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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

30 de agosto de 2011

Que sucesso é esse?

Slave Pupet

É muito rico esse estado resultante do contato consciente com sua real natureza, com o Ser que lhe faz ser. Através deste contato, um novo olhar se faz presente, o olhar que vem do coração e que sobrepõem numa proporção infinita a antiga visão dos olhos que pensavam ver, e que pensavam ao ver, ao invés de sentir. Perceber o quanto fomos e, como muitos ainda se permitem serem castrados numa sociedade machista, preconceituosa, é algo que não tem preço. Essa percepção traz consigo uma enorme e indescritível liberdade de ser.  
Esta meditação teve seu início, após a leitura de um comentário feito numa postagem do Facebook de um conhecido. Este conhecido, começou a postar algumas frases que geram reflexão, frases com conteúdo nutritivo, frases que encaminham para uma nova forma de estar na vida de relação, uma nova forma de ver e participar do mundo. Mais que depressa, alguém se manifestou com uma daquelas "brincadeirinhas", com uma daquelas "piadinhas" com a castradora conotação sexual, pela qual fomos adestrados, formatados para a não expressão livre de sentimentos, adestrados para pensar que, pensar sobre os acontecimentos do dia-a-dia, é coisa para "boiola", é pura "viadagem" e não coisa de "homem sério", de "homem de sucesso". 
É importante deixar claro aqui, que não estou com este texto, colocando nada como "pessoal", por favor, espero que entendam isso. O que pretendo com ele é só o compartilhar das minhas percepções, afinal, este tipo de reação, não é uma reação "pessoal", mas sim, algo que se encontra institucionalizado, fortemente enraizado nesta cultura machista castradora limitante, em que a grande maioria se encontra inserido e escravizado. Homem que é homem tem que beber muito, tem que fumar muito, tem que ganhar muito dinheiro, tem que "comer" muita mulher, tem que ser "o cara", tem que ser "o esperto", tem que ser "ambicioso", tem que ter "seu time do coração". Se você não é ambicioso, não é digno do respeito fundamentado na atenção interesseira, fruto da abafada inveja pessoal, inveja esta, que é o núcleo desta cultura machista castradora limitante. Esta inveja é que nos mantém como gladiadores, em nossas armaduras móveis por esta imensa arena de cimento armado. 
Nestes meus anos de busca, já me deparei com várias destas "piadinhas", entre elas, a de que "cuidar da beleza interior, é coisa para decorador e design de interiores". Homem que é homem tem que ter na mente números, estatísticas, coloridos gráficos de crescimento e, ao lado da cabeceira de sua cama, uma enorme coleção de carnês para pagar. Homem que é homem tem que ser um amante do trabalho e ter o pouco tempo que lhe sobra para se dedicar de maneira superficial, as demais situações em que se encontra envolvido. Você tem que ser um trabalhador, nada de ser um meditador. Você tem que ser ambicioso, você tem que buscar ser um buscador do sucesso... 
Mas, como ver inteligencia nessa corrida pelo sucesso? Que sucesso é esse que nos priva de relações de verdadeira intimidade, de relações que nos provocam para o melhor de nós mesmos, que nos provocam para a descoberta de nossa real natureza? Que sucesso é esse, onde o conteúdo da mesa do local de trabalho, a tela de seu computador de trabalho, recebe mais atenção do que o conteúdo da mente e coração de seus próprios filhos e de suas pessoas mais próximas? (Se é que esta pessoa sabe o que significa ser próximo de alguém). Que sucesso é esse em se permitir ter corrompido seus poucos valores reais e participar da corrupção generalizada de outras tantos seres humanos com quem mantém contato em seu dia a dia? É bom lembrar que corrupção é muito mais do que passar dinheiro por debaixo da mesa. Corrupção é se permitir ir contra a tudo que diz seu próprio coração, por demais estrangulado por essa busca insana por sucesso. Que sucesso é esse que está nos tornando prisioneiros de sistemas de seguro, carros blindados, escoltas, casas com enormes muros, repletos de câmeras, fios elétricos, grossas cercas de arames farpados, condomínios separatistas, salas VIP's, que nos faz temer qualquer um que se aproxime de nós? Que sucesso é esse que nos faz "incansáveis cansados" caçadores proprietários de bens transitórios e nos mantém totalmente miseráveis no que diz respeito a propriedade real e repousante que nos é outorgada quando do conhecimento de nossa real natureza? Que sucesso é esse onde uma das maiores preocupações está no modo como cada um usa sua genitália e não no modo como faz uso de sua mente e coração? Que sucesso é esse em querer defender bandeiras, camisas e brasões que sustentam discórdia, violência, confusão e separação? Que sucesso é esse que elege mediocridade e descarta tudo o que tem real beleza e arte? Que sucesso pode haver em ser um eterno imitador, uma pessoa de segunda mão, um escravo dos ditames da moda, alguém propagador de um sistema de produção em série que abafa toda autenticidade e originalidade? Que sucesso é esse em que se vive para manter uma "imagem", uma imagem que, por mais que edificada, não consegue silenciar aquela incessante voz interior que nos acusa de ser uma farsa?
Quer saber? Não me importo muito com esses rótulos que possam tentar colar na imagem que carregam a meu respeito. Que me achem boiola, um simpatizante da "viadagem", um cara que não merece respeito e atenção, alguém que não tem nada de sério, um fracassado invejoso, uma farsa. Não abro mão deste modo simples de ser, onde se faz presente uma até então desconhecida, amorosa capacidade de visão, capacidade esta, que não corrompe e que agrega, mesmo aqueles que enxergam na busca do auto-conhecimento algo que possa ser motivo de preconceituosa piada de conotação sexual, afinal de contas, estas pessoas não podem ser responsabilizadas. Elas nunca tiveram tempo para meditar, elas nunca pensaram de fato, elas são pensadas, são vitimizadoras vitimas de pessoas que nunca exercitaram a capacidade de meditar. Se tivessem tempo para meditar, com certeza, cairiam no riso ao perceberem que suas vidas, igualmente a minha, até então, foi uma grande piada de mal gosto. 
Um fraterabraço e um beijo em seu coração.

Nelson Jonas R. de Oliveira
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