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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

21 de fevereiro de 2013

Sobre as dores de parto do Ser que somos

A.P.: Ah! Que bom que encontrei você aqui. Tenho entrado pouco ou nada no facebook. Entrei agora só para procurar você ou a Deca. Gente, que coisa interessante esse diálogo de vocês. Ainda não terminei, mas não me contive. Entrei aqui pra procurar um de vocês. Justo ontem, que não consegui entrar na sala para reunião.  A Deca está por ai? 

Out.: Oi! Acabamos de chegar; desculpe por não responder antes.

A.P.: Ok, tudo bem! Estou ouvindo o áudio da reunião de ontem.

Out.: Que legal; foi forte ontem! Espere que a Deca já vai ligar o notebook.

A.P.: Poxa...foi mesmo. Está bem.

Out.: Dividi a reunião em vários áudios.

A.P.: Continuarei aqui ouvindo.

Out.: Todos foram muito felizes em suas falas.

A.P.: E aguardo ela para conversarmos um pouco, se ela puder, se não estiver muito ocupada.

Eu vi que tem vários áudios.

Out.: Tenho visto uma retomada de consciência por parte dos confrades.

A.P.: Muito legal. 

Out.: É nítida a percepção da mudança do estado de consciência, por ora, digamos assim.

A.P.: Isso é muito bom, não é?...

Out.: Sim!

A.P.: Tenho tido dias difíceis de ontem para hoje... Recaída nas minhas crises; sinto-me um pouco triste, sentindo dor... Tentando não me identificar com ela; tentando entender essa coisa do observador e coisa observada. Quando li o diálogo de vocês, me emocionei profundamente. Me tocou o coração; como se fosse exatamente aquilo que eu precisava ler, mas que não sabia como perguntar ou se existia o que perguntar. Sabe?

Out.: Fico feliz por você estar se identificando com esses diálogos.

A.P.: Muito forte.

Out.: Deca está tomando um banho e disse que assim que sair vai falar com você. Quanto a dor, quanto ao sofrimento, sugiro olhe para isso, sem tentar evitar, sem tentar nomear, sem verbalizar, tentar justificar... Apenas olhe! Sei que você é capaz disso. Se o fizer, vai perceber com isso, que você não é a dor, não é o sofrimento e, ao se dar conta disso, devido a não identificação, perceberá que a dor se vai, o sofrimento se vai, pois não há mais aquele desperdício de energia, antes produzida pela antiga identificação; você começa a perceber-se como a CONSCIÊNCIA que observa e começa a constatar que, pensamentos vem e vão, sentimentos vem e vão, dores vem e vão, emoções vem e vão... E o que fica, então? Só aquilo que você realmente é. Isso precisa ser uma vivência consciencial sua (digamos assim – as palavras limitam a expressão) para que se abra um estado de ser onde essa consciência que somos — não que temos — se manifeste cada vez com mais intensidade e propriedade... Está confuso isso?

A.P.: Não, não. Está claro. Eu já tinha conseguido fazer/sentir. Desde que comecei a ler o material e participar das reuniões, tive alguns momentos em que consegui fazer isso: perceber a consciência e é maravilhoso. Mas, não consigo sempre... Não sei no que estou errando, ou fazendo de errado, enfim...

Out.: Olha só... Tem mais uma coisa aqui muito importante, ou melhor, duas...

A.P.: Diga!

Out.: Primeiro, por que buscamos segurança no desejo de permanência desses momentos onde conflitos não se apresentam? Tente olhar para isso e perceba se isso não traz consigo o desejo com o outro lado da moeda que é sempre medo e conflito? Sugiro meditar sobre isso... Ocorreu-me também lhe falar sobre a questão da tristeza... Não sei se é isso que você está vivenciando, se é isso que está ocorrendo ai com você, uma espécie de sentimento de "luto"... Seria isso?

A.P.: Sim.

Out.: Ok! Bingo!

A.P.: Como se fosse por um eu que morreu!

Out.: Então, veja...

A.P.: Será isso?

Out.: Acompanhe-me, por favor...

A.P.: Certo!

