, a coisa básica é compreender porque vocês estão infelizes. E se vocês não removerem todas as causas básicas de sua infelicidade, eu posso lhes dar uma meditação, mas isso não vai ser de grande ajuda, porque as causas básicas permanecem aí.
Um certo homem poderia ter sido um grande e belo dançarino, mas ele está sentado num escritório arquivando fichas. Sem qualquer possibilidade para a dança. O homem poderia ter curtido dançar sob as estrelas, mas ele segue simplesmente acumulando contas bancárias. E ele diz que está infeliz: 'me dê alguma meditação.' Eu posso dar a ele, mas o que essa meditação irá fazer? O que se espera que ela possa fazer? Ele vai permanecer o mesmo homem: acumulando dinheiro e sendo competitivo no mercado. A meditação poderá ajudar da seguinte maneira: poderá fazer com que ele fique um pouco mais relaxado para seguir fazendo essas tolices, e de uma maneira ainda melhor.
Então, o meu chamado é somente para aqueles que são realmente ousados, aqueles que desafiam o demônio, aqueles que estão prontos para mudar os seus próprios padrões de vida, aqueles que estão prontos para apostar tudo - porque na verdade você nada tem para apostar: somente a sua infelicidade, a sua miséria. Mas as pessoas se agarram até mesmo a isso.
O que mais você tem para apostar? Só a miséria. E o único prazer que você tem é falar a respeito dela. Observe as pessoas falando a respeito de suas misérias: quão felizes elas se tornam! Elas pagam por isso: elas vão aos psicanalistas para falar a respeito de suas misérias - e elas pagam por isso! Alguém as escuta atentamente, e elas se sentem felizes.
As pessoas seguem falando a respeito de suas misérias, repetidamente. Elas até mesmo exageram, elas enfeitam, elas fazem com que as suas misérias pareçam ainda maiores. Elas fazem com que elas pareçam maiores do que a duração de suas vidas. Por que? Você nada tem para apostar. Mas as pessoas se apegam ao conhecido, ao que é familiar. A miséria é tudo o que elas têm conhecido; isso tem sido a vida delas. Nada têm a perder, mas com tanto medo de perder...
Comigo, a felicidade vem primeiro, a alegria vem primeiro. A atitude celebrativa vem primeiro. Uma filosofia afirmativa de vida vem primeiro. Curta! E se você não puder curtir o seu trabalho, mude. Não espere!  A pessoa simplesmente espera, e desperdiça sua própria vida. Por quem e por que você está esperando?
Se você puder ver o ponto, que você está miserável dentro de um certo padrão de vida, e que todas as velhas tradições dizem: Você está errado. Eu gostaria de dizer que o padrão é que está errado. Tente entender a diferença na ênfase: Você não está errado! É só o seu padrão, a maneira de viver que você aprendeu é que está errado. As motivações que você aprendeu e aceitou como suas, não são suas. Elas não irão realizar o seu destino. Elas vão contra a sua essência, elas vão contra o que lhe é elementar.
Lembre-se disso: ninguém mais pode decidir por você. Todos os mandamentos deles, todas as ordens deles, todas as moralidades deles, são simplesmente para matar você. Você tem que decidir ser você mesmo. Você tem que tomar sua vida em suas próprias mãos. De outra maneira a vida vai seguir batendo em sua porta e você nunca estará lá; você estará sempre em algum outro lugar.
Se você tinha que ser um dançarino, a vida virá por aquela porta, porque ela pensa que você é um dançarino. Ela bate na porta, mas você não está lá; você é um bancário. E como a vida vai saber que você se tornou um bancário? Deus vem a você da maneira que ele quer você seja; ele conhece apenas aquele endereço. Mas você nunca é encontrado lá, você está sempre em algum outro lugar, escondendo-se atrás da máscara de alguém que não é você, com os trajes de alguém que não é você e usando o nome de alguém que não é você.
Como você espera que Deus possa encontrá-lo? Ele segue procurando por você. Ele sabe o seu nome, mas você abandonou aquele nome. Ele conhece o seu endereço, mas você nunca morou lá. Você permitiu que o mundo desviasse você.
Por que na cabeça de todo mundo surge essa idéia de que a meditação traz felicidade? De fato, sempre que eles encontram uma pessoa feliz, eles encontram uma mente meditativa, essas duas coisas estão associadas. Sempre que eles encontram uma bela atmosfera meditativa circundando um homem, eles sempre descobrem que ele estava tremendamente feliz; vibrante com a alegria, radiante. Essas coisas se tornaram associadas. E eles pensam que a felicidade vem quando você está meditativo. E é exatamente o oposto: a meditação é que vem quando você está feliz.
