Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

28 de março de 2013

Descobrindo a causa fundamental do medo


O homem é autoridade absoluta para si mesmo; o homem é o seu próprio senhor, não é tributário das circunstâncias exteriores. Ele , por suas próprias tristezas, pelas suas complicações, pelos seus desentendimentos, faz parte do mundo, e o mundo que o rodeia é sua expressão.

(...)

Para onde quer que vocês se dirijam, verificarão que as pessoas buscam a felicidade que é permanente, durável e eterna. São, porém, colhidas como peixe na rede — rede má — das coisas transitórias que as rodeiam, pelos aborrecimentos, pelas atrações, antipatias, ódios, despeitos, por todas essas mesquinhas coisas que ligam o homem. É como se estivéssemos num jardim onde há muitas flores. Cada flor se esforça por expandir-se, por viver e proporcionar seu aroma, mostrar sua beleza, seus desejos, por evidenciar ao mundo seu pleno crescimento. Durante o processo de desabrochar, de conquistar, de expandir-se, perde-se o homem no que é exterior. Surge daí a complicação e ele têm de distinguir desde o começo o que é essencial do que o não é.

(...)

Como vocês podem compreender o ambiente? Como podem entender o pleno significado e merecimento? O que é que lhes impede de ver seu significado? O medo. O medo é a causa da busca de proteção ou segurança, segurança que ou é física ou espiritual, religiosa ou emocional. Enquanto existir esta busca, tem de haver medo, o qual então cria a barreira entre a mente de vocês e o ambiente e, por esse modo, cria um conflito; e esse conflito, vocês não podem dissolver, enquanto somente se preocuparem com o ajustamento, a modificação, e jamais com a descoberta da causa fundamental do medo.

Assim, pois, onde houver esta busca de segurança, de certeza, de uma meta impedindo o pensar criador, tem de haver o ajustamento chamado disciplina de si própria, que nada mais é que compulsão, a imitação de um padrão. Ao passo que, quando a mente vê que não existe tal segurança no ajuntamento de coisas ou de conhecimentos, então a mente liberta-se do medo, e portanto a mente é inteligência, e aquilo que é inteligência não se disciplina a si mesmo. Só há própria disciplina, onde não há inteligência. Onde há inteligência, há entendimento liberto da influência do controle e do domínio. 

Krishnamurti — O medo – 1946 — Coletânea ICK

Onde há medo não pode haver inteligência


Quero falar agora a respeito do medo, que necessariamente cria compulsão e influência.

Nós dividimos a mente em pensamento, razão e intelecto; mas, para mim, a mente é inteligência criadora de si mesma, porém nublada pela memóriaa mente que é inteligênciaestando nublada pela memóriaconfunde-se com esse "eu" consciência, que é o resultado do ambiente. Assim, a mente torna-se escravizada pelo ambiente que ela própria criou através do desejo, e, portanto, há temor continuamente. A mente criou o ambiente e, enquanto não compreendermos este ambiente, deve haver medo. Não damos todo o nosso entendimento ao ambiente e não estamos plenamente conscientes dele e, assim, a mente torna-se escrava desse ambiente e por causa disso há medo; e a compulsão é o instrumento desse medo. Logo, naturalmente, a falta de entendimento do ambiente é produzida pela falta de inteligência, e, por não compreendermos o ambiente, o medo é, por essa forma, criado, necessitando de influência, seja externa ou interna.

E como é criada esta continua compulsão, a qual se tornou o instrumento, o penetrante instrumento do medo? A memória nubla a mente, e a mente nublada, é o resultado da falta de entendimento do ambiente, que cria conflito, e a memória torna-se consciência de si própria. Esta mente, nublada, limitada e confinada pela memória, busca a perpetuação do resultado do ambiente, que é o "eu"; assim, na perpetuação do "eu", a mente busca ajustamento, a alteração ou modificação do ambiente, seu crescimento e expansão. Como sabem, a mente está continuamente buscando o ajustamento ao ambiente; porém, este ajustamento não produz entendimento, nem podemos verificar o significado desse ambiente pela tentativa de modificar ou expandir esse ambiente. Porque a mente busca, continuamente, sua proteção, ela, nublada pela memória, tornou-se confusa, identificada com a própria consciência — essa consciência que deseja perpetuar-se; por conseguinte, ela se esforça por alterar, ajustar, modificar o ambiente ou, em outras palavras, a mente procura tornar o "eu" imortal, universal e cósmico, como julga ser possível.

Não é assim?

Portanto, a mente que busca imortalidade, deseja realmente a continuação desse "eu"-consciência, a perpetuação do ambiente; isto é, enquanto a mente se apegar a ideia do "eu"-consciência, que é apenas a falta de compreensão do ambiente e, portanto, a causa do conflito, ela continuará a procurar nessa limitação sua própria perpetuação, que denominamos imortalidade, ou aquela consciência cósmica em que o particular ainda persiste. Enquanto a mente, que é inteligência, estiver presa no cativeiro da memória, que é o "eu"-consciência, haverá a busca do falso pelo falso. Este "eu", como expliquei, é a falsa reação do ambiente; há uma causa falsa e ela está sempre buscando uma falsa solução, um falso efeito, um falso resultado. Assim, quando a mente nublada pela memória busca perpetuar-se como própria consciência, está procurando falsa imortalidade, falsa expansão cósmica ou o que quer que lhe queiram chamar.

Neste processo de perpetuação do "eu", dessa memória que é conservadora de si própria, na perpetuação desse "eu", nasce o medo — não o medo superficial, porém o medo fundamental, de que tratarei logo em seguida. Eliminem esse medo, que tem como sua expressão exterior a nacionalidade, o crescimento, a expansão, o êxito — eliminem esse medo fundamental e, então, a ansiedade pela perpetuação desse "eu" e todos os temores cessam. Portanto, o medo existirá, enquanto existir o desejo de perpetuação dessa coisa que é falsa: este "eu" é falso, portanto, devem ter uma falsa reação, a qual é o próprio medo. E onde existir o medo, deve existir disciplina, compulsão, influência, domínio e a busca do poder que a mente glorifica como virtude e divino. Se realmente refletirem sobre isto, verificarão que onde existir inteligência não pode existir a busca pelo poder.

Toda a vida está moldada pelo medo e pelo conflito e, portanto, pela compulsão, pela imposição de decretos e grilhões que alguns julgavam virtuosos e dignos e outros consideravam venenosos e maus. Não é assim? São estas as restrições que vocês estabeleceram em suas buscas de  perpetuação, livre de medo; nessa busca criaram disciplinas, códigos e autoridades, a vida de vocês está modelada, controlada e conformada pela compulsão de várias formas e graduações. Alguns denominam de virtuosa esta compulsão, outros a consideram perniciosa.

Temos, em primeiro lugar, a compulsão exterior, que é a repressão do ambiente sobre o indivíduo. A pessoa vulgar, que vocês denominam não evoluída, não espiritual, é controlada pelo ambiente, o ambiente exterior; isto é, pela religião, códigos de conduta, padrões de moral, autoridade política e social; é uma escrava de tudo isto, porque isto tudo está radicado nas necessidades econômicas do indivíduo. Não é assim? Eliminem integralmente as necessidades econômicas de que o indivíduo depende e então os códigos de conduta, padrões de moral e valores políticos, econômicos e sociais desaparecem. Portanto, nestas restrições do ambiente externo, que criam conflito entre o indivíduo e o ambiente, na qual o indivíduo é oprimido, vergado, torcido, torna-se ele progressivamente sem inteligência. O indivíduo que está meramente condicionado, a todo instante, pelo ambiente exterior, amoldado por certas regras, leis, reações, editos e padrões de moral — quanto mais o oprimiremmenos inteligente ele se torna. A inteligência, porém, é a compreensão do ambiente, percebendo seu significado sutil, liberto de compulsão.

Estas restrições impostas ao indivíduo, às quais ele chama ambiente externo, tem como seus expoentes os charlatões e exploradores na religião, na moralidade popular, e na vida política do homem. Explorador é o indivíduo que se utiliza de vocês, consciente ou inconsciente, e vocês se submetem consciente ou inconscientemente, porque não compreendem; se tornam econômica, social, política e religiosamente, o explorado, e ele se torna o explorador de vocês. Assim, por esta maneira, a vida torna-se uma escola, um molde, um molde de aço em que o indivíduo é batido para tomar forma, em que ele se torna mero dente da engrenagem de uma máquina, irrefletido e rigidamente limitado. A vida torna-se uma luta, uma batalha contínua, e assim ele estabeleceu essa falsa ideia de que a vida é uma série de lições a serem aprendidas, a serem adquiridas, de modo que ele possa, previamente, ser advertido para defrontar a vida amanhã, novamente, porém, com suas ideias preconcebidas. A vida torna-se meramente uma escola, não uma coisa a ser vivida, a ser gozada, a ser vivida com êxtase, plenamente, sem medo.

O ambiente externo domina o indivíduo, forçando-o a entrar nessa estrutura de aço, de padrões, de moralidades, ideias religiosas, de editos de moral, e como o indivíduo é esmagado pelo exterior, busca escapar e foge para um mundo que ele chama interior. Naturalmente quando a mente é torcida, conformada, pervertida pelo ambiente exterior e há um constante conflito externo, luta, constantes falsos ajustamentos, a mente espera por tranquilidade, por felicidade, por um mundo diferente; assim o indivíduo edifica um céu romântico de fuga, onde procura compensação para as perdas e o sofrimento no mundo externo.

Por favor, como disse, vocês estão aqui para descobrir, para criticar, não para se oporem. Podem se oporem, depois que tiverem refletido muito cuidadosamente sobre o que lhes digo. Podem levantar barreiras, se assim o desejarem, mas, primeiro, averiguem plenamente o que eu quero lhes transmitir, e, para o fazerem, necessitam de ser supercríticos, apercebidos, inteligentes.

Como lhes disse, o indivíduo, esmagado pelas circunstâncias exteriores que criam sofrimento e esforçando-se para escapar a essas circunstancias, cria um mundo interno, começa a desenvolver uma lei interna e cria suas próprias restrições individuais a que denomina disciplina ou cooperação com aquilo  a que aprendeu a chamar seu "eu" superior.

