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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

25 de maio de 2013

Porque educamos nossos filhos?

Pergunta: Quais as vossas ideias a respeito da educação?

Krishnamurti: Penso que simples ideias nenhuma utilidade têm, porquanto uma ideia é tão boa como outra qualquer, conforme é aceita ou recusada pela mente. Mas, talvez seja proveitoso averiguarmos o que se entende por educação. Vejamos se, juntos, poderemos considerar de maneira completa o significado da educação, não em conformidade com minhas ideias ou vossas ideias ou as ideias de tal ou qual especialista.

Porque educamos nossos filhos? É com o fim de ajuda-los a compreender a totalidade da vida, ou apenas de prepara-los para ganhar a vida em determinado meio da sociedade? Que é que desejamos? Não pergunto o que devemos desejar, ou o que é desejável, porém, sim, o que é que nós, os pais, desejamos verdadeiramente? Queremos fazer o nosso filho ajustar-se, tornar-se cidadão respeitável de uma sociedade corrupta, uma sociedade em guerra tanto internamente como com outras sociedades, uma sociedade brutal, aquisitiva, violenta, ávida, com esporádicos gestos de afeição, tolerância, benevolência. Não é isso o que realmente desejamos? Se o jovem não se ajustar à sociedade — comunista, socialista, capitalista — tememos pela sua sorte;  tratamos, assim, de educa-lo para ajustar-se ao mesmo padrão pela qual fomos moldados. É só isso que desejamos para a criança, e é isso, essencialmente, o que está ocorrendo. E qualquer revolta, por parte do jovem, contra a sociedade, chama-se delinquência.

Queremos que os jovens se ajustem; queremos controlar-lhes a mente, moldar-lhes a conduta, a maneira de viver, a fim de adaptá-los ao padrão da sociedade. É isso o que todo pai deseja, não é verdade? E é isso, exatamente, o que está acontecendo na América, na Europa, na Rússia, na Índia. O padrão poderá variar ligeiramente, mas todos querem obrigar os filhos a ajustarem-se a ele.

Ora, isso é educação? Ou educação significa que os pais e mestres percebem eles próprios o inteiro significado do padrão e ajudem os filhos, desde o começo, a se tornarem atentos a todas as influências? Perceber o inteiro significado do padrão, com suas influências religiosas, sociais e econômicas, suas influências de classe, de família, de tradição — perceber, por si mesmo, o significado de tudo isso e ajudar a criança a compreende-lo e não se deixar enredar por ele — isso pode chamar-se educação. Educar o jovem pode significar ajuda-lo a manter-se fora da sociedade, a fim de que crie sua própria sociedade. Como nossa sociedade não é o que deveria ser, porque estimular o jovem a ater-se ao seu padrão?

Atualmente, forçamos o jovem a sujeitar-se a um padrão social que estabelecemos, como indivíduos, como família e como coletividade; e, infelizmente, ele é o herdeiro não só de nossos bens, mas também de algumas de nossas características psicológicas e, assim, desde o começo, escravo do ambiente.

Se percebermos tudo isso e realmente amamos os nossos filhos, devemos então sentir profundo interesse pela sua educação e tratar, desde o começo, de criar uma atmosfera que os estimule a ser livres. Alguns verdadeiros educadores já têm pensado em tudo isso, mas, infelizmente, pouquíssimos pais o têm feito. Deixamos tudo a cargo dos especialistas: a religião, para o sacerdote, a psicologia para o psicólogo, e nossos filhos a cargo dos chamados pedagogos. Ora, por certo, pai é também educador; ele é quem ensina, e também aprende — não apenas a criança.

Esse é realmente um problema muito complexo e se desejamos realmente resolvê-lo, temos de examiná-lo muito profundamente; e então, penso, descobriremos um meio de instaurar a educação correta.    

Krishnamurti — Verdade Libertadora — ICK


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