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Aviso aos navegantes
31 de janeiro de 2013
30 de janeiro de 2013
Constatações sobre o ego intelectualizado
Outsider
Uma conversa de descondicionantes terabytes
Vinho: Amigo, você precisa vir aqui, com mais calma, para conversarmos mais de sites, cuidar do ser e tomar um café!
Out: O que menos quero na vida, é perder tempo conversando sobre sites... Isso, para mim, é pura perda de vida; você já se perguntou se você foi "convocado" para esta vida com a finalidade de fazer sites?
Vinho: Ok. Não era comercialmente, mas estou desenvolvendo para um cara que é "manager".
Out: Por favor, me compreenda, compreenda que não digo isto com o intuito de ofensa, nem de preconceito de classe profissional.
Vinho: Concordo! Mas, profissionalmente, gosto disso e também de banco de dados.
Out: Cara, essa é que a merda do ser humano... Dividir a vida por setores!... Emocionalmente, espiritualmente, profissionalmente... Que merda é essa de "profissionalmente"? Só aqueles que não descobriram sua REAL VOCAÇÃO - ou seja a expressão da voz do coração — é que vivem esse tal "profissionalmente"...
Vinho: Eu sei disso, mas neste momento, é o que faz pagar as minhas contas... Mas sei que sobrevivo e que não vivo!
Out: E ai eu pergunto: até quando?... Sabe, penso que não somos sérios; se o fossemos, talvez, sentaríamos para conversar e investigar isso com propriedade, com intensidade, com toda a nossa energia, afinal, trata-se de nossa vida.
Vinho: Sei muito bem que o Facebook, meu site, minha empresa, não são a razão da minha existência.
Out: A casa de nossa vida está pegando fogo, ardendo, sendo consumida e nós, aqui, brincando de ser um "responsável profissional realizado"...
Vinho: As questões espirituais são maiores que as materiais, mas, "Namastê", não paga as minhas contas...
Out: Isso porque, talvez, você não tenha nada de original... Talvez seja uma pessoa de segunda mão; uma imitação barata das ideias dos outros, ideias pelas quais você tem pago por anos... Pago para aprender, para depois, ter que mendingar para vender seu produto de segunda mão... Se tivesse algo de original, talvez, estariam correndo atrás de você e, quem sabe, sobraria tempo para muito mais "Namastê"... Por favor, não responda rápido; reflita; deixe isso reverberar ai dentro, pois, afinal, trata-se da sua existência sem vida!... Percebo que, por anos, apenas existimos e, o pior de tudo, pensando que vivemos!
Vinho: Concordo parcialmente, mas, não me considero uma pessoa de segunda mão. Entendi dentro do conceito que colocou mas, me considero digno dentro das qualidades que possuo, além dessa vida e de outra, pois também, quem te garante que as crenças budistas, espiritualistas sejam o único caminho?
Out: Não estou falando sobre nada disso de "crenças"... Ao meu ver, a crença é uma influência que a consciência do real, prensa!... Por favor, se me permite, sugiro que você saia dessa postura defensiva; estou falando do problema humano, onde, pelo que me parece, amigo, infelizmente, você está incluso.
Vinho: Não estou na defensiva, mas defendendo meu ponto de vista.
Out: Cara, veja o absurdo do que você acabou de escrever... Veja a redundância... Me parece pura falta de bom senso!... "Não estou na defensiva, mas defendendo meu ponto de vista"... A C O R D A! É o mesmo que dizer: "não estou bebendo água; mas estou bebendo água"... Sei muito bem, que só de pensar em olhar para isso, nossa mente, nosso interior - cuja base é medo - se agita!... Se rebela de forma imatura!
Vinho: Defender o ponto de vista não significa apenas se defender, pois não preciso disso... Acredito em tudo que é bom dentro de tudo, dos dogmas, etc.
Ou: A mente se defende; temos medo de olhar, de observar, de questionar nossa "pseudo zona de conforto"... Desse modo, os dias passam lentos e bem longe da potencialização de nossos REAIS TALENTOS.
Vinho: Claro que é você quem está com as pedras brancas neste jogo de xadrez que estamos jogando! Estou jogando com as pretas que se defendem (risos)
Out: Cara, você é meu amigo, veja... Por favor, veja... Veja.. Não estou atacando, por isso, não há porque se defender. Veja... Peço para que você, de forma aberta, sem nenhuma defesa...
Vinho: Sei que está com a razão e que, quando eu acordar, possa estar muito no final, mas, brother, não tenho como bancar meu pão sem a informática.
Out: Cara, para de se justificar, o que é uma forma de defesa... Só tente escutar!
Vinho: Está certo! Não está mesmo atacando, é só um dialogo; sorry!
Out: Estou pedindo — e pedindo de coração — para que você, alguém que nutro carinho...
Vinho: Sei que faz isso com sua alma, coração, é por isso que sempre te escutei!
Out: E que sei que — como eu no passado, por muitos anos — hoje sofre pra cacete, as escondidas... Apenas observe o que estou falando sem qualquer tipo de defesa... Vou tentar explicar o porque, isso se sua mente reativa me permitir! (risos)... Veja... Por favor... Veja... Acompanhe... Se acompanhar, de mente aberta, se escutar com o coração, nesse próprio escutar do coração, perceberá se o que digo é falso ou verdadeiro; portanto...
Vinho: Amigo, comigo tem toda plena abertura pra falar sempre tudo, pois por isso te chamo de AMIGO... Tenho poucos! E, você, é um deles!
Out: Não é preciso de pedras brancas ou pretas aqui. Olhe, vamos lá... Tivemos uma educação, seja parental ou escolar, que foi uma merda de castração, de formatação...
Vinho: Brinquei do lance do Xadrez e agora vou ler...
Out: ...de eliminação de toda nossa ORIGINALIDADE, autenticidade, poder criativo... Nos transformaram — claro que de forma inconsciente — em memorizadores de um passado morto, com sua tradições arcaicas e disfuncionais, que não servem em nada para a compreensão de nossos atuais desafios, os quais nos são impostos pela vida; recebemos sempre os novos desafios da vida com o nosso olhar em nosso embolorado acervo de conhecimento...
Vinho: O que você quer dizer com isso? Que temos que dedicar um tempo maior para a vida e menos para o trabalho?... Se for isso, concordo muito!
Out: Não se trata de concordar ou discordar! Se ficarmos ai, não sairemos do nível mental das palavras... Por favor, se me permite a sugestão, desacelere sua mente reativa e apenas tente acompanhar... Tente, tente isso: só observar o que digo... Nossa educação, tanto parental, como escolar e social, arrebentou o processo de descoberta de nossa vocação criativa; fechou hermeticamente o conhecimento de nosso sentido de vida, de nossa participação qualitativa para o mundo de relação...
Vinho: Somos escravos de nós mesmos!
Out: Calma! tente não escrever; tente observar com todo os seus músculos, com todo o seu ser, não de forma parcial fragmentária... Nossa educação nos "mesmerizou", nos tornou uma "cópia ambulante"; usando a linguagem da informática, nos tornou um backup de sistemas alheios... encheu a HD de nossa mente, com um bando de dados alheio, com uma complicada linguagem codificada, a qual instalou um poderosíssimo firewall, que por sua vez, impediu — e continua a impedir — a manifestação de nosso estado natural estado criatico... Tudo isso criou também, dentro de nós, um antivírus que cria resistência para qualquer possibilidade de observar o conteúdo de conversas que apontem para a nossa inabilidade de viver com folga.
Vinho: O cara do filme "Matrix", em seu primeiro filme, bem que tentou demonstrar isso... Colocam mesmo um chip dentro de nós!...