A maioria das pessoas — as pessoas pretensamente espirituais — rejeitaram a força externa do ambiente e a sua influência, porém, desenvolveram uma lei interna, um padrão interno, uma disciplina interna, a que chamam trazer o eu superior para o eu inferior; isto, em outras palavras, é mera substituição. Existe, assim, a própria disciplina. Há, depois, aquilo que denominam de voz interior, cujo poder e controle é, sem dúvida, muito maior do que o ambiente externo. Qual é, porém, finalmente, a diferença entre um e outro, entre o externo e o interno? Ambos controlam, pervertem a mente, que é a inteligência, pelo desejo de perpetuação de si mesma. E vocês têm também aquilo que chamam de intuição, que é apenas a apelação, sem travas, de suas próprias esperanças e desejos secretos. Assim, vocês completaram o mundo interno, aquilo que chamam de mundo interior, com tudo isto — disciplina de si próprio, voz interna e intuição. Tudo isto, se refletirem são formas sutis desse mesmo conflito, levadas para um mundo diferente em que não há entendimento, mas apenas uma padronização, um ajustamento a um ambiente mais sutil a que vocês denominam mais espiritual.

Como sabem, algumas pessoas buscaram e encontraram, no mundo exterior, distinções sociais e, igualmente, as pessoas denominadas espirituais, buscam apenas nesse mundo interno, e geralmente encontram, seus pares e superiores espirituais; e, assim como há conflito entre os indivíduos no exterior, também é criado um conflito espiritual no mundo interno, entre os ideais, as expansões e suas próprias ansiedades. Vejam, pois, o que foi criado.

No mundo externo não há expressão para a mente nublada pela memória, para esse "eu"-consciência não há expressão, porque o ambiente é demais forte, poderoso e esmagador; nele, ou vocês se adaptam ao molde ou, se não o fizerem, são esmagados. Assim, vocês desenvolvem uma forma interna, ou mais sutil, de ambiente, em que tem lugar exatamente o mesmo processo. Este ambiente por vocês criado é uma fuga do ambiente externo, e nele vocês também têm padrões de leis morais, instituições, o eu superior, a voz interna, e a isso constantemente se ajustam. Isto é um fato.

Em essência, estas restrições, denominadas internas e externas, nascem do desejo e, por isso, existe o medo; do medo surge a repressão, a compulsão, a influência, e o desejo de poder, que são apenas expressões exteriores do medo. Onde há medo não pode haver inteligência, e enquanto não compreendermos isto, deve haver na vida essa divisão em interna e externa e, portanto, as nossas ações têm de ser sempre influenciadas e compelidas pelo externo, e, portanto pelo falso, ou pelo interno, que é igualmente falso, porque também no interno vocês estão procurando apenas se ajustarem a determinados outros padrões.

O medo é criado, quando o falso busca a perpetuação de si próprio no falso ambiente. E, assim, o que acontece à nossa ação, que é a nossa conduta diária, ao nosso pensamento e emoção, o que acontece a tudo isto?

A mente e o coração amoldam-se ao ambiente, ao ambiente externo, porém, quando verificam que não podem, por tornar-se a compulsão demasiadamente forte, então voltam-se para um estado interno, em que a mente e o coração buscam perfeita tranquilidade e satisfação. Ou, então, saciaram-se completamente pelas conquistas sociais, econômicas, políticas e religiosas e depois voltam-se para o interno e ali também desejam ter sucesso, bom êxito, triunfo, e, para o atingir, devem sempre ter em vista uma culminância, um objetivo que se torna apenas um estado, ao qual a mente e o coração estão continuamente se ajustando.

Assim, neste ínterim, o que é que acontece aos nossos sentimentos, às nossas emoções, aos nossos pensamentos, ao nosso amor, à nossa razão? O que acontece, quando vocês estão meramente se ajustando, quando simplesmente estão se modificando, alterando? O que acontece a qualquer coisa, por exemplo a uma casa cujas paredes vocês decoram, embora seus alicerces estejam deteriorados? De modo idêntico, nossos pensamentos e emoções estão meramente tomando forma, alterando-se, modificando-se segundo um padrão, seja ele externo ou interno; ou de acordo com uma compulsão externa ou de uma direção interna. Assim, pois, as nossas ações estão sendo grandemente limitadas pela influência, em que todo o raciocínio se torna apenas a imitação de um modelo, um ajustamento a certa condição, e o amor torna-se apenas outra forma de medo. Toda a nossa vida — afinal a nossa vida são os nossos pensamentos, as nossas emoções, as nossas alegrias e dores — toda a nossa vida permanece incompleta, todo nosso processo de pensar ou de expressão dessa vida, é meramente ajustamento, uma modificação, jamais um preenchimento, uma plenitude. E daí surge problema após problema, o ajuste ao ambiente que deve estar, constantemente, mudando, e a conformidade com padrões, que também devem variar. Assim, vocês prosseguem nesta batalha a que chamam evolução, no crescimento do eu, na expansão dessa consciência que é apenas memória. Vocês inventaram palavras para apaziguar suas mentes, porém, continuam nessa luta.

Ora, se ponderarem, realmente, sobre isto, se reconhecerem tudo isto, e sem o desejo de alterar, sem o desejo de modificar, se tornarem apercebidos desse ambiente exterior, destas circunstâncias, destas condições, e também do mundo interno em que existem as mesmas condições, os mesmos ambientes que apenas denominaram por nomes mais sutis e mais bonitos; se realmente se aperceberem de tudo isto, então começarão a compreender o verdadeiro significado do externo e do interno; então surgirá uma percepção imediata, a libertação da vida, a mente torna-se, depois, inteligência e pode funcionar com naturalidade e de modo criador, sem esta constante luta. Então, a mente — a inteligência — reconhece os obstáculos, e porque os compreende, ela penetra-os; não há mais ajustamento, não há modificação, há somente entendimento. Por esta razão, a inteligência não depende do externo ou do interno, e nesse percebimento não há desejo, não há ansiedade, mas apenas a percepção do que é verdadeiro. Para perceber o que é verdadeiro não pode haver desejo.

Vocês sabem que, quando há um desejo ardente, a mente de vocês já está nublada, pervertida, porque a mente identifica-se com uma coisa e rejeita outra — onde há desejo ardente, não há entendimento; porém, quando a mente não se identifica com o "eu", mas se torna percebida tanto do externo como do interno, das sutis divisões, das várias emoções, das delicadas matizes da mente, que se divide em memória e inteligência — então, nesse percebimento, verificarão o pleno significado do ambiente que criamos através dos séculos, desse ambiente que denominamos externo e também interno, ambos os quais estão continuamente mudando, ajustando-se um ao outro.

Tudo o que lhes preocupa agora é a modificação, a alteração, o ajustamento, e, portanto, deve haver medo. O medo tem seu instrumento na compulsão, e esta só existe, quando não há entendimento, quando a inteligência não está funcionando normalmente.

Krishnamurti — O medo – 1946 — Coletânea ICK

26 de março de 2013

Um olhar minucioso e destemido sobre aquilo que somos



Somente a inteligência pode levar o homem à plenitude da vida e à descoberta do significado da tristeza. A inteligência começa a funcionar no momento em que se dá a agudeza do sofrimento, quando a mente e o coração não mais se evadem pelas várias avenidas que tão habilmente haveis aberto e que tão aparentemente razoáveis, efetivas e reais são. Se cuidadosamente observardes, sem preconceito, vereis que enquanto existir uma fuga, não tereis solucionado, não tereis defrontado face a face o conflito e, portanto, o vosso sofrimento é mero acumulo de ignorância. Quer isto dizer que, quando cessamos de fugir pelos canais já bem conhecidos, então, ao dar-se a agudeza do sofrimento, principia a inteligência a funcionar.

Krishnamurti - Ojai 1934

24 de março de 2013

Descobrindo a verdadeira natureza do amor, da beleza e da morte

Passemos a aprender o que é o Amor. Eis uma palavra muito usada e repetida, que você tem rodeado de fórmulas de toda espécie: o amor é divino, o amor é sagrado, o amor não é profano... Com isso você pensa tê-lo compreendido.  Você sabem o que é o amor? Se você é realmente sincero, não hipócrita, dirá: “Não sei; só sei o que é o ciúme, o que é o prazer sexual — a que chamamos amor; só sei das agonias por que passamos por causa dessa coisa que chamamos amor”. Mas a natureza do amor, a sua beleza, essa, em verdade, você desconhece.

O que é, pois, o amor? Não tenha nenhuma opinião, nenhuma fórmula a seu respeito. Se você as tem, cessou de aprender. Você compreende o que é amor? Investiguemos isso juntos. Se compreendo verbalmente o seu significado, o que compreendo não é, de modo nenhum, amor. O que é amor? É prazer? É desejo? É um produto do pensamento? É amar a Deus e odiar o homem? É isso o que você faz — ama a Deus e oprime o seu semelhante. Você ama o líder político, ou talvez não o ama, mas ama o seu patrão, sua esposa. Você realmente ama a sua esposa? Sim?(*) O que significa isso? Quando você ama uma coisa, você vela por ela. Senhor, você ama os seus filhos, isto é, vela por eles não só quando são pequeninos, mas também ao se tornarem maiores, cuidando de que recebam correta educação? Se você os ama, terá cuidado em não lhes ensinar apenas em que eles obtenham empregos seguros, casem-se e se estabilizem, seguindo o padrão de sua própria geração.

E o amor é ciúme, é? Um homem ambicioso e decidido a alcançar a qualquer preço os seus alvos jamais compreenderá o que é o amor, não acha? Pode um homem violento compreender o que é o amor? E o homem, com efeito, é violento, agressivo, ambicioso, competidor. O que você chama de amor é apenas prazer. Você diz que ama sua família. Você sabe o que significa amar alguém? Pode um homem amar sua esposa e filhos se é ambicioso, se, nos negócios, quer prosperar enganando seus semelhantes?
Por conseguinte, para você descobrir o que é o amor, a ele deve chegar negativamente: não ser ambicioso. Se você diz: “Se eu não for ambicioso, serei destruído por este mundo” — deixe que o destrua; porque, afinal de contas, este é um mundo estúpido, monstruoso, imoral. Se você realmente deseja descobrir a beleza, a verdadeira natureza do amor, deve renegar toda a moral cultivada pelo homem. O que você tem cultivado é a ambição, a avidez, a inveja, a competição, o apego ao seu desprezível “eu”, a sua insignificante família. Sua família é você mesmo. Você está identificado com ela e, por conseguinte, ama a si mesmo, não a sua família, a seus filhos. Se de fato você amasse seus filhos, o mundo seria diferente, não haveria guerras. Assim, para você descobrir o que é o amor, deve afastar o que ele não é. Você está disposto a isso? Ora, você está disposto a tudo, menos isso; quer frequentar seus templos, seus gurus, ler incessantemente seus livros sagrados, recitar mantras, iludir a si mesmo, e falar sobre o amor de Deus e sua devoção a seu guru. Não quer fazer a única coisa certa, que é: descobrir o que significa amar, descobrir, por si mesmo, o que significa não ser agressivo.