Mas ser feliz é difícil e aprender a meditar é fácil. Ser feliz significa uma drástica mudança em sua maneira de viver, uma mudança abrupta, porque não há nenhum tempo a perder. Uma mudança súbita, um repentino estrondo de trovão, uma descontinuidade.
Isso é o que eu entendo por sânias: uma descontinuidade com o passado. Um repentino estrondo de trovão, e você morre para o velho e então, revigorado, você recomeça do bê-a-bá. Você nasce de novo. Você começa de novo a sua vida, como você começaria se os padrões não tivessem sido impostos a você pelos seus pais, pela sociedade, pelo Estado; como se ninguém tivesse desviado você. Mas você foi desviado.
Você tem que deixar de lado todos os padrões que foram impostos a você, e você tem que encontrar a sua própria chama interior.
Não se preocupe muito com o dinheiro, porque ele é o maior desvio da felicidade. E a ironia das ironias é que as pessoas pensam que elas serão felizes quando elas tiverem dinheiro. Dinheiro nada tem a ver com felicidade. Se você é feliz e você tem dinheiro, você pode usá-lo para a felicidade. Se você é infeliz e tem dinheiro, você usará aquele dinheiro para mais infelicidades. Porque o dinheiro é simplesmente uma força neutra.
Eu não sou contra o dinheiro, lembre-se. Não me interprete mal. Eu não sou contra o dinheiro, eu não sou contra nada. Dinheiro é um meio. Se você for feliz e você tiver dinheiro, você se tornará mais feliz. Se você for infeliz e tiver dinheiro, você se tornará mais infeliz, por que o que você fará com o seu dinheiro? O dinheiro vai realçar o seu padrão, seja qual ele for. Se você for miserável e tiver poder, o que você fará com o seu poder? Você irá envenenar a si próprio ainda mais com o seu poder, você se tornará mais miserável.
Mas as pessoas seguem atrás do dinheiro como se o dinheiro fosse trazer felicidade. As pessoas seguem procurando por respeitabilidade como se respeitabilidade fosse lhe dar felicidade. As pessoas estão prontas a qualquer momento, para mudar os seus padrões, para mudar os seus caminhos, desde que haja mais dinheiro disponível em algum outro lugar.
Uma vez que o dinheiro esteja ali, então de repente você não é mais você mesmo, você está pronto para mudar.
Esse é o caminho do homem mundano. Eu não digo que pessoas mundanas são aquelas que têm dinheiro. Eu chamo de pessoas mundanas aquelas que mudam os seus motivos por causa do dinheiro. Eu não digo que as pessoas que não tem dinheiro não sejam mundanas. Elas podem ser simplesmente pobres. Eu digo que as pessoas não são mundanas quando elas não mudam seus motivos por causa de dinheiro. Só por ser pobre não equivale a ser espiritual. E só por ser rico não é equivalente a ser um materialista. O padrão materialista de vida é aquele em que o dinheiro predomina acima de tudo. A vida não materialista é aquela em que o dinheiro é simplesmente um meio; a felicidade predomina, a alegria predomina, a sua própria individualidade predomina. Você sabe quem você é, e para onde está indo, e você não está se desviando. Então, de repente, você vê que a sua vida adquiriu uma qualidade meditativa.
Mas em algum ponto do caminho, todo mundo se perdeu. Você foi educado por pessoas que não se realizaram. Você foi educado por pessoas que não tinham saúde. Você pode sentir pena delas. Eu não estou lhe dizendo para ser contra elas. Eu não as estou condenando, lembre-se. Simplesmente sinta compaixão por elas. Os pais, os professores do colégio e da universidade, os chamados líderes da sociedade, eles foram pessoas infelizes. Eles criaram um padrão infeliz em você.
E você ainda não assumiu a sua própria vida. Eles viveram segundo uma interpretação errada, e essa foi a miséria deles. E você também está vivendo segundo uma interpretação errada.
A meditação ocorre naturalmente a uma pessoa feliz. A meditação ocorre naturalmente a uma pessoa alegre. A meditação é muito simples para uma pessoa que pode celebrar, que pode curtir a vida. Mas você tem tentado isso de uma outra maneira, e assim não é possível.

