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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

17 de setembro de 2011

A anormalidade da normal qualidade de vida



Uma boa parte dos seres humanos, quando acometidos por uma forte crise existencial, buscam de forma ansiosa voltar ao estado que elas consideram como seu estado "normal". Em seu estado de delírio não conseguem perceber que a crise a que estão momentaneamente acometidas, teve seu início no excessivo esforço para tentar atender as incoerentes exigências sociais, exigências estas que, quando atendidas, recebemos o rótulo de "pessoa normal". Talvez, estas pessoas, muito antes de sua presente crise existencial, nunca se deram conta de que ser normal não é sinal de saúde. Saúde só pode existir quando, pela auto-investigação, revela-se a nós mesmos o nosso Estado Natural, a nossa Natureza Real, o estado que é natural, sem esforço. Esse Estado Natural, sem esforço, esse Estado Natural no Ser que somos, é um estado totalmente livre das características da personalidade, personalidade esta construída no decorrer dos anos a que fomos expostos a esta nefasta cultura que nos distancia de nossa originalidade, de nossa autenticidade não adulterada. 
O Satsang é um divina oportunidade de reencontro com esta originalidade natural, com este estado de ser natural, estado de ser este que, através da crise que é uma oportunidade de crescimento, reivindica sua posição natural. O Satsang, antes de tudo, precisa ser uma atitude sua, totalmente livre da necessidade da atitude de um terceiro, livre de qualquer doação psicológica externa. O Satsang precisa se tornar uma ocorrência diária totalmente natural, destituída de esforço, de preocupação com uma prática num determinado horário, uma vez que, fora desse estado de presença, fora desse estado de contato consciente com essa Consciência Ilimitada, que é você, agora, nesse instante, que é um estado natural de ser, a vida, que não é "nossa" vida, a vida sem esse contato consciente não tem a menor qualidade. Sem este estado natural de contato consciente com esta presença, a vida de relação, nossos relacionamentos, não tem qualidade. 
É interessante constatar que muito se fala sobre "qualidade de vida", tendo como referência para essa expressão, pequenas mudanças, mudanças essas que estão sempre no campo de nossas limitadas escolhas pessoais. É preciso ter em mente e coração, que mudança não é o mesmo que transformação, não é o mesmo que mutação. Isso a que erroneamente alegam ser "qualidade de vida", não passa de um truque a mais pregado pela mente, não passa de mera ilusão. A qualidade de vida nunca pode ser encontrada em algo, ou em algum lugar que você vê. O que pode ser visto, o que pode ser tocado, não corresponde a essência da expressão "qualidade de vida". O que a maioria das ditas "pessoas normais" consideram por "qualidade de vida", nada mais é do que um colecionar de propriedades, um colecionar de situações externas, colecionar este que mais se refere a uma "qualidade materialista". Isso nada tem a ver com a real qualidade de vida. Qualidade de vida, a real qualidade de vida refere-se a um estado de ser, a um estado de sentir, a um estado de pulsar, estado este livre de toda forma de ansiedade, de toda forma de medo, de toda forma de conflito e confusão interna, livre de toda manifestação dolorosa que todos nós conhecemos muito bem. A real qualidade de vida é um estado de ser que é felicidade, liberdade, paz e amor, independente de qualquer situação externa. Isso é algo que precisa estar bem claro, uma vez que, sem a manifestação deste estado de ser, sem a manifestação deste novo estado de sentir, estado de sentir este que não é dual, que não é fragmentado, que perpassa o limite de tempo espaço, não há como ocorrer o testemunhar da verdadeira liberdade do espírito humano, liberdade esta que, em última análise, é a essência da real qualidade de vida. 
Sem que este estado natural de ser, sem a manifestação deste novo estado de sentir, sem que este testemunhar totalmente livre de esforço seja o nosso estado natural de ser, um estado natural, comum, a vida, que não é a "nossa" vida, não tem como ter qualidade real, nossos relacionamentos não tem como ter qualidade real. Isto precisa ser visto muito além dos limites da análise mental, isto precisa ser fruto de uma vivência direta, algo vivido visceralmente, holisticamente, algo que seja totalmente intransferível. 
Qualidade de vida, a real qualidade de vida só é possível de se fazer manifesta quando ocorre a revelação de nossa real natureza, de nosso real estado de ser, quando este estado natural, depois do prévio trabalho aplicado, torna-se um estado "estabilizado", torna-se comum, comum no sentido de ser sem esforço de nossa parte, tão natural como o pulsar de nosso coração. 
A real qualidade de vida nada tem a ver com essa ilusória idéia aquisitiva, idéia essa que cria a ilusão de que somos proprietários de algo, idéia essa que, de forma totalmente inadequada damos o nome de "bens". O único bem real, a única propriedade real que existe, não se encontra em exposição em nenhuma prateleira, uma vez que o único bem real não se encontra na limitada esfera do tempo-espaço. O único bem real, encontra-se em nosso interior, trata-se da essência de nossa natureza, do nosso real estado de ser. Esse bem, essa propriedade, precisa ser testemunhada de forma direta, de forma vivencial, não pode vir através das palavras de terceiros, precisa ser vivido em primeira estância. É preciso que se manifeste esta percepção direta de que somos essa propriedade, de que somos esse bem. É nesse testemunhar direto que a vida passa a ter real sentido e qualidade e não essa pseudo qualidade de vida representada por esse infantil modo de colecionar transitórias propriedades que sofrem imediata desvalorização pela ação do tempo. A real qualidade de vida nunca está naquilo que é apresentado nos barulhentos anúncios de televisão, ou nos coloridos anúncios gráficos recebidos em meio do tumultuado trânsito, que quase sempre acabam num canto de uma sarjeta qualquer. A real qualidade de vida não pode ser adquirida em suaves dolorosa prestações. 
Se existe de fato, o sincero desejo, a boa-vontade de saber por experiência direta a realidade que pode ser limitadamente nomeada com a expressão "qualidade de vida", se isso existe em você, dá-se a percepção direta de que quantidade na exterioridade não se traduz em qualidade. A ilimitada qualidade de vida se encontra na revelação da realidade da vida, que em essência você é.
Um forte abraço e um beijo no coração. 
Nelson Jonas Ramos de Oliveira      


Para baixar o áudio:
http://www.4shared.com/audio/gHaAttbP/Nelson_Jonas_-_A_anormalidade_.html?
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