Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

28 de novembro de 2013

O propósito dos nossos encontros

O doloroso processo de resgate da sanidade consciencial

liberdade não é libertinagem

Pra que serve o disfuncional modelo social?

Consciência sem pensamento – Parte 1


A questão é a seguinte: O que é essa experiência? Ou melhor, já que uma experiência só pode ser realmente conhecida por uma pessoa que por ela tenha passado, podemos perguntar: Qual é a natureza dessa experiência? E, tentando indicar uma resposta de algum tipo para essa pergunta, acho que isso é extremamente difícil, pela simples razão já mencionada, ou seja, porque é difícil ou mesmo impossível que uma pessoa preste um testemunho verdadeiro e confiável sobre uma experiência que ocorreu a outrem.

Se eu pudesse usar as palavras exatas do mestre, sem nenhuma influência derivada seja de mim mesmo, seja da interpretação de um amigo, as coisas poderiam ser diferentes. Mas eu não pretendo fazer isso. Ainda que eu pudesse fazê-lo, a forma científica do velho mundo, na qual seus pensamentos se manifestaram, provavelmente seria como um obstáculo e fonte de confusão, em lugar de ser uma ajuda para o leitor. Na ver­dade, no caso dos livros sagrados, onde encontramos grande quantidade de informação acessível e autorizada, os críticos do Ocidente, embora em sua maioria concordem em que aí jazem experiências reais, não che­gam a uma conclusão única sobre o significado dessas experiências.

Por essas razões, prefiro não tentar ou pretender dar o ensinamento exato, sem preconceitos, sobre os Gurus hindus e suas experiências, mas apenas indicar, com minhas próprias palavras, tanto quanto possível, e empregando minha forma de pensamento moderna, o que considerei ser a direção na qual devemos olhar para esse mundo de conhecimentos an­tigos, que influenciaram de forma notável e estupenda o Oriente, e que ainda hoje é a sua principal característica que o diferencia do mundo ocidental.

Em primeiro lugar, quero prevenir-me contra um erro extremamente fácil de se cometer. É fácil concluir, e muitas vezes assim ocorreu, em todos os casos em que se atribui a uma pessoa a possessão de uma faculdade fora do comum, que essa pessoa subiu de nossa esfera à região sobrenatural e possui, portanto, todas as faculdades próprias dessa região. Por exemplo, se ele ou ela são considerados possuidores da clarividência, supõe-se que conheçam ou devam conhecer todas as coisas. Caso uma pessoa tenha demonstrado o que parece ser um poder milagroso, em qualquer circunstância ou tempo, pergunta-se, até mesmo de forma depreciativa, por que ele ou ela não demonstraram tal poder em outras ocasiões e em outros casos.

Devemos precatar-nos contra todas essas generalizações banais. Se existe uma forma de consciência mais elevada, que pode ser obtida pelo homem, acima daquela atualmente por ele possuída, é provável, embora não certo, que ela se esteja desenvolvendo lentamente e com inúmeras pausas em seu caminho. No passado remoto do homem e dos animais, a consciência da sensação e a consciência do eu desenvolveram-se sucessivamente, cada uma delas dando origem a inúmeros ramos que se espalharam continuamente. Em algum momento da vasta experiência desse novo crescimento, uma nova forma de consciência deve ter parecido milagrosa, comparada à anterior. Imaginemos a maravilha que deve ter sido a revelação primeira do sentido da visão e como deveria ser inconcebível para aqueles que ainda não o possuíam, embora certamente os primeiros empregos dessa faculdade devam ter sido carregados de desilusão e erro. E pode ser que haja uma visão interior, que transcende a vista, tanto quanto a vista transcende o tato. É mais do que provável que nos ocultos nascimentos do tempo espreite uma consciência que não é aquela dos sentidos ou a do eu, ou que, pelo menos, inclui e ultrapassa totalmente a essas duas; uma consciência na qual o contraste entre o eu e o mundo exterior, a distinção entre sujeito e objeto desaparecerá. Aquela porção do mundo onde somos admitidos através dessa consciência (chame-o de sobrenatural ou como quer que queira), provavelmente é, pelo menos, tão vasta e complexa como a parte que já conhecemos e o progresso nessa região deve ser pelo menos tão lento, trabalhoso, fundado em tentativas várias, descontínuo e incerto, como na já conhecida. Não há um súbito ascender do corredor ao Olimpo e os caminhos que levam de um ao outro, quando os encontramos, são longos e se confundem em sua variedade.