Osho

Chega de adiar - acorde!

Prepare-se para o dia — o amanhecer bateu à sua porta. Saia desse sono, não se esconda debaixo do cobertor, por mais aconchegante que seja e por mais que sua mente diga: "Fique mais um pouquinho, só mais alguns minutos".

Não dê atenção à mente, pois esses minutos nunca terminarão, e a mente está sempre adiando. Ela quer que você continue dormindo, porque a mente só pode existir quando você dorme.

Quando você desperta, a mente desaparece, assim como os sonhos desaparecem quando você acorda. A mente é um fenômeno onírico, constituído da mesma matéria dos sonhos. Por isso, chega de adiar — acorde.

Osho, em "Meditações Para o Dia"

27 de março de 2011

A base da conduta correta

Uma mente torturada, frustrada, moldada pelo que a rodeia, que se conforma à moral social estabelecida é, em si própria, confusa; e uma mente confusa não pode descobrir o que é a Verdade. Para a mente descobrir esse estranho mistério -- se tal coisa existe - - ela precisa de construir as bases de uma conduta moral, o que não tem nada a ver com a moralidade social, uma conduta sem medos e, portanto, livre. Só então -- depois de lançada esta base profunda -- a mente poderá prosseguir no sentido de descobrir o que é meditação, essa qualidade de silêncio, de observação, no qual o "observador" não existe. Se esta base de conduta correta não está presente na existência de cada um, na sua ação, então a meditação tem muito pouco significado.

Autor: Krishnamurti

26 de março de 2011

Entrevista com Eduardo Marinho


Eduardo Marinho fala sobre política, religião e outros temas


O video é parte da entrevista concedida pelo artista para o documentário ''Os escafandristas - cifrões, padrões e excessões', que sairá no mês de abril.

O filme discute e critica os padrões da sociedade a partir da visão de artistas independentes - das mais variadas áreas de atuação.

Além de Eduardo o documentário contará com o depoimento de Hélio Bentes (Ponto de equilíbrio), entre outros.

Cavaleiros de Pegasus


(Aos Confrades)

Eu não caibo dentro do meu viver!
Meu viver é pequeno.
Cheio de coisas rasteiras,
coisas para rastejantes.

E eu sou grande... cada vez maior.
É pouco, é muito pouco
o que vivo, o que vivi e o que hei de viver...

Ouço dizerem:
— Faça por onde valer à pena!
Eu pergunto:
— Por onde?
Se nem a mais alta remuneração
substitui ao meu vôo mais baixo
nos encontros entre confrades
Pergunto de novo:
— Onde?

No meu vôo vou,
vou de encontro ao vôo alheio...
Só quem tem asas sabe
como é bom juntar-se em vôo...

Liban Raach

As raízes do sofrimento

O sofrimento é um estado de inconsciência. Sofremos porque não estamos conscientes do que fazemos, do que pensamos, do que sentimos — por isso, estamos nos contradizendo o tempo todo.

As atitudes vão numa direção, os pensamentos em outra, os sentimentos sabe-se lá para onde. Continuamos a nos estilhaçar, a ficar cada vez mais fragmentados. Isso é que é sofrimento — perdemos a integração, a unidade. Ficamos totalmente sem centro, somos mera periferia.

E é claro que uma vida sem harmonia torna-se miserável, trágica, um fardo que temos de carregar de algum jeito, um martírio. O máximo que se pode fazer é aliviar esse sofrimento. E são inúmeros os tipos de analgésico que existem por aí.

Não são só as drogas e o álcool — a chamada religião também tem servido como um ópio. Ela dopa as pessoas. E é claro que todas as religiões são contra as drogas, afinal elas atuam no mesmo mercado; lutam contra a concorrência.

Se as pessoas usam ópio, elas podem não ser religiosas; podem não precisar ser religiosas. Já encontraram o ópio, para que se incomodar com a religião? E o ópio é mais barato, exige menos envolvimento.

Se as pessoas estão consumindo maconha, LSD e outras drogas mais sofisticadas, elas naturalmente não vão ser religiosas, pois a religião é uma droga muito primitiva. Por isso todas as religiões são contra as drogas.

Não que elas sejam realmente contra as drogas. É que as drogas são concorrentes e, evidentemente, se as pessoas não tiverem acesso às drogas, elas fatalmente cairão nas armadilhas dos padres; não lhes restará outra saída. Essa é uma forma de monopólio, pois só haverá esse tipo de ópio no mercado e tudo o mais será considerado ilegal.

As pessoas vivem sofrendo. Só existem duas formas para escapar disso: praticar meditação — ficar alerta, atento, consciente... o que não é nada fácil. É preciso garra.

O jeito mais barato é encontrar algo que deixe a pessoa ainda mais inconsciente do que já está, para que assim ela não consiga perceber a miséria em que vive. Encontre algo que o torne totalmente insensível, alguma coisa tóxica, algo analgésico que o deixe tão inconsciente que você possa mergulhar de cabeça nessa inconsciência e esquecer a ansiedade, a angústia, a falta de sentido.