Assim, o homem que no coração não tem amor, mas só coisas feitas pelo pensamento, esse homem fará um mundo monstruoso, edificará uma sociedade totalmente imoral. E foi isso que você fez. Dessa forma, para você descobrir o amor deve desmanchar tudo o que fez, não por meio do tempo, dizendo: “Eu o desmancharei gradativamente”. Esse é outro artifício da mente. Você diz: “Isto é meu Karma”. Se você compreender realmente a agressividade, compreender quanto ela é terrível, quer em pequena, quer em grande escala, você a abandonará instantaneamente. Nesse abandono, há grande beleza.

E cumpre-nos também descobrir o que significa morrer. Você já viu a morte. Já viu pessoas morrerem e serem transportadas para o túmulo, mas não sabe o que significa morrer, sabe? Você tem teorias e crenças sobre a morte, sobre o que acontecerá após a morte ou diz “Creio na encarnação”. Todos vocês creem na encarnação, não?

(Vozes: Nós cremos)

Você sabe o que isto significa — reencarnação? Escutem bem quietos. Você adotou a suposição de que, após a morte, você renascerá; você acredita nisso. O que é “você”? — O dinheiro depositado no banco, a casa, o emprego, lembranças, disputas, ansiedades, dores, medo — tudo isso não é “você”? Você nega que isso seja “você”, dizendo que o “eu” é muito superior a essas coisas? Se você diz que o “eu” não é seus móveis, sua família, seu emprego, mas uma coisa infinitamente superior, quem é que o diz, e como você sabe que existe “uma coisa infinitamente superior”? Quem o diz é o pensamento e, portanto, essa coisa “infinitamente superior”, esse “superego”, esse Atman, está ainda no campo do tempo, no campo do pensamento, e o pensamento é “você” — seus móveis, sua conta no banco, seu apego à família, à nação, a seus livros, a seus desejos não preenchidos. Se você realmente acreditasse — com o coração e não com sua mente desprezível — que na vida futura reencarnaria, você estaria vivendo hoje de maneira totalmente diferente, porque, pelo que hoje você faz, terá de pagar amanhã, na “vida futura”.

Ao morrer, você perderá seu depósito bancário, pois você não pode leva-lo consigo; poderá retê-lo até o último minuto, e a maioria das pessoas quer retê-lo até o último instante — muito cômico, não é? Assim, como realmente você sabe nada sobre a morte, vamos aprender o que ela é — aprender, e não apenas repetir o que o orador diz, porque, se o repetir, verá que são meras palavras — nada.

O organismo físico, decerto, perecerá. O cientista poderá dar-lhe mais uns cinquenta anos, mas, ao cabo deles, o organismo morrerá, porque está sendo submetido a constante uso e abuso. O organismo vive sujeito a tensões e pressões de toda espécie; dele se abusa com bebidas, drogas, comidas impróprias, incessante luta. Tais excessos cansam o organismo, de onde surgem os colapsos cardíacos, as doenças, etc.

O corpo perecerá, e que mais morrerá com ele? Sua mobília, seu saber, suas esperanças, desesperos e preenchimentos. O que é, pois, morrer? Aprenda isso, por favor. Nós estamos aprendendo juntos. Para você descobrir o que é a morte, deve morrer, não? Se você é ambicioso, deve morrer para a sua ambição, seu desejo de poder, posição, prestígio; morrer para os seus hábitos, suas tradições. Compreende? Não se pode discutir com a morte, lhe dizer: “Preciso de mais uns dias, não acabei de escrever o meu livro; quero mais um filho, etc.” nada se pode alegar; portanto, se abstenha de argumentar, de justificar.

Morra para toda e qualquer coisa: sua vaidade, suas aspirações, as imagens que tem de si mesmo, de seu guru, de sua esposa. Se você o fizer, compreenderá o significado da morte, saberá o que é uma mente morta para o passado. Só a mente que morre todos os dias tem a possibilidade de transcender o tempo.

Bem, senhores, estiveram ouvindo esta palestra; por conseguinte, aprenderam o que é o medo, o que é o prazer. E, se o aprenderam, já sabem o que é o amor — aquele estado da mente — e por “mente” entendo o cérebro, o coração, a totalidade — em que não existe divisão, fragmentação de espécie alguma. E, agora, se alcançaram esse estado, se têm essa mente excelente, esse coração puro, depois de saírem daqui, nesta tarde, morram para tudo o que aprenderam hoje, a fim de despertarem, amanhã, mais uma vez completamente novo.  Do contrário, se, transportarem para amanhã a carga de hoje, darão continuidade ao medo. Morram, pois, a cada dia, para conhecerem a beleza da vida, a beleza da Verdade, e não precisaram aprender nada de ninguém, porque você estará aprendendo.

Krishnamurti – Bombaim, 14 de fevereiro d 1971
(*) palavra dirigida a um ouvinte que respondeu afirmativamente.

Arrisque tudo pela verdade

Arrisque tudo pela verdade; ou então você vai continuar descontente. Você vai fazer muitas coisas, mas nada realmente vai acontecer com você. Você vai se movimentar bastante, mas nunca vai chegar a lugar nenhum. O resultado no fim será quase absurdo.

É como se você estivesse faminto e simplesmente fantasiasse sobre o alimento — maravilhoso, delicioso. Mas fantasia é fantasia, não é real. Você não pode comer um alimento irreal. Por momentos você pode se iludir, pode viver num mundo de sonho, mas o sonho não lhe dá nada. O sonho tira muitas coisas e não dá nada em troca.

O tempo que você gasta usando uma personalidade falsa é simplesmente desperdiçado; você nunca o terá de volta. Esses mesmos momentos poderiam ter sido de verdade, autênticos. Até mesmo um único momento de autenticidade é melhor do que uma vida inteira de vida inautêntica. Portanto não tenha medo.

A mente vai lhe dizer para continuar protegendo os outros e a si mesmo, para se manter em segurança. É assim que milhões de pessoas estão vivendo. Freud, em seus últimos dias, escreveu uma carta a um amigo sobre o que havia observado — e ele realmente observava a fundo, ninguém observou de maneira tão profunda, tão penetrante, tão persistente e científica; ele dizia na carta que até onde havia observado ao longo da vida, uma conclusão parecia ser absolutamente certa: a de que as pessoas não podem viver sem mentiras.

A verdade é perigosa. As mentiras são muito doces, mas irreais. Deliciosas! Você continua dizendo doces nadas à pessoa amada e ela continua suspirando em seus ouvidos nada além de doces nadas. E enquanto isso a vida segue escorrendo por entre as suas mãos e todo mundo se aproxima cada vez mais da morte.

Antes de a morte chegar, lembre-se de uma coisa: é preciso viver o amor antes de a morte acontecer. Do contrário, você terá vivido em vão, e toda a sua vida terá sido fútil, um deserto. Antes de a morte chegar, tenha certeza de que o amor aconteceu. Mas isso só é possível com a verdade.

Portanto, seja verdadeiro. Arrisque tudo pela verdade e nunca arrisque a verdade por nada mais. Deixe que esta seja a lei fundamental: mesmo que eu tenha de sacrificar a mim mesmo, à minha vida, vou fazer esse sacrifício pela verdade; mas a verdade eu não sacrificarei por nada. E você sentirá uma imensa felicidade, uma bênção inimaginável cairá sobre você.

Se você for sincero, tudo o mais se tornará possível. Se você for falso — só uma fachada, uma pintura, um rosto, uma máscara — nada será possível. Porque, com o falso, apenas o falso acontece, e com a verdade, só a verdade.

Eu entendo o problema, o problema de todos os amantes: no fundo, todos eles têm medo. Eles continuam imaginando se o relacionamento será forte o suficiente para suportar a verdade. Mas como você pode saber de antemão? Não existe conhecimento a priori. É preciso fazer para conhecer.

Como você vai saber, sentado dentro de casa, se será capaz de resistir à tempestade e ao vento lá fora? Você nunca esteve na tempestade. Vá e veja! Tentativa e erro é a única maneira. Vá e veja — talvez você seja derrotado, mas mesmo na derrota vai se tornar mais forte do que é hoje.

Se você for derrotado por uma experiência, depois por outra e mais outra, o simples fato de ir contra a tempestade vai deixá-lo cada vez mais forte. Um dia chegará em que você simplesmente começará a gostar da tempestade, simplesmente começará a dançar na tempestade. Então a tempestade não será um inimigo — essa também é uma oportunidade, uma oportunidade radical, de ser.

Lembre-se: nunca as pessoas se tornam um ser de maneira agradável; do contrário, isso aconteceria a todos. Lembre-se, tornar-se um ser não pode acontecer de maneira conveniente; do contrário, todo mundo não teria nenhum problema. Tornar-se um ser acontece apenas quando se correm riscos, quando se enfrenta o perigo. E o amor é o maior perigo que existe. Ele requer a totalidade do seu ser.

Portanto, não tenha medo; vá de encontro a ele. Se o relacionamento sobreviver à verdade, ele será lindo. Se ele morrer, então também será bom porque um relacionamento falso terminou e agora você será mais capaz de partir para outro relacionamento, mais verdadeiro, mais sólido, mais preocupado com a essência.

Mas lembre-se sempre, a falsidade nunca compensa; ela parece compensar, mas não compensa. Apenas a verdade compensa — e de início nunca parece que a verdade vale a pena. Parece que ela estraga tudo. Se você a olhar de fora, a verdade parecerá muito, mas muito perigosa, terrível. Mas essa é uma visão de fora.

Se você a assumir, a verdade será apenas uma coisa bela. E depois que começar a experimentá-la, prová- la, você vai querer cada vez mais, porque ela lhe trará contentamento.

