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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

1 de abril de 2013

Espiritualidade é conformidade imposta pela autoridade do medo


De acordo com o meu ponto de vista, crenças, religiões, dogmas e credos, nada têm que ver com a vida e, portanto, nada têm que ver com a verdade.
(...)
É em consequência do medo que a humanidade tem juntado a vida em códigos de moralidades e sistemas de crenças.
(...)
A maioria de vocês, que possuem tendências religiosas e que falam de Deus e de imortalidade, não acreditam fundamentalmente no preenchimento individual, pois que, na própria estrutura do pensamento religioso, em virtude do medo, vocês permitem a compulsão e a imposição. Ou tem de ocorrer o preenchimento individual ou a completa mecanização do homem.

Não pode haver transigência entre as duas coisas. Vocês não podem dizer que o homem tem de adaptar-se a um modelo, que deve concordar, seguir, obedecer, ter autoridade e, ao mesmo tempo, pensar que é uma entidade espiritual.
(...)
A causa fundamental de uma crença organizada, que controla e domina o homem, é o temor; e enquanto o homem, realmente, não estiver liberto dela, a sua ação tem de ser limitada, criando, por esse modo, outros sofrimentos.
(...)
A religião organizada tem de, inevitavelmente, criar divisões e conflitos entre os homens. Observa-se isso por todo o mundo. O hinduísmo, assim como o cristianismo, o budismo e outras religiões organizadas, têm suas peculiares crenças e dogmas, que são barreiras quase impenetráveis erigidas entre os homens que destroem o seu amor.

E que valor, que significado tem essas religiões, desde que estão, fundamentalmente, baseadas sobre o medo? Se discernirem a falsidade da crença organizada, e verificarem que por meio de qualquer crença particular não lhes é possível compreender a realidade, nem por meio de uma autoridade, seja ela qual for, pode a inteligência ser despertada, vocês, então, como indivíduos, não como grupo organizado, se libertarão dessa destruidora imposição. Isto significa que precisam se interrogar, a partir do começo, sobre esta ideia de crença, atitude que, porém, implica um grande sofrimento, pois não é um mero processo intelectual.

O homem que apenas investiga intelectualmente a questão da crença nada mais encontrará que poeira.
Se um homem que sofre, investigar profundamente essa estrutura interna, baseada no temor e na autoridade, então encontrará essas águas da vida que aplacarão a sua sede.
(...)
Somente quando vocês, como indivíduo, começam a perceber, em meio do conflito imenso, a causa e, portanto, a falsidade desse conflito, é que descobrirão o que é a Verdade.

Nisto existe felicidade eterna, inteligência; mas não nessa coisa estúpida chamada espiritualidade, que nada mais é que conformidade imposta pela autoridade através do medo. Digo que existe algo sublimemente real, infinito; porém, para descobri-lo, o homem não pode ser uma máquina imitadora, e as religiões de vocês, no mundo inteiro, separam as pessoas. Isto é, vocês, que, pelos seus particulares preconceitos, se denominam cristãos, e os indianos, que pelas suas crenças particulares se denominam hindus, jamais se encontrarão. Suas crenças lhes mantém separados. Suas religiões lhes separam.
(...)
As ideias religiosas não se limitam apenas ao além. É coisa muito mais profunda. O desejo de estar seguro dá nascimento à cogitação do além e a outras muitas sutilezas que criam o medo, e o libertar-se delas exige grande discernimento.

Só a mente que estiver insegura compreenderá a verdade; a mente não preparada, não condicionada pelo medo, estará aberta para o desconhecido. Preocupemo-nos, pois, com as limitações e as causas.

Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK
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