A segunda opção não é o caminho verdadeiro para se livrar do sofrimento. Ela só faz com que esse sofrimento fique um pouco mais confortável, um pouco mais tolerável, mais conveniente. Mas isso não ajuda em nada — isso não transforma você.

A única transformação acontece por meio da meditação, porque esse é o único método que torna você consciente. Para mim, a meditação é a única religião de verdade. Todo o resto é embromação.

E existem diferentes combinações de ópio — Cristianismo, Hinduísmo, Maometismo, Jainismo, Budismo —, que não passam de combinações diferentes. A forma é diferente, mas o conteúdo é o mesmo: todos eles ajudam você de alguma forma a se conformar com o sofrimento.

Minha intenção aqui é levar você a superar o sofrimento. Não há por que se conformar com ele; existe uma possibilidade de você se ver livre desse sofrimento. Mas o caminho é um pouquinho mais pedregoso; é um desafio.

25 de março de 2011

A grande arte

Slave Pupet

Conscientizar alguém do prejuízo que leva onde pensa ter lucro e fazer com que veja lucro onde pensa levar prejuízo, essa é uma grande arte!

Nelson Jonas

Estão acabando com o planeta?

Responsabilidade Social

Estão acabando com o planeta? Quem? Os "grandes"? A mídia? Os pequenos? O povo? Mas, quem é o povo? Os grandes, a mídia e os pequenos não são o povo?

Na minha percepção, tudo que se vê, quando se mantem os olhos abertos, só ocorre com o CONSENTIMENTO popular, estes, sempre ávidos por consumo e o sonho de poder. Se os poucos "grandes" são responsáveis pelo manuseio exacerbado e inconsequente do planeta, não são os muitos "pequenos" responsáveis pelo consumo do que é gerado pelos grandes? E os muitos "pequenos", não sonham com as posições dos "grandes"? E, desses muitos "pequenos", quais se preocupam com esses questionamentos, sem se importar em vir a ser "grande"? A falta de interesse pelos questionamentos seria responsabilidade da mídia ou dos governantes? Seria correto responsabilizar somente a mídia por essa alienação? Quem quer ser consciente? Olho em minha volta, - e não estou cercado de pessoas desculturadas - e vejo que nenhuma delas quer saber de consciência. Elas são sedentas por consumo, poder, prestígio e atividades alienantes. É possível responsabilizar somente os "grandes" e a mídia pela escolha do "comportamento Pilatos" destas pessoas?... Não sei!

Acho que está todo mundo tão egocentrado, tão voltado para os próprios umbigos, com seus transitórios sonhos de consumo, que sobra pouquíssima energia, boa vontade e disposição para qualquer tipo de questionamento. O governo, desde que se fez governo, sempre deu aquilo que o povo quer e o povo dando ao governo aquilo que ele quer. Raros são os que trilham em direções não percorridas; poucos desses, viram blogueiros, que por muitos são tidos como alienados sonhadores a lutar contra moinhos...

E fica a pergunta: quem quer acordar? Quem quer lidar com a Real? Quem arrisca o pescoço?...

É um ciclo vicioso... Os governantes, os "grandes", os publicitários que controlam a mídia vieram de onde, a não ser do povo? E, você e eu, que dedicamos tempo e energia sobre estes questionamentos, não somos também povo? Será uma benção ou uma maldição ter aberto, - ou estar abrindo - os olhos?

Finalizando: se é que estão matando o planeta, quem o está fazendo é a sociedade humana. É uma sociedade de vários sócios, com cotas diferenciadas, mas, sócios! Se sai um sócio, entra outro. E só se mantém como sócio, quando a sociedade produz aquilo que lhe foi prometido. Enquanto o sócio tem aquilo que busca, por lá fica...

Estou tranquilo! Os tristes fatos ocorridos no Japão deixaram claro para mim que o planeta está longe de acabar. Quem pode acabar, são aqueles que se sentem sócios!  Basta ele tremer um pouquinho mais forte, que os sócios não tem tempo nem para tremer!

Nelson Jonas

Ego, O Falso Centro

Máscara

"O primeiro ponto a ser compreendido é o ego.

Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural, porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses sentidos abrem-se para fora. O nascimento é isso.

Nascimento significa vir a esse mundo: o mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce nesse mundo. Ela abre os olhos e vê os outros. O outro significa o tu.

Ela primeiro se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também é o 'outro', também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa maneira que a criança cresce.