Não devemos supor que aquelas pessoas que atingiram uma porção dessa região sejam semideuses ou infalíveis. Na realidade, em muitos casos, a extrema novidade e estranheza da experiência dão origem a sequências fantasmagóricas de especulação ilusória. A essas pessoas deveríamos considerá-las como os tipos mais elevados da humanidade, sendo aquelas que adquiriram algumas novas faculdades que já estão no ar, embora nem sempre assim ocorra, e há casos, que podem ser facilmente reconhecidos, nos quais pessoas decididamente deficientes ou de baixa natureza moral adquirem poderes que deveriam pertencer aos graus mais elevados da evolução, e que, em função disso, tornam-se extremamente perigosas.

Os mestres hindus insistem sobre tudo isso. Eles dizem — e eu acho que isso exprime a realidade da sua experiência — que nada existe de anormal ou milagroso sobre o assunto. Afirmam que a aquisição das faculdades é, em resumo, o resultado de uma longa evolução e treinamento e que há distintas leis que as dirigem e uma ordem que prevalece entre elas. Reconhecem a existência de pessoas com um poder demoníaco, que adquiriram certos poderes sem que a eles corresponda uma determinada evolução moral. Admitem que as fases mais elevadas de consciência são raras e que até hoje poucos foram os que as atingiram. Tendo estabelecido, pois, esses poucos princípios, penso que podemos prosseguir, dizendo que o que os Gnani procuram e obtêm é uma nova ordem de consciência, à qual podemos chamar pelo nome universal de Consciência Cósmica, em oposição à consciência corpórea especial e individual que nos é familiar. Não posso afirmar que na filosofia hindu seja usada a precisa correspondência a essa expressão "consciência universal". Entretanto, o Sat-chit-ánanda-Brahm, meta de todos os iogas, indica essa mesma ideia. "Sat" significa a realidade; "chit", o conhecimento, a percepção; "ánanda", a bênção; a unidade de todos é a manifestação do Brahma.

O Ocidente procura pela consciência individual, pela mente enriquecida, por percepções instantâneas e por memórias, pelas esperanças e medos individuais, ambição, amores, conquistas; pelo eu, o eu localizado em todas as suas fases e formas e sequer desconfia que exista uma consciência universal. O Oriente busca a consciência universal e nos casos em que essa busca é satisfeita, o eu individual e a vida transformam-se em um mero filme e são apenas sombras, veladas pela glória que lhes é revelada do outro lado.

A consciência individual assume a forma do Pensamento, que é fluido e móvel, em estado permanente de mudança, em luta constante com o sofrimento e os esforços. A outra Consciência não se manifesta sob a forma de pensamento. Ela toca, ouve, vê e é aquilo que percebe, sem movimento, sem mudanças, sem esforços, sem distinção entre sujeito e objeto, mas com uma Felicidade profunda e indescritível.

A consciência individual está estreitamente ligada ao corpo. De certa forma, os órgãos do corpo são os seus órgãos. Mas o corpo inteiro é como um só órgão da Consciência Cósmica. Para chegar a essa última, devemos ter o poder de nos conhecer como ente separado do corpo, entrar, de fato, em um estado de êxtase. Sem isso, a Consciência Cósmica não pode manifestar-se.

Diz-se que há quatro principais experiências na iniciação: (1) o encontro com um Guru; (2) a consciência da Graça, ou Arul, que pode ser interpretada como a consciência de uma mudança, até mesmo fisiológica, trabalhando dentro do indivíduo; (3) a visão de Shiva (Deus), com a qual o conhecimento do próprio eu, como distinto do corpo, está intimamente relacionado; (4) o encontro com o universo interior. Também se diz que "o sábio, quando seus pensamentos se tornam fixos, percebe dentro de si mesmo a consciência Absoluta, que é Sarva Sakshi, Juiz de todas as coisas".

