Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

28 de abril de 2011

Tralala e o ato de profanar

"Hoje é preciso ter orgulho da marginalidade, porque é escandaloso viver bem"
Paulina Nólibos

Profanar é crime a muito tempo nas regiões de domínio religioso patriarcal, que é quase a totalidade do ocidente, onde impera a cristolatria .

Eu sou um profanador, minha atitude de vender um zine e divulgar a contracultura me dá essa liberdade, é um poder de restituição do indivíduo, não aceitando a subjugação das instituições em detrimento da liberdade individual. Vale muito mais um ato de loucura de um cidadão vociferando aos quatro ventos, do que toda a falsa participação coletiva.

Minha profanação é uma intervenção urbana, uma guerrilha poética, um relógio com náuseas, por isso o verbo vomitado, narrativa meio palhaço sem mascara, que desbloqueia através dos sorrisos, intervenção DVTniana que nada mais é do que uma ponte que grita nos dois lados de nossa percepção, dizendo que podemos sair da esfera do espetáculo e gerar recursos. “Meus pêsames, estamos em extinção”. Uma frase que profana toda a civilização ocidental, e chama a reflexão. Esse trabalho é feito em cima da experiência política e poética do zine Tralala, uma contínua profanação a essa estrutura patriarcal, das crenças e do estado mercantil empresarial que domina nossa humanidade a pelo menos 10.000 anos, que é o tempo de nossa queda.

O corpo em nossa civilização é mero coadjuvante do raciocínio. Platão fechou bem esse conceito. Este corpo que é profano por natureza, tem sua repressão datada de quando os algozes do poder suprimiram a sexualidade em favor da produção, fomentando a moral e nos enjaulando em uma couraça de angustia, de símbolos e depressão. Esse corpo que resgatamos quando não estamos na produção sistêmica, esses poucos momento que sobram não resgatam 1% de toda a atividade corporal através dos tempos, e que estão gravados nos instintos, e que são permanentemente sufocados pelas organizações estruturais econômicas. Jeito de pensar comum da cultura ocidental, adquirida pela privação, pelos ordeiros de plantão, sem falar da morte de um “deus”, que com essa mentira, depositaram o peso do seu corpo em nossas costas eternas.

Saindo da esfera do espetáculo e gerando recursos, coloco-me como um profanador, atitude que assumo no dia a dia, como uma pesquisa viva de criação. O DVT – discurso viabilizador do tralala – é isso e mais um pouco, é uma descoberta no território das ruas de que a consciência dilatada pela procura dos tempos, e também dos espaços, trazem uma certa independência com uma autentica peculiaridade. É como um resgate de um jogo que se perdeu na esfera da religião capitalista, que condicionou todos os nossos sentidos em obediência voluntária. Por isso quanto mais tempo tiver sua desilusão, mais experiência, resistência e criação terá suas atitudes.

O que a história oficial cria é uma esquizofrenia, um mostrar e reter, seduzir e negar, interromper. Isso movimenta a economia. Uma pessoa frustrada consome muito mais do que uma pessoa completa em si. De uma coisa estou certo, tememos muito mais do que acreditamos, e com o medo você não lhe pertence, e não lhe pertencendo trabalha pros outros. Isso é a grande invenção manipuladora civilizatória. A escassez que movimenta o sistema.

A invenção da religião talvez seja o fato mais condicionante até hoje. O alto grau de amplitude do seu poder vai transmigrando e hoje é na ciência que ela opera, reconvertendo a mentira divina em abstração organizada. Por isso toda a profanação é saudável em sua amplidão.

De uma coisa estou certo, o marginal contém um alto grau de criatividade, e a gambiarra é uma arma autentica das nossas necessidades.

Postado por Luca Leicam em 23 de dezembro de 2010
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