Você prestou atenção? É mais fácil ser sincero com estranhos. As pessoas que viajam de trem começam a conversar com estranhos e afirmam coisas que nunca afirmaram antes aos amigos, porque com os estranhos não há nada em jogo. Depois de meia hora, a sua estação vai chegar e você vai descer; você vai esquecer e ele irá esquecer o que você disse. Portanto, o que quer que você tenha dito não faz diferença. Nada está em jogo com um estranho.

Ao falar com estranhos, as pessoas são mais sinceras, e elas abrem o coração. Mas ao falar com os amigos, com os parentes — com o pai, a mãe, a esposa, o marido, o irmão, a irmã — há uma profunda inibição inconsciente. “Não diga isso, ele pode ficar magoado. Não faça isso, que ela pode não gostar. Não se comporte dessa maneira; o pai está velho e poderá ficar chocado.” Assim vamos nos controlando.

Pouco a pouco, a verdade é abandonada nas fundações do seu ser e você se torna mais engenhoso e esperto com o que é falso. Você segue sorrindo falsos sorrisos, que estão apenas desenhados nos lábios. Segue dizendo coisas boas, que não significam nada.

Fica entediado com o namorado ou com o pai, mas continua dizendo: “Que bom ver você!” E todo o seu ser diz: “Ora, deixe-me em paz!” Mas verbalmente você segue fingindo. E eles também estão fazendo a mesma coisa; ninguém se torna consciente porque estamos todos navegando no mesmo barco.

Uma pessoa religiosa é aquela que sai desse barco e arrisca a sua vida. Ela diz: “Não importa se eu quero ou não ser sincera. Mas falsa é que não vou ser.” Não importa o que esteja em jogo; experimente, mas não continue seguindo o caminho da inverdade. O relacionamento pode ser forte o bastante, pode resistir à verdade. Então ele é muito, muito bonito.

Se você não puder ser sincero com a pessoa a quem ama, então, quando vai ser sincero? Onde? Se não puder ser sincero com a pessoa que pensa que o ama — se tem medo até mesmo de lhe revelar a verdade, de desnudar-se espiritualmente, se até mesmo ali estiver escondendo — então, onde encontrará um momento e um lugar onde possa ser totalmente livre?

Esse é o significado do amor: que no mínimo na presença de uma pessoa podemos nos desnudar completamente. Nós sabemos que ela nos ama; portanto, não seremos mal-interpretados. Sabemos que ela nos ama; assim o medo desaparece. Podemos revelar tudo. Podemos abrir todas as portas, podemos convidar a pessoa a entrar. Podemos começar a participar do ser de outra pessoa.

Amor é participação; portanto, no mínimo com a pessoa a quem você ama, não seja falso.

Eu não estou dizendo para você sair à rua e ser sincero, porque isso criará problemas desnecessários no momento. Mas comece com a pessoa a quem você ama, depois, com a família, e depois com as pessoas que estão um pouco além.

Pouco a pouco, você vai aprender que ser sincero é tão bonito que vai ser capaz de apostar tudo nisso. Então, na rua, a verdade simplesmente se torna o seu modo de viver.

No alfabeto do amor, a verdade tem de ser aprendida com aqueles que estão muito próximos, porque eles irão entender.

Osho, em "Intimidade: Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros"
Publicado no blog palavras de Osho

Desvios de contemplação

Quando lhe
permitem
Tempo,
Em que
Templo
Contemplas
O que?

Outsider

Filme: O Agente (A Dark Truth)

Título original: The Truth
Dirigido por: Damian Lee
Com: Forest Whitaker, Andy Garcia, Kevin Durand mais
Gênero: Ação, Suspense
Nacionalidade: Canadá (1h 46min)
 Ano de produção: 2012
Sinopse: Jack Begosian (Andy Garcia) é um espião da CIA aposentado, que hoje trabalha como apresentador de um programa de rádio. Um dia, Morgan Swinton (Deborah Kara Unger) decide contratá-lo para investigar a implicação do governo dos Estados Unidos no massacre de um vilarejo na América do Sul. Jack vai ao local para descobrir a verdade, mas ele acaba reacendendo uma verdadeira batalha política.

Título original: The Truth Dirigido por: Damian Lee Com: Forest Whitaker, Andy Garcia, Kevin Durand mais Gênero: Ação , Suspense Nacionalidade: Canadá (1h 46min) Ano de produção: 2012
Sinopse: Jack Begosian (Andy Garcia) é um espião da CIA aposentado, que hoje trabalha como apresentador de um programa de rádio. Um dia, Morgan Swinton (Deborah Kara Unger) decide contratá-lo para investigar a implicação do governo dos Estados Unidos no massacre de um vilarejo na América do Sul. Jack vai ao local para descobrir a verdade, mas ele acaba reacendendo uma verdadeira batalha política.

22 de março de 2013

Música: Afirmação de Vida



Afirmação de Vida
Shawlin

Os carros, as casas, os bairros, as massas, as ruas, favelas, vielas e praças
As grades e muros homens pioneiros toda liberdade pra ser um prisioneiro
Os carros, as casas, os bairros, as massas, as ruas, favelas, vielas e praças
As grades e muros homens pioneiros toda liberdade pra ser um prisioneiro

É um passo dar o primeiro passo
é um fato mais em todo o caso
Eu vejo que tudo é desejo
eu faço sem saber o que acho
Respiro o que não é pros vivos
e vivo cheio de cansaço
Eu prefiro ser um ser nocivo
e assim viver de quem tá em baixo
Meus olhos tão sendo encerrados
querendo ver se há algo errado
O mundo ficando abafado
o trânsito tá engarrafado
E andando de modo arrastado
tá tudo como deveria
Progresso pro mais abastado
e o resto no banho maria
o tédio já virou mania
As manias já viraram tédio
têm prédios na periferia
e favelas na periferia dos prédios
É um hobby rico faze lobby
e o estado é o sangue bom que cobre
põe a mesa quando é prá empresa
não pode quando é pro pobre
pros nobres tanta gentileza
foi com muita delicadeza
que diz que a gente que sofre
que é nobre você ser a presa
E trabalhando de coração
em prol da sua corporação
vivendo igual decoração
Sua função é melhorar o ambiente pros otros
não há nada de igual
Cada qual tá com seu cada
uns vão de busão e quem é patrão
vai de caranga importada
tantos nosso aqui reunidos
me dizem um pouco mais que nada
tantos nossos aqui reunidos
eh todos nessa mesma cara
dão sua contribuição pra essa nossa fábrica de mágoas
ou é o trânsito ou é o concreto ou
Talvez algo que tem na água
todos juntos andam lado a lado
e nada que foi combinado
tão dividindo o mesmo espaço
sem nem ter sido convidado
São todos completos estranhos
entre si são indiferentes
entre si tão diferentes
Nem parece ser da mesma gente
mas o que une é o que separa e
Dias piores não tão por vir
todos unidos em blocos
competindo entres si
Eu não sei se eu entendi
mas uma coisa eu aprendi
que esses carros não vão voar
Vão fica engarrafado aqui
que a cidade tem ódio...
mas sempre amou te dizer,
você não odeia a cidade
ela que odeia você...

(2X)
Os carros, as casas, os bairros, as massas, as ruas, favelas, vielas e praças
As grades e muros homens pioneiros toda liberdade pra ser um prisioneiro
Os carros, as casas, os bairros, as massas, as ruas, favelas, vielas e praças
As grades e muros homens pioneiros toda liberdade pra ser um prisioneiro

É engraçado e poucos estão ligados
mais muitos se sentem sozinhos
Se preocupam com o que tá lá longe
mais não ajudam nem se quer os vizinhos
A pressa em não perder o bonde
confessam não saber aonde
Se a meta leva ao topo a sua mente
ou até o sopé do monte
paredes tão cheias de pixos
E ruas tão cheias de lixos
é um mundo mais civilizado
Não há espaço prá mais nem um bicho
não há espaço pra mais nenhuma vida
Nem vida agindo livremente
tem vida social ativa
e não atiça aguçar a mente
Agora eu vejo claramente
o imundo em algo limpo
democracia só um escudo fajuto
Porém se mantem distinto
são câmeras de seguranças
protegem todos os recintos
Mas nada como a esperança
pra crer não poder ser estinto
bem vindos a mais grande floresta
e ela é fria e cinzenta
são formigas na dispensa
consumindo esse planeta
quem não vive ao menos tenta
uns tornam a selva violenta
Qué sangue misto com aguá benta
pra mim tá pedindo um cometa
O império tá tão decadente
e evita de seguir em frente
que se ele tivesse um rosto
Não ia nem poder mostrar os dentes
mais pelo ouvido de um difunto
se eu analizar o conjunto
envelheci fiquei mais alto
e os muros aumentaram junto
só protegendo os meus assuntos
tudo tá indo bem
se eu te der chance de fude tudo
eu duvido que você não vem
eu te ajudo a tú ser feliz
e a ter tudo que você não tem
se o peão se largo da raiz
vem pra cá doido para ser alguém
e você teste assim também
ou pelo menos há promessa
ou pelo menos você pensou
ou pelo visto não contesta
se o que resta é tentar ser feliz
com chuva ou com festa
porque a bruxa tá a solta
e ainda a bruxa tá com pressa
A cidade tem 1001 coisas boas
De ver
De se ter
De sentir
De comprar
De vender
Porque a cidade tem vida
mas nunca ousou te dizer
Você não vive na cidade
ela que vive em você

(2X)
Os carros, as casas, os bairros, as massas, as ruas, favelas, vielas e praças
As grades e muros homens pioneiros toda liberdade pra ser um prisioneiro
Os carros, as casas, os bairros, as massas, as ruas, favelas, vielas e praças
As grades e muros homens pioneiros toda liberdade pra ser um prisioneiro

Tédio

Como é necessário para a mente expurgar-se de todo pensamento, estar constantemente vazia. Não ser esvaziada, mas estar simplesmente vazia; morrer para todo pensamento, para todas as lembranças de ontem e da hora vindoura! É simples morrer e é difícil continuar; pois continuidade é o esforço de ser ou não ser. Esforço é o desejo, e  desejo só pode morrer quando a mente deixa de adquirir. Como é simples apenas viver! Mas isso não é estagnação. Há grande felicidade em não querer algo, em não ser algo, em não ir a  algum lugar. Só quando a mente se expurga de todo pensamento existe o silêncio da criação. A mente não estará tranquila enquanto estiver viajando a fim de chegar. Para a mente, chegar é ter sucesso, e o sucesso é sempre igual, quer no inicio ou no fim. Não haverá expurgo da mente se ela estiver tecendo o padrão de seu próprio vir a ser.

