Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

27 de outubro de 2011

De volta para casa



As imagens são recortes de uma série de reportagens produzida pela BBC de Londres e apresentada pela rede Globo. A musica é do Yanni- Face in the photograph

A música é "Face in the photography" de Yanni Chrysomallis.

Texto Flavio Siqueira

A busca como passagem

Tempo de Travessia
"A própria idéia de uma busca implica uma passagem, um movimento definido de um lugar para o outro. Aqui, naturalmente, a passagem é de um estado a outro. É uma jornada sagrada, de modo que o que nela está engajado é verdadeiramente um peregrino. E, como em muitas jornadas, pode-se encontrar dificuldades, fadigas, obstáculos, atrasos e tentações no caminho. E nesta, certamente, haverá também perigos, armadilhas, antagonismos e inimizades. A intuição e a razão, do indivíduo, seus livros e amigos, sua experiência e seriedade serão seu guia nesse caminho. E há outra característica especial a ser observada. É um jornada de volta para a casa. O Pai está esperando por seu filho. O Pai o receberá, o alimentará e o abençoará."

Autor: Paul Brunton

26 de outubro de 2011

A roupa não faz o monge

Ser Místico

Sede vós mesmos vossa própria bandeira e vosso próprio refúgio

Zulai, upload feito originalmente por NJRO.
"Sede vós mesmos vossa própria bandeira e vosso próprio refúgio. Não vos confieis a nenhum refúgio exterior a vós. Apegai-vos fortemente à Verdade. Que ela seja vossa bandeira e vosso refúgio. Aqueles que forem, eles próprios, sua bandeira e refúgio, que não se confiarem a nenhum refúgio exterior a eles, que, apegados à Verdade, a tenham como bandeira e refúgio - atingirão a meta Suprema" 

Buda - Ricardo Mário - Textos Budistas e Zen-budistas- São Paulo- Cultrix

Você é o todo da humanidade

Em primeiro lugar, eu não o estou ensinando qualquer coisa. Certo? Eu disse olhe para você mesmo, tudo está dentro de você. Você é o todo da humanidade. O passado e o presente. E se você souber como olhar dentro de você mesmo, você vê toda a historia. E então você não segue o orador nem seus ensinamentos, porque ele não está ensinando nada a você.

Krishnamurti - DA SOLIDÃO A PLENITUDE HUMANA

Um movimento

Tudo é um evento na natureza: o gato arranhando, o sol nascendo no horizonte, uma supernova explodindo, o pensamento. Cada emoção, pensamento, desejo, movimento, decisão, etc, é um evento da natureza, e é uma parte da cadeia global de causas. No entanto, de uma maneira surpreendente e muito arrogante, decidi que sou "um reino dentro de um reino". Ou seja, vejo-me como um centro independente e autônomo, criador de seus próprios pensamentos e decisões, separado da totalidade..
UGK
 

Desvelos do bem-querer


Um chumaço de velas juntas faz a chama de uma acender à outra que, por algum motivo, se apagou.
Assim também acontece no bem-querer da amizade... no bem-querer despojado do interesse diverso.
Se, por ventura, a chama de alguém se apagar, lá estará o tremeluzir típico das chamas ao lado que, ao sabor despretensioso do vento, acariciam o pavio apagado e o revitalizam.
Que medida tem um bem-querer deste quilate..."quilate" mas não morde?

LibaN RaaCh

Mais uma vez

O Segredo Derradeiro


Pergunte ao mais íntimo, ao uno, sobre o segredo derradeiro que ele guarda para você através dos tempos.

A grande e difícil vitória, a conquista dos desejos da alma individual, é um trabalho que requer tempo; portanto, não espere obter sua recompensa, enquanto não forem acumulados muitos anos de experiência. Quando o momento de aprender esta regra é chegado, o homem está a ponto de se tornar mais do que homem.

O conhecimento, que agora é seu, só lhe pertence porque sua alma tornou-se una com todas as almas puras e com o mais íntimo. Ele é um bem que lhe é confiado pelo Supremo. Traia-o, faça mal uso de seu conhecimento ou negligencie-o, e é possível que, mesmo agora, você caia do elevado estado que alcançou. Seres notáveis já caíram, até mesmo do limiar, incapazes de sustentar o peso de suas responsabilidades, incapazes de passar adiante. Portanto, aguarde, sempre com respeito e temor, por este momento, e esteja preparado para a batalha.

Pergunte ao mais íntimo, ao uno, sobre o segredo derradeiro que ele guarda para você através dos tempos. Somos muitos apenas na periferia; a multiplicidade existe apenas na circunferência. Quanto mais nos movemos em direção ao centro, mais nos movemos em direção ao uno. No centro, somos um.

Na periferia, existimos como muitos. Sua personalidade é diferente da personalidade do seu vizinho. Sua individualidade é diferente de todas as demais. Mas seu centro mais profundo não é diferente. Seu centro mais profundo é o centro mais profundo de tudo. Quando você o alcança, alcança o uno.

O mundo todo é apenas a circunferência. O centro - você pode chamá-lo de Deus ou pode chamá-lo de alma suprema ou do que preferir - mas quando você alcança o seu centro mais profundo, alcança o centro mais profundo de tudo. E aí, nesse uno, todos os segredos estão ocultos. Aí, todos os mistérios podem ser revelados a você.

Você não pode conhecê-los antes disso. A menos que penetre no templo mais profundo do uno, os mistérios permanecerão mistérios. Você pode criar muitas teorias e filosofias sobre eles, mas não serão de nenhuma utilidade; serão fúteis, insignificantes. Você pode filosofar à vontade, mas nada pode ser concluído. Isso tem acontecido por muito tempo. Muitos séculos se passaram e os homens estiveram filosofando, criando milhares e milhares de filosofias, teorias e sistemas sem nenhum resultado. Você pode criá-los, mas trata-se de algo mental. Você não conhece.

Você pode imaginar. Pode criar um sistema bastante coerente de pensamentos, mas não será outra coisa senão seus pensamentos, seus sonhos. Os filósofos são criativos, mas criam sonhos, fantasias. Criam sistemas lógicos, apresentam argumentos para defendê-los, mas a verdade não pode ser criada através de sistemas lógicos; a verdade não pode ser alcançada por argumentos. Seja o que for que você alcance, será apenas uma hipótese. A verdade só pode ser alcançada através da experiência.

Essa é a diferença entre filosofia e religião. A religião diz que a verdade não é conhecida porque você não é capaz de conhecê-la. A menos que você seja totalmente transformado - a menos que se torne um ser diferente, a menos que sua perspectiva mude, que seu modo de ver mude, que seus olhos mudem, que seu coração mude - você não conhecerá a verdade. A verdade não pode ser conhecida através da contemplação; ela só pode ser conhecida através da sua transformação interior.

A contemplação é possível, mas você permanece o mesmo; apenas continua a pensar com a sua cabeça. Você pode criar muitas coisas em sua cabeça. Pode acreditar nelas, mas sabe que elas são criações suas. A verdade não é uma criação; você não pode criá-la. Pode apenas revelá-la, descobri-la - ela está oculta. Os argumentos não serão de nenhuma ajuda. Somente uma autêntica viagem para dentro será de alguma utilidade.

A religião é antifilosófica. Ela diz que a filosofia não tem nenhuma utilidade; trata-se apenas de uma ginástica intelectual. Você pode apreciá-la; é um jogo de palavras, de lógica, de argumentos, mas não lhe dará nada; você não chegará a parte alguma. Estará apenas sentado em sua cadeira confortável, com os olhos fechados, pensando, pensando e pensando. Você pode continuar pensando por muito tempo. Pode pensar coerentemente, consistentemente, mas, mesmo assim, não dará um passo sequer na direção da verdade.

Você pode até mesmo se afastar cada vez mais, porque a verdade não é uma construção mental. Ela já está aí; não é uma construção mental. Ao contrário, por causa de sua ação mental, devido à excessiva atividade de sua mente, a verdade se oculta. Sua mente cria as nuvens. Você fica se movendo nas nuvens e o céu se oculta. Disperse as nuvens, disperse os pensamentos, disperse os argumentos, a lógica, as filosofias, e subitamente a verdade se revela. Ela sempre esteve aí; ela já é um fato. Você não precisa fazer nada para criá-lo. Você precisa simplesmente ser dócil a ela, render-se a ela, sem pensamentos, alerta, atento, e ela se manifesta. Ela sempre esteve aí. A verdade está oculta dentro de você; portanto, você não precisa ir a parte alguma. Não há necessidade de ir para o Himalaia. A única coisa necessária é ir para dentro.

Este sutra diz: Pergunte ao mais íntimo, ao uno, sobre o segredo derradeiro que el guarda para você através dos tempos. Mas somente através do não-pensar é que você pode perguntar. Isso parece contraditório, pois sempre que perguntamos utilizamos o pensamento. O nosso método habitual de perguntar consiste em pensar e pensar. Mas esse questionamento, o questionamento religioso, não consiste em pensar. O questionamento religioso pode ser feito somente quando você está alerta e sem pensamentos.

Lembre-se disto: dou ênfase ao estado de se estar alerta, sem pensamentos, porque quando você não está pensando, caso não estiver também alerta, poderá adormecer. Então não será de nenhuma utilidade. Quando você está pensando, está alerta, mas de nada adianta, porque o pensamento cria as nuvens. Ou então, você pode estar sem pensamentos e adormecido. Isso também de nada adianta, porque o céu está ali mas você está adormecido e não pode vê-lo. Portanto, duas coisas são necessárias: o não-pensar e o estar alerta. Consciência, sem nenhum pensamento. Atenção, sem nenhuma mente. Se você pode criar este fenômeno em seu interior (de um lado, nenhuma mente, de outro, atenção), isso é meditação; é a isso que denomino dhyana.

