Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

5 de abril de 2012

A Fonte da Vida

Uma visão arquetípica para o filme "A FONTE DA VIDA", extraída do livro de Joseph Campbell "Para Viver os Mitos"


As jornadas interiores do herói mitológico, do xamã, do místico e do esquizofrênico são, em princípio, as mesmas; e quando acontece o retorno ou remissão, ele é vivenciado como um renascimento: o renascimento, por assim dizer, de um ego "duas vezes nascido", não mais limitado pelo seu horizonte quotidiano. Sabe-se agora que ele é apenas o reflexo de um eu mais amplo, sendo sua função adequada a de transportar as energias de um sistema instintivo arquetípico para um fogo frutífero numa situação contemporânea diurna do espaço-tempo. Agora, não se teme mais a natureza; nem a filha da natureza, a sociedade — que é igualmente monstruosa e, na verdade, não pode deixar de sê-lo; de outro modo, não sobreviveria. O novo ego está de acordo com tudo isso, em harmonia, em paz; e, como dizem aqueles que voltaram da viagem, a vida é então mais rica, mais vigorosa e mais alegre. 

O problema todo, pelo que parece, é, de algum modo, fazer essa travessia, até mesmo, repetidas vezes, sem naufragar: a resposta não é que não se deve permitir que a pessoa enlouqueça, mas sim, que ela deve ser instruída a respeito de alguma coisa do cenário onde ingressará e dos poderes que, provavelmente, lá irá encontrar, recebendo algum tipo de fórmula por meio da qual os reconhecerá, os dominará e incorporará suas energias.

... Na aventura, há sempre o grande perigo daquilo que em psicologia é conhecido como "inflação", que é aquilo que arrebata o psicótico. Ele se identifica com o objetivo visionário ou com sua testemunha, o sujeito visionário. O truque consiste em se tornar consciente dele sem se perder nele: compreender que nós todos podemos ser salvadores quando agimos em relação aos nossos amigos ou inimigos: figuras salvadoras, mas nunca O Salvador. Podemos todos ser mães e pais, mas nunca somos A MÃE, O PAI. 

... Há um ditado japonês que me lembro de ter ouvido, sobre os cinco estágios do crescimento do homem: "Aos dez, um animal; aos vinte, um lunático; aos trinta, um fracasso; aos quarenta, uma fraude; aos cincoenta, um criminoso." E sessenta, eu acrescentaria (desde que se tenha passado por tudo isso), começa-se a dar conselhos aos amigos; e quieto e se é tomado por um sábio. "Aos oitenta", disse Confúcio "eu sabia onde estava pisando e me mantive firme".

À luz de tudo isso, vamos agora sublinhar a lição desses pensamentos purgatoriais com as palavras que concluem a louca visão de São João, que ele contemplou em seu exílio na Ilha de Patmos:

"Vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para que o seu esposo. Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles.E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram... Então, ele me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, fluindo do trono de Deus e do Cordeiro pelas ruas da cidade; e ainda, na outra margem do rio, a árvore da vida com seus doze tipos de frutos, produzindo o seu fruto a cada mês; e as folhas da árvore eram para a cura dos povos."

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