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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

30 de abril de 2012

Sobre a escuta incondicionada

Pergunta: Poderia falar-nos algo mais sobre o que entende por escuta incondicionada?

Jean Klein: Sempre que a escuta é intencional, a tensão surge, porque um resultado é antecipado, e este resultado é um produto, uma projeção da memória. A escuta incondicionada não tem fim na mente e, nesta abertura, todos os sentidos são receptivos. A audição não está mais confinada aos ouvidos; ao contrário, todo o corpo escuta com uma sensitividade sempre-expansiva até que você se ache na própria escuta. Um outro modo de dizer isto é que você não escuta mais, pois você é audição.
A consciência da quietude, do silêncio, pode surgir primeiro na ausência de objetos, como freqüentemente acontece na meditação. Mas, mais tarde, ela é mantida tanto na presença quanto na ausência. Esta consciência, que é escuta, é o fundamento de toda aparência, de modo que, mesmo quando em atividade, você é consciente da atividade e do ser.
A consciência de ser não é uma percepção, pois o ser nunca pode ser objetivado. Nós não podemos ter consciência de dois objetos ao mesmo tempo; não podemos ter dois pensamentos simultaneamente. Mas podemos ter consciência simultânea de nossa existência fenomênica e nossa presença, de nosso ser. Este não-estado aparece espontaneamente no instante em que cessa o produzir e o projetar.
Qualquer tentativa para produzir este não-estado na verdade nos submerge profundamente na relação sujeito-objeto. Há momentos em que alcançar o silêncio pode ser um benefício transitório, visto que uma ausência temporária de pensamento produz um estado calmo. Mas, permancer nesta relação sujeito-objeto, a qual é tudo que a ausência de pensamento é, exclui você de um silêncio mais profundo. A presença de um estado vazio pode inclusive ser um obstáculo; sendo energia em movimento, não pode ser continuamente sustentado. O verdadeiro silêncio não é nem movimento nem energia, mas quietude.

Pergunta: Quem alcançou este não-estado pode perdê-lo?

Jean Klein: Quando você compreendeu quem você é, isto nunca pode ser perdido. Mas, até o "momento" do reconhecimento, sua posição pode ser frágil. Embora a consciência global esteja sempre presente, você a abandona ao identificar-se com seus sentidos e mente, suas reações e temores. Mas ela o traz de volta. Você é solicitado por ela.
Jean Klein
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