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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

11 de maio de 2012

Explosão espiritual


A explosão não pode ser compreendida pela mente. Na verdade, a mente também explode e é completamente expulsa. Assim, a segunda coisa a ser compreendida é: não é possível compreender a explosão. Tudo o que pode ser compreendido não é a explosão. Mas você tenta transformar o fenômeno em algo conhecido, velho.

Você pode pensar que o que chamo de "explosão" seja semelhante a alguma explosão, mas a explosão espiritual não é semelhante a qualquer outro fenômeno. Se uma bomba explode, tudo é destruído; a velha ordem se vai e surge o caos. Mas esse caos é provocado pelo velho; é uma continuidade. Nada de novo chega a ser. Todo esse caos, toda essa desordem, é apenas uma continuação da velha ordem. Nada de novo chega ao ser. É apenas o velho, de um modo desordenado.

Assim, nenhuma explosão material pode ser simbólica, nem usada metaforicamente para a explosão espiritual. A palavra vem de um acontecimento material e tem uma conotação totalmente ilusória. Explosão espiritual não significa que o velho está desordenado, caótico. Significa que algo novo foi criado, que algo novo chegou ao ser.

A explosão material é destrutiva; a espiritual é criativa. Se você tentar compreender o significado da explosão espiritual por analogia, não será capaz de conhecê-la. Algo novo, totalmente novo, chega ao ser. Você não pode dar-lhe um significado, porque você é velho. Você não pode criá-lo; pode apenas estar vazio. Só pode auxiliá-la negativamente, isto é, estando ausente, não sendo. Se você estiver ausente, então a explosão tomará seu lugar. Sua cooperação só é necessária numa via negativa.

Fazer algo positivo é fácil, mas fazer algo negativamente é muito árduo. Cooperar é fácil, não cooperar também é fácil, mas cooperar negativamente é muito difícil. Cooperar negativamente significa não criar obstáculos — e nós estamos sempre criando obstáculos para impedir que o novo chegue a ser.

Enfatizamos sempre o velho, nos apegamos sempre ao velho, estamos identificados com o velho. O velho é o "eu". Quando digo "eu", isso significa todo o passado. Assim, como eu posso explicar o novo? Como posso auxiliar o futuro se "eu" sou o passado? O "eu" é todo o passado incorporado em uma única palavra. Tudo o que está morto agora, tudo o que deve ser sepultado agora, apoia-se nesse "eu". Esse "eu" transforma-se numa barreira — o único obstáculo, a única obstrução para o novo entrar.

Você não pode fazer nada com o "eu" positivamente, mas negativamente pode. Compreender que você é o velho e permitir que essa compreensão vá a fundo, que penetre em seu mais profundo interior. Torne-se consciente de que você não pode auxiliar o novo a entrar no ser. Mas, a menos que o novo entre, não haverá nenhuma espiritualidade. A menos que o novo venha a explodir, você não renascerá, não entrará na dimensão do divino.

Isso não significa que eu deva ser livre. Pelo contrário, devo me livrar do "eu", devo me livrar de mim mesmo. Não significa que "eu" deva fazer algo; pelo contrário, não devo fazer nada para que esse fenômeno aconteça. Estamos sempre fazendo isto ou aquilo. Essa insistência em fazer algo vem do "eu": ela prolonga, ela perpetua o "eu"; projeta o "eu" para o futuro. Então, não pode haver nenhuma explosão.

O passado morto, que se acumula como poeira, continua se assentando sobre seu espelho da consciência. Então, esse espelho da consciência é perdido e apenas a poeira é vista; você se torna identificado com a poeira. Você pode imaginar a si mesmo sem seu passado? Se todo passado for destruído, como você viverá? O que fará? Quem será? Se tudo o que vem do passado for deixado de lado, pouco a pouco você sentirá que está se desintegrando, desaparecendo. Quando o passado não existe, quem é você? Onde está? Com o que está identificado?

Se o passado não existir, você continuará existindo, mas de um outro modo. Na realidade, você será diametralmente oposto ao que era antes. Se todo o passado for afastado, você será apenas consciência. Então, não poderá ser um ego. O ego é um acúmulo de eventos do passado. Se ele for afastado, você terá uma nova identidade. Será exatamente como um espelho, refletindo tudo.

Quando se tornar consciente de que você é o obstáculo, não terá de fazer nada. A própria consciência destruirá sua velha identidade, e quando ela for completamente destruída — quando não houver uma fenda entre seu ser real e suas memórias, quando houver um espaço entre seu ego e você — então, dentro desse espaço, a explosão acontecerá. O interior desse espaço é a explosão!
Você não permanece no não-fazer nem mesmo por um momento. Mas o ser só é revelado àqueles que podem permanecer no não-fazer, que podem permanecer no centro. Esse é o significado de cooperação negativa. Sua cooperação é necessária de um modo negativo: você precisa não fazer nada; deve permanecer no não-fazer. Então, a explosão toma seu lugar, acontece à você.

Quando a explosão acontece, você sempre está no centro. Isso não significa que a partir desse momento você não será capaz de fazer nada. Será capaz de fazer muitas coisas, mas a qualidade da ação será completamente diferente. A partir do centro, outro tipo de amor será possível, uma outra espécie de atividade será possível. O amor não será um ato, mas um estado da mente. Não será desse tipo no qual algumas vezes você ama e outras vezes não ama. Será sua própria existência; você será amor. Toda ação e todo relacionamento terá uma qualidade, um significado, uma profundidade diferente.

Através da explosão, você se tornará desidentificado com a mente, com o ego, com o corpo, com a periferia — totalmente desidentificado. A explosão destrói a identificação. Você não será uma continuação do que havia antes, porque toda a continuidade está na periferia. A explosão não é uma continuidade da periferia; é um salto.

Quando você está correndo na periferia, há uma continuidade. Você vai dando voltas nela, corre a vida toda, mas cada passo está limitado pelo anterior e pelo posterior. É um processo em cadeia. Mas o salto da periferia para o centro não é uma continuação do velho. É descontínuo. Não é uma consequência do passado anterior; é completamente novo e não causal.

É difícil entender isso porque no mundo dos acontecimentos, dos eventos, tudo é causal. Entretanto, os físicos modernos chegaram perto desse ponto; chegaram a uma situação paralela. Por terem descoberto que o comportamento do elétron é descontínuo, os físicos entraram numa nova dimensão. Antes do século, o sistema era baseado no método científico. Tudo era causal: tudo era uma continuidade, tudo era certo. Só com o encadeamento causal pode-se ter certeza. Quando as coisas podem acontecer sem causas, não há certeza. Não existe realmente nenhuma lei que possa ser aplicada.



OSHO 
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