Nesta situação, a verdade torna-se revelada. E essa verdade é una, a mais profundamente una. Ela não é sua. Esse centro é o centro de toda a existência.

Você existe apenas na periferia, na circunferência. Quanto mais para dentro você se move, menor você se torna. Quando alcança o centro mais profundo, você não existe mais. Num certo sentido, você não existe mais; o velho morreu. Mas, num outro sentido, você existe pela primeira vez, pois agora a realidade mais profunda lhe é revelada, o eterno lhe é revelado. Agora você alcançou aquilo que nunca muda.

A grande e difícil vitória, a conquista dos desejos da alma individual, é um trabalho que requer tempo; portanto, não espere obter sua recompensa, enquanto não forem acumulados muitos anos de experiência. Quando o momento de aprender esta regra é chegado, o homem está a ponto de se tornar mais do que homem.

Quando você vai para dentro, em direção ao uno, atinge um novo estado de existência e de ser. Torna-se mais do que homem; torna-se um super-homem. Você vai mais alto que a condição humana; o animal humano é transcendido.

O animal humano vive adormecido, num sono profundo, inconsciente. Você vai fazendo coisas enquanto está profundamente adormecido. Anda pela rua e está adormecido. Come seu alimento e está adormecido. Ouve minhas palavras e está adormecido. Você não está alerta, não está atendo. Interiormente, a mente continua a tecer coisas, o sonho continua.

Você pode estar aqui fisicamente. Psicologicamente, você pode não estar aqui. Então, você está adormecido. Em sua mente, você pode ter se movido para alguma outra parte. Se você se moveu para alguma outra parte, então, conscientemente, você não está aqui. Apenas seu corpo físico está aqui.

Lembre-se disto: o que quer que esteja fazendo, faça-o de tal modo alerta, com tamanha atenção, que sua consciência esteja ali; não permita que ela se mova. Só então você saberá o que significa estar atento. A cada instante, mova-se no presente. Não se distancie do presente, ou terá ido para os sonhos. Essa atenção torna-se totalmente diferente da humanidade comum. Você está alerta. Tornou-se mais do que homem.

O conhecimento, que é agora seu, só lhe pertence porque sua alma tornou-se una com todas as almas puras e com o mais íntimo. Assim, não assuma de modo algum uma atitude egoística em relação a esse conhecimento, não pense que adquiriu um estado super-humano porque você está alerta. Você está alerta, está atento, transcendeu a humanidade apenas porque agora você está se tornando uno com todas as grandes almas. Está se tornando uno com a própria existência.

Não assuma uma atitude egoística em relação a isso, porque, se isso acontecer, a jornada cessa. Você pode recuar novamente. O egoísmo é o último ponto pelo qual o sono pode entrar outra vez. O egoísmo é o ponto pelo qual a inconsciência pode, de novo, vir a você. Você pode cair de volta na armadilha, pode começar a sonhar novamente.

Ele é um bem que lhe é confiado pelo Supremo. Essa consciência é um bem que lhe é confiado pelo Supremo, pela unidade mais profunda.

Traia-o... Você pode, mesmo agora, traí-lo; pode recuar novamente. Você ainda é fluido; ainda não está cristalizado. O velho estado foi-se embora, o novo ainda está se formando - está num estado fluido. Você pode voltar atrás, pode recuar. A transformação não aconteceu em sua totalidade. Você está diferente apenas em parte. Uma parte de você ainda é o velho.

Ele é um bem. Traia-o, faça mal uso de seu conhecimento... Você pode traí-lo. Se assumir uma atitude egoística - se disser: “Este conhecimento é meu” - se disser: “Eu consegui conhecer. Eu compreendi. Eu conheci Deus. Eu me tornei isto e aquilo” - se você reivindicar, terá traído. A reivindicação mostra que o ego ainda persiste em você; o ego está por trás dela. Você tornou a cair na armadilha. Aquele que conheceu não alegará que conheceu. Não há nenhuma necessidade de se reivindicar. Toda a reivindicação vem do ego; reivindicação significa ego. Se você reivindica, está traindo esse bem.

Faça mal uso de seu conhecimento... Você pode usá-lo mal. Pode usá-lo para explorar os outros, pode usá-lo para dominar os outros, pode usá-lo para fins que não são espirituais, mas então você recuará. O conhecimento é perigoso porque conhecimento é poder, e se você o usar para fins que não sejam corretos, perderá o controle; você recuará. Aquilo que lhe foi dado pode ser tomado de volta. Ninguém o retira de você - você, você mesmo, é que o perde.

Ou negligencie-o... Você pode negligenciá-lo. Se negligenciá-lo, ele cessará de se desenvolver. E, lembre-se, se alguma coisa não está se desenvolvendo, você está voltando para trás. Na existência, nada é estático. Ou você se desenvolve ou você retrocede; ou se move para a frente ou se move para trás. Você não pode permanecer em repouso. Eddington disse, em algum lugar, que a palavra “repouso” é a palavra mais ilusória. Não há no mundo nada que se assemelhe a isso. Ou as coisas estão avançando ou estão retrocedendo. Ou você está crescendo em alguma coisa, ou está decrescendo. Não há nada semelhante ao repouso; seja onde for que você esteja, você não pode repousar. Se estiver tentando repousar, você recuará. Mesmo se quiser repousar no ponto em que se encontra, precisa se desenvolver mais. Somente através do desenvolvimento você pode repousar. De outro modo, recuará.

... negligencie-o - você pode negligenciá-lo - e é possível que, mesmo agora, você caia do elevado estado que alcançou. Seres notáveis já caíram, até mesmo no limiar, incapazes de sustentar o peso de suas responsabilidades, incapazes de passar adiante. Portanto, aguarde, sempre com respeito e temor, por este momento, e esteja preparado para a batalha.

Até mesmo do próprio limiar do templo do divino você pode se afastar. Bastaria uma batida e a porta teria sido aberta; mas se você não bater, poderá ir-se embora. Quanto mais perto você está, maior a possibilidade de se afastar, porque você se torna mais seguro de que alcançou o conhecimento. Isto é ainda mais perigoso. A menos que você tenha alcançado o conhecimento tornando-se uno com a chama, não fique demasiado seguro. Você pode perdê-lo a qualquer momento. A segurança pode ser perigosa.

Ocorre que, sempre que você chega bem perto da meta, sente-se muito cansado. Quer repousar. Você sabe que agora o templo está bem próximo e que pode alcançá-lo a qualquer momento; não há nenhuma dificuldade. “Posso relaxar um pouco, repousar um pouco.” Então você pode perder aquilo que estava bem próximo. Ele pode se distanciar. Relaxar perto da meta é perigoso porque, no momento em que você relaxa, pode recuar. E quando você se tornar novamente atento, descobrirá que o templo desapareceu.

Quando a meta está próxima, não relaxe seu esforço. Ao contrário, concentre agora toda a sua energia nisso; deixe-se absorver totalmente. Este é o momento referido no sutra, quando diz, aguarde, sempre com respeito e temor, por este momento. Não relaxe. Não há relaxamento enquanto você não se tornar uno com Deus. Antes disso, nenhum relaxamento é possível.

Osho

O Caminho Foi Encontrado

Trilha

Tendo adquirido o uso dos sentidos internos, tendo vencido os desejos dos sentidos externos, tendo vencido os desejos da alma individual, e tendo adquirido conhecimento, prepare-se agora, ó discípulo, para entrar realmente no caminho. O caminho foi encontrado: esteja pronto para trilhá-lo.

Tendo adquirido o uso dos sentidos internos... Conhecemos a respeito de nossos sentidos externos, mas cada sentido possui uma dupla dimensão. Por exemplo, os olhos. Eles podem olhar para fora. Esta é apenas uma dimensão de sua função. Eles podem também olhar para dentro. Esta é sua outra função. Ou os ouvidos. Você pode ouvir o que está acontecendo no exterior. Esta é uma função, uma dimensão. Você pode também ouvir o que está acontecendo no interior. Esta é a outra função, a outra dimensão.

Cada sentido possui duas portas. Uma se abre para o mundo exterior; a outra se abre para o mundo interior. Cada sentido é tanto externo como interno, mas usamos nossos sentidos somente de uma única maneira. Tornamo-nos fixos; esquecemos que esses mesmos sentidos podem ser usados para se alcançar o interior.

Tendo adquirido o uso dos sentidos internos... Tendo adquirido as dimensões ocultas dos sentidos, muitas coisas podem tornar-se possíveis. Um novo mundo se abre diante de você. O interior é tão vasto quanto o exterior, o interior é tão imenso quanto o exterior. Você se encontra exatamente no meio: encontra-se entre o universo interior e o universo exterior.

O exterior é vasto. Dizem que é infinito, sem fim, sem começo; não há limites para ele. A mesma coisa também é verdadeira para o interior. Nenhum limite - o espaço interior é, por sua vez, infinito. O exterior está sendo pesquisado por métodos científicos. O interior pode ser pesquisado através de métodos iogues.

A ciência se desenvolveu bastante e adquiriu um imenso conhecimento a respeito do mundo exterior. Mas o mundo interior foi esquecido; não se pensa mais nele. Atualmente, somos ricos no que diz respeito ao mundo exterior, às experiências exteriores, e tornamo-nos absolutamente pobres, mendigos, no que diz respeito ao interior. Mas qual a vantagem de conquistar o mundo exterior se, ao conquistá-lo, você perde a si mesmo? Perdendo-se a si mesmo, o que se ganha? Mesmo se você conquistar o mundo todo, nada será ganho. Se você perde a si mesmo, então, o próprio sentido da vida, sua própria significação, a beleza, a verdade, o bem, tudo é perdido. O homem pode acumular coisas, acumular poderes, à custa de perder a si mesmo. Então, o ponto fundamental é perdido.

