Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

16 de abril de 2011

Pagando pra ver

Mesquinhez

Hoje em dia, onde você estiver, tem que pagar. Pagar para viver.

Tem casa própria? Tem que pagar contas de luz, água, telefone, IPTU, etc.

Mora de aluguel? Paga tudo aquilo, mais o aluguel.

Morador de rua? Nada daquilo, só despesas pessoais (cigarro, bebida, propina para proteção, etc.).

Há excessiva preocupação em quantificar os recursos necessários para manutenção de condições mínimas de subsistência – ‘sub-existência’ traduziria melhor a idéia de perambular pelos dias com baixa renda –, em detrimento do qualificar as condições do viver.

Todos estão ‘pagando pra ver’, basta olhar os índices de audiência dos programas de TV. Podem achar que é um tipo de diversão barata o assistir TV. Mas, além dos custos de eletricidade, preço do aparelho e todo o aparato físico em torno da TV (um cômodo, um rack, poltronas, cadeiras, mesa, etc.), ainda há um custo sub-reptício: o de ter sua opinião domesticada pelos programas assistidos.

Eu quero viver sem pagar. Quero um lugar onde se possa viver sem pagar. Não quero ter nenhuma conta pra pagar. Quero um lugar onde as pessoas vivam sem ter que pagar conta nenhuma. Não quero ter que pagar nenhum pecado também.

Quero ir “embora pra Pasárgada”, como disse o grande poeta Manuel Bandeira, que se dizia poeta menor.

Quem paga pelos pecados, vive endividado. Nunca consegue saldar suas dívidas de pecador. Afora os pecados sabidos que cometemos, há os não sabidos. E há, também, os ‘sabidos’ que acreditam enganar os cobradores. Se tudo, tudo, tudo, fica registrado e é cobrado, não há criatura no mundo que não esteja endividada. Vivemos em meio a pecadores. Somos pecadores vivendo em meio a outros pecadores. Nem pastor, nem padre, nem bispo, nem papa, nem pai-de-santo, nem rabino, nem médium, nem xeique, nem dalai lama, nem ‘iluminado’, nem asceta e nem nenhum religioso pode se considerar puro, sem pecados.

Todos carregamos máculas 'inconfessáveis', como costuma dizer meu confrade Henrique. Máculas sofridas e praticadas.

Praticadas porque sofridas ou sofridas porque praticadas? Êta, discussão besta! Do tipo “tostines é mais fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é mais fresquinho?"

Liban Raach
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