Out: Calma, calma... Só acompanhe, cacete! penso que essas falas suas, também fazem parte do atualíssimo antivírus, mesmo que essas falas compactuem com a abordagem, elas impedem a real compreensão, aqui e agora, compreensão essa que pode causar uma tremenda revolução, em nosso modo de ver a vida. Veja... Vamos com calma... Por que temos que trabalhar em cima de sistemas alheios?... Não responde! Apenas deixe reverberar ai... Por que não somos uma ferramenta de manifestação do não manifesto?... Calma... Não responda!... Deixe reverberar!... Por que não somos — realmente — criativos?... Sei muito bem, por experiência própria, como isso dói de ser percebido visceralmente... Mas, se não olhamos de forma factual, se não trazemos à luz a nossa realidade... Ela permanece lá, na sombras, impedindo o despertar da inteligência criativa amorosa, a qual penso ter uma mensagem única,
pessoal, intransferível... Mensagem essa que só pode vir ao mundo do manifesto por meio do "veículo" que é você... E, que por ser uma mensagem única, o mundo por estar dela necessitado, pagará o que for preciso. No entanto, como essa inteligência é amorosa, nunca cobrará por privilégios umbigóides, autocentrados! Em consequência dessa amorosidade que é a essência dessa inteligência, só vai espaço para aquilo que é o estritamente necessário — o que quebra a continuidade do sistema de autointeresse, pelo qual todo sistema funciona. Penso que essa inteligência não busca por privilégios, mas sim, pela concretização dos direitos coletivos. Agora, veja: se você tem o coletivo ao seu lado, como poderá mendigar?... Mesmo os assim chamados "ricos", fazem parte desse coletivo. Percebe para onde estou tentando apontar?... Então, o que digo é que precisamos inventariar de forma destemida, a nossa triste realidade de uma existência sem vida, destituída do exercício de tempo para a manifestação do ócio criativo. Sem olhar, sem pesquisar o fato dessa realidade, não vejo como alterá-la; só vejo a triste e enfadonha continuidade em seu curso, através de cursos que nada falam à nossa realidade interior. Sei que isso pode soar como assustador; a simples ideia de olhar para isso nos amedronta, nos enche de ansiedade.
Vinho: Não é assustador!
Out: Bem, para mim, assim foi... E muito! Mas, superado o medo, vista a realidade, na ocorrência dessa visão, deu-se a ação que não foi fruto de desejo — o qual está sempre vinculado às nossas experiências passadas — ; o desejo sempre aponta para o conhecido, portanto, não traz consigo, revelação. Ao contrário, todo desejo, parece nos manter num estado de defesa, o qual garanta a continuidade de nossa satisfação momentânea, que narcotiza nossa realidade só por momentos, mas que é seguido sempre de dor ao quadrado. Depois da satisfação, sempre vem o estado de vazio... Sabemos disso!... Penso que, só a revelação, momento a momento, é que tem o poder de nos plenificar e isso não pode ocorrer se não estamos abertos ao criativo — que é algo que somos e não que temos... Nós somos essa criatividade! Não há essa coisa de uma entidade que pensa ter criatividade! Somos essa criatividade! Não temo criatividade! Parece louco isso? Portanto, se ocorre uma crise real, em nosso interno, crise essa que abale substancialmente esse nosso pernicioso e venenoso estado de conformismo a um modo de vida de segunda mão, ocorre nessa crise, a possibilidade de um estado de abertura para o NOVO. É interessante aqui notar que a palavra "crise" tem o mesmo inicio de "crisálida"; crisálida é o momento de reflexão do nosso voraz estado de horizontalidade materialista da lagarta, a qual, depois de cansada da limitada identificação dos sentidos, através de um profundo período de isolamento, de silêncio meditativo — o que não significa a busca literal de isolamento físico — busca potencializar seu intrínseco estado de borboleta, com o qual encontra novas possibilidades nunca se quer antes imaginada. Nesse novo estado de ser, há beleza, leveza e liberdade de ação. Essa conformose, essa doença do conformismo é que nos mata lentamente. A vacina de imunização dessa doença da conformose, se dá pela agulha afiada da observação factual, sem que ocorra espaço para qualquer tipo de defesa, de julgamento, de justificação... Apenas olhar o fato de que somos pessoas de segunda mão, sem que percebamos, nos abre as portas para o processo de resgate da originalidade que somos, em nós abafada por uma cultura mesmérica, por uma cultura de moda, pela qual somos literalmente "modelados". Penso que é urgentemente necessário ver isso — não de forma intelectual ou verbal — mas sim, de forma visceral, holística; sem a percepção disso, teremos que continuar aplacando o vazio de nossa existência sem vida — como há muitos anos temos feito — através de alguma forma de narcotização: seja pelo trabalho, pela aquela fedorenta ideia de "comer o pão através do suor de nosso rosto", seja pela cervejinha diária, pelo sexo destituído de amor, seja pela lucrativo mercado da pornografia, seja pelas conversas de balcão que não geram reflexão nutritiva, seja pelos tumultuados passeios pelos shoppings que nos escravizam aos nossos extratos de cartão de crédito, ou então, como quase todos hoje estamos viciados, pelo Facebook, em nossas coleções de frases curtas e de curto impacto que nos fazem parecer ser conscientes.
Vinho: Agora você não bebe sua cervejinha? Não faz amor? Não tem que fotografar para pagar suas contas?
Out: ok! Isso já era de se esperar... Novamente a natural atitude de defesa, só que, agora, através desse transgeracional vício comparação... A mente é realmente uma merda!... Esse chip é forte mesmo! E com a velocidade de mil terabytes por segundo!
Vinho: Não é comparação, mas você também vive no sistema, mesmo querendo voar dele!
Out: Não, eu não estou inserido nesse sistema... Acha que isso que lhe escrevo possa ser resultado de algo não vivido?
Vinho: Se você bebe e trabalha, está nele inserido, mesmo que por momentos.
Out: Isso me parece ser uma análise muito infantil; me perdoe! Penso ser uma forma de escapismo da real, bem imatura, por sinal! No meu entendimento, não há nenhum problema na ação em si, mas sim, no espírito que move tais ações.
Vinho: Imatura? Por que? Quando curto os bens materiais, tipo a cerveja e cármico tipo sexo é infantil? E você? É transcendental?
Out: Me reportei no sentido de como tentamos aplacar nosso imenso e disfarçado vazio. Veja: se nossa conversa ficar no nível do confronto mental de limitados e condicionados pontos de vista, não haverá espaço para um real encontro entre nós. Para isso, o que é exigido de nós, é um poderoso estado de honestidade emocional... Em vista disso, se me permite, lanço-lhe umas perguntas, perguntas estas que, se você for realmente honesto, talvez, possam lhe roubar boas horas de sono, podem tornar seu travesseiro um enorme peso. São elas: Você é feliz? Você ama? Você é criativo?... Se você é feliz — de fato — não há porque continuarmos esta conversa; se você sabe o que é amor — de fato — não há porque continuarmos esta conversa; se você sabe o que é criatividade — de fato — não há porque continuarmos esta conversa... se você sabe o que é liberdade — de fato — não há porque continuarmos esta conversa...
Vinho: Claro que, de modo geral, não sou feliz! Afinal, falta amor em vários sentidos!
Out: Agora, se você e eu, percebemos de forma madura, séria, que não temos isso... continuamos com peças brancas e pretas, em cima do velho tabuleiro, ou jogamos tudo isso no chão e olhamos para isso?
Vinho: O problema é que você não está conversando, mas, discursando!
Out: Bem, se para você, conversar é reagir rapidamente sem ao menos se dar ao trabalho de escutar com profunda atenção um ponto de vista em todo seu contexto
então, é melhor mesmo, pararmos por aqui.
Vinho: Para mim conversar é ouvir, mas interagir.
Out: Mas, você acha mesmo que sabe o que significa ouvir?
Vinho: Dialogar. poder colocar pontos de vista, pois sei o que você quer: passar a mensagem de viver e não de apenas sobreviver; sair do sistema... Sei!
Out: Bem, sendo assim, acho que chegamos ao fim, afinal, como você mesmo afirma: você já sabe!... Sua xícara "parece" cheia!... Para o que estou tentando apontar — enquanto sua mente insiste em interromper com a velocidade de processamento de um Pentium 7 — é preciso um forte chute psíquico para quebrar sua xícara!