A ciência tenta ampliar os sentidos externos. Hoje em dia, através de aparelhos mecânicos, podemos olhar para o espaço longínquo. Os olhos são ampliados pelo método científico. Podemos, atualmente, ouvir a longas distâncias. A tecnologia científica amplia nossos ouvidos.

A mesma coisa também é possível para os sentidos internos. Através da meditação, da ioga, do tantra - tecnologias internas - seus sentidos internos são ampliados. E, uma vez ampliados, muitas coisas são reveladas a você.

A menos que elas lhe sejam reveladas, sempre parecerão ser mitos, superstições. Ouvimos e lemos muitas coisas sobre Buda, Jesus, Krishna, nas quais não conseguimos acreditar. Maomé, Zaratustra, Moisés - todos eles parecem, hoje, mitológicos, porque tudo o que eles dizem não podemos experimentar por nós mesmos. Perdemos o contato. Moisés diz que ouviu a voz de Deus no Monte Sinai. Como podemos acreditar nisso? Jamais ouvimos algo semelhante.

Se você for a uma tribo primitiva e contar que, através do rádio, podemos ouvir vozes emitidas a partir de enormes distâncias, as pessoas dessa tribo não poderão acreditar nisso. Ou, se você contar-lhes que, pela televisão, vemos imagens de coisas que estão acontecendo em lugares bastante distantes, eles não acreditarão, porque nunca experimentaram tal coisa.

Do mesmo modo, tornamo-nos primitivos no que diz respeito ao interior. Moisés diz que ouve Deus. Jesus conversa com seu pai que está no céu. Aos nossos olhos, eles parecem neuróticos. Devem ser loucos. Há muitos estudos sobre Jesus, estudos psicológicos, que afirmam que ele deve ter sido insano. “O que ele quer dizer com conversar com Deus? Onde está Deus? Como você pode conversar com ele? E como pode Deus conversar com você? Jesus deve ter sido insano. Deve ter tido algumas alucinações e deve ter acreditado nelas. Era um neurótico.” Ele parece um neurótico porque nos tornamos primitivos no que diz respeito ao mundo interior.

Se seus sentidos forem apurados, se seus sentidos interiores estiverem vivos, se você chegar a conhecer o modo de usá-los, poderá também entrar em sintonia com o divino. Você poderá ouvir, poderá escutar, poderá ver, poderá entrar em contato com os mistérios. Eles existem sempre. Moisés não é um neurótico - nós é que nos tornamos primitivos. Jesus não é um louco - nós é que perdemos o contato com o interior.

Tendo adquirido o uso dos sentidos internos, tendo vencido os desejos dos sentidos externos... Porque, se os desejos dos sentidos externos ainda estão vivos, você não pode se mover para dentro. Desejo significa o modo de se ir para fora; o desejo é o caminho que leva para fora. Se sua mente ainda está desejando, você não pode se mover para dentro.

É por isso que há tanta insistência no estar-sem-desejo. Não se trata de um conceito moral. O estar-sem-desejo é um conceito científico. Se você quer se mover para dentro, sua mente precisa perder todo o desejo de se mover para fora. De outro modo, como você pode se mover para dentro? É pura matemática. Se você quer ir para a esquerda, precisa abandonar o desejo de ir para a direita. Caso contrário, uma perna se move para a direita, enquanto a outra se move para a esquerda. Você enlouquecerá; ficará insano. É impossível se mover em duas direções ao mesmo tempo. O desejo leva para fora. O estar-sem-desejo, para dentro.

...tendo vencido os desejos externos, tendo vencido os desejos da alma individual... Se você ainda é egocêntrico, pensa sempre em função de seu próprio ego; pensa sempre em função de sua própria individualidade, de seu próprio interesse. Nesse caso, as mais profundas verdades da existência não lhe podem ser reveladas. Você não está pronto para elas; não é digno delas. Além disso, essa revelação, nesse momento, pode ser perigosa. Tente entender isso.

A ciência, por exemplo, conseguiu compreender atualmente alguns mistérios básicos a respeito da matéria. A ciência forçou a matéria a lhe revelar alguns segredos a respeito da energia atômica. Isso tornou-se destrutivo. O homem ainda não está pronto, ainda não é digno de conhecer um segredo tão poderoso. A ciência forçou a matéria. A ciência é agressiva.

Atribuem-se a Einstein as seguintes palavras: “Se eu nascesse de novo, não desejaria ser um cientista. Preferiria ser um encanador. Tudo o que fiz é destrutivo. Tudo o que revelei, durante toda minha vida, é inútil e nocivo. Tudo indica que poderei ser uma das pessoas responsáveis pela destruição de toda a humanidade.”

Seus últimos dias foram de profundo sofrimento. Um segredo havia sido revelado, mas o homem ainda não estava pronto, ainda não era digno dessa revelação. O homem ainda é infantil, estúpido, tolo. Esse imenso poder - a energia atômica - não lhe podia ser entregue.

Mas agora os políticos se apoderaram do segredo. E os políticos só podem ser estúpidos, não podem ser outra coisa, porque qualquer pessoa que tenha ambições políticas é egoísta. O desejo de conquistar o poder é o desejo do ego, e o ego é a coisa mais estúpida que pode haver. Obriga-o a fazer qualquer coisa; o ego é louco. A ambição política é uma obsessão do ego.

Os cientistas descobriram alguns segredos e os políticos se apoderaram desses segredos. Então eles destruíram Hiroxima e Nagasáqui. E agora, estão prontos para destruir todo o planeta. A Terra inteira pode ser destruída a qualquer momento. Temos atualmente mais forças destrutivas do que seria necessário para destruir a Terra; temos sete vezes mais. Podemos destruir sete Terras iguais a esta; esta não é nada. E estamos desenvolvendo mais e mais poderes destrutivos. Para quê? Por que há tanto desejo de morte e destruição? Einstein diz que foi uma tolice da parte dos cientistas forças a natureza a revelar certos segredos, dos quais o homem ainda não era digno. Mas você pode fazê-lo, porque a matéria pode ser violentada.

Você não pode fazê-lo interiormente. A consciência não pode ser forçada. Nenhum segredo interior lhe pode ser revelado, a menos que você esteja pronto para isso. A não ser que ele seja benéfico a você e aos outros, não pode ser revelado. Assim, este sutra diz, tendo vencido os desejos da alma individual - a ambição, o ego, o desejo de poder, a idéia de se considerar o centro do universo -, a menos que você tenha vencido esses desejos, os segredos mais profundos da consciência não lhe podem ser revelados.

...tendo vencido os desejos da alma individual, e tendo adquirido conhecimento, prepare-se, agora, ó discípulo, para entrar realmente no caminho. Tudo aquilo com o que nos ocupamos até agora foi um trabalho dedicado à consciência: à sua própria consciência, à consciência subjetiva. Até o momento, todos os sutras eram para trabalhar, atuar, alterar, transformar, mudar a consciência subjetiva. Quando alguém se torna totalmente consciente de seu mundo subjetivo, pode entrar na realidade.

Lembre-se disto: se você se move para dentro, move-se para o subjetivo; se você se move para fora, move-se para o objetivo; se você se move para além de ambos, move-se na realidade. O objetivo não é realidade; o objetivo é apenas uma parte da realidade. O subjetivo também não é a realidade. Ele é, por sua vez, uma parte da realidade. Quando a subjetividade e a objetividade são, ambas, transcendidas, você entra na realidade.

Se você usar seus sentidos para a jornada exterior, alcançará os objetos. Se usar seus sentidos para a jornada interior, alcançará o sujeito, o conhecedor. Através do exterior, o objeto: o conhecido. Através do interior, o conhecedor: o sujeito, o eu. Mas cada um deles é apenas uma parte. A realidade consiste em ambos.

De fato, os dois são um. A isso denominamos brahma: a realidade suprema. Você não pode entrar na realidade suprema através do objeto ou através do sujeito. Precisa perder os dois. É por isso que para conhecer a alma você precisa usar os sentidos internos, e para conhecer a matéria precisa usar os sentidos externos; mas para conhecer brahma não precisa usar nenhum sentido, seja externo, seja interno. Se você quer entrar na realidade suprema, os sentidos precisam ser totalmente abandonados, tanto os externos quanto os internos. Sem os sentidos, entra-se na realidade.

É por isso que Shankara não pode admitir que a ciência conheça a realidade. Ele diz que a ciência conhece apenas o objetivo. E ele não pode admitir que aqueles que defendem a inexistência de brahma conheçam a realidade, porque conhecem apenas o eu subjetivo. Somente aqueles que vão além de ambos - além dessa dualidade de objeto e sujeito - conhecem a verdade suprema.

... prepare-se, agora, ó discípulo, para entrar realmente no caminho. O caminho foi encontrado: esteja pronto para trilhá-lo.


Pergunte à terra, ao ar e à água, a respeito dos segredos que eles guardam para você.


Se você está disposto a abandonar as distinções entre o objetivo e o subjetivo, pode perguntar diretamente. Pergunte à terra, ao ar e à água, a respeito dos segredos que eles guardam para você. Você pode perguntar diretamente aos elementos. Se você está disposto a abandonar a divisão entre o sujeito e o objeto, se está disposto a abandonar todos os pensamentos, se está disposto a abandonar sua mente, sua ação mental, se está disposto a abrir espaço em você e se tornar vazio, pode perguntar aos elementos a respeito dos segredos que eles contêm para você.

E que segredos eles contêm? Buda aconteceu neste mundo. Ele está registrado na terra, no ar, na água, no céu, no espaço, em todas as coisas. O acontecimento de um Buda é um fenômeno tão imenso que o universo registra como ele acontece. Krishna dançou nesta terra. Ele está registrado. O próprio fenômeno é tão culminante que a terra não pode esquecê-lo, o céu não pode esquecê-lo. Eles o registram. Tudo o que acontece de tamanha magnitude é registrado pelos elementos.