Primeiro ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com você, com tu, ela se torna consciente de si mesma.

Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se diz 'você é bonita', se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer.

Através da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é ela boa, ela sente que tem valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas esse centro é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensa a seu respeito.

E esse é o ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego nasce - um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se inferior, sem valor. Isso também é ego. Isso também é um reflexo.

Primeiro a mãe. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas.

O ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do viver com os outros. Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não.

O verdadeiro só pode ser conhecido através do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele. Ele é uma disciplina. O verdadeiro só pode ser conhecido através da ilusão. Você não pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro. Primeiro você tem que encontrar o falso. Através desse encontro, você se torna capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade nascerá em você.

O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não você, mas tudo aquilo que o rodeia. Tudo, menos você, é a sociedade. E todos refletem. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco, todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando modificá-lo, de modo que você não se torne um problema para a sociedade.

Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados na sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão.

Assim, estão interessados em dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade. Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro...

Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente. A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes. A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento.

A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu - não é possível.

E a criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro, o ego dado pela sociedade.

Uma criança volta para casa. Se ela foi o primeiro lugar de sua sala, a família inteira fica feliz. Você a abraça e beija; você a coloca sobre os ombros e começa a dançar e diz 'que linda criança! você é um motivo de orgulho para nós.' Você está dando um ego para ela, um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um fiasco na sala - ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado.

O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção.

Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta.

É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele.

Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.

Os outros deram-lhe a idéia. E essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu. E lembre-se: vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará se despedaçando, quando você não saberá quem você é, quando você não saberá para onde está indo; quando todos os limites se dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos.

Devido a esse caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas...

Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de "eu sou". Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa sentir medo da escuridão e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser... É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo.

Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.

E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo.

Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto.

Precisamos ser ousados, corajosos. Precisamos dar um passo para o desconhecido.

Por um certo tempo, todos os limite ficarão perdidos. Por um certo tempo, você vai se sentir atordoado. Por um certo tempo, você vai se sentir muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto.

Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o eu.

Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade - essa é a própria ordem da existência.

É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas...

O ego tem uma certa qualidade: a de que ele está morto. Ele é de plástico. E é muito fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você. Você não precisa procurar por ele; a busca não é necessária. Por isso, a menos que você se torne um buscador à procura do desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo. Você é simplesmente mais um na multidão. Você é apenas uma turba. Se você não tem um centro autêntico, como pode ser um indivíduo?

O ego não é individual. O ego é um fenômeno social - ele é a sociedade, não é você. Mas ele lhe dá um papel na sociedade, uma posição na sociedade. E se você ficar satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade de encontrar o eu. E por isso você é tão infeliz. Como você pode ser feliz com uma vida de plástico? Como você pode estar em êxtase ser bem-aventurado com uma vida falsa? E esse ego cria muitos tormentos. O ego é o inferno. Sempre que você estiver sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você descobrirá que, em algum lugar, o ego é a causa do sofrimento. E o ego segue encontrando motivos para sofrer...

E assim as pessoas se tornam dependentes, umas das outras. É uma profunda escravidão. O ego tem que ser um escravo. Ele depende dos outros. E somente uma pessoa que não tenha ego é, pela primeira vez, um mestre; ele deixa de ser um escravo.

Tente entender isso. E comece a procurar o ego - não nos outros, isso não é da sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir infeliz, imediatamente feche os olhos e tente descobrir de onde a infelicidade está vindo, e você sempre descobrirá que o falso centro entrou em choque com alguém.

Você esperava algo e isso não aconteceu. Você espera algo e justamente o contrário aconteceu - seu ego fica estremecido, você fica infeliz. Simplesmente olhe, sempre que estiver infeliz, tente descobrir a razão.

As causas não estão fora de você.

A causa básica está dentro de você - mas você sempre olha para fora, você sempre pergunta: 'Quem está me tornando infeliz?' 'Quem está causando a minha raiva?' 'Quem está causando a minha angústia?'

Se você olhar para fora, você não perceberá. Simplesmente feche os olhos e sempre olhe para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da angústia, está oculta dentro de você, é o seu ego.

E se você encontrar a origem, será fácil ir além dela. Se você puder ver que é o seu próprio ego que lhe causa problemas, você vai preferir abandoná-lo - porque ninguém é capaz de carregar a origem da infelicidade, uma vez que a tenha entendido.

Mas lembre-se, não há necessidade de abandonar o ego. Você não o pode abandonar. E se você tentar abandoná-lo, simplesmente estará conseguindo um outro ego mais sutil, que diz: 'tornei-me humilde'...

Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem que passar através desse território do ego. O falso tem que ser entendido como falso. A origem da miséria tem que ser entendida como a origem da miséria - então ela simplesmente desaparece. Quando você sabe que ele é o veneno, ele desaparece. Quando você sabe que ele é o fogo, ele desaparece. Quando você sabe que esse é o inferno, ele desaparece.

E então você nunca diz: 'eu abandonei o ego'. Você simplesmente irá rir de toda essa história, dessa piada, pois você era o criador de toda essa infelicidade...

É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego nos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar.

Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente o observe.

Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.

Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo... e então o verdadeiro centro surge.

E esse centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir."

OSHO, Além das Fronteiras da Mente.

Coceiras


Duas são as coceiras que me causam profundas irritações:
a da língua e a do bolso!

Nelson Jonas

Outrite

As paredes tem ouvidos

Uma antiga conhecida escreveu em seu Facebook:

"Com a mesma facilidade que uma pessoa fala de outras para você, também terá para falar de você para as outras. Com essas é preciso tomar "muito" cuidado."

Penso que é muito mais importante, manter a guarda diante da nossa própria tendência de falar do outro ausente.

A doença que chamo de "Outrite",  causa inesperadas recaídas.

Nelson Jonas

O descontentamento real

Minha dor

O futuro é um fiasco, e, com o fiasco do futuro, surge uma grande desesperança. Até o momento, o mundo viveu com grande esperança, mas repentinamente a esperança está desaparecendo e o desespero está se instalando.

Para mim, isso é de imensa importância; essa crise da consciência humana é de grande significação. Ou a humanidade terá de desaparecer da Terra, ou ela terá um ser totalmente novo, um novo nascimento. E meu trabalho consiste em dar um novo nascimento à consciência humana.

O mundo nos frustrou; agora nada existe para almejar aqui sobre a Terra, e o anseio pode pairar alto. Agora o visível está terminando, e poderemos procurar no invisível. Agora o tempo não faz sentido, e precisaremos penetrar no não temporal.

Agora a vida mundana comum não tem charme, ela perdeu toda a alegria. Nós atendemos todos os desejos, todos os desejos possíveis, e eles não nos satisfizeram. Agora o descontentamento real é possível, e estar realmente descontente é uma grande benção.

Osho, em "Osho Todos os Dias: 365 Meditações Diárias"

24 de março de 2011

Praga de Mãe

Se você se sentiu lesado, não precisa encostar nem um dedo no autor da lesão. Ele mesmo caminha, a passos largos, ao encontro do episódio que o há de lesionar tanto ou mais.

Pode ser um acidente, uma queda, uma briga, uma desilusão, qualquer coisa.

O fato é que ele carrega – consigo mesmo – a falta de sensibilidade que lhe endurece o coração, não o deixando perceber o mal causado. Ou, pior: em percebendo, não dando a mínima importância. É, justamente, para melhorar esta sensibilidade que a própria vida mostra, sem nenhuma dúvida, o quanto isto dói.

Estou praguejando, SIM!

Com todas as forças que me estão acessíveis!

Vivemos em uma sociedade de algozes. Portanto,
Evoco Anjos e Demônios!

Se a ninguém está reservado sair ileso, são e salvo, de um julgamento desta magnitude, nem mesmo a mim, é petulância e ousadia sem tamanho rogar-se tão poderoso para ser atendido nessa evocação. Porém, nessas páginas – antes, em branco – são permitidas todas as coisas. Aqui sou eu o todo-poderoso.

Se tu, leitor(a), estás inconformado com meus dizeres, encerra a leitura agora. Vai e encontres, por ti só, teus próprios meios de exteriorizares tua inconformação. Ao menos contigo terei cumprido com o meu papel.

Se persistires em continuar lendo, por favor, exime-te de toda concepção religiosa. Sou honesto em te avisar com antecedência. Irás presenciar o registro do que poderia ser visto como profanação e sacrilégio. Insisto: encerra a leitura. Retira-te agora e continua a viver a tua vida. Darei mais um minuto... silêncio!
...

Ainda estás aí? Provaste seres ousado...Só me resta fazer jus a tua ousadia.

Continuemos a evocação.


Evoco
Todos os Orixás, Exús e Pombas-Giras!
Vinde agora,
Belzebu e Lucifér,
Rainha das 7 Encruzilhadas,
Maria Padilha e Maria Mulambo,
Exú-Rei e Exú Xoroquê,
Exú da Meia-Noite e Exú-Caveira!

Vinde Caboclos e Pretos-Velhos!
7 Flechas e Ventania,
Pai João, Pai Guiné e Pai Zimba!