Vinho: Tenho muito para aprender, saber a respeito do que você está falando... Sei muito bem que, infelizmente, fomos transformados em robôs... Observei de vez isso, um dia desses no metrô, observando como as pessoas iam trabalhar, sem pestanejar, sem sorrir; estavam lendo, mas se perguntássemos sobre uma passagem do texto, penso que não saberiam falar do que liam... Isso me assustou!
Out: Cara, não existem pessoas aqui, só eu e você, então, quem é robô?
Vinho: Estou falando de modo geral.
Out: Mas eu não quero falar de modo geral; quero falar sobre nós dois aqui!
Vinho: Nem um de nós é robô. Ok.
Vinho: Penso que, generalizar, faz parte do softer que instala o tal processo de robotização.
Out: Você tem mesmo a certeza de que nenhum de nós está num modo de vida robotizado? Olhe bem para isso! Será que realmente podemos afirmar isso?
Vinho: Apenas exemplifiquei... Sei que também sai da minha casa para repetir as mesmas tarefas... Até a Rádio que ouço repete as mesmas notícias, problemas, músicas. Mas, quero de fato parar e pensar, refletir e fazer algo útil para minha vida, sair dessa prisão... esta exemplificação acima foi mais uma defesa!
Out: Veja, se possível for, mais tarde, veja bem, mais tarde, releia esta conversa e, perceba, ao mesmo tempo em que a lê, o que ocorre em sua mente diante daquilo que está lendo... Quando fazemos isso, sem que percebamos, estamos achando os fragmentos... É como se passássemos um scandisk mental, de forma silenciosa, em busca de possíveis bad blocks em nossa HD mental, os quais bloqueiam a livre expressão da criatividade. Para mim é um fato: sem a criatividade, nossa vida será uma eterna rotina, um processo de mesmerização; mesmerização essa que vai dar no vazio existencial, o qual sempre teremos que narcotizar de algum modo. Portanto, meu convite foi lançado: vá para você! Vá para a observação do ser que lhe faz ser...
Vinho: Se você realmente tiver paciência em me ajudar, ficarei contente, mas sou teimoso, terá que ter paciência. Isso é vero! É uma robotização e fico contente que tem uma pessoa, você que conseguiu se desvincular desse lado.
Out: Vá para a observação daquilo que você pensa ser e, através dessa observação, descubra aquilo que você realmente é... Nisso está o criativo; nisso está a liberdade; nisso está a fonte da única riqueza necessária... E só nisso se encontra a inteligência que somos...
Vinho: Então acha que minha vida é triste porque não extraio nada do meu ser?
Out: Lá vem você de novo... Por que você se preocupa com o que eu possa pensar ou não sobre sua vida? Não seria esse tipo de preocupação o que nos limita?... Essa constante preocupação com o parecer alheio?
Vinho: Porque você é meu mentor nessa transformação... Não é fácil sair do mundo robotizado e mergulhar no seu sem trocar informações...
Out: Não há nada disso aqui, nada dessa merda de ser mentor... Somos amigos amigos conversando sobre esse cansaço de tentar continuar fazendo parte do coro dos contentes; amigos com coragem para fazer uso de uma rebeldia inteligente, a qual aponta para o não conformismo criativo, o qual gera reflexão e profunda responsabilidade, ou seja, a capacidade de responder por aquilo que vemos como verdade.
Vinho: Tem algum livro básico que possa me emprestar?
Out: Olha, tenho os blogs, os quais lhe passei, mas na real?... O melhor livro que lhe indico é a leitura do livro que você é, ler esse livro sem pular páginas, até, quem sabe, encontrar a assinatura do seu autor...
Vinho: Entendi!
Out: Veja,amigo...
Vinho: Tenho que encontrar a mim mesmo!
Out: Precisamos de muita maturidade para olhar de frente no espelho e assumir a realidade de que não sabemos o que é amor, felicidade, liberdade e genuína criatividade. Se mascaramos isso, o que nos espera ao fim do baile da vida? Penso que nada!... A música se foi e não a ouvimos!... Não fizemos parte da banda... Só a vimos passar, enquanto na janela, brincávamos de fingir ser feliz!
Vinho: Sensacional esse último parágrafo da conversa; é realmente o que penso: amor, felicidade, liberdade e genuína criatividade... Teve um tempo que só pensava na liberdade e nunca fui livre!
Out: Pois então, como encontraremos isso de fato? Será externamente?... Ou internamente?
Vinho: Internamente!
Out: Poderemos encontrar isso se não olharmos de forma séria para aquilo que impede a ocorrência desse estado?... Percebo que, o medo, é o nosso maior entrave!... O medo de olharmos para isso com seriedade, sem justificar, sem fugir, mas vendo: observar, absorver o que é falso e verdadeiro e, nessa observação, se absolver de tudo aquilo que nos limita... E, percebo que só nos abrimos para esse estado de observação isento de escolha, de forma visceral, de forma integra, somente quando realmente estamos em crise com nossas zonas de conforto... Antes disso, continuamos empurrando a existência sem vida, com a barriga, ou seja, enchendo a barriga de coisas que não aplacam tal vazio da ausência de SER. Bem, vou almoçar! Acho que nossa conversa foi muito nutritiva. Você me permitiria postá-la em meu blog Histórias para cuidar do ser?
Vinho: Sim, pode postar no Blog! Beleza!
Out: Penso que conversas como essas, podem ajudar outras pessoas a refletirem sobre isso também.
Vinho: Boa pra caramba essa conversa!
Out: Obrigado! Então, depois te mando o link! Se cuida!
29 de janeiro de 2013
Áudio: A negligenciada arte de escutar com o coração
27 de janeiro de 2013
25 de janeiro de 2013
Filme: Contato (Completo)
Filme: Fenômeno (Completo)
24 de janeiro de 2013
Áudio: Na negação do que não é amor, existe amor
O pensamento não pode cultivar o amor
Por que a sua mente se amolda? Vocês já se fizeram essa pergunta? Vocês acaso se dão conta de que se amoldam a um padrão? Pouco importa qual seja esse padrão, se vocês mesmos o estabeleceram para si ou se ele foi estabelecido pata vocês. Por que estamos sempre nos amoldando? Onde há o amoldar-se não pode haver liberdade, e isto é óbvio. No entanto, a mente está sempre em busca de liberdade — quanto mais inteligente, quanto mais alerta, quanto mais consciente ela é, tanto maior a sua exigência de liberdade. A mente se amolda, imita, porque há mais segurança em agir assim, em seguir um padrão. Esse fato é evidente. Vocês fazem tudo o que fazem, socialmente, porque é melhor amoldar-se. Vocês podem ser educados no exterior, ser grandes cientistas, ou políticos, mas têm um temor secreto de que, se não forem ao templo ou não fizerem as coisas usuais que lhes foram ensinadas, algo de ruim possa sobrevir; por isso, se amoldam. O que acontece à mente que se amolda? Queiram, por gentileza, examinar essa interrogação. O que acontece com a sua mente quando vocês se amoldam? Antes de tudo, há uma total negação da liberdade, uma total negação do exame independente. Quando vocês se amoldam, há medo. Certo? Desde a infância a mente é treinada para imitar, para amoldar-se ao padrão que a sociedade estabeleceu — ser aprovado em exames, formar-se, se tiver sorte conseguir um emprego, casar-se, e ponto final. Vocês aceitam esse padrão e treme de medo de não segui-lo.
Em consequência, você negam interiormente a liberdade, vivem interiormente temerosos, têm a sensação interior de não ser livres para descobrir, indagar, pesquisar, questionar. E isso produz desordem nos nossos relacionamentos. Vocês e eu estamos tentando mergulhar profundamente nessa questão, ter dela uma real introvisão, perceber-lhe a verdade. E é a percepção da verdade que liberta a mente; não alguma prática, nem a atividade da indagação, mas a efetiva percepção daquilo “que é”.