Você pode perguntar diretamente. Se você se encontra totalmente vazio, pode perguntar diretamente, e a terra revelará seus segredos. Se Krishna proferiu realmente o sermão do Gitã no campo de batalha de Kurukshetra, isso deve estar oculto em alguma parte do ar, no coração do ar. Se você está pronto, se você merece, o ar pode lhe revelar as mais secretas doutrinas.

Você se sentirá muito estranho quando isso lhe for revelado, sentir-se-á muito confuso, porque o Gitã que foi registrado pelo homem nada significa; está profundamente errado. Muitas coisas foram projetadas nele, muitas coisas foram suprimidas dele. Ele não é a coisa real; é apenas um registro humano. E é natural à mente humana errar.

Mas as forças elementares da natureza também registram, e seus registros são absolutamente verdadeiros, porque não há nenhuma mente que interprete, altere, acrescente ou suprima. O mais puro está ali registrado. Se Maomé falou, se Jesus falou, isso está registrado ali. A Terra não pode perder o contato com seres tão altamente evoluídos, tão altamente desenvolvidos, com seres transformados. Ela não pode perder o contato com eles; o contato permanece. Ele pode ser revelado a você. O desenvolvimento de seus sentidos interiores fará com que você se torne capaz de penetrar nisso.

Pergunte aos santos da Terra a respeito dos segredos que eles guardam para você. A conquista dos desejos dos sentidos externos lhe fornecerá esse direito.

Pergunte aos santos da Terra a respeito dos segredos que eles mantém para você. Nós existimos no corpo, mas há muitos santos ao seu redor que existem num estado incorpóreo. O espírito humano pode existir tanto num corpo como numa forma não-corpórea. A forma não-corpórea ainda faz parte do universo; ainda está no mundo. Não escapou dele; a liberação não aconteceu ainda. Essa forma incorpórea está sujeita a voltar, tende a voltar. Simplesmente aguarda pelo útero certo.

Há muitos mestres sagrados que existem numa forma não-corpórea, que não estão totalmente iluminados. Quando um ser se ilumina totalmente, ele desaparece do corpo e da própria forma. Desaparece completamente; dissolve-se na fonte do mundo. Buda, Jesus - eles se dissolveram, regressando à fonte original. Porém, há muitos outros que não estão totalmente iluminados, mas que chegaram a conhecer muitas coisas, a compreender muitas coisas belas, muitas verdades ( mas não “a” verdade). Eles compreenderam muitas, muitas coisas e alcançaram um certo nível. Eles não estão iluminados, mas alcançaram um certo nível. Por isso, são denominados “santos”. Eles podem ajudá-lo muito. Se você está aberto a eles, pode entrar em contato com eles. Na teosofia, eles são denominados “os Mestres”.

O livro Luz no Caminho foi ditado pelos Mestres a Mabel Collins. Os Mestres conhecem muitos segredos que desapareceram da Terra, dos registros da humanidade, ou foram distorcidos. Ou simplesmente não podemos lê-los porque a linguagem foi esquecida. Ainda não é possível saber o que está escrito na cultura Harappa Mohenjodaro. Continua a ser um segredo. Sabemos que alguma coisa está escrita, mas o que está escrito não sabemos. A forma permanece, mas as chaves estão perdidas. Conhecemos muitas escrituras de diversas culturas, mas a linguagem se perdeu.

Esses santos podem revelar muitas coisas que permanecem conservadas. Eles podem fazer-nos lembrar. Você pode entrar em contato com elas se estiver silencioso, inocente, movendo-se para dentro. Se você está usando seus sentidos internos, pode entrar em contato com eles e sua vida pode ser transformada muito facilmente. Você, sozinho, pode levar muitas vidas para alcançar a meta; mas, com esses santos, isso pode se tornar mais fácil.

E há muitos deles. Você precisa apenas estar aberto, sem medo, disposto a receber a orientação, e então a orientação lhe será dada. Mas antes que possa recebê-la, você precisa predispor-se à receptividade, à profunda receptividade. Através da meditação, essa receptividade se manifestará em você. E não há outro caminho. Apenas através do silêncio você se tornará capaz de ouvir alguma coisa que venha do além.

Lembre-se constantemente de uma coisa: você precisa se tornar cada vez mais silencioso e concentrado em seu interior. Sempre que tiver algum tempo, feche os olhos e mova-se para dentro. Não se ocupe quando não houver nenhuma ocupação, não permaneça ocupado desnecessariamente.

Vejo pessoas que estão desnecessariamente atarefadas. Tenho visto pessoas que lêem o mesmo jornal várias vezes. Elas não têm nada para fazer, então lêem o mesmo jornal repetidas vezes. Não podem permanecer vazias, não podem permanecer desocupadas. Ser meditativo significa aprender a permanecer desocupado, vazio.

Feche os seus sentidos externos e dirija-se para dentro. Utilize qualquer tempo que encontrar para isso, e logo chegará o dia em que isso se tornará tão fácil quanto entrar e sair de sua casa. Você sai de sua casa sem nenhuma dificuldade; você volta para sua casa sem nenhuma dificuldade. Você não precisa nem sequer pensar a respeito de como sair e entrar. Você sai quando precisa sair; entra quando precisa entrar. O fenômeno de ir para dentro de si mesmo torna-se igualmente simples se você o praticar. Então, você pode saltar para fora a qualquer momento, e pode saltar para dentro a qualquer momento.

E, uma vez que você se torna capaz desse simples movimento, torna-se livre. Então, o mundo não pode perturbá-lo. Nada pode perturbá-lo, porque nada o atinge quando você se encontra em seu centro mais profundo. Quando você está na periferia, o mundo o atinge. Quando está no centro, você está além do mundo.

Osho

Você não existe, não insiste!

Desvios


Os desvios da nossa trajetória, como estão incorporados a esta mesma trajetória, deixam de ser desvios.

Enquanto percebidos como desvios, mantêm-nos deslocados; tão logo percebemos sua inclusão na trajetória, nem mesmo a ausência de desígnios retiram a compassiva clareza acrescida às nossas convicções.

É dever de caridade disponibilizar este livramento a todos.

LibaN RaaCh 

25 de outubro de 2011

Constatações sobre enérgica e eloquente oratória

Nos bastidores da crença organizada
Pode ser diferente para você mas, para mim, isto é um fato: a enérgica e eloquente oratória é capaz de tocar um enorme salão repleto de fiéis, em sua grande maioria, sonâmbulos seguidores mantenedores, no entanto, não é capaz de tocar um coração desperto.

Nelson Jonas Ramos de Oliveira 

Reflexão de extrema importância

Muitas vezes, no intuito de ensinar, alguns "instrutores" vendem "ensinamentos" de outros - sejam esses ensinamentos adquiridos através de livros, palestras, cursos etc.- como se fossem seus. Ou seja, reproduzem a experiência alheia, comportando-se como o autêntico experimentador. Abriu mão da própria experiência, apropriou-se de um conhecimento de segunda mão e passa a ensiná-lo. Nesse plágio, os ensinamentos passam de mente em mente, como se viessem do último instrutor. Isso não passa de viagens imaginárias. Só uma mente inocente e silenciosa é capaz de absorver e expressar o inimaginável.

Como estudantes e inquiridores de nós mesmos, precisamos estar cônscios dessas manobras mentais na busca da auto-afirmação e da segurança psicológica. Pois, essas coisas impedem a reta percepção e o correto pensar.

Krishnamurti

A pensamento e o "Eu" ficticio

A diferença entre UG e eu - ou você - é que quando as coisas acontecem, elas me acontecem. Para UG, elas simplesmente acontecem.
Não há contabilidade para UG. Coisas vêm e vão, não deixam rastro nele,  não porque a memória está falhando, mas porque não há ninguém lá para refletir sobre elas.
 
UGK
 

24 de outubro de 2011

Sobre o amor

O amor está disponível apenas para aqueles que aguçam sua inteligência. O amor não é para os medíocres, não é para os poucos inteligentes. O tolo pode se tornar um grande intelectual. Na verdade, os tolos tentam se tornar intelectuais; essa é a sua maneira de ocultar sua ausência de inteligência. O amor não é para o intelectual; o amor necessita de um tipo totalmente diferente de talento: um coração talentoso e não uma cabeça talentosa... O caminho é o amor, o caminho é uma inteligência amorosa. Quando o amor e a inteligência se encontram, cria-se o espaço no qual tudo o que é possível ao ser humano pode se tornar realidade. A inteligência sozinha se torna intelectual; o amor sozinho se torna sentimentalismo. Mas uma inteligência amorosa nunca se torna intelectualidade ou sentimentalismo. Ela lhe dá um novo tipo de integridade, uma nova cristalização.

Osho - Inteligência - Resposta criativa do agora

23 de outubro de 2011

Simplesmente Isto


Questionador: Alguns professores dizem que não há nada que você possa fazer para se tornar iluminado ou despertar. Que não há escolha nem ninguém para escolher. Isso é verdade?

Mooji: Ao ouvir isso, qual foi a sua reação?

Q: Na verdade foi mista. Por um lado uma sensação profundamente libertadora, simples e natural, seguido de um sentimento de real frustração e raiva. Honestamente eu me senti bastante irritado e oprimido com a idéia de não ter o livre-arbítrio. Foi muito estranho.

M: E qual dessas duas reações ficaram mais fortes com você?

Q: Bem, como disse antes, inicialmente o sentimento de liberdade foi forte, belo e expansivo mas durou pouco, enquanto que a frustração, dúvida e confusão tem sido mais prolongados.

M: E estes sentimentos o trouxeram de novo ao Satsang, certo?

