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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

5 de maio de 2013

Com que tipo de homem você se identifica?

Existem três tipos de homens, e o Mestre se comporta diferentemente de acordo com o tipo. O tipo mais alto é o homem que provou o êxtase da não-mente. O Mestre se comporta com esse tipo de homem de uma maneira totalmente diferente, porque ele sabe que ele entenderá.

O estado de não-mente é o estado mais alto. Você está no pico quando você está no estado de não-mente, quando você está absolutamente silencioso, quando nada mexe dentro de você, nenhuma ideia, nenhum pensamento, quando a mente parou de criar barulho, o barulho constante. A mente está tagarelando tanto que ela não lhe permitirá ouvir nada. Quando o tagarelar da mente para, pela primeira vez se torna consciente da música do seu próprio ser. E pela primeira vez você também se torna consciente da música que essa existência é.

Quando tal homem se aproxima de um Mestre, o Mestre se comporta de uma maneira totalmente diferente — porque ele sabe que não importa o que ele faça, ele será entendido. Comunhão é possível quando não existe barreira.

O segundo tipo de homem é o homem que vive no meio, entre o primeiro e o terceiro. Ele tem uma mente meditativa — não uma não-mente, mas uma mente meditativa. Isto é, ele está no caminho. Ele aprendeu como ser um pouco silencioso, um pouco mais harmônico que os outros. O barulho está lá, mas é um barulho distante; ele tem sido capaz de se destacar do barulho. Ele criou uma pequena distância entre ele e a sua mente; ele não está mais identificado com a mente. Ele não pensa: “Eu sou a mente”. A mente está lá, ainda tagarelando, ainda armando velhos truques, mas o homem está um pouco alerta para não ser um escravo da mente. A mente não o deixou, mas a mente não é mais tão poderosa quanto ela é ordinariamente.

No estado de não-mente, a mente se foi; a mente se tornou cansada. A mente chegou a perceber que “esse homem foi além dos meus poderes. Agora esse homem não pode mais ser explorado. Esse homem se tornou completamente não-identificado comigo. Ele me usará, mas eu não posso usá-lo”.

O segundo tipo de homem, que está no meio, algumas vezes volta ao velho padrão, é usado pela mente, algumas vezes deixa esse velho padrão. É como um jogo de esconde-esconde. A mente ainda não está absolutamente certa de ter falhado; ainda há esperança, porque às vezes o homem começa a ouvir a mente, tornar-se novamente identificado. A distância não é grande; a mente está muito próxima. Qualquer momento — qualquer momento de inconsciência e a mente assume, começa a dominá-lo novamente.

Esse é o segundo tipo de homem: o homem meditativo, que conheceu uns poucos vislumbres do eterno. Exatamente como você pode ver o Himalaia a milhares de quilômetros de distância... os picos cobertos de neve no sol da manhã num céu aberto, céu sem nuvens, podem ser vistos a milhares de quilômetros de distância. Isso é uma coisa; e estar no pico, habitar lá, é uma outra coisa.

O primeiro tipo de homem reside na não-mente. O segundo tipo de homem tem somente vislumbres — de grande valor certamente, porque esses vislumbres irão preparar o terreno para que ele alcance o pico. Uma vez que você tenha visto o pico, mesmo que a milhares de quilômetros de distância, o convite foi recebido. Agora você não pode permanecer no mundo em repouso, na velha maneira. Alguma coisa começa a lhe desafiar, algo começa a lhe provocar. Uma aventura tomou posse de você: você tem que viajar até o pico. Pode levar anos, vidas, mas a viagem começou. A primeira semente caiu dentro do coração.

O mestre se comporta com o homem meditativo de uma maneira diferente, porque com o primeiro a comunhão é possível, com o segundo a comunicação é possível.

E então há o terceiro tipo: O homem que vive identificado com a mente, com o ego, com quem mesmo a comunicação é impossível, com quem não há nenhuma maneira de se relacionar.

A palavra “identificação” é bonita. Significa fazer de alguma coisa uma entidade, fazer do “id” uma entidade; esse é o significado de identificação. Quando você se torna a mente, você se tornou uma coisa; você não está separado. Você caiu no sono. Isto que é chamado de sono metafísico. Você perdeu a trilha do seu próprio eu. Você se esqueceu da sua realidade e você se tornou um com alguma coisa que você não é. Tornar-se um com algo que você não é, é identificação; e ser aquilo que você é, é não-identificação.

O primeiro homem vive em não-identificação. Ele sabe que ele não é o corpo, ele não é a mente. Ele simplesmente sabe que ele é somente consciência e nada mais. O corpo vai mudando, a mente vai mudando, mas há uma coisa em você que é imutável, absolutamente imutável; isto é a sua consciência. Era exatamente a mesma quando você era uma criança e vai permanecer exatamente a mesma quando você for mais velho. Era a mesma quando você nasceu e será a mesma quando você morrer. Era a mesma antes do seu nascimento, será a mesma depois da sua morte. É a única coisa em existência que é eterna, imutável, a única coisa que habita.

E somente essa eterna consciência pode ser o verdadeiro lar, nada mais, porque tudo mais é um fluxo. E nós vamos nos apegando ao mutável; então criamos miséria, porque há mudança e nós não queremos que mude. Nós estamos pedindo o impossível, e porque o impossível não pode acontecer nós caímos em miséria novamente e novamente.

O jovem quer permanecer jovem para sempre; isto não é possível. Ele terá que se tornar velho, o corpo terá que envelhecer. E quando o corpo estiver velho ele será miserável. Mas a consciência é a mesma. O corpo é exatamente como a casa; a consciência é o anfitrião. Bem no fundo do corpo e do complexo da mente há um fenômeno totalmente acontecendo constantemente. Nem é nem corpo nem mente; é alguma coisa que pode observar ambos, a mente e o corpo. É pura observação. É a alma testemunha — sakshin.  O primeiro tipo de homem sabe que ele é não-identificado com tudo que está mudando. Ele está centrado em sua realidade. O terceiro tipo de homem está obcecado com alguma coisa que ele não é. De fato, a maioria das pessoas pertence ao terceiro tipo. O terceiro tipo é metafisicamente doente. Se você perguntar ao homem acordado, então o terceiro tipo é louco, insano. Pensar que você é algo que você não é, é insanidade.

Um homem foi ao psiquiatra e disse: “Doutor, você terá que me ajudar. Eu não posso evitar de achar que eu sou um cachorro. Eu até mesmo mastigo ossos, lato e deito no tapete à noite”.
O psiquiatra disse: “deite-se naquele divã...”
“Não é permitido!”, ele gritou.       
Mas essa é a situação da humanidade ordinária. Alguém se tornou um hindu, alguém se tonou um muçulmano, alguém se tornou um cristão. Alguém é indiano, alguém é chinês, alguém é italiano. Essas são todas identificações. Alguém acha que é branco, alguém acha que é preto. Alguém acha que é um homem e alguém está identificado em ser uma mulher. Esses são todos os estados de profundo sono inconsciente.

Se você não é o corpo, como pode você ser um homem ou uma mulher? Se você não é o corpo, como pode você ser preto ou branco? Se você não é nem mesmo a mente, como pode você ser cristão ou hindu? Se você é somente consciência, então você é somente consciência e nada mais.

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