Causamos a desordem nos relacionamentos, tanto interior como exterior, mediante o medo, o amoldar-se, a avaliação, que é comparação. O nosso relacionamento se acha em desordem, não apenas o relacionamento uns com os outros, por mais íntimo que seja, como também o relacionamento exterior. Se vemos essa desordem com clareza, não lá fora mas aqui dentro, no mais profundo do nosso ser, se vemos todas as implicações disso, a partir dessa percepção vem a ordem. Então não teremos de viver segundo uma ordem imposta. A ordem não tem padrão, ela não é um esquema dado; ela vem da compreensão do que é a desordem. Quanto mais vocês entendem a desordem no relacionamento, tanto maior é a ordem. Logo, temos de descobrir o que é o nosso relacionamento uns com os outros.
Como é o seu relacionamento com o outro? Você tem algum relacionamento ou o seu relacionamento é com o passado? O passado, com suas imagens, sua experiência, seu conhecimento, dá origem ao que vocês denominam relacionamento. Mas o conhecimento no relacionamento gera desordem. Estou em relação com vocês. Sou o seu filho, o seu pai, a sua mulher, o seu marido. Temos vivido juntos; vocês têm me magoado e eu a vocês. Vocês têm me perseguido, têm me importunado, têm me tiranizado, tem dito coisas duras pelas minhas costas e na minha frente. Eu tenho vivido com vocês há dez anos ou a dois dias, e essas lembranças permanecem, lembranças das ofensas, das irritações, do prazer sexual, dos aborrecimentos, das palavras brutais e assim por diante. Tudo isso está registrado nas células do cérebro que contêm a memória. Assim, meu relacionamento com vocês se baseia no passado. O passado é a minha vida. Se atentarem para isso, vocês hão de perceber como a mente, a vida, a atividade de vocês está arraigada no passado. O relacionamento arraigado no passado inevitavelmente gera desordem. Quer dizer, o conhecimento no relacionamento traz desordem. Se vocês me magoaram, eu me lembro disso; vocês me magoaram ontem ou há uma semana e isso permanece na minha mente; é o conhecimento que tenho de vocês. Esse conhecimento impede o relacionamento; esse conhecimento no relacionamento gera desordem. Portanto, a questão é: quando vocês me magoam, me lisonjeiam, quando me escandalizam, pode a mente varrer isso de si no momento sem registrá-lo? Vocês já tentaram fazer isso?
(...) Pode a mente nunca, jamais, absolutamente nunca registrar o insulto ou a bajulação? Isso é possível? Se a mente puder encontrar a resposta para essa pergunta, teremos resolvido o problema do relacionamento. Vivemos em relacionamento. O relacionamento não é uma abstração, mas um fato diário, cotidiano. Quer você vá para o escritório, volte e durma com sua mulher, quer brigue com ela, você está sempre em relacionamento. E se não há ordem nesse relacionamento entre você e outra pessoa, ou entre você e muitas pessoas ou uma única pessoa, você cria uma cultura que vai gerar, em última análise, desordem, como se faz hoje. Portanto, a ordem é absolutamente essencial. Para descobri-lo, pode a mente, embora tenha sido insultada, magoada, pisada, embora tenha ouvido palavras brutais dirigidas a si, nunca, nem mesmo por um segundo, reter essas coisas? Porque assim que essas coisas são retidas, já há o registro, e elas já deixaram uma marca nas células cerebrais. Percebam a dificuldade da questão. Pode a mente fazer isso, de modo a permanecer inteiramente inocente? A mente inocente é a mente que não pode ser magoada. Como ela não pode ser magoada, ela não vai magoar outra. Ora, isso é possível? Toda forma de influência, toda forma de incidente, toda forma de dano, de desconfiança, é lançada sobre a mente. Pode a mente nunca registrar e, assim, manter-se muito inocente e límpida? Vamos descobri-lo juntos.
Chegaremos a isso perguntando o que é o amor. Será o amor produto do pensamento? O amor se acha no campo do tempo? O amor é prazer? O amor é algo que pode ser cultivado, praticado, construído pelo pensamento? Ao investigar isso, temos de nos aprofundar na pergunta: o amor é prazer — sexual ou de alguma espécie? A nossa mente procura o prazer o tempo inteiro: ontem fiz uma boa refeição, o prazer da refeição é registrado e desejo mais, uma refeição ainda melhor ou o mesmo tipo de refeição amanhã. Encantei-me muito com o pôr-do-sol, com a observação da lua por entre as folhas ou com a visão de uma onda lá longe no mar. Essa beleza gera um enorme deleite, e isso é um prazer imenso. A mente o registra e deseja vê-lo repetir-se. O pensamento pensa sobre o sexo, pensa, detém-se longamente nele, deseja vê-lo repetir-se; e a isso vocês dão o nome de amor. Estou certo? Não se embaracem quando falamos de sexo; ele é parte de sua vida. Vocês o tornaram repulsivo porque negaram todos os tipos de liberdade exceto esta.
Então o amor é prazer? Será o amor produto do pensamento, assim como ocorre com o prazer? O amor é inveja? Pode amar aquele que é invejoso, ganancioso, ambicioso, violento, amoldável, submisso, totalmente em desordem? Então, o que é o amor? Ele não é, evidentemente, nada disso. Ele não é prazer. Entendam, por favor, a importância do prazer. O prazer é mantido pelo pensamento; em consequência, o pensamento não é amor. O pensamento não pode cultivar o amor. Ele pode cultivar, e cultiva, a busca do prazer, assim como cultiva o medo, mas não pode criar amor, nem fabricá-lo. Vejam a verdade. Vejam-na e vocês haverão de expulsar de si mesmos, de uma vez por todas, a ambição e a cobiça. Portanto, mediante a negação, vocês chegam à coisa sobremodo extraordinária chamada amor, que é a coisa mais positiva.
A desordem no relacionamento significa que não há amor, e essa desordem existe quando há o amoldar-se. Assim, a mente que se amolda a um padrão de prazer ou ao que pensa ser o amor jamais pode saber o que é o amor. A mente que compreendeu todo o processo de amadurecimento da desordem alcança uma ordem que é virtude e que é, por conseguinte, amor. É a vida de vocês, e não a minha. Se não viverem dessa maneira, vocês serão muito infelizes, ver-se-ão tomados pela desordem social e levados para sempre de roldão por essa correnteza. Só o homem que escapa dessa correnteza sabe o que é o amor, o que é a ordem.
Krishnamurti — Madras, 16 de dezembro de 1972
Liberte-se do sistema “messiânico”
Dom Peps: e ai Out?
Outsider: estamos ai!
D.P: você está na padaria?
Out: em casa.
D.P: ok
Out: como você está?
D.P: estou indo!
Out: Está em casa?
D.P: Só na observação sem o observador.
Out: como assim? Iluminou?
D.P: nada!
Out: vi pelos seus post no Facebook, que você teve uns surtos de sanidade... ahahaha
D.P: as vezes dá uma luz.
Out: Nossa conversa gerou reflexão.
D.P: sim, claro!
Out: A galera deu retorno pelos comentários no Youtube... Foi além mar!
D.P: potencializa!
Out: um carinha de Portugal se identificou com nossa conversa.
D.P: sério? Que legal! Sinal que não estamos viajando !
D.P: fico contente que tem pessoas nos ouvindo; as nossas conversas realmente tem causado efeito; vejo que isso vai acordar as pessoas.
Out: sim, talvez!
D.P: vai ficar gravado para posteriores gerações.
Out: está ocorrendo uma expansão de conscientização, graças a Net, talvez, como nunca antes na história humana.
D.P: verdade.
D.P: Vejo que temos um papel fundamental...
Out: o papel fundamental que temos é conosco mesmo!
D.P: sim, claro! Sem recompensa!
Out: se libertar desse "eu" que pensa ter um papel fundamental; esse "eu" é uma falácia, um engodo, uma mentira!
D.P: sim, concordo!
Out: E vejo que é profundamente difícil, dele, abrir mão.