Ela disse que sempre fora ativa, de um modo ou de outro, com seus filhos, nas questões sociais ou nos esportes; mas por trás dessa atividade sempre existiu o tédio, opressor e constante. Ela estava entediada com a rotina da vida, com o prazer, a dor, a bajulação e tudo mais. O tédio era como uma  nuvem que estava suspensa sobre sua vida desde que conseguia se lembrar. Ela tentara fugir dele, mas cada novo interesse logo se tornava um tédio a mais, um enfado mortal. Ela lera bastante e tivera as perturbações habituais da vida em família, mas, durante isso tudo, houve esse tédio exaustivo. Não tinha nada a ver com sua saúde, pois ela estava muito bem.

Por que você acha que fica entediada? Isso resulta de alguma frustração, de algum desejo fundamental que foi frustrado?

“Não em particular. Houve algumas obstruções superficiais, mas nunca me incomodaram; ou, quando o fizeram, tratei delas de forma bem inteligente e jamais me senti desconcertada. Não acho que meu problema seja frustração, pois sempre fui capaz de conseguir o que queria. Não quis coisas inacessíveis, e sempre fui sensata em minhas necessidades; mas, apesar disso, havia essa sensação de tédio com tudo, com minha família e com meu trabalho.”

O que você quer dizer com tédio? Você quer dizer insatisfação? É porque nada lhe deu total satisfação?

“Não exatamente isso. Eu sou tão insatisfeita quanto qualquer pessoa normal, mas tenho conseguido resignar-me com as insatisfações inevitáveis.”

No que você está interessada? Há algum interesse profundo em sua vida?

“Não especialmente. Se eu tivesse um interesse profundo, jamais ficaria entediada. Sou naturalmente uma pessoa animada, eu lhe asseguro, e se eu tivesse um interesse, não o abandonaria com facilidade. Tive muitos interesses intermitentes, mas todos levaram no final a essa nuvem de tédio.

O que você quer dizer com interesse? Por que há essa mudança de interesse para tédio? O que significa interesse? Você está interessada naquilo que lhe agrada, que lhe traz satisfação, não é? O interesse não é um processo de aquisição? Você não teria interesse em coisa alguma se não obtivesse algo disso, não é? Há interesse sustentado enquanto você está adquirindo; aquisição é interesse, não é? Você tentou obter satisfação em tudo com que entrou em contato; e, depois de usá-lo por completo, naturalmente sentiu-se entediada daquilo. Cada aquisição é uma forma de tédio, de cansaço. Nós queremos mudar de brinquedos; assim que perdemos interesse em um, recorremos a outro, e há sempre um novo brinquedo a qual recorrer. Nós recorremos a algo a fim de adquirir; há aquisição no prazer, no conhecimento, na fama, no poder, na eficiência, em ter uma família e assim por diante. Quando não há nada mais para adquirir em uma religião, em um salvador, perdemos o interesse e recorremos a outra coisa. Alguns adormecem em uma organização e jamais acordam, e aqueles que realmente acordam acabam adormecendo novamente ao ingressar em outra. Esse movimento de aquisição é chamada de expansão do pensamento, de progresso.

“O interesse é sempre aquisição?”

De fato, você tem interesse em alguma coisa que não lhe dê algo em troca, quer seja uma brincadeira, um jogo, uma conversa, um livro ou uma pessoa? Se uma pintura não lhe proporciona algo, você a ignora; se a pessoa não o estimula ou perturba de algum modo, se não há prazer ou dor em um relacionamento particular, você perde o interesse, você fica entediada. Você não percebeu isso?”

“Sim, mas nunca olhei para isso desse modo antes.”

Você não teria vindo até aqui se não quisesse algo. Você quer livrar-se do tédio. Como não posso lhe oferecer essa libertação, você se sentirá entediada novamente; mas, se pudermos entender juntos o processo da aquisição, do interesse, do tédio, talvez então haja libertação. A libertação não pode ser adquirida. Se você adquiri-la, logo ficará entediada com ela. A aquisição não torna a mente insensível? A aquisição, positiva ou negativa, é um fardo. Assim que você adquire, perde o interesse. Ao tentar possuir, você está alerta, interessada; mas a posse é um tédio. Você pode querer possuir, mas a busca por mais é só um movimento em direção ao tédio. Você tentará várias formas de aquisição e, enquanto houver o esforço de adquirir, haverá interesse; mas sempre existe um fim à aquisição e assim sempre existe tédio. Não é isso que tem acontecido?

“Suponho que sim, mas não compreendi o total significado disso.”

Isso virá logo. As posses tornam a mente enfadada. A aquisição, quer de conhecimento, de propriedade, de virtude, cria insensibilidade. A natureza da mente é adquirir, absorver, não é? Ou melhor, o padrão que ela criou para si mesma é o de reunir; e nessa mesma atividade a mente está preparando o próprio enfado, o próprio tédio. Interesse, curiosidade é o inicio da aquisição, que logo se torna tédio; e a ânsia de livrar-se do tédio é outra forma de posse. Assim, a mente vai de tédio a interesse, e a tédio de novo, até que ela esteja inteiramente cansada; e essas sucessivas ondas de interesse e cansaço são consideradas existência.

“Mas como alguém se liberta de adquirir sem mais aquisição?”

Somente permitindo que a verdade do processo total de aquisição seja experienciado e não tentando ser não aquisitivo, desapegado. Ser não aquisitivo é outra forma de aquisição que logo se torna exaustiva. A dificuldade, se podemos usar essa palavra, não está no entendimento verbal do que foi dito, mas em experienciar o falso como falso. Ver a verdade no falso é o inicio da sabedoria. A dificuldade é a mente ficar quieta; pois a mente está sempre preocupada, está sempre atrás de algo, adquirindo ou negando, buscando e encontrando. A mente nunca está quieta; ela está em constante movimento. O passado, ao fazer sombra ao presente, cria o próprio futuro. É um movimento no tempo, e quase nunca há um intervalo entre os pensamentos. Um pensamento segue o outro sem uma pausa; a mente está sempre se aguçando e, portanto, desgastando-se. Se um lápis for apontado o tempo todo, logo não sobrará nada dele; de modo semelhante, a mente utiliza-se constantemente e fica esgotada. A mente está sempre temendo chegar ao fim. Mas viver é um fim a cada dia; é morrer para todas as aquisições, lembranças, experiências, para o passado. Como pode existir vida se existir experiência? A experiência é conhecimento, lembrança; e a lembrança é um estado de experienciação? No estado de experienciação  há lembrança do experienciador? A expurgação da mente é viva, é criação. A beleza está na experienciação  não na experiencia infeliz; pois experiencia é sempre passado e o passado não é experienciação, não é o vivo. A expurgação da mente é a tranqüilidade do coração.

Krishnamurti – Comentários sobre o viver

Facebook: uma ferramenta de condicionamento social?

Já estou a 5 meses sem facebook. voltei a sentar na calçada e tocar violão com velhos amigos...





Você está sendo vigiado e é você quem está dando os seus dados por livre e espontânea vontade, e não tem ideia do que fazem com eles. Saiba mais nos links:

Facebook admite que guarda fotos excluídas por usuários
http://tecnologia.ig.com.br/facebook-...

5, 4, 3, 2, 1... Desativar humanos:
http://revistaalfa.abril.com.br/tecno...

Cientistas esperam criar Deus:
http://diariodovale.uol.com.br/notici...

Silicon Valley tycoon embraces sci-fi future:
http://www.msnbc.msn.com/id/40823969/...

Canais da Singularity University (financianda por Peter Thiel, um dos donos do facebook e o futurista citado no vídeo sobre o propósito oculto do facebook):

http://www.youtube.com/user/Singulari...

http://www.youtube.com/user/singulari...

Cientista implanta chip no próprio corpo e prevê mudanças na educação:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/...

Palestra do Prof Gregor Wolbring -- Novas tecnologias : oportunidades e ameaças:
http://saci.org.br/index.php?modulo=a...

21 de março de 2013

O Desafio da Mudança

No silenciar da mente, mais será revelado

Um olhar sobre as tendências autodestrutivas do pensamento

Diálogo sobre a percepção do movimento do pensamento


Out: Oi, leu a conversa que tiver com o IG?

Deca: sim, show de bola!

Out: gostei demais da conversa.

Deca: ficou demais mesmo; ele é muito engraçado; sincero.

Out: ele é muito cômico.

Deca: sim.

Out: eu estava aqui em silêncio observando a profunda ansiedade que bateu sem motivo.

Deca: e?

Out: Estava notando que ela sempre esteve aqui, desde menininho.

Deca: sim, aqui também, desde que me conheço por gente.

Out: só que a mente tenta adequá-la a algo que não seja a própria mente; ela direciona a ansiedade para algo, para alguém, para alguma situação externa.

Deca: como se tivesse uma causa externa.

Out: sim. É assim que ele se garante.

Deca: sim, a mente tem que se preservar.

Out: e nos mantém num constante estado de fuga.

Deca: sempre procurando causas externas; sempre tentando achar pelo em ovo.

Out: buscando por uma “novocaína”, a xilocaína do novo...

Deca: que de novo não tem nada, pois vem do pensamento.

Out: um novo texto, um novo e-mail, um novo site, um novo blog, uma nova comida, uma nova transada, uma nova camisa, uma nova bota, um novo carro, um novo emprego, um novo cliente, uma nova viagem; sempre algo novo para tentar a placar o “novo velho sentimento”.

Deca: e todas essas coisas nunca podem ser novas, porque são ele mesmo, são as várias vestimentas do pensamento.

Out: as coisas podem ser novas e muitas delas, de fato são, mas, o que move a busca é sempre o velho motivo: a fuga da percepção de si mesmo.

Deca: nosso velho conhecido, que torna velha todas as coisas novas, em questão de segundos.

Out: Sim! Tendo como resultado o velho resultado: a continuidade desse sentimento de ansiedade. E a cada hora ele dispara a identificação ilusória para esse sentimento na direção de algo diferente; uma hora a causa é isso, outra é aquilo, noutra é aquilo outro... Depois é isso novamente e assim retoma o ciclo compulsivo, o triângulo da obsessão.

Deca: sim.