Q: Pode-se dizer que sim. Na verdade eu não sinto que tomei nenhuma decisão para vir aqui. Eu sinto que fui atraído por alguma força. Quando estou aqui contigo, tudo vai bem; suas palavras e sua presença me fazem sentir seguros nesta verdade. O problema começa quando estou lá fora no mundo. Daí eu duvido de mim mesmo. Me sinto fraco, sem foco e me falta essa convicção que estou sentindo agora. Eu necessito de ajuda.

M: Obrigado. "Eu necessito de ajuda" é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz "Não há" ninguém a ser ajudado, nenhum "eu", nenhum "você". Ninguém existe, somente aquilo que "É", que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! O ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade única apenas existe, manifestando-se através e como a própria consciência, Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal/O Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do "professor", que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, resultando assim na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : "Nós somos chamados por nosso próprio Ser", e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Sat guru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.

Q: Há uma alegria outra vez em ser lembrado disto, talvez isso seja a atração do Satsang. Mas eu devo dizer que ainda estou um pouco confundido sobre...

M: Não! Pare aí mesmo. Na verdade, "você", o que você realmente é, não pode estar confuso. Confusão é um estado mental. Não seria mais preciso dizer que você sente ou nota a confusão surgindo em você? E que ambos os sentimentos de confusão e conforto são percebidos por você, incluindo seus efeitos no corpo e os pensamentos e julgamentos subsequentes acompanhando tais sentimentos? E que estes são estados que vem e vão na presença de algum "pano de fundo" de inteligência impessoal ou testemunha natural?

Q: Sim. Parece haver mais distância nesta forma de olhar. Sente-se mais desapegado e espaçoso de alguma forma.

M: Vamos voltar à sua pergunta original?

Q: Sim, mas eu gostaria que você falasse mais sobre esse ponto.

M: Ok.Ok, nós voltaremos se necessário. Na sentença: "Não há nada que você ou ninguém possa fazer para ganhar a 'iluminação' ou o 'despertar'". Quem ou o que é que ouve isto? E quem ou o que é o 'você' na declaração?

Q: Eu mesmo! O que Eu sou.

M: E o que é isso? (pausa...) Agora você está vestindo olhos pensativos, Não pense! Observe!

Q: Minha mente.. Minha individualidade. Meu sentido de ser, eu suponho. Meu intelecto?

M: Não deve haver algo por detrás que vê a mente, a individualidade, o intelecto? De onde estas mesmas frases estão surgindo, e o que se mantém inafetado, intocado pelo funcionamento da mente, intelecto. Não estão estes fenômenos sendo observados? Você pode confirmar?

Q: Sim, (assentindo lentamente) Eu posso confirmá-lo como tal.

M: Deixando de lado qualquer fenômeno notável que esteja surgindo, volte a sua atenção para a própria observação. O que exatamente é isso que observa? É uma pessoa, uma coisa? Tem uma forma, característica ou qualidade? É pessoal?

Q: Não. Ninguém está lá. Nada.

M: Você está lá?

Q: Sim. Não. Eu devo estar. Eu estou nele.

M: O que vê ou sabe isso?

Q: Eu não sei. Eu apenas sei mas não sei como eu sei. Eu não sou nada aqui exatamente. Eu quero dizer sem forma. Lá vem aquele sentimento de novo. Isto foi o que eu senti, o que experienciei a última vez.

M: Não se aferre a este sentimento agora, deixe-o ser. Não vá ao passado, permaneça por detrás. Não se identifique, não toque. Apenas observe, mas mantenha-se neutro, de forma que se e quando este sentimento de alegria desvanecer-se, restará apenas este observar. Você não pode "ter" ou se "tornar' isso. Nenhuma posse, nenhuma realização, apenas pensamentos e sensações surgindo espontaneamente na consciência e sendo percebidos. Você percebe?

Q: Mas eu não quero que isso vá. Para que afast­á-lo ? Eu quero permanecer neste estado sempre. Não é esse o ponto?

M: Isto é precisamente o que você deve fazer. Se isso não estava aqui antes, não é permanente, e pertence ao que é mutável. Passará. Deixe-o ir e vir, isto é natural e isso é a própria liberdade. Reconheça o "Eu não quero afastar isso embora" é também um sentimento-pensamento surgindo, sendo observado por algo que está além das idas e vindas. Seja Um com isso. Não persiga nada, permaneça como consciência neutra apenas. Isso é tudo. O que pode a consciência querer? O que falta? O que há para se manter ou perder?

Q: Minha mente deu branco. Me desculpa, poderia repetir?

M: O que está testemunhando o "branco"?

Q: (pausa...) Eu estou. Aqui outra vez!

M: E de novo, quem ou o que é você aqui?

Q: Apenas isso. Não há palavras que possam dar a entender ou descrever isso. Nada, Vazio.

M: Há alguma tristeza?

Q: Não.

M: Feliz?

Q: Não.

M: Livre?

Q: Não. Eu nem usaria a palavra "livre". (pausa). Sem palavras...

M: Aha! Muito bom! Parabéns! Aquilo é isto! isto é tudo, você terminou, Excelente! O exercício terminou. Agora pise fora disto e retorne ao seu estado prévio para que nós possamos continuar com as suas perguntas importantes.

Q: Mmmm... Isto é impossivel! Já não faz mais sentido nenhum. Pisar fora e ir aonde?

M: Aqui!

Q: Não há nem sequer aqui!

M: Realmente? E o Agora?

Q: Não, nem Agora (longa pausa...) Eu agora vejo claramente que estes são apenas conceitos. Não há dúvida a respeito disso O Indescritível está por detrás.

M: Isto apenas é liberdade, além de qualquer conceito de liberdade. O natural e supremo estado do Ser verdadeiro de cada um.
(o questionador parece ter deslizado num estado meditativo, a sua face é imóvel mas tranquila...Mooji sorri...)

M: Eu queria falar a respeito do que acontece quando esta experiência de "iluminação" se desvanece, mas agora é impossível discutir isso com ele enquanto ele estiver em samadhi. (Gargalhadas..)

Outro questionador: Eu também já experienciei este estado em que ele parece estar agora, um tipo de experiência da não-experiência, que durou mais ou menos três ou quatro semanas. Eu me senti totalmente vazio, limpo, presente, uno com tudo que É. Tudo apenas acontecendo por si só, era realmente indescritível e belo, mas depois de um tempo minha mente voltou, no meu caso eu penso que ainda mais forte que antes. Na verdade eu entrei num tipo de depressão pesada e me senti perdido por um tempo. Eu tive medo de repetir aquela experiência.

M: Que experiência?

Q: A experiência louca.
( Gargalhada..).

M: O verdadeiro Ser é o imutável pano de fundo suportando o mundo transitório dos fenômenos. É somente Consciência impessoal; imutável e bem-aventurosa. No estado experiencial, brilha como o puro sentido da consciência subjetiva "Eu sou". Este "Eu sou" é impessoal e sinônimo de consciência – o campo da percepção. É a expressão direta da pura subjetividade. Sri Nisargadatta Maharaj, o grande sábio, descreve como uma porta que se move de um lado para a manifestação e do outro ao infinito. Isto expressa-o belamente. Todos eventos ocorrem como movimentos na consciência e são percebidos dentro e através desta consciente presença "Eu sou"; esta é a "testemunha", o ou princípio que testemunha, que nós somos, enquanto o corpo está aqui.

Q: Então nós somos o corpo ou "estamos" no corpo ou algo separado? Porque...
(O questionador começou a se lembrar de algumas experiências e observações...)

M: Deixe isto tudo de lado por agora; apenas esteja aberto, permitindo tudo o que tem sido dito simplesmente ser ouvido na consciência sem se apegar à nenhum pensamento em particular ou idéia do tipo: o que fazer com isso que está sendo ouvido; permita que o "escutar" apenas "aconteça", assim como seria. Você está aí, por detrás da mente que escuta. Preste atenção ao pensamento "Eu", não é o verdadeiro "Eu sou". Ele vem quando o "Eu sou" impessoal se identifica com o corpo, que é meramente o instrumento através do qual Ele está se expressando, com o auxílio da força vital – o poder animador. Essa associação faz surgir o ego, ou a individualidade – o sentido de "eu". Então você percebe, o sentido de individualidade não pode existir sem a sustentação da consciência impessoal, e é a própria expressão transitória desta consciência criativa. Somente agora Ela opera como consciência condicionada, acreditando ser o corpo-mente. Surge agora o conhecimento do "Outro" e um impulso básico de proteger-Se; preferências e desgostos surgem, juntamente com julgamentos, medo, desejos, apegos e o jogo inteiro dos opostos inter-relacionados. Nós como seres individuais somos fascinados e viciados por experienciar, o que em si é natural e não há nada de errado em si mesmo quando visto como o jogo ou a expressão da consciência manifesta que somos. Mas quando visto da perspectiva da identidade individual, com sua agenda privada – Problemão! (gargalhada...)

Agora escute, não há nada em particular para se "fazer" aqui, nem ninguém para fazer ou desfazer também. Apenas uma mudança na compreensão deve acontecer e tudo se ajusta de maneira correta. Tudo é Um. Vamos pegar o exemplo da antena telescópica do carro, é uma unidade - isto representa o Absoluto. Estenda ou puxe uma vez – o "Eu sou" impessoal aparece; ainda sim é uma unidade. Puxe de novo e o pensamento do "Eu individual" brota, e simultaneamente a manifestação do mundo personalizado vem à tona. Como as bonecas russas, uma dentro da outra, sucessivamente, no entanto um Inteiro! Uma unidade expressando-Se como manifesta e imanifesta, dois aspectos da Realidade única. Tal é o jogo no teatro da consciência. Você é a testemunha final, Feliz, inafetado e inteiro. Você é Aquele! Não é nada pessoal, isto não é um elogio que estou te fazendo.

Q: Por favor, você poderia repetir o ponto sobre o "teatro da consciência"?