D.P: esse eu que engana a nós mesmos!
Out: ele parte da inadaptação social para tentar se adaptar como uma “entidade”, uma “entidade consciente”; ele parte de uma entidade sem consciência para tentar se mostrar como uma entidade profundamente consciente e, o pior de tudo, dizendo que essa consciência livresca, é de sua propriedade.
D.P: concordo!
Out: ele parte de uma entidade ignorante, para uma entidade cheia de conhecimentos colhidos de terceiros, se apropriando como fosse de sua própria inteligência; aliás, ela não tem nada de inteligência... Os "flashs de lucidez" ocorrem quando ela momentaneamente desaparece
D.P: sim, claro!
Out: ai ela chega e já quer assinar como se fosse de sua autoria, tal percepção lúcida.
D.P: concordo com você!
Out: é uma merda!
D.P: essa entidade é sagaz!
Out: pra cacete!
D.P: ela não quer ser anônima! Ela precisa aparecer; tem que ser a dona da mensagem!
Out: de certo modo, penso que, nesse processo, onde ela tenta se afirmar através do conhecimento alheio, sem que ela se perceba, através desse conhecimento, que abre espaço para a retomada da Consciência que somos, essa entidade vai entrando num processo de "egocídio".
D.P: mas ela não quer morrer; ela vai tentar de tudo pra viver.
Out: sim!... Estou atravessando isso; um período em que tenho tido, digamos assim, "baixas emocionais" que se parecem com a dor de luto; como se algo estivesse morrendo.
D.P: ela vai lutar até o fim...
Out: no entanto, a percepção do movimento do ego está muito forte, muito rápida; quase que “no pulo do gato”. Ainda ocorrem momentos em que o ego, o pensamento, a entidade, consegue criar aquele estado de "torpor mental", de hipnose momentânea, onde ocorre o devaneio, com suas somatizações físicas, como por exemplo, a profunda ansiedade. Só que, ao contrário de antigamente, não há nenhum movimento para deter a manifestação da ansiedade, ao contrário, o que ocorre, é um "sentar-se com a ansiedade", vendo-a, observando-a, tornando-se consciente de seu processo no tempo, na ponte do tempo psicológico, passado-futuro. Essa percepção desmonta o processo de ansiedade e não deixa marcas na memória. Portanto, não “cristaliza” o ego, mas sim, o espaço da consciência. Acho que a palavra melhor seria, “fundamenta", ao invés de "cristalizar".
D.P: ok!
Out: está ocorrendo um processo de "reparação", no sentido de reparar, ver o modo como essa entidade funcionou durante toda uma existência sem consciência; de perceber a enorme quantidade de auto-enganos, de escolhas irrefletidas, inconscientes e, muitas delas, inconsequentes.
D.P: entendo!
Out: há uma reparação da realidade da formação psíquica dessa entidade: medo, vergonha, inveja, ressentimento, ansiedade, luxúria, lascívia, maledicência, desejo de retalhação...
D.P: sim, claro!
Out: ...desejo de vingança, busca de segurança e prestígio; uma entidade autocentrada profundamente interesseira, que só se preocupa com o outro, se esse outro, de algum modo supre alguma de suas necessidades veladas.
D.P: exatamente!
Out: nessa reparação, há a percepção do total desconhecimento do que vem a ser AMOR, do que vem a ser a genuína COMPAIXÃO.
D.P: exato!
Out: há a percepção de que nunca houve um estado de ser cujo interesse pelo outro fosse totalmente desacompanhado de qualquer forma de auto-interesse.
D.P: as vezes, as pessoas confundem compaixão com piedade.
Out: deixemos as pessoas para lá; fiquemos com o foco só em nós dois... Isso é uma das maquinações do ego: desfocar!... Apontar para fora... Externalizar.
D.P: concordo!
Out: percebo nitidamente, que essa entidade sempre funcionou no sentido da busca da “satisfação sensória” e que nunca mediu esforços para conseguir suprir essa necessidade sensória. Desse modo, com todos que "pensou" manter contato, acabou usando-os como um meio a ser descartado quando do fim.
D.P: só pelo interesse: conta-se um enredo para depois chegar ao objetivo final.
Out: sim.
D.P: Ao suprir-se de prazer, logo, descarta-se “a preza”...
Out: mas é algo dotado de uma mínima consciência, sem contudo a consciência da CONSCIÊNCIA.
D.P: exatamente!
Out: os instintos naturais ficam a mercê das exigências descabidas do ego, da entidade, que precisa da "sensação" momentânea para que ocorra, digamos assim, um auto-esquecimento.
D.P: e essa sensação, fica sendo prolongada no tempo.
Out: sim, através da memória.
D.P: repetindo uma espécie de padrão comportamental.
Out: Sim! Esse padrão, quando se manifesta, "dispara" a busca de segurança e mais sensação; isso é factual!
D.P: igual o cachorro do Pavlov!
Out: sim! Exato!
Out: o fato é que, como dizia Gurdjieff , é que essa entidade tem sua base na mentira, ou seja, numa "mente irada", não numa mente amorosa, numa mente conscienciosa; uma mente iluminada por uma consciência amorosa, inteligente e criativa, de modo algum faz uso do outro, uma vez que esta não mais enxerga essa dualidade "eu-outro". Para ela, não há mais a ocorrência da chamada "Ilusão de separatividade"; para ela já não há mais aquela medição do tipo: "não farei com o outro aquilo que não quero que façam comigo!" Vejo que nessa afirmação, ainda encontra-se o medo, encontra-se a percepção de alguém não livre do medo e da busca de segurança, portanto, ainda há um espaço entre observador e coisa observada.
D.P: sim, claro!
Out: Essas percepções vão ocorrendo e, com elas, a instalação dessa Consciência que somos, a qual traz a genuína maturidade, que nada tem a ver com a questão da idade cronológica, mas sim, com o despertar da inteligência, até então, sufocada pelo entulho do condicionamento que dá origem a essa entidade autocentrada. E isso não se dá pelo processo de desejo, ou de esforço pessoal, mas sim, na espontânea manifestação de um estado ausente de desejo e de esforço. Ocorreu-me como exemplo, o efeito de uma vacina... Depois que você toma determinada vacina, não há nenhuma preocupação com a sua ação no corpo; você segue sua vida, enquanto a vacina segue sua limpeza e seu trabalho de “imunização interior”. Acho que a percepção, a reparação, funciona do mesmo modo: ela, de certo modo, cria esse processo de imunização diante das constantes influências, sejam elas exteriores ou interiores, influências essas que tem como função manter a continuidade da identificação ilusória com essa entidade autocentrada.
D.P: sim, claro! Na sua opinião, qual é a origem do pensamento?
Out: experiência memorizada condicionante; veja a criança: é pura! Começa, através do contato com “entidades cristalizadas”, a ter experiências condicionantes, as quais se estabelecem na memória, formando imagens, símbolos, que se cristalizam em forma de pensamento, que a seu tempo, se tornará pensamento manifesto através da “palavra”. A palavra, por sua vez, — que é pensamento — criará maior cristalização ainda. Faz sentido para você?
D.P: sim! E na sua opinião, o “sistema” usa isso?
Out: Isso é o sistema! Não existe isso de um sistema isolado fazendo uso disso - eu e você somos esse sistema! Somos esse sistema, seja ele se manifestando como "sistemaziado ao máximo ou ao mínimo".... Você é o sistema! A entidade que você pensa ser é o sistema, funcionando numa determinada forma do sistema comportamental. Veja: qual a diferença de um banqueiro que quer se apossar da sua energia financeira e dessa entidade que você pensa ser, quando esta quer se apossar da energia sexual de uma mulher, sem nenhum comprometimento?
Out: não há!
Out: Pois bem: trata-se da mesma “energia sistêmica” agindo em palcos diferentes. Ciente disso, vejo essa preocupação com o sistema, mais um mecanismo de fuga utilizado pela entidade para assim, autoperpetuar-se. A entidade É o sistema!