Entre os eruditos, houve grandes disputas quanto ao significado da palavra Nirvana, para saber se ela indicava um estado de não consciência ou um estado de consciência profundo, total. É provável que ambas as opiniões tenham fortes justificativas, pois esse é um assunto que não admite definição em termos da linguagem comum. O que é importante ver e admitir é que sob esse e outros termos similares existe realmente um fato concreto e reconhecível, ou seja, um estado de consciência, que já foi experimentado inúmeras vezes e que, para os que por ele passaram, ainda que em leve grau, pareceu superior a toda uma vida de devoção. É claro que é fácil representar a coisa por uma simples palavra, uma teoria, uma especulação do hindu sonhador. Mas as pessoas não sacrificam suas vidas por palavras vazias, nem transformam o destino de continentes com uma simples regra filosófica abstrata. Não, a palavra representa uma realidade, algo básico e inerente à natureza humana. Não se trata, em realidade, de definir o fato, pois não podemos fazê-lo, mas de atingi-lo e passar pela experiência. Nesse ponto, é interessante observar que a moderna ciência ocidental, que até aqui se ocupou, sem grandes resultados, com teorias mecânicas sobre o universo, começa a aproximar-se dessa ideia de existência de outra forma de consciência. O extraordinário fenômeno do hipnotismo, que sem dúvida alguma até certo ponto se relaciona com o assunto que estamos discutindo, e que há séculos foi reconhecido no Oriente, está obrigando os cientistas ocidentais a aceitarem a existência da chamada segunda consciência do corpo. Os fenômenos realmente parecem inexplicáveis sem a aceitação de alguma espécie de segunda agência e a cada dia torna-se mais difícil não usar a palavra consciência para descrevê-la. Quero deixar claro que em nenhum instante estou admitindo que essa consciência secundária dos hipnotistas seja em todos os aspectos idêntica à Consciência Cósmica dos ocultistas orientais. Pode ser que sim, pode ser que não. As duas espécies de consciência podem cobrir o mesmo campo ou podem apenas prolongar-se até certa extensão. Eis uma questão que não ponho em discussão. O ponto sobre o qual desejo chamar a atenção é que a ciência ocidental está analisando a possibilidade da existência, no homem, de um outro tipo de consciência, além dessa que nos é familiar. A. Moll cita o caso de Barkworth, que "pode ordenar extensas séries de figuras, enquanto discute vivamente outros assuntos, sem permitir que sua atenção seja totalmente desviada pela discussão", e nos pergunta como Barkworth poderia fazer isso, sem a presença de uma segunda consciência, que se ocupe das figuras enquanto a primeira está envolvida com a argumentação. F. Myers é um leitor que permite que sua mente, por um minuto completo, abandone inteiramente o assunto do livro que lê e se imagine sentado ao lado de um amigo, conversando com ele. Subitamente, ele desperta e vê que continua à mesa, lendo com perfeita coerência. O que podemos dizer em um caso assim? Citamos, também, o caso de um pianista que interpreta uma peça de memória e verifica que seu recital está sendo de fato perturbado por consentir que sua mente (sua consciência primária) se desvie do que ele está fazendo. Algumas vezes já foi dito que a verdadeira perfeição da interpretação musical demonstra ser ela mecânica ou inconsciente, mas podemos considerar justa essa afirmação? Não seria uma simples contradição o falar em termos de leitura inconsciente ou ordenamento inconsciente de séries de figuras?

Muitas das ações e processos do corpo, como, por exemplo, o ato de tragar, são efetuados por diferentes consciências pessoais; pela mesma razão, muitas outras ações e processos passam quase que despercebidos e parece razoável supor que esses últimos eram exclusivamente mecânicos e prescindiam de qualquer operação mental. Mas, no Ocidente, as últimas descobertas sobre a hipnose demonstraram algo que já era bem co­nhecido pelos faquires hindus — que sob certas condições podemos tornar-nos conscientes das ações e processos interiores de nosso corpo. Além disso, podemos, também, ter consciência de acontecimentos que estão ocorrendo a distância de nosso corpo e sem empregar os meios de comunicação comuns.

Daí a ideia de uma outra consciência, em alguns aspectos de escala mais ampla que a consciência comum, possuindo seus próprios métodos de percepção. Essa ideia tem ganho espaço na mente ocidental.