M: Não! Eu não posso repetir. Por agora esteja atento, aberto e presente, mas neutro aqui, sem permitir que sua atenção vagueie ou pouse em nenhuma coisa particular. Esta posição estou te convidando a tomar. Confie em sua audição intuitiva. É a sua mente, que aparecendo como um buscador vigilante se esforça por exatidão e então fica presa com o sentimento de ter perdido algo vital. Neste momento é uma sutil forma de resistência ou de evitar. Meu conselho é; se você perder (não compreender) algo, simplesmente deixe-o ir. Tudo está bem por agora. O verdadeiro você está aqui e por detrás de tudo, observando sem esforço; da onde o sentido de perder ou encontrar surge, é sentido, mas descartado como "não real- "neti-neti" como os jnanis dizem. Você, como consciência, não é nenhum sentimento em particular. Pensamentos e sentimentos vem e vão como ondas brincando na superfície do oceano. Deixe tudo vir e ir por si só, isto é natural para as ondas. Oceano, água, ondas – tudo o mesmo. Permaneça como a testemunha apenas. Para a consciência, nada é perdido ou achado, ou é bom ou mal. É o imaculado substrato no qual a sombra mente/mundo de nomes e formas dançam sua aparente existência.

Q: Mas Mooji, seguramente é vigilância ter a certeza que compreendemos corretamente, para evitar mal-entendidos; especialmente porque tudo isso é novo para mim, e também muitas escrituras e professores apontam para a vigilância com uma qualidade ou virtude necessária para o crescimento espiritual.

M: Isto é verdade se realmente existe "alguém" que fará uso desta compreensão. Mas se você realmente investigar, este "alguém", a "pessoa", o indivíduo, não será encontrado! Tudo é apenas consciência – o "você", o "eu", o falar, o escutar, satsang, todos aqui, tudo - tudo consciência; esta é a maravilhosa descoberta! A Consciência conversando com a consciência sobre consciência através da consciência. Quão simples! No entanto quão inexplicável quando buscado através da mente-ego. Olhe, eu te mostro onde você está agora mesmo, então permaneça com Isso, nada mais, mas a sua mente pousou em algum ponto que lhe interessa. Enquanto você estiver engajado em prender-se a isso, você perde todo o resto – isto é chamado o jogo de 'maya' (A ilusão cósmica). É como ler um livro sobre frutas exóticas e reggae enquanto passeia pelo mercado de Brixton! (risadas...). Um mestre Zen chamado Bankei certa vez disse: "É como um homem que perde sua espada caída do navio no mar, e marca o ponto no caminho das águas onde caiu. (Gargalhadas...)

Q: Justamente agora que você disse isso, tudo parou. Eu não posso pensar. Não há pensamentos. (Levando sua mão a sua boca) Isso é maravilhoso!

M: O que está vendo tudo isso?

Q: Nada... Eu.

M: "Eu" - nada, testemunhando a mente parada. Quando a mente está parada, ainda pode ser chamada mente?
(Pausa...)

M: E agora?

Q: Silêncio e paz.

M: Para quem?

Q: Aqui.. Para mim.

M: Pra você? Você tem certeza? O que, onde e como está "você" exatamente nisso?

Q: Não eu; apenas silêncio e profunda paz e um sentimento real de gratidão. Está certo?

M: Você me diz.

Q: Sim. Gratidão por escutar e ver isso tão claramente. Obrigado.

M: Seja Bem-Vindo. Ser agradecendo o Ser. Muito Bom !
(risadas...)

Fonte: 

22 de outubro de 2011

O mundo exterior e o mundo interior

Igualdade e Fraternidade


A ciência se desenvolveu bastante e adquiriu um imenso conhecimento a respeito do mundo exterior. Mas o mundo interior foi esquecido; não se pensa mais nele. Atualmente, somos ricos no que diz respeito ao mundo exterior, às experiências exteriores, e tornamo-nos absolutamente pobres, mendigos, no que diz respeito ao interior. Mas qual a vantagem de conquistar o mundo exterior se, ao conquistá-lo, você perde a si mesmo? Perdendo-se de si mesmo, o que se ganha? Mesmo se você conquistar o mundo todo, nada será ganho. Se você perde a si mesmo, então, o próprio sentido da vida, sua própria significação, a beleza, a verdade, o bem, tudo é perdido. O homem pode acumular coisas, acumular poderes, à custa de perder a si mesmo. Então, o ponto fundamental é perdido.

Osho

Sobre a profunda e incessante investigação "Quem sou eu?"

S.P.: Swami, quem sou eu? E como poderei obter a salvação? 

B.H.: Através de uma profunda e incessante investigação "Quem sou eu?", conhecerás a ti mesmo e, consequentemente, conseguirás a salvação.

S.P.: Quem sou eu?

B.H.: O verdadeiro Eu ou Si não é o corpo, ou nenhum dos cinco sentidos, nem qualquer dos órgãos de ação, nem a respiração, nem a mente, nem meso o estado de profunda sonolência em que não se tem consciência de tais coisas.

S.P.: Se não sou nada disso, que mais serei eu?

B.H.: Após chegar a cada um destes itens  e dizer "isto eu não sou", aquilo que restar é o Eu, e isso é Consciência.

S.P.: Qual é a natureza dessa Consciência?

B.H.: É Ser Consciência-Bem-aventurança em que não existe o mais leve indício do pensamento-Eu. Chama-se também Silêncio ou Si. Isto é a única coisa que existe. Se a trindade mundo, ego e Deus for considerada como entidades separadas, tudo será mera ilusão como o aparecimento da prata na madrepérola. Deus, ego e mundo são na realidade a forma do Espírito.

S.P.: Como poderemos nós compreender esse Real?

B.H.: Quando as coisas vistas desaparecem, a verdadeira natureza daquele que vê, ou sujeito, aparece. 

S.P.: Não será possível compreender isso ao mesmo tempo em que ainda se vêem as coisas externas?

B.H.: Não, porque aquele que vê e a coisa vista são como a corda e a aparência de serpente nela contida. Até que a gente se tenha livrado da aparência da serpente não poderá ver que aquilo que existe é apenas a corda.

S.P.: Quando desaparecerão os objetos externos?

B.H.: Se a mente, que é a causa de todos os pensamentos e atividades, desaparece, os objetos externos desaparecerão também. 

S.P: Qual é a natureza da mente? 

B.H.: A mente é apenas pensamentos. É uma forma de energia. Manifesta-se como mundo. Quando a mente mergulha no Si, então o Si é compreendido; quando a mente faz uma sortida o mundo aparece e o Si não é compreendido.

S.P.: Como irá a mente desaparecer?

B.H.: Apenas através da investigação  "Quem Sou Eu?". Embora tal investigação também seja uma operação mental, ela destrói todas as operações mentais, incluindo-se a si mesma, assim como o pau com que se remexe a pira funerária resulta ele próprio reduzido a cinzas depois que a pira e os cadáveres arderam. Só então vem a compreensão do Si. O pensamento do Eu é destruído, a respiração e os demais indícios de vitalidade diminuem. O ego e a respiração ou força vital, tem uma fonte comum. Faça aquilo que fizer, faça-o sem egoísmo, isto é, sem o sentimento de "estou fazendo isto". Quando um homem chega a tal estado até mesmo sua mulher lhe parecerá como a Mãe Universal. A verdadeira devoção é a rendição do ego ao Eu.

S.P.: Não há outros meios de destruir a mente?

B.H.: Não há outro método adequado senão a Auto-investigação. Se a mente for sopitada por outros meios ficará quieta durante algum tempo e depois ressurgirá, reassumindo sua antiga atividade.

S.P.: as quando serão todos os instintos e tendências, como o de conservação, esmagados?

B.H.: Quanto mais a gente se recolhe dentro de Si tanto mais tais tendências murcham, até finalmente desaparecerem.

S.P.: Será mesmo possível eliminar essas tendências que encharcam nossas mentes através de tantas gerações sucessivas? 

B.H.: Jamais concedas lugar em tua mente a tais dúvidas, mas mergulha no Si com firme resolução. Se a mente for constantemente orientada no sentido do Si por essa investigação, ela será eventualmente dissolvida e transformada no Si. Ao sentires alguma dúvida não busque elucidá-la mas antes procura saber quem é aquela pessoa a quem a dúvida ocorre.

S.P.: Durante quanto tempo se deve proceder a essa investigação?

B.H.: Enquanto houver em tua mente o mais leve traço capaz de provocar pensamentos. Enquanto o inimigo estiver ocupando a cidadela não cessará de fazer sortidas. se matares cada um que se apresentar, a cidadela por fim cairá em tuas mãos. Analogamente, cada vez que um pensamento erguer a cabeça esmaga-o com a investigação. Esmagar todos os pensamentos no nascedouro chama-se desapego. Assim, Auto-investigação continua sendo necessária até que o Si seja compreendido. O que se requer é uma contínua e ininterrupta lembrança do Eu. 

S.P.: Não é este mundo e o que ali acontece o resultado da vontade de Deus? Se é assim porque haveria Deus de desejar assim?

B.H.: Deus não tem propósitos. Ele não está preso a qualquer ação. As atividades mundanas não podem afetá-lo. Toma por exemplo a analogia do sol. o sol se ergue sem desejo, propósito ou esforço, mas, tão logo se ergue, numerosas atividades tem lugar na terra; a lente colocada sob seus raios produz fogo, os botões de loto se abrem, a água evapora e toda criatura viva entra em atividade, conserva-a e por fim a abandona. Mas o sol não se deixa afetar por tais atividades, pois simplesmente atua segundo a sua própria natureza, de acordo com leis fixas, sem qualquer finalidade e não passa de uma testemunha. Assim também acontece com Deus. Deus não tem qualquer desejo ou propósito em seus atos de criação, manutenção, destruição, retirada e salvação a que os seres estão sujeitos. À medida que os seres colhem os frutos de suas ações em obediência às Suas leis, a responsabilidade é deles e não de Deus. 