D.P: Verdade!
Out: Precisamos que ocorra um "desplugar"... Lembra-se do filme Matrix?
D.P: sim!
Out: antes do personagem “Neo” ter o início do seu processo de "desplugar", ele se depara dentro de uma espécie de cápsula de onde OBSERVA toda sistematização sonambúlica, lembra-se? Ai vem uma máquina e o pega pelo pescoço, mantendo a cabeça e o olhar fixos numa só direção... É aí que começa o “processo de desplugar”... em SI e não no assim chamado "sistema"!
D.P: sim!
Out: uma metáfora que aponta para a conscientização de que o trabalho é com a “cabeça do freguês" e não com a cabeça da sociedade.
D.P: sim!
Out: há que se ter a consciência de que, nesse processo de resgate da Consciência que somos, o ego vai querer vestir a capa "Messiânica", ou seja, do paladino da justiça, do salvador do mundo, do libertador do sistema.
D.P: verdade!
Out: muita gente cai nessa. Não sei se você já teve a triste mas educativa oportunidade de adentrar num sanatório...
D.P: ainda não.
Out: tem muita gente que é internada pensando ser um salvador, pensando ser Jesus ou outra figura messiânica qualquer; e tem muita gente aqui fora, neste imenso hospício que é a sociedade, se imaginando iluminado, se imaginando portador de uma poderosa mensagem de cura, se imaginando livre de qualquer tipo de questionamento, livre de qualquer resquício de ego. Talvez, quem sabe, existam de fato esses totalmente livres da ilusória identificação com a entidade, mas, até aqui, vivos, confesso que desconheço! O que se vê — assim como eu e você — são egos "esclarecidos" pelo conhecimento de segunda mão...
(Dom Peps não pode receber a mensagem pois está OFF-LINE)
Liberte-se do sistema “messiânico”
Dom Peps: e ai Out?
Outsider: estamos ai!
D.P: você está na padaria?
Out: em casa.
D.P: ok
Out: como você está?
D.P: estou indo!
Out: Está em casa?
D.P: Só na observação sem o observador.
Out: como assim? Iluminou?
D.P: nada!
Out: vi pelos seus post no Facebook, que você teve uns surtos de sanidade... ahahaha
D.P: as vezes dá uma luz.
Out: Nossa conversa gerou reflexão.
D.P: sim, claro!
Out: A galera deu retorno pelos comentários no Youtube... Foi além mar!
D.P: potencializa!
Out: um carinha de Portugal se identificou com nossa conversa.
D.P: sério? Que legal! Sinal que não estamos viajando !
D.P: fico contente que tem pessoas nos ouvindo; as nossas conversas realmente tem causado efeito; vejo que isso vai acordar as pessoas.
Out: sim, talvez!
D.P: vai ficar gravado para posteriores gerações.
Out: está ocorrendo uma expansão de conscientização, graças a Net, talvez, como nunca antes na história humana.
D.P: verdade.
D.P: Vejo que temos um papel fundamental...
Out: o papel fundamental que temos é conosco mesmo!
D.P: sim, claro! Sem recompensa!
Out: se libertar desse "eu" que pensa ter um papel fundamental; esse "eu" é uma falácia, um engodo, uma mentira!
D.P: sim, concordo!
Out: E vejo que é profundamente difícil, dele, abrir mão.
D.P: esse eu que engana a nós mesmos!
Out: ele parte da inadaptação social para tentar se adaptar como uma “entidade”, uma “entidade consciente”; ele parte de uma entidade sem consciência para tentar se mostrar como uma entidade profundamente consciente e, o pior de tudo, dizendo que essa consciência livresca, é de sua propriedade.
D.P: concordo!
Out: ele parte de uma entidade ignorante, para uma entidade cheia de conhecimentos colhidos de terceiros, se apropriando como fosse de sua própria inteligência; aliás, ela não tem nada de inteligência... Os "flashs de lucidez" ocorrem quando ela momentaneamente desaparece
D.P: sim, claro!
Out: ai ela chega e já quer assinar como se fosse de sua autoria, tal percepção lúcida.
D.P: concordo com você!
Out: é uma merda!
D.P: essa entidade é sagaz!
Out: pra cacete!
D.P: ela não quer ser anônima! Ela precisa aparecer; tem que ser a dona da mensagem!
Out: de certo modo, penso que, nesse processo, onde ela tenta se afirmar através do conhecimento alheio, sem que ela se perceba, através desse conhecimento, que abre espaço para a retomada da Consciência que somos, essa entidade vai entrando num processo de "egocídio".
D.P: mas ela não quer morrer; ela vai tentar de tudo pra viver.
Out: sim!... Estou atravessando isso; um período em que tenho tido, digamos assim, "baixas emocionais" que se parecem com a dor de luto; como se algo estivesse morrendo.
D.P: ela vai lutar até o fim...
Out: no entanto, a percepção do movimento do ego está muito forte, muito rápida; quase que “no pulo do gato”. Ainda ocorrem momentos em que o ego, o pensamento, a entidade, consegue criar aquele estado de "torpor mental", de hipnose momentânea, onde ocorre o devaneio, com suas somatizações físicas, como por exemplo, a profunda ansiedade. Só que, ao contrário de antigamente, não há nenhum movimento para deter a manifestação da ansiedade, ao contrário, o que ocorre, é um "sentar-se com a ansiedade", vendo-a, observando-a, tornando-se consciente de seu processo no tempo, na ponte do tempo psicológico, passado-futuro. Essa percepção desmonta o processo de ansiedade e não deixa marcas na memória. Portanto, não “cristaliza” o ego, mas sim, o espaço da consciência. Acho que a palavra melhor seria, “fundamenta", ao invés de "cristalizar".
D.P: ok!
Out: está ocorrendo um processo de "reparação", no sentido de reparar, ver o modo como essa entidade funcionou durante toda uma existência sem consciência; de perceber a enorme quantidade de auto-enganos, de escolhas irrefletidas, inconscientes e, muitas delas, inconsequentes.
D.P: entendo!
Out: há uma reparação da realidade da formação psíquica dessa entidade: medo, vergonha, inveja, ressentimento, ansiedade, luxúria, lascívia, maledicência, desejo de retalhação...
D.P: sim, claro!
Out: ...desejo de vingança, busca de segurança e prestígio; uma entidade autocentrada profundamente interesseira, que só se preocupa com o outro, se esse outro, de algum modo supre alguma de suas necessidades veladas.
D.P: exatamente!
Out: nessa reparação, há a percepção do total desconhecimento do que vem a ser AMOR, do que vem a ser a genuína COMPAIXÃO.
D.P: exato!
Out: há a percepção de que nunca houve um estado de ser cujo interesse pelo outro fosse totalmente desacompanhado de qualquer forma de auto-interesse.
D.P: as vezes, as pessoas confundem compaixão com piedade.
Out: deixemos as pessoas para lá; fiquemos com o foco só em nós dois... Isso é uma das maquinações do ego: desfocar!... Apontar para fora... Externalizar.
D.P: concordo!
Out: percebo nitidamente, que essa entidade sempre funcionou no sentido da busca da “satisfação sensória” e que nunca mediu esforços para conseguir suprir essa necessidade sensória. Desse modo, com todos que "pensou" manter contato, acabou usando-os como um meio a ser descartado quando do fim.
D.P: só pelo interesse: conta-se um enredo para depois chegar ao objetivo final.
Out: sim.
D.P: Ao suprir-se de prazer, logo, descarta-se “a preza”...
Out: mas é algo dotado de uma mínima consciência, sem contudo a consciência da CONSCIÊNCIA.
D.P: exatamente!
Out: os instintos naturais ficam a mercê das exigências descabidas do ego, da entidade, que precisa da "sensação" momentânea para que ocorra, digamos assim, um auto-esquecimento.
D.P: e essa sensação, fica sendo prolongada no tempo.
Out: sim, através da memória.
D.P: repetindo uma espécie de padrão comportamental.
