Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

16 de julho de 2013

Só a mente adormecida busca por luxo

Pergunta: Por que desejamos viver no luxo?

Krishnamurti: O que você entende por “luxo”? Vestir roupas limpas, conservar o corpo asseado, tomar alimentação saudável — você considera isso “luxo”? Poderá parecer “luxo” para o homem faminto, coberto de farrapos e que não tem possibilidade de tomar banho todos os dias. O luxo, pois, varia, conforme nossos desejos: é uma questão de grau.

Pois bem; sabe o que lhe acontece se você ama o luxo, se tem apego ao conforto e quer estar sempre sentado num sofá ou numa poltrona? Sua mente começa a dormir. É bom ter um certo conforto físico; mas, exagerar o conforto, atribuir-lhe grande importância, é estar com a mente sonolenta. Você já viu como são felizes os gordos em geral? Nada parece perturbá-los, atravessar-lhes as espessas camadas de gordura. Isso é uma condição física, mas a mente também acumula “gordura”; não quer ser interrogada ou de outra maneira perturbada. E, assim, aos poucos, essa mente adormece. O que atualmente chamamos educação, em geral, põe o estudante a dormir; porque se ele faz perguntas verdadeiramente perspicazes, penetrantes, o mestre fica muito perturbado e lhe diz: “Continuemos com nossa lição”.

Assim, quando a mente está apegada a qualquer espécie de conforto, apegada a um hábito, uma crença, ou a determinado lugar a que chama “minha casa”, começa a dormir; e compreender o fato é mais importante do que perguntar se podemos ou não viver “no luxo”. A mente que é muito ativa, alertada, vigilante, nunca se apega ao conforto; para ela, “luxo” nada significa. Mas, o simples fato de ter poucas roupas não indica que a pessoa tenha uma mente alerta. O sanyasi que, exteriormente, vive com muita simplicidade, pode ser muito complexo, interiormente, com seu cultivo da virtude, do desejo de alcançar a Verdade, Deus. O importante é ser-se interiormente muito simples, muito austero, quer dizer, não ter uma mente atravancada de crenças, de temores, de desejos inumeráveis, porque só então a mente é capaz de pensar, explorar e descobrir realmente.

Krishnamurti — A cultura e o problema humano  

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Que bom que você chegou! Junte-se à nós!