Conversa entre Sirvaprakasam Pillai e Ramana Maharshi, extraída do livro de Arthur Osborne, intitulado: RAMANA MAHARSHI e o caminho do autoconhecimento, editora pensamento

Que adianta saber de tudo quando ainda não sabe quem se é?


Brunton: O que é exatamente o Si de que fala? Se aquilo que diz é verdadeiro deve haver um outro si no homem.

Sri Ramana: É possível ao homem ser possuído por dua entidades, dois "Sis"? Para compreender a questão é preciso em primeiro lugar que o homem se analise a si mesmo. Porque de há muito contraiu o hábito de pensar como pensam os outros, ele jamais encarou o seu Eu de maneira correta. Ele não tem de si uma imagem correta; de há muito vem-se identificando com o seu corpo e com o seu cérebro. Por isso peço-lhe que leve avante a sua investigação: "Quem sou eu?"

Pede-me que lhe descreva esse Si verdadeiro. Que se pode dizer? Trata-se daquilo de que emana o sentimento do Eu pessoal e em que este terá de desaparecer.  

Brunton: Desaparecer? Como é possível a alguém perder o sentido da própria personalidade?

Sri Ramana: O primeiro e principal pensamento de todos os pensamentos, o pensamento mais antigo na mente de qualquer homem, é o pensamento Eu. Somente após o nascimento desse pensamento poderá nascer qualquer outro. Somente depois que o primeiro pronome pessoal eu surgiu na mente poderá aparecer o segundo pronome pessoal Tu. Se lhe fosse dado seguir o fio do Eu até ser reconduzido de volta à sua origem, descobriria que, assim como é o primeiro pensamento a aparecer é o último a desaparecer. É uma experiência pela qual se pode passar.

Brunton: Quer dizer que é possível fazer uma investigação mental no interior de si mesmo?

Sri Ramana: Certamente. É possível caminhar para dentro até que o último pensamento, Eu, desapareça gradualmente.

Brunton: Que sobra então? O homem torna-se-á então inconsciente ou simplesmente idiota?

Sri Ramana: Não; pelo contrário, atingirá aquela compreensão que é imortal e se tornará verdadeiramente sábio, quando tiver despertado para o seu verdadeiro Si, que é a natureza real de todos os homens. 

Brunton: Decerto o sentido do Eu pertence a isso?

Sri Ramana: O sentido do Eu pertence à pessoa, ao corpo, ao cérebro. Quando um homem descobre seu verdadeiro Si algo mais se ergue das profundezas do seu ser e se apossa dele. Essa coisa está por detrás da mente; é infinita, divina, eterna. Alguns chamam-na o Reino dos Céus, outros Nirvana e os hindus Libertação. Dê-lhe o nome que desejar. Quando acontece, o homem na realidade não se perdeu; ao contrário, encontrou-se. 

A menos e até que um homem encete essa busca do verdadeiro Si, com certeza a dúvida e a incerteza acompanhar-lhe-ão os passos através da vida. Os maiores reis e estadistas tentam governar os outros quando no seu íntimo sabem-se incapazes de governar a si mesmos. No entanto, o maior dos poderes está ao alcance do homem que penetrou na sua profundidade... Que adianta saber tudo o mais quando não sabe ainda quem se é? Os homens fogem a esta devassa do verdadeiro Si, mas existirá outra empreitada igualmente digna de ser tomada a peito?

________________________________________
Conversa entre Paul Brunton e Ramana Maharshi, extraída do livro de Arthur Osborne, intitulado: RAMANA MAHARSHI E O CAMINHO DO AUTOCONHECIMENTO - Editora Pensamento 

Satsang - ao vivo 21/10/2011

A IMPOTÊNCIA DO PENSAMENTO


Video streaming by Ustream

21 de outubro de 2011

Os estágios da busca de unicidade

OS ESTÁGIOS DA BUSCA DE UNICIDADE


1 - Renúncia aos interesses mundanos - Quando se deseja ardentemente os estados místicos, o primeiro estágio consiste em despojar o eu de todos os obstáculos materiais; há renúncia e desinteresse. Essa renúncia parece um prelúdio comum às experiências regressivas em geral. O místico, de modo voluntário e com plena consciência, renúncia aos prazeres e às recompensas da vida mundana para ir em busca daquilo que ele considera o Bem Supremo. Desse modo, Buda abandonou sua herança régia a fim de descobrir as causas do sofrimento humano e os modos de abrandá-lo. Um exemplo recente de renúncia às coisas deste mundo pode ser encontrado na vida de Albert Schweitzer, que abandonou uma carreira auspiciosa na Europa para fundar um hospital no coração da selva africana. Ele revelou que a base de sua filosofia, a "reverência pela vida", foi-lhe revelada através de um súbito vislumbre místico.
    
2 - Inefabilidade (aquilo que pode exprimir por palavras) - Os místicos, por ocasião do regresso, geralmente encontram dificuldades em revestir suas experiências de palavras. Ao se reportarem ao conteúdo, sentem que as palavras que estão usando não expressam, na realidade, a natureza de suas experiências. Os místicos sempre declaram que sua experiência é indescritível, pois extrapola o alcance do pensamento discursivo.

3 - Qualídade noética (o pensamento, a percepção, a imaginação) - Os místicos acreditam terem-se apossado de profundas verdades durante suas experiências. Eles saciaram sua sede na fonte do significado. Aprenderam direta e imediatamente a verdade evidente por si mesma. Essa experiência faz com que o místico se esqueça do corpo e das suas reações sensuais, resultando numa purificação das tendências narcíseas e, de fato, numa impessoalização do pessoal em todos os seus aspectos (Vida Impessoal). Essa qualidade é o resultado da obtenção do conhecimento direto da realidade... que difere da percepção sensorial comum ou uso do raciocínio lógico. Os efeitos dessa experiência perduram para toda a vida do místico.

4 - Êxtase - uma sensação de felicidade e júbilo que ultrapassa o natural; parece ser uma característica de muitos estados místicos - particularmente daqueles do tipo denominado misticismo da natureza e misticismo deístico (Sistema ou atitude dos que, rejeitando toda espécie de revelação divina e, portanto, a autoridade de qualquer igreja, aceitam, todavia, a existência de um Deus destituído de atributos morais e intelectuais, e que poderá ou não haver influído na criação do Universo). Esse estado de felicidade e júbilo tem um efeito redentor: a libertação da contaminação do interesse mundano egoísta para um estado de visão pura, espontânea e serena.  O místico tem a sensação de estar “retornando ao lar", retornando à sua fonte - cósmica, não maternal; que ele também está se entregando, com segurança, a um poder infinitamente mais forte do que ele próprio - um poder universal e não pessoal; que está participando de uma nutrição primária, elementar, natural ao homem e superior a todas as outras - alimentando para a mente e para o espírito, e não para o corpo; e que seu êxtase o purifica de modo a sentir-se, mais uma vez, puro e inocente como um bebê. O êxtase do místico tem sido uma fonte de poder redentor, que o purga da dúvida a respeito de si mesmo e da vacilação.

5 - A experiência de fusão (síntese) - A experiência de fusão, é como vimos, típica de todos os tipos de experiência mística. Ela consiste numa sensação de que nossa individualidade, os limites do eu, desapareceu - o eu e a natureza se entremesclam. Nosso ser se funde com um ser mais amplo, de algum tipo, às vezes a tal ponto que não mais duas coisas, mas apenas uma só coisa que se difunde em tudo. Esta experiência traz consigo a sensação da dissolução completa dos limites. A universalidade que o místico experimenta pode resultar, temporariamente, numa perda da identidade pessoal; mais tarde, há um aprofundamento da percepção do eu com o conhecimento de que todos os eus são UM.  Aquele que pode participar verdadeiramente da natureza, ou fundir-se com a universalidade da vida, entra em contato com uma fonte de serenidade, ordem, beleza e harmonia que exala sua fragrância a cada momento da sua vida.
Claire M. Owens - O mais Elevado Estado da Consciência – Ed. Cultrix

Ambição


Ambição simplesmente significa que você está sentindo um profundo vazio e você deseja preenchê-lo com qualquer coisa possível; com o que quer que seja.

E uma vez entendido isso, então você não tem mais nada a ver com a ambição. Você tem algo a ver com o seu chegar a uma comunhão com o todo, assim o vazio interior desaparece.

Isso não significa que você começa a viver despido; isso simplesmente significa que você não vive somente para acumular coisas.

Osho, em "Beyond Psychology"

20 de outubro de 2011

A Música da Vida


Bom dia a todos! É bom estar mais uma vez aqui compartilhando um pouco da experiências, experiências essas que vem se apresentando de momento a momento, nesse estado de atenção, nesse estado de presença a tudo que se apresenta, nesse estado de presença sem escolha ou retaliação daquilo que se apresenta.

Essa semana, no facebook de um conhecido, eu achei interessante uma imagem que ele colocou, uma imagem que tinha um piano de cauda e acompanhava uma frase que dizia assim: "O fato de você ter um piano em casa não faz de você um pianista. Do mesmo modo que você ir até à, frequentar uma igreja, um templo, não o torna um cristão". Isso ficou ai dentro de mim ecoando e hoje pela manhã, logo quando eu abri os olhos, me veio logo cedo isso, que do mesmo modo que a capacidade de repetir capítulos e versículos não faz de você um cristão, o fato de você pertencer a um sistema de crença organizada, isso não certifica que você saiba por experiencia direta o que é amor. Isso não certifica, esse mero repetir de versículos e capítulos, não certifica que você saiba o que é bondade sem escolha, não certifica que você saiba, que você seja consciente de um estado de ser, onde ocorre uma escuta de modo incondicional, livre de qualquer forma de condicionamento. O fato de você ter um piano em casa, de decorar alguma partituras compostas por terceiros, isso não certifica que a "Música da Vida" jorra em seu coração. Existe uma grande diferença entre ser músico e ser um compositor, ou meramente, mais um interprete. Interpretes são muitos, os compositores, são raros. 

