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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

18 de julho de 2013

Pergunta: Por que detestamos os pobres?

Pergunta: Por que detestamos os pobres?

Krishnamurti: Você de verdade detesta os pobres? Não estou lhe condenando; estou só perguntando se realmente você detesta os pobres. Se o faz, por quê? Por que pode acontecer que você também seja pobre um dia, e, imaginando suas próprias circunstâncias, então, tal estado lhe repugna? Ou você tem aversão à existência sórdida, abjeta, desordenada, dos pobres? Como você não gosta de desalinho, desordem, esqualidez, imundície, você diz: “Nada quero com os pobres”. É isso? Mas quem foi que criou a pobreza, a sordidez, a desordem, neste mundo? Você, seus pais, seu governo — toda esta sociedade as criou; porque não temos amor em nosso coração. Não amamos nem nossos filhos, nem nosso próximo, não amamos os vivos nem os mortos. Os políticos não irão extirpar a miséria e a fealdade existentes no mundo, e tampouco o farão a religião e os reformadores, porque a todos só interessa “pregar” um pequeno remendo aqui e ali; mas, se houvesse amor, todas essas coisas feias desapareceriam amanhã.

Você ama alguma coisa? Sabe o que significa amar? Quando você ama uma coisa completamente, com todo o seu ser, tal amor não é sentimental, não é um dever, não se divide em físico e divino. Você ama alguém ou alguma coisa com todo o seu ser — seus pais, um amigo, um cão, uma árvore? Ama? Parece-me que não. Por isso é que, em seu ser, há tanto espaço onde se abriga a fealdade, o ódio, a inveja. Mas, o homem que ama não tem espaço para nada mais. Deveríamos com efeito, passar nosso tempo livre e examinar tudo isso, a fim de descobrirmos o meio de eliminar as coisas que estão atravancando a mente de tal maneira, que não podemos amar; porque é só quando amamos, que podemos ser livres e felizes. Só os que amam, os valorosos, os felizes, podem criar um mundo novo — e não os políticos, os reformadores ou uns poucos visionários ideológicos. 

Krishnamurti — A Cultura e o problema humano

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