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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

5 de maio de 2013

Seja uma criança novamente!

Osho, eu sinto que a vida é muito chata. O que eu deveria fazer?

Brij Mohan, desse jeito você já fez o bastante: você tornou a vida chata — uma grande façanha! A vida é uma dança de êxtase e você a reduziu à chatice. Você fez um milagre! O que mais você quer fazer? Você não pode fazer nada maior do que isto. Vida, e chata? Você deve ter uma tremenda capacidade para ignorar a vida.

Outro dia eu estava dizendo a vocês que ignorância significa a capacidade de ignorar. Você deve estar ignorando os pássaros, as árvores, as flores, as pessoas. De outra maneira, a vida é tão tremendamente bela, tão absurdamente bela, que se você puder vê-la como ela é, você nunca parará de rir. Você dará risadas — pelo menos internamente.

A vida não é chata, mas a mente é chata. E nós criamos uma tal mente, tão forte, como uma Muralha da China ao nosso redor, que a vida não entra dentro de nós. A mente nos desconecta da vida. Nós nos tornamos isolados, encapsulados, sem janelas. Vivendo atrás de uma parede de prisão você não vê o sol da manhã, você não vê os passarinhos voando, você não vê o céu à noite cheio de estrelas. E, certamente, você começa a achar que a vida é chata. Sua conclusão é errada. Você está num espaço errado, você está vivendo num contexto errado.

Você deve ser uma pessoa religiosa, Brij Mohan, porque para tornar a vida chata a pessoa tem que ser religiosa; tem que ser muito erudita. A pessoa tem que conhecer o Cristianismo, o Hinduísmo, o Islamismo. A pessoa tem que aprender muito dos Vedas, do Corão e da Bíblia. Você deve ser muito bem informado. Um homem que é bem-informado demais, culto demais, cria uma parede de palavras tão grande — palavras fúteis, vazias — em volta dele que se torna incapaz de ver a vida.

O conhecimento é uma barreira para a vida.

Ponha de lado seu conhecimento! E então olhe com olhos vazios... e a vida é uma constante surpresa. Eu não estou falando sobre alguma vida divina — a vida ordinária é tão extraordinária. Em pequenos incidentes você vai achar a presença de Deus — uma criança rindo, um cachorro latindo, um pavão dançando. Mas você não pode ver se seus olhos estiverem cobertos com conhecimento. O homem mais pobre do mundo é o homem que vive atrás de uma cortina de conhecimento.

Os mais pobres são aqueles que vivem através da mente. Os mais ricos são aqueles que abriram as janelas da não-mente e se aproximaram da vida com ela.

Brij Mohan, essa não é somente sua experiência, você não está sozinho nela. De fato, a maioria das pessoas concordará com você. Eles não encontraram nenhuma surpresa em lugar algum. E em cada momento existem surpresas e surpresas porque a vida nunca é a mesma; ela está constantemente mudando, ela toma rumo bastante imprevisíveis. Como você pode não se afetar pela sua própria maravilha? A única maneira de permanecer não afetado é se ligar ao seu passado, às suas memórias, à sua mente. Então você não pode ver o que é, você vai perder o presente.

Perca o presente e você viverá no tédio. Esteja no presente e você ficará surpreso por não haver nenhum tédio. Comece olhando ao redor um pouco mais como uma criança. Seja uma criança novamente! É nisto que se baseia a meditação: ser uma criança de novo — um renascimento, ser inocente novamente, não saber. É isto que estávamos falando outro dia. O Mestre disse: não saber é o mais íntimo.

Sim, você deve ter se tornado muito alienado da vida; consequentemente, o tédio. Você esqueceu a intimidade, o imediatismo. Você não está mais enraizado. O conhecimento funciona como uma parede: a inocência funciona como uma ponte.

Comece olhando como uma criança novamente. Vá à praia e novamente comece a apanhar conchinhas. Veja uma criança apanhando conchinhas — é como se ela tivesse achado uma mina de diamantes. Ela está tão emocionada! Veja uma criança fazendo castelos de areia e como ela está absorvida, completamente perdida, como se não houvesse nada mais importante do que fazer castelos de areia. Veja uma criança correndo atrás de uma borboleta... e seja uma criança novamente. Comece a correr atrás de borboletas novamente. Faça castelos de areia, apanhe conchinhas.

Não viva como se você soubesse. Você não sabe nada! Tudo o que você sabe é sobre e sobre. No momento em que você souber alguma coisa, o tédio desaparecerá. Saber é uma aventura tal que o tédio não pode existir. Com conhecimento é claro que ele pode existir; com sabedoria ele não pode existir.

E deixe-me lembra-lo: eu não estou falando sobre algum conhecimento divino, algum conhecimento esotérico; eu estou simplesmente falando sobre esta vida. Simplesmente olhe ao redor com um pouco mais de clareza, com um pouco mais de transparência... e a vida é hilariante!

Uma loja do centro da cidade tinha uma placa na sua vitrina escrito: Compre, Americano. Em pequenas letras estava impresso embaixo: MADE IN JAPAN.

Simplesmente comece a olhar ao redor com mais cuidado.

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