Vinde Ogum Beira-Mar,
vinde com as Sereias!

Vinde São Pedro, São Judas Tadeu, e Nossa Senhora,
que a distinção entre religiões é algo de mortais pífios!

Vinde para assegurar que a pena e a dor se convertam em semente ao Amor!

Quantas não são as lesões que sofremos diariamente?

Quantos os causadores de lesões?

No entanto, há tão pouca misericórdia neste mundo sem Deus, tão pouca fé neste Deus expulso do mundo...

Nós decretamos nossa expulsão do Paraíso ao tomarmos ciência entre o Bem e o Mal; na mesma medida, expulsamos a Deus de um mundo que, desde então, percorremos em uma jornada sem apelos.

Convictos de que ninguém atende ao nosso apelo, só nos resta depelar e depenar ao mundo e aos seus habitantes... sem dó, sem dó nenhum.

Pois então.
A estes habitantes sem dó,
eu evoco a visita e a companhia dos seus iguais para que tenham reforço neste sentimento que tanto prezam.

Escapa quem vive no mundo sem a ele pertencer.

Enquanto houver uma alma – encarnada ou desencarnada –
...uma mísera alma que seja...
clamando por Justiça, ecoando seu grito e seu choro nesta Dimensão sem Deuses, neste Universo de algozes... de impiedosos algozes, como tem sido nossa desumanidade...
nem paz, nem caridade, nem amor serão verdades inconsúteis!

Liban Raach

Tédio

Não é o tédio a doença do aborrecimento de nada ter que fazer, mas a doença maior de se sentir que não vale a pena fazer nada.

Fernando Pessoa

Diálogos sobre tédio e insatisfação

how turn on Fuck and be happy
Não há nada mais insuportável para o homem do que estar completamente ocioso, sem paixões, ocupações, diversões ou leitura. Ele sente que não é nada; é só, inadequado, dependente, impotente e vazio. E na mesma hora brota do fundo de seu coração o tédio, o desanimo, a tristeza, a raiva, o desespero, a aflição...

A grandeza do homem repousa na consciência de ser miserável. Uma vez reconhecido o vazio interior, cria-se um vácuo em que Deus pode entrar. Esse abismo infinito só pode ser preenchido por algo infinito e imutável, ou seja "Deus".
Pascal

A coisa real é o descontentamento do homem, o descontentamento inevitável. Ele é algo precioso, uma jóia de grande valor. Mas o homem tem medo do descontentamento, ele o dissipa, o usa ou o deixa ser usado para produzir certos resultados. O homem está amedrontado com seu descontentamento, mas este é uma jóia preciosa, de valor inestimável. Viva com ele, observe-o dia após dia, sem interferir com os seus movimentos, então é como uma chama consumindo toda a impureza, deixando o que não tem morada nem medida. Leia tudo isso com sabedoria... Permanecemos presos nas rotinas do embotamento, porque pensar com muita seriedade significa estar descontente, o que é muito doloroso; e a maioria de nós não deseja atrair tristezas. Desejamos fugir da tristeza, e por isso toda a nossa estrutura de pensamento é confusão, distração... Ser sensível significa dor; mas precisamos ser dolorosamente sensíveis, para compreender. Entretanto, procuramos manter-nos do lado de fora da dor, e, evitando-a, reduzimo-nos a simples máquinas de imitação.
Krishnamurti


O tédio é uma das coisas mais importantes na vida humana. Somente o homem é capaz de tédio; nenhum outro animal é capaz de ficar entediado. O tédio existe somente quando a mente começa a chegar cada vez mais e mais perto da iluminação. O tédio é simplesmente o pólo oposto da iluminação. Os animais não podem tornar-se iluminados, por isso eles não podem tornar-se entediados tampouco. O tédio simplesmente mostra que você está se tornando ciente da futilidade da vida, da constante roda repetitiva. Você já fez todas aquelas coisas antes – nada acontece. Você esteve dentro de todas aquelas viagens antes – não deu em nada. O tédio é a primeira indicação de que uma grande compreensão está surgindo em você, sobre a futilidade, a insignificância, da vida e de seus caminhos.