Out: Sim! Esse padrão, quando se manifesta, "dispara" a busca de segurança e mais sensação; isso é factual!
D.P: igual o cachorro do Pavlov!
Out: sim! Exato!
Out: o fato é que, como dizia Gurdjieff , é que essa entidade tem sua base na mentira, ou seja, numa "mente irada", não numa mente amorosa, numa mente conscienciosa; uma mente iluminada por uma consciência amorosa, inteligente e criativa, de modo algum faz uso do outro, uma vez que esta não mais enxerga essa dualidade "eu-outro". Para ela, não há mais a ocorrência da chamada "Ilusão de separatividade"; para ela já não há mais aquela medição do tipo: "não farei com o outro aquilo que não quero que façam comigo!" Vejo que nessa afirmação, ainda encontra-se o medo, encontra-se a percepção de alguém não livre do medo e da busca de segurança, portanto, ainda há um espaço entre observador e coisa observada.
D.P: sim, claro!
Out: Essas percepções vão ocorrendo e, com elas, a instalação dessa Consciência que somos, a qual traz a genuína maturidade, que nada tem a ver com a questão da idade cronológica, mas sim, com o despertar da inteligência, até então, sufocada pelo entulho do condicionamento que dá origem a essa entidade autocentrada. E isso não se dá pelo processo de desejo, ou de esforço pessoal, mas sim, na espontânea manifestação de um estado ausente de desejo e de esforço. Ocorreu-me como exemplo, o efeito de uma vacina... Depois que você toma determinada vacina, não há nenhuma preocupação com a sua ação no corpo; você segue sua vida, enquanto a vacina segue sua limpeza e seu trabalho de “imunização interior”. Acho que a percepção, a reparação, funciona do mesmo modo: ela, de certo modo, cria esse processo de imunização diante das constantes influências, sejam elas exteriores ou interiores, influências essas que tem como função manter a continuidade da identificação ilusória com essa entidade autocentrada.
D.P: sim, claro! Na sua opinião, qual é a origem do pensamento?
Out: experiência memorizada condicionante; veja a criança: é pura! Começa, através do contato com “entidades cristalizadas”, a ter experiências condicionantes, as quais se estabelecem na memória, formando imagens, símbolos, que se cristalizam em forma de pensamento, que a seu tempo, se tornará pensamento manifesto através da “palavra”. A palavra, por sua vez, — que é pensamento — criará maior cristalização ainda. Faz sentido para você?
D.P: sim! E na sua opinião, o “sistema” usa isso?
Out: Isso é o sistema! Não existe isso de um sistema isolado fazendo uso disso - eu e você somos esse sistema! Somos esse sistema, seja ele se manifestando como "sistemaziado ao máximo ou ao mínimo".... Você é o sistema! A entidade que você pensa ser é o sistema, funcionando numa determinada forma do sistema comportamental. Veja: qual a diferença de um banqueiro que quer se apossar da sua energia financeira e dessa entidade que você pensa ser, quando esta quer se apossar da energia sexual de uma mulher, sem nenhum comprometimento?
Out: não há!
Out: Pois bem: trata-se da mesma “energia sistêmica” agindo em palcos diferentes. Ciente disso, vejo essa preocupação com o sistema, mais um mecanismo de fuga utilizado pela entidade para assim, autoperpetuar-se. A entidade É o sistema!
D.P: Verdade!
Out: Precisamos que ocorra um "desplugar"... Lembra-se do filme Matrix?
D.P: sim!
Out: antes do personagem “Neo” ter o início do seu processo de "desplugar", ele se depara dentro de uma espécie de cápsula de onde OBSERVA toda sistematização sonambúlica, lembra-se? Ai vem uma máquina e o pega pelo pescoço, mantendo a cabeça e o olhar fixos numa só direção... É aí que começa o “processo de desplugar”... em SI e não no assim chamado "sistema"!
D.P: sim!
Out: uma metáfora que aponta para a conscientização de que o trabalho é com a “cabeça do freguês" e não com a cabeça da sociedade.
D.P: sim!
Out: há que se ter a consciência de que, nesse processo de resgate da Consciência que somos, o ego vai querer vestir a capa "Messiânica", ou seja, do paladino da justiça, do salvador do mundo, do libertador do sistema.
D.P: verdade!
Out: muita gente cai nessa. Não sei se você já teve a triste mas educativa oportunidade de adentrar num sanatório...
D.P: ainda não.
Out: tem muita gente que é internada pensando ser um salvador, pensando ser Jesus ou outra figura messiânica qualquer; e tem muita gente aqui fora, neste imenso hospício que é a sociedade, se imaginando iluminado, se imaginando portador de uma poderosa mensagem de cura, se imaginando livre de qualquer tipo de questionamento, livre de qualquer resquício de ego. Talvez, quem sabe, existam de fato esses totalmente livres da ilusória identificação com a entidade, mas, até aqui, vivos, confesso que desconheço! O que se vê — assim como eu e você — são egos "esclarecidos" pelo conhecimento de segunda mão...
(Dom Peps não pode receber a mensagem pois está OFF-LINE)
23 de janeiro de 2013
Constatações sobre o amor a Deus
Outsider
22 de janeiro de 2013
Áudio: Olhando de frente a realidade que somos
Filme: Despertando como UM
19 de janeiro de 2013
17 de janeiro de 2013
Transições de paradigmas linguístico e comportamental
Constatações sobre educação
Com excelência de Vivência
Do que um professor
Com ciência de academência.
Outsider
Constatações sobre o fundo de poço
Outsider
16 de janeiro de 2013
Na compreensão da natureza do "eu" está a liberdade
A educação correta não está interessada em ideologia alguma, por mais promissora que seja uma futura Utopia; não se baseia em sistema algum, por mais escrupulosamente que tenha sido concebido; não é, tampouco, um meio de condicionar o indivíduo de determinada maneira. Educação no sentido verdadeiro, é ajudar o indivíduo a tornar-se um ente amadurecido e livre, para "florescer ricamente em amor e bondade". Nisso é que devemos estar interessados, e não, em moldar a criança de acordo com um padrão idealista.
Todo método de classificar as crianças segundo seus temperamentos e aptidões põe em relevo suas diferenças, cria antagonismo, fomenta divisões na sociedade e não ajuda a produzir entes humanos integrados. É bem evidente que nenhum método ou sistema pode promover a educação correta, e a estrita aderência a determinado método denota a indolência da parte do educador. Enquanto a educação se fundar em princípios rígidos, poderá produzir homens e mulheres proficientes, mas nunca formará entes humanos criadores.
Só o amor pode despertar a compreensão para com outrem. Quando há amor, há comunhão instantânea com outra pessoa, no mesmo nível, ao mesmo tempo. Porque somos tão áridos, vazios e sem amor é que deixamos os governos e os sistemas se encarregarem da educação de nossos filhos e da direção de nossas vidas; mas os governos precisam de técnicos eficientes e não de entes humanos, pois que estes se tornam perigosos para os governos — assim como para as religiões organizadas. É por isso que os governos e organizações religiosas têm interesse em controlar a educação.
A vida não pode ser posta em conformidade com um sistema, não podemos metê-la à força num molde, por melhor que este tenha sido concebido; e a mente que só se exercita no saber positivo, é incapaz de compreender a vida na sua variedade e sutilidade, nas suas profundezas e grandes alturas. Quando educamos nossos filhos de acordo com um sistema de pensamento ou uma determinada disciplina, quando os ensinamos a pensar "especializadamente", impedimos que eles se tornem homens e mulheres integrados, e por isso são incapazes de pensar inteligentemente, isto é, de encarar a vida como um todo.
A mais alta função da educação consiste em produzir um indivíduo integrado, capaz de entrar em relação com a vida como um todo. O idealista, tal como o especialista, não está interessado no todo, mas apenas na parte. Não poderá haver integração, enquanto estivermos interessados em algum padrão ideal de ação; e a maioria dos preceptores, que são idealistas, repudiaram o amor; suas mentes são áridas e seus corações insensíveis.