Out: e, quase sempre, olhamos para isso e não para aquilo que aponta para isso. Estou louco? Estou vendo coisas?

Deca: porque a intenção dele é justamente nos dispersar, para não olhar para o que é.

Out: faz sentido?

Deca: esses momentos de observação, são de grande ameaça para o pensamento.

Out: é como um delegado incendiário buscando no local do incêndio um agente externo como sendo o incendiário; a cada momento ele cria uma ideia fixa como sendo a causa da ansiedade. Sua malandragem está em criar a ilusão de que ele — o pensamento —é separado da ansiedade que observa.

Deca: a cada segundo surge um suspeito.

Out: como se ele não fosse a ansiedade.

Deca: sim

Out: Desse modo, antes desse paradigma, éramos hipnotizados pelo enredo dessa ilusão. Agora, está sendo facultada a capacidade de percepção desse movimento do pensamento, na qual ele se transveste, se disfarça feito um camaleão e, assim, acaba passando despercebido. É muito louco ver tudo isso. Fico aqui pensando: como conseguir transmitir isso aos demais que nem sequer sonham com essa realidade? E que, por causa dessa inconsciência, estão por ai se fragmentando e fragmentando os demais que também, de forma inconsciente desse processo, com estas pessoas acabam entram em contato dualista, fragmentador, quase sempre gerando uma cadeia infindável de reações, quase sempre inconscientes e inconsequentes.

Deca: dá para falar apenas com quem já está “desperto” para isso; do contrário, é criar confusão.

Out: Na percepção disso, ocorre, sem esforço algum de nossa parte, um estado de centramento na presença, onde ocorre o cessar desses sintomas dolorosos, desconfortantes e profundamente estressantes.

Deca: sim. Olha, não vou ter carona hoje; devo chegar ai por volta das 19horas. Nos falamos mais tarde. Beijos.

Out: Até mais, nega! Beijos!

Em busca de algo mais claro, nítido e verdadeiro

Abrindo mão da coleção de mentiras sinceras


I.G.:  E ai truta? Está ocupado? Na boa e ai? Só agora que vi sua mensagem aqui!

Out:  Na boa! Sossegado!

I.G.:  Só tocando a vida, não é? (risos)

Out:  De olho na insatisfação com a superficialidade reinante; de olho na dificuldade de conseguir arrumar um modo de conseguir manter meu sustento simplificado, sem que tenha que me entregar aos moldes do sistema.

I.G.: Humm. É, hoje está difícil, não é?

Out: Nem me fale!

I.G.: Mas já faz tempo que você descola umas fichas no underground, não é mesmo?

Out: Sim, anos, algumas décadas...

I.G.: É sempre assim, meio foda?

Out: Mas está ficando cada vez mais difícil; o sistema está complicando cada vez mais; está amarrando tudo cada vez mais... Estão monitorando tudo, criando cada vez mais, métodos de imposição. Sabe o que tenho percebido? Como não temos nada de realmente original; como não temos nada realmente genuíno; como somos mera repetição levemente modificada (e disso a sociedade há muito está cheia)... Só nos sobram quirelas, migalhas... Quirelas e migalhas que se não aceitamos, atrás de nós, na fila, existem mil que estão dispostos a se sujeitar.

I.G.: É foda! É a real mesmo... Impressionante, não é? Sabe o que vejo...

Out: E como ninguém está afim de conteúdo real, só querem o falso (que inconscientemente acreditam ser real), nós que fomos agraciados — ou amaldiçoados — com a percepção do falso, temos que pagar um preço quase que desumano para conseguir um modo de viver  que posso ser tido como humanamente correto.

I.G.: É isso ai!

Out: Como disse outro dia um confrade lá nas nossa reunião pelo paltalk, “todos estão mais afins de colecionar mentiras sinceras"...

I.G.: É mais agradável, bem mais fácil, não é?

Out: Ninguém está afim de algo mais claro, nítido e verdadeiro; a cópia basta! Só a modifique um pouquinho para não dar muita bandeira e está tudo certo! Foi por caixa! É só alegria!...

I.G.: Basta e as satisfaz, não é?

Out: Não precisa ser original, porque o original, sai bem mais caro! Imita ai! Copia ai! Finge que aceita isso na boa! Afinal, todo mundo tá fazendo isso!... Vai lá! Você consegue! É difícil só no começo... Se corromper é que nem dor de dente: só doi quando está nascendo... Só que ninguém lhe conta sobre a dor causada quando o dente inflama! Ninguém lhe conta o quanto é caro o custo do tratamento dentário! E ai, eu fico aqui vendo tudo isso... E percebendo a falta de eco para essa realidade coletivamente despercebida (ou disfarçada de que não é percebida).

I.G.: "Nossa, estudei e venci, agora sou um advogado, realizado!" Vejo o quanto que as pessoas se esforçam, o quanto que se dedicam para serem os melhores escravos... (risos) E a indignação que surge através destas percepções?

Out: Veja: essa faze, creio que já passei; ela me parece ser natural à todos! Depois, bate a consciência de que essa consciência veio para mim e não para os demais; então, nessa percepção, dá-se um relaxar, entende?

I.G.: Entendi!

Out: E, nesse relaxar, a energia que era gasta com a indignação é revertida para o processo de “autolibertação” desse modo de vida enclausurante, psicologicamente condicionado.

I.G.: Entendi... Entendi... Você reverte o processo...

Out: A coisa vai ficando cada vez mais leve, pois vai se instalando uma autonomia psicológica.

I.G.: Entendi... Muito “massa” ter colocado isso! Já tinha tido essa percepção algumas vezes, de que quando me sinto indignado, logo depois, por vezes, acabo me sentindo grato pela possibilidade de poder ver...

Out: Mas na realidade, houve momentos aqui em que o freguês achava simplesmente insuportável ter essas percepções de mundo, essas percepções do sonambúlico modo operantis coletivo (no qual, até então, encontrava-se também inserido).

I.G.:  Sei muito bem como é isso!

Out: Nessa época, como a percepção ainda estava muito fresca, não havia o mínimo de inteligência para pronunciar, para compartilhar aquilo que via e, como um guerrilheiro juvenil, disparava minha “metralhadora cheias de mágoas” nos ouvidos dos mais incautos.

I.G.: (risos) Expressar, escrever, sintetizar as percepções ajuda, não é mesmo? Mas nem sempre consigo.

Out: Sim! Mas a seriedade, traz consigo as chaves para a maturação; traz a percepção do estrago que se causa quando temos pressa em nos expressarmos; dos conflitos que geramos ao tentar impor, feito um ditador, os nossos limitados pontos de vista sobre a verdade. A percepção dessa imatura necessidade de se pronunciar — que é uma das características do ego, da persona —, acaba nos jogando no silêncio, nos joga num salutar estado solidão psíquica.

I.G.: É, sei muito bem como é isso; tenho passado por isso. Não dá mais para falar sobre a normose com quem está enredado pela normose.

Out: Isso nos joga para a continuidade da única coisa que realmente é necessária: a prática do autoconhecimento e da transformação da sociedade QUE SOMOS NÓS e não eles! Penso que estamos semi-despertos, mas não acordados! Quem sabe, ao acordar, tenhamos a noção da necessária inteligência amorosa para expressar aquilo que vivenciamos como verdade. Até lá, sinto ser necessário muita paciência, muita energia e, principalmente, seriedade; ou seja, praticar esta observação passiva em série, momento a momento.

I.G.: Entendi; essa é parece ser a chave... Cara, sabe o que vejo? É que esse conhecimento, essas percepções, estão muito, mas muito na frente da consciência da humanidade. Penso que, no mínimo, estamos gravando nossas percepções na base de dados do coletivo humano...

Out: A humanidade é constantemente sabotada, suas percepções de mundo são controladas por um sistema corrupto, elas são constantemente dispersadas, embaralhadas como cartas marcadas.

I.G.: Tudo isso é tão sério que a massa se recusa a acreditar...
Out: A atenção, o foco e a energia da humanidade é sabotada, controlada, direcionada de um modo que não sobra tempo ocioso, para que não ocorra a percepção e assim, não possam perceber o que eles tem entre a mente e o coração... O sistema não deixa!

I.G.: É isso mesmo!

Out: O sistema do pensamento psicológico condicionado coletivo coloca as pessoas numa série de "entretenimentos" que impedem a descoberta e a percepção do que eles realmente "tem entre a mente e coração". Portanto, eles não se encontram "aptos" para se “antenarem”.

I.G.: Somos uma ameaça para eles, não é cara? Cada um de nós pode representar a queda deles... Fudeu, não é? E para se tornarem aptos? E para enfrentar o tédio, a solidão psicológica?

Out: Não estão aptos para perceberem que suas zonas de conforto, na realidade, são apenas decoradas prisões a serem pagas em longas prestações...

I.G.: E nem querem perceber, não é mesmo? Eles estão "felizes", vencendo... Ai a felicidade passa, então vão e pensar vencer de novo... Vencem 10x por dia!

Out: Você não pode querer algo que desconhece existir, eles não sabem disso!

I.G.:  É, não é?

Out: Você não pode querer aprender uma língua sem sentir que isso lhe é essencial. Isso não podo ocorrer através de imposição; seria outra forma de condicionamento.

I.G.: E esses caras... Os grandes... Os superinteligentes que trabalham para os governos... Será que ninguém ali, tem bom coração? Poxa vida! Esses caras que controlam as massas são tão ruins assim mesmo, tão egoístas?

Out: Eles também não tem consciência! Pensam que estão livres!

I.G.: Será que lá dentro não tem ninguém... Um único maluco, pra abrir os olhos desses caras?

Out: Mas como podem estar livres se os seus medos lhes forçam a controlar o tempo todo a massa? Trata-se apenas de escalas de medos e condicionamentos...

I.G.: Estão fudendo a própria espécie...
Out: Lá também deve ter uns caras tentando falar o que ninguém quer ouvir; não se pode dançar quando um não quer.

I.G.: É mesmo! Estamos fudidos, cara? Por um bom tempo... Fudidos!...

Out: Então, tanto o controlador como o controlado são responsáveis pelo que se propaga no mundo; o lance é fazermos a nossa parte, não com eles, mas conosco mesmo.

I.G.: É aquela fita, não é: todo humano possui um político interno...(risos)

Out: O lance é não se desfocar com a situação deles, mas sim, perceber a trave que nos impede a visão...

