(...) Estudante: O senhor disse que a liberdade é muito perigosa para o homem. Por quê?
K: Por que a liberdade é perigosa? Sabe o que é a sociedade?
E: É um grande grupo de pessoas que lhe dizem o que fazer e o que não fazer.
K: É um grande grupo de pessoas que lhe dizem o que fazer e o que não fazer. É também a cultura e são os costumes e hábitos de uma comunidade; é a estrutura social, moral, ética e religiosa na qual o homem vive — é a isso que geralmente se chama sociedade. Agora, se cada indivíduo nessa sociedade fizesse o que desejasse, ele seria um perigo para a sociedade. Se o senhor fizesse, aqui na escola, o que desejasse, o que aconteceria? Seria um perigo para o resto da escola; não seria? Por isso, as pessoas, de um modo geral, não querem que os outros sejam livres. Um homem realmente livre, não intelectualmente, mas interiormente livre da avidez, da ambição, da inveja e da crueldade, esse homem é tido como um perigo para as pessoas porque é completamente diferente do homem comum. Assim, ou a sociedade o venera, ou o mata ou é indiferente a ele.(...)
Krishnamurti em, Ensinar e Aprender, Capítulo 4