Out.: Veja, estamos identificados por anos e anos a viver num modo de vida automático, impulsivo, sem a ação da presença da consciência que somos, portanto, totalmente identificados como sendo o "eu", o "ego", a "persona", a qual se tornou a identidade que pensamos ser, uma entidade impulsiva, quase sempre reativa, inconsciente e inconsequente; esse foi o nosso modo operante até aqui. Então, surge esse novo paradigma, o qual, sem que você perceba, começa a instalar as bases da implosão do antigo estado inconsciente e inconsequente de ser; você não percebe mas, ele está lá, instalado, demolindo conceitos, achismos, tendências reativas, tendências emocionais, manias, ou seja, tudo o que pensávamos ser e no qual estávamos profundamente viciados, encontra-se repentinamente em processo de morte. Classifico isso como sintomas da síndrome de abstinência de um modo de ser sem a presença da consciência que somos; as células cerebrais, as células do corpo estão viciadas com a carga energética antiga, com a carga de adrenalina, com a carga de ansiedade, com a carga defensiva causada pelos medos — em sua maior parte, inconscientes — e, de repente, é quebrado esse processo cíclico que também é físico — uma vez que classifico a pensamentose descentralizante como uma doença mental, emocional e física. Nessa “observação passiva” daquilo que se apresenta, de momento a momento, a cadeia da rede do pensamento psicológico condicionado é quebrada, e a mente sente; o corpo sente; as células sentem; o DNA sente. E, como a consciência que somos ainda não está consciente disso, — e por isso se ressente — de forma inconsciente, tenta abortar as dores de parto de uma nova mulher, de um novo homem, de um novo estado de ser que consciência pura. Isto está fazendo sentido? Reverbera ai?

A.P.: Sim, sim.

Out.: Então, perceber o luto...

A.P.: Eu não tinha me dado comenta disto...

Out.: Honrá-lo!

A.P.: Isso faz todo sentido!

Out.: Você está num momento fecundo; numa gravidez de risco... Um modo ilusório e inconsciente de ser está morrendo e um modo real, vivo, criativo, amoroso está ressurgindo das cinzas dos condicionamentos calcinados... Portanto, é natural essa tristeza... Faz parte do processo! Abrace-a!... Abrace-a como abraçaria uma criança querida, afinal, ela é a sua criança interior ferida, sendo curada, sendo trazida para a realidade existencial que é... Portanto, sugiro que você olhe para essa dor com carinho, com compaixão, pois nela, encontram-se as sementes de sua integridade criativa; nela encontram-se as sementes de sua real vocação; nela se encontram o recado que aquilo que é você, veio trazer para este mundo caótica e em estado de acelerada decadência. Quando digo mundo, não me refiro aqui à natureza; ela tem mostrado ao longo dos anos que sabe se virar muito quando um organismo está por demais fora do controle. Os dinossauros e tantas espécies mais que nos digam! Refiro-me ao mundo psicológico do Homo Demens que se pensa Sapiens. Em vista de tal descoberta, de tal revelação, que mais poderemos querer? Haverá sucesso a ser buscado maior que esse? A descoberta de seu tom, a descoberta de seu som, a descoberta de seu sopro, do sopro que lhe habita e na qual você é?... Sugiro que você medite sobre isso! Essa dor não está ai para desintegrar aquilo que você é, afinal, o que você é vai além do tempo, espaço e matéria. Essa dor que aí está, são as dores da convalescência do Ser que somos, portanto, como dizem nossos confrades dos Titãs, não fuja da dor; fugir da dor é fugir da própria cura. Permita-se: seja! O mundo mais do que nunca, merece por isso!...

Vou ficando por aqui! A Deca já está on-line! Abrace sua dor!

A.P.: Pois é... Pensei nisso quando hoje fui caminhar; pensei na minha missão aqui na terra, enquanto ser, neste corpo. Grata pelas suas palavras; foram esclarecedoras! Estou emocionada, ainda não consigo falar direito. Grata. De verdade.

Out.: Estamos juntos! Deca lhe aguarda! Você não está só: basta olhar pra dentro!

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