I.G.: Não perder nosso centro por causa deles, não é?

Out: O lance é perceber nossas próprias pedras de tropeço... O pensamento é matreiro! Ele nos desfoca através da defesa das chamadas "causas nobres"... Ele é partidário e adora se alimentar de alguma espécie de militância (a qual é sempre separatista). O pensamento sabe que nos enreda facilmente através dessa postura de eleger inimigos externos, como aquilo que é agora é moda lançar filminhos no Youtube para depois “viralisar” no Facebook: falar sobre os tais "illuminatis"... Essas baboseiras todas!... O verdadeiro illumintis está dentro de nós e é só ele que tem o poder de nos impedir de saber o que é a verdadeira liberdade do espírito humano.

I.G.: Sim! Quero conhecer vocês ai, pessoalmente... Quando podemos marcar um café por ai?

Out: Quando você quiser!

I.G.: É, estou de boa aqui, sem trabalhar... Vou pensar...

Out: É só ligar!

I.G.: Vamos deixar no ar, mas quero colar ai no máximo até semana que vem. Tenho uma amiga ai; vou armar de dormir por lá...

Out: Fica sossegado! É só combinar! Melhor num sábado, assim posso chamar os confrades aqui: Tem o Nesthor, o Marcão e o Magrosergio.

I.G.: Legal! Seria bom trocar ideias ao vivo...

Out: Seria legal a gente marcar num sábado, almoçarmos juntos e depois uma boa prosa com café aqui em casa... Ligaríamos o Paltalk e faríamos ao vivo, assim os demais confrades poderiam participar.

I.G.: Entendi, legal! Eu topo!... Esse sábado, será?

Out: Por mim, na boa!

I.G.: Vou conversar com minha amiga; ver se dá para ficar por lá.

Out: É só você se agendar e me avisar para que eu marque com os confrades aqui.

I.G.: Vou falar com ela e te aviso o quanto antes.

Out: Beleza!

I.G.: E esse Facebook, cara?....

Out: Nem me fale!

I.G.: Percebo quanto psico-massete eles estão usando para nos prender por lá...

Out: Estou com síndrome de abstinência! (risos)

I.G.: Sei como é... Nem estou entrando lá também...

Out: A mente tenta justificar falando assim: “é melhor um monte de merda do que merda nenhuma”...

I.G.: É osso! Mas está sendo bom como ferramenta de luz própria! Aquilo é muita influência cara... É outra televisão!

Out: Mas veja só como é muito mais salutar colocar energia numa conversa como esta!

I.G.: É a massa que compartilha as mensagens, logo a massa, é tão burra quanto a Rede Globo.

Out: Sim! O facebook é uma televisão com propaganda full-time, nem precisa de um determinado tempo para seus comerciais.

I.G.: Isso mesmo!

Out: Com ofertas de produto full-time e, o pior: as ofertas lhe perseguem pelo IP do seu computador... Já percebeu isso?

I.G.: Sim! Pelos seus interesses; pelo seu nível mental...(risos)

Out: Outro dia, pelo facebook, entrei num site para ver botas (sou amarradão em botas!)

I.G.: A loja era do lado da sua casa? (risos)

Out: Cara, agora, na maioria dos sites que entro, o raio do anuncio de botas me persegue!

I.G.: (risos)

Out: E começou tudo lá no “Facebosta”... Não entendo como conseguem! É outra rede! já limpei até os temporários, mas não adianta: os anúncios permanecem!... Continua a merda do anúncio me atentando para comprar em “zentas vezes sem juros” (que na realidade, já estão embutidos — eles pensam que todos são trouxas). E o pior de tudo e que aquela praga de anúncio é a única coisa que fica "piscando" na tela... É um tipo de hipnose!... Aquilo que você — como por exemplo os links para os textos do Krishnamurti — não piscam!

I.G.: (risos) É como uma máfia... É mesmo! Você fica conectado no Google? É isso ai: os marketeiros estão cada vez mais foda!

Out: É só anúncios! Você agora é o outdoor e, o pior de tudo, de forma gratuita! E QUASE NINGUÉM PERCEBE ISSO! É uma auto-hipnose diária!

I.G.: Cara, e a fria em que eu me meti? Fui me relacionar com uma mulher; massagista, terapeuta holística... Mudando de assunto, olha que fria!

Out: Diz ai!

I.G.: Massagista, cara? Burro! Reiki... Cromoterapia... Sabe o que eu acho disso tudo? Só engana trouxa! E ainda estou com a garota... Existem dois “eus”... Um superficial e um profundo... É a maior brisa... E por dentro, sabemos que é tudo balela... É igual pastor! Meu ego adora ser iludido..

Out: Cara, nem me fale! Sei bem como é isso! Já disse que tive um espaço holístico, lembra?

I.G.: Sim!

Out: Para mim, isso é a maior papagaiada. Mas vai falar isso pra quem acredita! Arrumou um inimigo no ato; a paz do Reike vai pro saco!

I.G.: O ego se fode e tenta me foder! (risos) É uma loucura, cara!... Como fui me enfiar nessa?...
A fita é que ela toma várias percepções “Krishnamurtianas” na lata! Coitada da guria! Tenho que me policiar para não desiludir a "profissão" dela... (risos)

Out: Reike, cromoterapia e tem também aquele lance com pêndulos... Como que é mesmo o nome?...Radiestesia!

I.G.: Sim, isso mesmo! Tem também a “crystaloterapia”... (risos)

Out: Já sei: então eu sofro de ansiedade porque estou sentado sobre um local que tem energias baixas... Então é só eu sentar do outro lado da sala, comprar outro sofá de determinada cor e coloca uma fonte d’água borbulhante ali no canto e está tudo certo!...

I.G.: (risos) É de foder não é cara?

Out: Então é só eu comprar uns quinze pêndulos de cristal (falso, é claro!) e pendura-los pela casa que a ansiedade e o medo vão embora... Simples assim não é?... O que é isso? Que papel é esse? Ah! A conta, é claro!

I.G.: Tem sido um teste, uma experiência interessante para mim...

Out: Antigamente era a figa, o pé de coelho, o vaso de arruda e ferradura enferrujada atrás da porta... Agora são os pêndulos de falso cristal, o olho egípcio, os espelhinho sextavados...

I.G.: É isso mesmo!  (risos) Luz... E a cromoterapia nos chacras!

Out: Tudo coisa do velho novo pensamento condicionante!

I.G.: Caio de rir por dentro cara!

Out: Pois é! E, o pior, todo mundo paga! São os despachos da nova era!

I.G.: Cara: botar luzinha na testa, no peito... Porra mano!... E todo mundo sabe que é mentira! Até ela que é a terapeuta, no fundo sabe!

Out: Mas todos compram a luz, os livros, o abajur de suporte para as luzes...

I.G.: Ela sabe que está enganando a galera...

Out: Mentiras sinceras interessam...

I.G.: Não sei como fui me enrolar nessa... Fico 100% bipolar quando estou com ela... (risos)

Out: Não fica não porque você está vendo!

I.G.: Fico conversando comigo mesmo, rindo, mas o foda é que as risadas saem para fora... (risos)

Out: Sei bem como é que é! Não dá para esconder a percepção do falso!

I.G.: A loucura! Como a agente mesmo faz escolhas inconscientes, não é mesmo? Como a carência, o tédio, nos emburrecem!

Out: Você consegue imaginar a cena? Eu, como coordenador de um espaço holístico, apaixonado pelo estudos dos textos de Krishnamurti, sentado numa reunião com psicólogos de várias linhas, terapeutas de tudo que tipo, massagistas, reikinianos, cromoterapeutas e radiestesias? Consegue pensar na situação? Vendo aquelas baboseiras, ouvindo aquelas sandices criadas pela rede do pensamento psicológico e tendo que fazer cara de quem compactua com aquilo... Foi foda esse período!

I.G.: Porra, imagino!

Out: Foi um dos maiores alívios da minha vida quando encerrei minha ligação, tanto com o espaço holístico como com a loja que vendia os tais milagrosos "produtos esotéricos". O foda, é que eu gostava das pessoas e não via como falar para elas aquilo que eu estava vendo! Não tinha como! Não estavam "aptas" para receber aquilo. Fazer isso seria o mesmo que cometer um estupro psíquico; cada um tem seu "time", cada um tem seu tempo.

I.G.: é o meu caso: "estraga prazeres". Mas tenho certeza que foi excelente, para ter mais certeza do falso, não é? Que fita! Mas ai, essa guria apareceu numa série de sincronicidades... Foi induzida a mim pelo universo, cara! Mas é real, não é? Não dá para falar, tem mais é que ficar quieto e sair fora!

Out: Não se pode apressar a maturação.

I.G.: Com essa guria que estou, já estou movendo os pauzinhos para cair fora; infelizmente não dá para ficar sendo falso.

Out: Tem que haver um "casar mental": isso é casa-mento, senão, não dá!

I.G.: É mesmo! tenho certeza disso, mas, tem sido uma boa experiência...

Out: O encontro na "horizontal" pode ser ótimo, mas, se não rolar na vertical... ferrou!

I.G.: Mas vejo que tem sido válido.

Out: Estamos mais tempo na vertical do que na horizontal!

I.G.: Mas vai ser difícil achar alguém com memórias de Krishnamurti na cabeça. (risos)

Out: Se você gosta dela, sugiro que vá compartilhando sua percepção de mundo.

I.G.: É difícil, a galera nem lê... Nem historinhas...

Out: Não fale do K! Fale das suas percepções! (mesmo que elas venham através do K)

I.G.: Mas quebra as pernas dela, não dá para falar.

Out: Se tiver liga, a coisa rola, senão, vai pro saco!

I.G.: Só dá para enrolar. A questão em que mais me pego é de eu vendo as minhas escolhas, auto-destrutivas, as quais não entendo. Mas, tem algo por traz dessa fita, tem muita sincronicidade, muita coisa estranha... É o que me traz paz: quando vejo o universo compactuando nas situações.

Out: Então, é isso que eu digo: precisamos entender essa "entidade" viciada em "escolhas", e também viciada em "julgar as escolhas" que faz; se faz é porque faz, se não faz é porque não faz...

I.G.: Condicionada!

Out: Ela precisa disso: criar constante conflito, constante dualidade, constante separação, constante condição.

I.G.: É isso mesmo! Esse impulso é muito forte!