Há outra ideia, que a ciência moderna nos vem apresentando e que nos chega através do mesmo conceito: a ideia da quarta dimensão. Mui­tas coisas tornam-se concebíveis, se aceitarmos que o mundo tem na realidade quatro dimensões de espaço, em lugar de apenas três. Torna-se possível conceber que objetos aparentemente separados, como, por exem­plo, diferentes pessoas, na realidade estão fisicamente unidos; que coisas aparentemente separadas por enormes distâncias de espaço, na realidade estão praticamente juntas; que uma pessoa ou qualquer outro objeto pode entrar e sair de um quarto fechado, sem encontrar obstáculos nas pa­redes, portas, janelas etc.; e caso essa quarta dimensão deva converter-se em fator de nossa consciência, é evidente que deveríamos ter meios de conhecimento que para os sentidos comuns pareceriam milagrosos. Muitos fatos sugerem que a consciência alcançada pelos gnanis hindus, em seu grau, e pelos sujeitos hipnotizados, no deles, pertence a essa quarta di­mensão.

A Consciência Cósmica estaria relacionada à consciência comum, assim como o sólido está relacionado à sua superfície. As fases da consciência pessoal são apenas fatos diferentes da outra consciência. E ex­periências que, no indivíduo, parecem distantes umas das outras, talvez na consciência universal estejam igualmente próximas. O próprio espaço, como o conhecemos, pode ser praticamente aniquilado pela consciência de um espaço maior, do qual ele não é senão a superfície. Assim, tam­bém, uma pessoa que viva em Londres pode de repente descobrir que sua porta dos fundos se abre simplesmente e sem cerimônias em Bombaim.

"A verdadeira qualidade da alma", disse o Guru, um dia, "é a do espaço, pelo qual de resto ela está em toda parte. Mas esse espaço (Akasa) dentro da alma está muito acima do espaço material. Ele inclui todos os sóis e estrelas, aparecendo como se fosse um átomo do primeiro", e aqui ele levantava seus dedos, como se detivesse um pouco de pó entre eles.(*1)

(*1) Cf. com Whltman: "Deslumbrante e tremendo, como o nascer do sol me ma­taria rapidamente, se eu não pudesse, agora e sempre, expulsar de mim o nascer do sol. Também nós nos levantamos deslumbrantes e tremendos como o sol".

"Pelo qual está em toda parte". "Indiferença", "Igualdade". Eis um dos mais importantes pontos do ensinamento do Guru. Pois (por razões familiares), embora mantendo muitos dos regulamentos de casta ele pró­prio, e embora ensinando isso à massa do povo, ou seja, que as regras de casta eram necessárias, nunca se cansava de afirmar que quando chegasse o tempo de o homem e a mulher se emanciparem, todas essas regras deveriam ser abandonadas, como se não tivessem importância: todas as distinções de castas, classes, todos os sentimentos de superio­ridade ou de bem-estar próprio, até mesmo de certo e errado, e deveria prevalecer o mais absoluto sentimento de igualdade para com todas as pessoas e determinação em sua manifestação. Foi certamente notável (embora eu soubesse que os livros sagrados o continham) encontrar esse princípio da Democracia Ocidental tão vividamente ativo e operando sob os inumeráveis costumes da vida social oriental. Mas, assim é e nada pode demonstrar melhor a relação existente entre Oriente e Ocidente.

Esse sentimento de igualdade, de liberdade dos regulamentos e confinamentos, de ausência de exclusividade, e da vida "que está em toda parte" pertence, evidentemente, mais à parte Cósmica ou universal do homem do que à sua parte individual. Para essa, esse sentimento é sempre um obstáculo e uma ofensa. É fácil demonstrar que os homens não são iguais, que não podem ser livres, e assinalar o absurdo de uma vida que seja indiferente a todas essas condições. Entretanto, para a consciência maior, estes são fatos básicos, que jazem na raiz de toda a vida comum da humanidade e alimentam o verdadeiro indivíduo que os nega.