São muitos os que falam de Deus, são muitos os que falam sobre a Graça, mas quantos, realmente, sabem por experiência direta o que é a Graça, o que é Deus?... Indo inda mais longe: Quantos sabem daquilo que chamo de "Amostra Grátis de Deus"?... Amostra grátis são aqueles momentos em que um estado de ser se apresenta, um estado de ser em que você é todo unidade, em que não há separação, em que há um estado de liberdade e felicidade que não pode ser traduzida através do limite das palavras. E quantos que conhecem, que são conscientes desse estado estabilizado no Deus que são? Não que vivam da experiência dessa amostra grátis de Deus, que é tão somente parte da memória? Não é um estado estabilizado, um estado comum no dia a dia. Eu sinto que boa parte ainda vive da ilusão do culto num Deus longínquo, onde Deus é só uma palavra. A maior parte vive dormindo na crença e não despertos na experiência direta do Deus que são.  

A idéia de que somos um pianista porque seguimos um estilo é que nos impede de ouvir a "Música da Vida". Por causa das idéias, dos estilos que trazemos conosco, nunca ouvimos o músico — seja o músico vizinho, ou o músico que trazemos em nós ainda em estado dormente. Nós adoramos defender partituras, disputar qual é a melhor partitura e é por causa delas que nós vivemos partindo, fragmentando relações autênticas, relações realmente nutritivas. Discutimos partituras de amor e bondade, mas não sabemos de forma direta o que é amor, o que é bondade. Por mais decoradas que sejam as nossas partituras, por mais decoradas que sejam, por mais decorados que sejam os capítulos e versículos, ainda nos mantemos rancorosos, ciumentos, gananciosos, ainda nos mantemos separatistas, preconceituosos, vingativos. Ainda somos escravos do s "você tem que", dos "você deve", dos "é assim e pronto". Por mais partituras que nós tenhamos decorado, não sabemos manifestar a "Música da Vida". Não sabemos da música que trazemos em nós. Nós nos mantemos que nem um aparelho de MP3, sempre repetindo, repetindo, repetindo, de forma mecânica, padronizada, as partituras provenientes da experiência direta de terceiros e, tudo isso, porque nós não sabemos escutar, porque nós não aprendemos a nos manter num estado de abertura, de prontidão, que leva a um estado de reflexão, de meditação direta. Nós não aprendemos a meditar. 

Nós somos muito rápidos em reagir de forma reativa, emotiva, a reagir de forma emocional. Temos um forte impulso em defender tudo, a nos defender de tudo que não se encontra dentro de nossa partitura, de tudo que não esteja de acordo com as velhas e amareladas partituras. E, o pior de tudo, é que nós pegamos qualquer coisa que nos seja desconhecida, como algo pessoal. Nós pegamos tudo que nos é falado como uma afronta pessoal. Nós não conseguimos ver aquilo que nos é falado e que não está dentro do nosso pacote do conhecido como um convite à meditação, como um convite a uma reflexão que aponta para algo novo. Tudo aquilo que não é tradicional, acaba sendo visto como desaforo. Qualquer fala que não está dentro do parâmetro do socialmente aceito, é tido como uma ofensa, é tido como uma afronta e é por isso que nós criamos infindáveis polêmicas, controvérsias, alimentamos controvérsias sem fim e essas controvérsias criam ainda mais imagens, ainda mais ressentimentos. E acabamos optando pela retaliação, pelo ostracismo, pela indiferença, pela difamação, pelo sarcasmo, pelo deboche, pelo isolamento emocional e físico... Ao invés de nos abrirmos a uma escuta atenta, nós fechamos nossa mente e, consequentemente, mantemos ainda mais fechados os nossos corações. É por causa dessa imatura opção que acabamos nos fechando para a "Melodia da Vida".

Nós dizemos querer ser um músico, mas não somos músicos, nós insistimos em querer ser um regente birrento de partituras envelhecidas. Tememos o novo porque o novo, porque no novo, não somos nada. Tememos o novo paradigma por que o novo paradigma ele nos torna um nada. O novo paradigma nos leva a um ponto zero, ele derruba nossas incertas certezas... Arrasa com nossas estagnantes zonas de conforto... Extermina com nossa respeitabilidade adquirida... Ele põe ao chão a imagem que fazemos de nós mesmos e a imagem que fazemos do mundo. É por isso que nós tememos tanto o novo: porque no novo nós somos um nada. Só que não temos a consciência que esse novo, o original, a existência do novo e do original, está nesse nada que em essência, é tudo! E assim nós não revelamos o músico, esse músico que há em nós, simplesmente, por não adquirirmos a capacidade, a disposição e o estado de prontidão para ouvir sem qualquer tipo de medição.

É o crente em nós que nos mantém descrentes diante do desconhecido. O regente em nós, nos mantém surdos diante da música desconhecida. Nosso birrento regente que trazemos em nós é que nos mantém totalmente fechados ao novo. Esse regente que é o nosso "ego espiritualizado", nosso "ego religioso", nosso "ego crente separatista", é esse ego que nos impede de saber, de forma direta, o que é amor, o que é bondade, o que é aceitação livre de escolha, que são tudo partituras integrantes da "Música da Vida". Nós vivemos uma ilusão de que o nosso modo de ser, esse birrento estado de ser, é digno de estar nas paradas de sucesso, quando de fato, o sucesso, o único sucesso que com isso conseguimos é de manter nossa vida parada, parada sem o real sucesso que é o conhecimento, que é a realização de nossa verdadeira natureza. Esse estado de ser nos mantém parados no sucesso da experiência de terceiros, nos mantém parados diante do Portal do novo, que é um portal que transpassa os limites do tempo.

Nós temos uma mente cheia de crença e um coração vazio de amor. O que nós chamamos de amor, a imagem que nós temos de amor, na verdade, é exigência descabida, é condicionamento, é condição, é imposição. Nós não sabemos ouvir de forma incondicionada. Estamos sempre medindo a tudo e esse modo de medir, essa medição constante, inconsciente, é que nos mantém estagnados, que nos mantém prisioneiros de uma vida que é só repetição, que é só rotina, que é tédio, que é insatisfação, que é uma vida de repetição de estudos de escrituras e partituras há muito partidas.

É interessante notar que nós falamos de Salmos, mas não somos calmos... Nós falamos de Cânticos, quando nos cantos escuros de nossa mente, não temos vida, não temos a música que se chama amor. Nós pregamos o não culto à imagem, a não idolatria de imagens, quando na verdade, nosso Deus é a imagem protegida de nós mesmos... Amamos a nossa imagem... Cultuamos a nossa imagem e aquele que não a cultua nós rotulamos como pecador, nós o rotulamos como inimigo, inimigo que coloca em risco a idolatria de nossa imagem e ainda damos a isso o nome de "Guerra Santa". Nós vemos inimigos por todos os lados, só não conseguimos ver o inimigo que se esconde atrás de nossos medos, atrás de nossos pensamentos, atrás de nossas incertas certezas e mesmo assim, nós ainda nos achamos músicos... Nos achamos regentes... E não percebemos como nosso modo de vida é partiturado, é fragmentado e, mesmo com um modo de vida partiturado, fragmentado, insistimos  em querer reger a vida dos outros e numa arrogância dizemos que podemos reger a "nossa vida", como se houvesse alguém que é dono, que é proprietário de "uma vida". Essa imagem que temos de nós faz com que acreditemos que "nós temos" uma vida, que somos senhores de algo... E vivemos cultuando "esse" que alimenta essa ilusão de "minha vida".

Se o nosso Deus tem um nome, seu nome é "John MacClaine", que é o nome que eu dou para o ego, porque ele "é duro de matar" e, mais duro de matar ainda, quando é um ego espiritualizado, quando é um ego religioso, quando é um ego cheio de crença, cheio de certeza. É por causa desse "John MacClane", desse ego que insiste em ser regente, que nós não sabemos por experiência direta o que é a "Música da Vida"... A música que conhecemos é a música do conflito, é a música da reclamação, é a música da crítica, é a música da fofoca, é a música das doenças, é a música da polêmica, é a música da controvérsia, é a música da inimizade, é a música da desconfiança, é a música do medo, é a música da ansiedade... Nós desconhecemos a arte que trazemos dentro de nós e, por desconhecer a arte que trazemos dentro de nós, somos repetição, somos cópia, somos imitação, somos regência mecanizada, uma regência que segue o coral do tradicional, que segue o coral da tradição. E é por isso que nós somos pesados, destituídos de brilho, sem leveza, acreditando ser "mais um" e não "UM", porque o nosso tom é o tom do desamor. Nosso tom é o tom da polêmica que é o tom da crença que a "Música da Vida", é essa crença  que a "Música da Vida" prensa e de nós permanece inconsciente.

De fato, muitos de nós, somos como um belo, somos como um belo e lustrado piano que não tem música em si mesmo. Muitos de nós somos apenas amareladas partituras partidas e assim somos devido a essa inconsciente identificação com essa ilusão de que somos o conteúdo limitado de nossa mente, de nossos pensamentos, de nossos sentimentos e de nossas emoções. Nós alimentamos a ilusão de que somos isso e por manter essa ilusão, essa crença, nos impedimos de sair da infância da crença para a maturidade do estado da experiência direta de nossa real natureza. Somos um piano sem música, com todas as notas adormecidas dentro de nosso coração. Fica ai o convite à uma reflexão.

Um fraterabraço e um beijo em seu coração!

Valeu!

Nelson Jonas Ramos de Oliveira
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Que bom que você chegou! Junte-se à nós!