Out: Como uma mente assim pode saber o que é amar? Então, para amar, tenho que achar alguém que também lê Krishnamurti? Que não acredite em nada disso que está ai e blá-blá-blá múltiplos?

I.G.: É, mas será que existe essas pessoas? (risos)

Out: É alguém sempre citando os condicionamentos sem perceber que está sempre condicionando os desafios que se apresentam, percebe? Vê como o pensamento é matreiro? vê como nos ilude? Quem ama, não coloca condições: quem ama, ama!

I.G.: Sim! Mas mesmo assim, esse amor ai, sem esperar nada em troca, sem interesses...

Out: Penso que enquanto existir a presença dessa “entidade”, desse “eu” — seja ele espiritualizado ou não, seja ele conhecedor de Krishnamurti ou não — nunca haverá espaço para o verdadeiro amor — não esse amor do qual falamos tão levianamente. Por isso que vejo a necessidade de muita seriedade para não perder o estado de atenção plena com o que é, com o que ocorre de momento em momento, tanto fora como dentro (se é que existe essa dualidade).

I.G.: Acaba não existindo interação... Entendo! Mas, esse amor ai, que surge, ele tem que ter um “start”, uma ação ego-iniciática.

Out: não digo ego-iniciática, mas quem sabe, “ego-suicida”. (risos)

I.G.: Sim!

Out: E, olhando para isso, qual ego está afim disso? O seu? O meu? Claro que não!

I.G.: Ele quer continuidade nos problemas, quer alimento, quer fuder o bagulho!

Out: Ele quer continuidade, mesmo transvestido de um "ego esclarecido", de um “ego espiritualizado”, de um ego para qual as perguntas se encerraram... Isso tudo é uma grande piada de mal gosto! Como dizem por ai: O bagulho é louco! Percebe a seriedade da coisa? É muito fácil cair nas armadilhas do ego.

I.G.: É mesmo! Percebo, cara! E aqui, por traz, tem um pensamento... Percebo a merda e sou eu como espécie quem vai continuar enrolado nessa merda...

Out: O ego se transveste muito facilmente; ele é o grande ilusionista.

I.G.: Infinito, não é?

Out: Parece que sim, mas alguns ai dizem que é finito, que há essa possibilidade. E dizem que ela chega por meio da percepção do falso, e sem escolha, porque a escolha é uma de suas ferramentas, uma de suas roupagens.

I.G.: Infinitas possibilidades de disfarce e na velocidade do som! (risos) Entendo! Mas e a percepção do falso? O próprio conceito de falso, para não ser corrompido tem que estar sustentado pelo fato.

Out: Cara, me diz uma coisa: diante de uma conversa como esta, como é possível se permitir perder tempo com TV, Facebook ou sites de "entretenimento" dispersivo? Percebe? De que adiantam "mil postagens de conteúdo sem conteúdo"?

I.G.: Percebo; só fechando os olhos mesmo! Só abrindo mão da responsabilidade, ligando o foda-se! É um forçar do interesse para as coisas idiotas e deixar que elas nos dominem...

Out: Foi justamente o que pensei! Serão poucos os sérios, os aptos para conversas sobre esta abordagem, mas, os poucos que chegarem, terão conteúdo, o conteúdo que no momento sinto necessidade. Está tudo certo, cada um no seu momento, cada um naquilo que lhe sacia, cada um atrás daquilo que está buscando; sou eu que não encontro mais nutrição ali; sou eu que preciso de "alimento sólido" e lhe agradeço pela oportunidade de trocar estas abobrinhas e de poder compartilha-las logo mais com os demais confrades esfomeados.

I.G.: Sim! Sinto isso também! Relaxa demais; não tem nada que agradecer, ao contrário. Ontem comecei a escrever uma percepção sobre as artimanhas psicológicas que o Facebook está usando para estimular ciúmes nos casais e os manterem ativos na rede; ai perdi as ideias e parei. Mas está nítido para mim, como os caras do Facebook estão usando a gente, com agente mesmo... Foi o que você falou ontem: estão categorizando, identificando nosso nível mental, estudando e comandando nossa mente.

Out: Posso sugerir?

I.G.: Diga!

Out: Por que você não cria um blog para expor suas percepções de mundo?

I.G.: É... Já criei várias vezes, mas, sei lá! Desencano em pouco tempo.

Out: Na boa: deixa lá, o desencano também passa; é só mais um pensamento autosabotador. percebe?

I.G.: É mesmo! Percebo...E isso acontece a anos viu..

Out: Sei como é, já vi isso acontecer com demais pessoas; mas deixe amadurecer a ideia.

I.G.: É, vamos ver o que nos espera.

Out: Acabei de subir o áudio da Deca, agora vou subir o do Sanio e depois o seu.

I.G.: humm...legal! vou ver. Cara, Já ouviu falar em bitcoins?

Out: Nunca; o que é isso?

I.G.: humm... Um minuto...

Out: Já estou lendo aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bitcoin

I.G.: Lê ai; vê que massa a ideia!

Out: Vixi! Está dando nó no “tico e teco”; percebi uma resistência interna ao novo.

I.G.: Cara, mas a ideia é incrível!

Out: Percebo como tenho dificuldades com essa coisa de "monetários".

I.G.: Eu também tenho. Mas, a ideia é de ter uma moeda, descentralizada, sem a necessidade de identificar a origem e destino da moeda.

Out: Nem terminei de ler e algo me diz que é só mais um condicionamento sendo implantado.

I.G.: É uma forte ferramenta para derrubar o capitalismo.

Out: E criar outra espécie de capitalismo, só que agora, criptografado...

I.G.: Decentralizado.

Out: Mas não quero criar imagem antes de meditar com mais atenção sobre o assunto.

I.G.: uhum... Brisa ai, vai fundo! Quem sabe isso não te traga insigths... Imagina: oferecer essa moeda, para pequenas fazendas, que queiram vender seus produtos, criar uma economia aparte...

Out: Cara, eu vou te falar uma real Sempre tive muita dificuldade de lidar com esse lance de economia.

I.G.: Eu também! Mas vejo que não precisa entrar em detalhes, para ter ideias que podem revolucionar...

Out: Sempre tive muita dificuldade de lidar com essas imposições sociais, com esses ditos "impostos", "valores"...

I.G.: Entendo!

Out: Nunca me identifiquei com "administração", tanto que só consegui suportar seis meses de faculdade de administração.

I.G.: Eu também não.

Out: Sou humanas 100%; sempre tive à minha volta, pessoas que administram, no caso, aqui em casa, as contas ficam com a Deca; o que ganho coloca nas mãos dela. Detesto papelada, detesto banco, extrato... Me deprimo facilmente com isso; não quero nem saber! Só pergunto se precisa mais.

I.G.: Da’hora! É: tenho nome sujo em todos bancos! Tenho raiva deles.

Out: Quanto ao nome sujo, digo que foram os melhores anos da minha vida.

I.G.: hahahahha

Out: Se tinha dinheiro, comprava, senão tinha, não comprava. Não vinham cartas impulsionadoras de compras em minha caixa postal; eu não existia para o sistema. Depois de cinco anos, quando caducou o valor, voltei a receber propostas de crédito.

I.G.: hahahahha

Out: Resultado: hoje tenho vários cartões aqui e não para de chegar propostas de crédito fácil (claro que não caio nessa). Até cartão internacional tenho, por falta de um, dois.

I.G.: Para mim é o mairo “B.O.”: se me der crédito, pego e não pago! (risos)

Out: Cara, é uma merda! Tudo tem que ter papel; tudo tem que ter assinatura; tudo tem que ter avalista. É um saco! Certidão pra tudo! Mas, o ser, não dão!

I.G.: Tenho asco disso tudo também. Eles tem que ter segurança! (risos)

Out: É foda! Cara, eles inventam de tudo! Você morre e, mesmo morrendo, criam-se dividas suas para os demais... É o tal do inventário! E, nós, otários, aceitamos o inventário. E dá-lhe nosso dinheiro para benefício dos cartórios.

I.G.: É cara, tudo é oportunidade de ganhar “$”... O mundo só quer saber de “$” etc. e tal... Fudeu a parada.

Out: É notório que o cartório é para tirar dinheiro de otário... E, parece não ter como fugir disso! É imposto e com data imposta de pagamento.

I.G.: O povo gosta de pagar; gosta de se sentir bem: "Ufa, paguei minhas contas em dia, agora sim estou me sentindo bem!"

Out: Se vira nos trinta ai meu, para ser um dito cidadão respeitável que paga suas dívidas dentro do mês! E o pior: ninguém contesta nada! E eu que sou o louco!

I.G.: É assim mesmo! Como você diz: tem que ter saco roxo!

Out: Ah! Mas agora eu tenho o tal do Facebook para desabafar e poder fingir que sou um cara entendido! Um consciente militante das causas perdidas! Já posso até chamar minha turminha  de desconhecidos amigos para, na Paulista, diante do Masp, meter a mascara do “V de Vingança” e balançar umas bandeiras com chavões políticos!

I.G.: Uauahauhauhauahuahahua

Out: Cara, a bagaça é louca! E não muda porra nenhuma! Você faz isso, logo vem o policial e lhe prende e, novamente lá está o cartório, a espera de seu dinheiro em troca de uma certidão negativa de bons antecedentes.

I.G.: É isso ai! Fudeu! (risos) Nessas horas, só mesmo o bom e velho “foda-se”: "Não julgo nem perdoo". "Nada sei. De nada". "Contemplo".

Out: Meu caro, só mesmo tendo um profundo despertar que produza uma autolobotomia, porque, pelo processo do pensar, não encontro saída. Bem, vou parando por aqui. Hora do almoço. Hoje tem pastel de queijo na feira aqui perto de casa.

I.G.: A saída para não pirar é desistir, não é? Firmeza! Já, já vou almoçar também.

Out: Vou nessa! A prosa foi muito boa! Uma “pratada cósmica” e tanto!

I.G.: Valeu ai!

Out: Deu até vontade de postar no Facebook. Olha a conspiração para a recaída ai! Para o pensamento, tudo é gatilho para insanidade!

I.G.: Uahuahuahuahauhua... Facebook é uma merda. Vamos nos falando!

Out: Um chute nas canelas garoto! Se liga na Matrix do pensamento: vai “morphetando” a mente ai!

I.G.: Acho que vou assistir Matrix novamente, só para tirar uma onda.

Out: Fui!
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