Repetindo, pois, a nossa afirmação, de que usando tais termos, como Consciência Cósmica e Universal, não queremos dizer que no instante em que o homem abandona sua parte pessoal imediatamente surge o conhe­cimento universal e ilimitado, mas apenas que aparece uma ordem mais elevada de percepção, e admitindo a complexidade da região assim por nós denominada, e o caráter absolutamente microscópico de nosso conheci­mento sobre ela, podemos dizer, uma vez mais, também como generali­zação, que o Oriente tem buscado a consciência universal e que o ocidente investiga a consciência pessoal ou individual. Como sabemos bem, o Orien­te tem várias seitas e escolas filosóficas, com sutis discriminações de qualidades, essências, deuses, demônios etc., que não pretendo abordar e onde me sentiria bastante incompetente. Deixando tudo isso de lado, con­servarei apenas dois termos ocidentais e tentarei analisar a questão mais a fundo, chegando aos métodos utilizados pelos estudantes do Oriente para obter a Consciência Cósmica ou essa ordem mais elevada de consciência que lhe é característica.

Edward Carpenter – Do Pomo-de-Adão à Elefanta


16 de novembro de 2013

A morte do místico, Jiddu Krishnamurti, por Osho

Jiddu Krishnamurti morreu segunda-feira passada, em Ojai, na califórnia. No passado você falou dele como um ser iluminado. Você poderia, por favor, comentar sobre a sua morte?

“a morte de um ser iluminado como j. Krishnamurti não é algo para se estar triste é algo a ser comemorado com músicas e danças. É um momento de regozijo.

Sua morte não é uma morte. Ele conhece a sua imortalidade. A sua morte é apenas a morte do corpo como organismo. Mas Jiddu Krishnamurti vai continuar a viver na consciência universal, para sempre e sempre.

Apenas três dias antes de Jiddu Krishnamurti ter morrido, um dos meus amigos estava com ele e me informou que as suas palavras para ele foram muito estranhas. Jiddu Krishnamurti estava muito triste e ele simplesmente disse uma coisa: "eu perdi a minha vida. As pessoas estavam me ouvindo como se eu fosse um entretenimento".

O místico é uma revolução, ele não é um entretenimento.

Se você o ouvir, se você o deixar, se você abrir as portas para ele, ele é puro fogo. Ele vai queimar tudo que é lixo em você, tudo que é velho em você, ele vai transformá-lo, purificá-lo em um novo ser humano. É arriscado permitir o fogo queimar seu ser, ao invés de abrir as portas, você imediatamente fecha todas as portas.

Mas entretenimento é outra coisa. Ele não transforma você. Ele não o torna mais consciente, ao contrário, ele ajuda você a ficar mais inconsciente por duas, três horas, para que você possa esquecer todos os seus medos, preocupações, ansiedades, de modo que você pode se perder no entretenimento. Você pode notar isso: como o ser humano vem passando através dos séculos, ele conseguiu criar mais e mais entretenimento, porque ele precisa cada vez mais estar inconsciente.

Ele tem medo de ser consciente, porque estar consciente significa passar por uma metamorfose, uma transmutação, uma transformação.

Eu fiquei mais chocado com a notícia do que com a morte. Um homem como Jiddu Krishnamurti morre e os jornais não têm espaço para se dedicar a esse homem que durante 90 anos continuamente veio ajudar a humanidade a ser mais inteligente, a ser mais madura. Ninguém trabalhou tão duro e por tanto tempo. Foi publicada apenas uma notícia pequena, imperceptível e se um político espirra ele faz manchetes."

Osho

Nisargadatta Maharaj - A Essência do Seu Ensinamento

Simplesmente seja um espaço silencioso

"Você não tem que fazer nada. Você tem apenas que ser um observador de tudo que está acontecendo ao seu redor. O fazer é de novo uma viagem do ego. Fazendo, o ego se sente bem — algo está aí para ser feito. O fazer é um alimento para o ego, ele fortifica o ego. Não faça nada e o ego cai por terra; ele morre, ele não é mais nutrido.

Então, simplesmente seja um não fazedor. Não faça nada que diga respeito a busca por Deus, e pela verdade. Em primeiro lugar isso não é uma busca, assim você não pode fazer nada a respeito. Simplesmente seja.

Deixe-me dizer-lhe isso de uma outra forma: se você está em um estado puro de ser, Deus vem até você. O homem nunca poderá encontrá-lo; Deus encontra o homem.