Ora, você pode responder ao tédio de duas maneiras. Uma é o que é feito comumente: fugir dele, o evitar, não olhar olho no olho dentro dele, não afrontá-lo. Mantenha-o às suas costas; e fuja; fuja para dentro das coisas que possam ocupá-lo, que podem tornar-se obsessões – que o mantenha tão afastado das realidades da vida, que você jamais vê o tédio surgir novamente. Eis porque as pessoas inventaram o álcool, as drogas. São meios de fugir do tédio. Mas você não pode realmente fugir; você pode somente evitar por um tempo. Nova e novamente, o tédio virá, e nova e novamente ele será cada vez mais e mais ruidoso. Você pode fugir no sexo, comendo muito, na música – em mil um uma espécies de coisas você pode fugir. Mas nova e novamente o tédio surgirá. Ele não é algo que possa ser evitado: ele faz parte do crescimento humano. Tem de ser encarado. A outra resposta é encará-lo, meditar nele, ficar com ele, ser ele. Eis o que Buda estava fazendo debaixo da árvore Bodhi – eis o que todo o povo do Zen esteve fazendo através das eras.
Osho


O tédio é duplamente difícil de ser diagnosticado e curado porque é uma doença privada. Temos vergonha dele. Como a culpa ou a vergonha, nós o escondemos atrás da cortina do silêncio e da negação... Para moldar um quadro real de quanto a nossa vida está moldada pelo tédio, teremos de examinar seus efeitos secundários - todas as maneiras de gastarmos nossa energia tentando escapar desse mostro que juramos não estar atrás de nós. A fuga frenética ( e as estratégias de que lançamos mão para evitar o vazio) nos dá uma indicação real de quanto tememos o que os monges cristãos chamavam de "demônio do meio-dia".

Que preço pagamos para manter uma auto-imagem falsa de robustos extrovertidos que "nunca se aborreceram", que "estão acima de tudo isso"!

Quanto nos custa realmente negar nosso tédio?... Quando começamos a perceber o quanto nos custam os esforços "normais" que fazemos para fugir do vazio de significado de nossa vida, fica claro que chegou a hora de tirar a doença do armário...Fugir do tédio e da depressão é perder tempo. Entregue-se. Vá fundo. Estude sua enfermidade e ela o levará à saúde... A consciência do tédio é a porta de saída para a jornada do herói!
Sam Keen


O grau de interpretação, de vivência e de sede espiritual é diametralmente proporcional ao estágio de consciência alcançado. E o grau de consciência alcançado é diametralmente proporcional ao estágio de desilusão alcançado. 0 grau de desilusão alcançado é proporcional aos desejos realizados.
Anônimo


Debaixo da superfície próspera das nossas vidas, ainda experimentamos frustração e confusão, ansiedade e desespero. Dentro das nossas sociedades, mesmo os mais afortunados têm pouca esperança de liberação completa da frustração e insatisfação... Talvez as nossas tentativas de encontrar satisfação estejam, na realidade, conduzindo-nos a frustrações. É possível que estejamos cuidar da nossa pessoa sem conhecer as nossas reais necessidades. Se alimentássemos uma criança apenas com água e açucar, ela poderia achar bom e chorar pedindo mais, mas internamente permaneceria faminta e insatisfeita. Sem conhecer suas necessidades, pode ser que continuássemos a lhe dar aquilo de que ela parecesse gostar; suas exigências tornar-se-iam mais insistentes e nossos esforços mais desesperados, até que por fim, ela pereceria por falta de alimentação adequada.
Tartang Tulku


...Uma geração que não consegue suportar o tédio será uma geração de homens menores. Bertrand Russell
Se alguns vêm a essa busca por causa do desgosto com o mundo e seus caminhos, ou do desapontamento com a vida e suas experiências, outro vêm a ela por causa do desgosto, desapontamento ou insatisfação consigo mesmos. Só alguns poucos vêm por causa da sede da verdade pela verdade, ou por causa da sensação de falta de plenitude oriunda de uma existência meramente materialista.
Paul Brunton


O aumento desses casos, apresentando depressão, vazio, tédio e solidão nas sociedades capitalistas pode ser pensado como uma falsa promessa de preencher o vazio existencial com um consumo exagerado que deveria prover a felicidade eterna. Entretanto, o consumo das roupas de grifes, carros possantes, filmes da moda, não são suficientes para preencher esse vazio e ao mesmo tempo não é oferecido um ambiente acolhedor e estável, que abrigue as necessidades afetivas do indivíduo, constituindo um espaço capaz de promover o desenvolvimento de sua subjetividade. Não é de se admirar, portanto, que o número de pessoas com um funcionamento limite esteja aumentando, pois elas são o reflexo de uma sociedade pouco preocupada com o bem estar dos cidadãos e mais interessada na globalização e nos efeitos econômicos. Essa pessoas estão em busca de si mesmas, tentando desesperadamente lidar com a dor e o vazio de suas existências.Tentando simplesmente existir!
Hegenberg
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