Simplesmente esteja em um espaço silencioso — não fazendo nada, não indo a lugar algum, não sonhando — e nesse espaço de silêncio repentinamente você encontrará Deus. Porque ele sempre esteve presente! Simplesmente você não estava em silêncio para que pudesse vê-lo e você não pôde ouvir a sua voz, pequenina e quieta."

Osho

14 de novembro de 2013

Vitória pela Auto-Suficiência

Quem pouco fala, encontra atitude certa
Em todos os acontecimentos.
Não desespera quando rugem tufões,
Porque sabem que não tardam a passar;
Sabem que um chuveiro não dura o dia todo,
É produzido pelo céu e pela terra.
Se tudo é tão inconstante,
Como não o seria o homem?
Por isto o que importa
É a atitude interna,
Isto é : adaptar-se em silêncio
A todos os acontecimentos.
Quem harmoniza os seus atos
Com o Tao da Realidade
Se torna um com ele.
Quem, no seu agir, é determinado
Por seu próprio ego,
Identifica-se com o ego.
Quem identifica o seu agir com coisa qualquer,
É identificado com esta coisa.
Quem sintoniza com a alma do Infinito,
Se assemelha em tudo ao Infinito.
E quem assim se harmoniza com o Infinito,
Recebe os benefícios do Infinito.
Tanta confiança recebe cada um,
Quanta confiança ele der.

........................

Aqui é enunciado o antiquíssimo princípio hermético: o homem só pode receber algo na medida em que dá. O receber na vertical é diretamente proporcional ao dar horizontal. A receptividade é proporcional à datividade. O segredo de enriquecer não está no receber, mas sim no dar. As águas da Fonte Cósmica só enchem os canais humanos na medida em que estes se esvaziam. 

Lao Tsé - Tao Te King

O aparente fracasso do homem espiritual

Renunciai à vossa pretensa cultura,
E todos os problemas se resolvem.
Oh! Quão pequena parece à diferença entre o sim e o não!
Quão exíguo o critério entre o bem e o mal!
Como é tolo não respeitar o que merece ser respeitado de todos!
Oh solidão que me envolve todo!
Todo o mundo vive em prazeres como se a vida fosse uma festa sem fim,
Como se todos vivessem em perene primavera!
Somente eu estou só... Somente eu não sei o que farei...
Sou como uma criança que desconhece sorriso...
Sou como um foragido sem pátria nem lar...
Todos vivem na abundância, somente eu não tenho nada...
Sou um ingênuo, um tolo. É mesmo para desesperar...
Alegres e sorridentes andam os outros!
Deprimidos acabrunhado ando eu...
Circunspetos é ele, cheios de iniciativas!
Em mim, tudo jaz morto...
Inquieto, como as ondas do mar, assim ando eu pelo mundo...
A vida me lança de cá para lá, como se eu fosse uma folha seca...
A vida dos outros tem um sentido, e eu não tenho uma razão-de-ser....
Somente a minha vida parece vazia e inútil;
Somente eu sou diferente de todos os outros,
..................................................................
E, no entanto - sossega meu coração!
Tu vives no seio da mãe do Universo.

Lao Tsé - Tao Te King

À primeira vista parece estranho esse pessimismo do autor, esse lúgubre desânimo da vida, que lembra os lamentos de Jó. Mas não convém esquecer que todo homem que deixou a sociedade dos profanos tem, de início, a sensação duma solidão imensa, dum saara sem oásis; sente-se exilado, sem pátria nem lar. O homem espiritual se sente desambientado aqui na terra; ninguém o compreende; todos os consideram um estranho, não pertencente ao nosso mundo. O próprio Jesus passou por esses transes: "As raposas têm suas cavernas, as aves têm seus ninhos — o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça". E a seus discípulos diz ele: "Por causa de mim e do Evangelho sereis odiados de todos..." "Bem-aventurados os que choram..."

Ao descer do Tabor, ele exclama: "Ó geração perversa e sem fé! Até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei?"

Mas esta aparente solidão e abandono do homem espiritual é a "Comunhão dos antos", a mais bela companhia do Universo, como Lao-Tsé lembra nas últimas linhas. É o total abandono de Jó — que estava na companhia de Deus, no coração do Universo. Abandonado se sente o ego — bem amparado está sempre o EU. "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?... Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito."


A vida sem a Graça é muito sem graça

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