(...) Outra finalidade da educação é a de criar novos valores. Inculcar, simplesmente, na mente da criança os valores prevalescentes, fazê-la ajustar-se a ideais, é condicioná-la, sem despertar-lhe a inteligência. A educação está estreitamente ligada à presente crise mundial, e o educador que percebe as causas deste caos universal deve perguntar a si mesmo como despertar a inteligência do estudante e contribuir, deste modo, para que a geração futura não produza novos conflitos e desastres. Deve consagrar todo o seu pensamento, todo o seu desvê-lo e cuidado à criação do ambiente adequado e ao desenvolvimento da compreensão, para que, atingindo a madureza, a criança seja capaz de atender inteligentemente aos problemas que a vida lhe oferecer. Mas, para fazê-lo, precisa o educador compreender a si mesmo, em vez de confiar em ideologias, sistemas e crença.
Deixemos de lado os princípios e os ideais e interessemo-nos pelas coisas tais como são; o estudo do que é desperta a inteligência, e a inteligência do educador é muito mais importante do que seu conhecimento de um novo método de educação. Quando seguimos um método, ainda que tal método haja sido elaborado por pessoa sensata e inteligente, ele se torna tão importante que as crianças são consideradas importantes apenas quando se ajustam a ele. Tomamos as medidas da criança, classificamo-la e passamos a educá-la de acordo com um gráfico, um plano. Esse processo de educação pode ser muito conveniente para o preceptor, mas nem a prática de um sistema, nem a tirania da opinião e do saber podem produzir um ser humano integrado.
A educação correta consiste em compreender a criança tal como é, sem lhe impor nenhum ideal relativo ao que pensamos que ela "deveria ser". Enquadrá-la em um ideal é induzi-la a adaptar-se, o que gera temor e produz na criança um conflito constante entre o que ela é e o que "deveria ser". E todos os conflitos interiores têm suas manifestações exteriores na sociedade. os ideais constituem verdadeiro obstáculo à nossa compreensão da criança e a compreensão de si própria, pela criança.
O pai, que deseja de verdade compreender o filho, não o olha através da cortina de um ideal. Se ama o filho, observa-o, estuda-lhe as tendências, disposições e peculiaridades. Só quando não temos amor à criança lhe impomos um ideal, porque então pretendemos ver realizadas nela nossas próprias ambições e queremos que ela seja isso ou aquilo. Quem ama não o ideal, mas a criança, tem a possibilidade de ajudá-la a compreender-se a si própria, tal como é.
(...) para ajudar a criança, necessitamos de tempo para estudá-la e observá-la, e isso requer paciência, amor e carinho; mas, quando não temos amor, quando não temos compreensão, forçamos a criança a agir de acordo com um padrão a que chamamos "ideal".
Os ideais constituem escapula muito conveniente, e o preceptor que os segue é incapaz de compreender os seus discípulos e de cuidar deles inteligentemente; para ele o ideal do futuro, "o que deve ser ", é muito mais importante do que a criança atual. A fidelidade a um ideal exclui o amor, e sem amor nenhum problema humano pode ser resolvido.
O bom preceptor não confiará em método algum, estudará cada um dos seus discípulos individualmente. Nas relações que mantemos com as crianças e os adolescentes, não devemos encará-los como máquinas, passiveis de "endireitar" num instante, mas como seres vivos, impressionáveis, volúveis, sensíveis, medrosos, afetivos; e no trato com eles necessitamos de muita compreensão, da força da paciência e do amor. Quando carecemos dessas qualidades, recorremos a remédios prontos e fáceis, esperando resultados automáticos e maravilhosos. Quando somos desatentos, mecânicos em nossas atitudes e ações, eximimo-nos de todo e qualquer mister que nos pareça incômodo e que não possamos executar automaticamente; esta é uma das principais dificuldades na educação.
A criança tanto é resultado do passado como do presente, e como tal já está condicionada. Se lhe transmitimos nossa própria mentalidade, perpetuamos tanto o seu como o nosso condicionamento. Só há transformação radical se compreendemos nosso próprio condicionamento e nos livramos dele. Discutir sobre o deve ser educação correta, enquanto estamos condicionados, é totalmente fútil.
Enquanto as crianças são muito novas, devemos, é claro, protegê-las contra danos físicos e não deixar que se sintam fisicamente inseguras. Mas, infelizmente, não paramos aí; queremos formar suas maneiras de pensar e de sentir, queremos moldá-las de acordo com nossas próprias aspirações e intentos. Queremos preencher-nos em nossos filhos, perpetuar-nos através deles. Erguemos muralhas em redor deles, condicionamo-los a nossas crenças e ideologias, temores e esperanças — e depois choramos e rezamos quando morrem ou ficam mutilados nas guerras, ou quando as experiências da vida lhes infligem sofrimentos.
Essas experiências não trazem liberdade alguma;ao contrário, fortificam a vontade do "eu". O "eu" se constitui de uma série de reações defensivas e expansivas, e seu preenchimento está sempre em suas próprias projeções e agradáveis identificações. Enquanto traduzimos a experiência em termos relativos ao "eu", a "mim", ao "meu"; enquanto o "eu", o "ego", se mantiver por meio de suas reações, a experiência não pode ser livre de conflito, confusão e dor. A liberdade vem quando compreendemos a natureza do "eu", do "experimentador". Só quando o "eu", com suas reações acumuladas, não é mais o "experimentador", a experiência assume um significado inteiramente diferente e se transforma em criação.
Para ajudar a criança a libertar-se dos ditames do "eu", causadores de tantos sofrimentos, cada um de nós deverá modificar profundamente sua atitude e suas relações com a criança. Os pais e os educadores podem, com seu próprio entendimento e conduta, ajudar a criança a ser livre e a florescer em amor e bondade.
A educação, no seu estado atual, não favorece de maneira alguma a compreensão das tendências hereditárias e das influências ambientais, que condicionam a mente e o coração e sustentam o temor; por conseguinte, ela não nos ajuda a romper esses condicionamentos, para produzir um ente humano integrado. Qualquer forma de educação que só atenda a uma parte e não à totalidade do homem, conduz, inevitavelmente, a conflitos e sofrimentos cada vez maiores.
Só na liberdade individual pode florescer o amor e a bondade; e só a educação correta pode oferecer essa liberdade. Nem o ajustamento à sociedade atual nem a promessa de uma futura Utopia pode, em tempo algum, dar ao indivíduo aquele discernimento, sem o qual ele está sempre criando problemas.
O verdadeiro educador, que percebe a natureza intrínseca da liberdade, ajuda cada um dos seus discípulos, individualmente, a observar e compreender os valores e ilusões por ele próprio (discípulo) criados e "projetados"; ajuda-o a se tornar cônscio das influências condicionantes que o cercam, bem como dos seus próprios desejos, que limitam a mente e geram o temor; ajuda-o, no caminho para a virilidade, a observar e a compreender a si próprio em relação a todas as coisas, porque a ânsia de realizar nosso próprio preenchimento é a causadora de conflitos e tribulações infindáveis.
É certo que se pode ajudar o indivíduo a perceber os valores perenes da vida, sem condicioná-lo... A confusão que já existe no mundo surgiu porque o indivíduo não foi educado para compreender a si próprio. Deram-lhe alguma liberdade superficial, mas também lhe ensinaram a ajustar-se, a aceitar valores prevalecentes.
Contra estar "arregimentação", muitos estão insurgindo; esta revolta, infelizmente, é mera reação egoística, que ensombra mais ainda a nossa existência. O verdadeiro educador, cônscio da tendência da mente para a reação, ajuda o discípulo a alterar os valores atuais, não por meio da reação contra eles, mas pela compreensão do processo total da vida. A plena cooperação entre um homem e outro não é possível sem a integração, que a educação correta pode contribuir para o despertar do indivíduo.
Abandone o "você"
Isso vem de Swami Yoga Chinmaya. É porque você é muito você, e pesa demais sobre si mesmo.
A arte de amar
Constatações sobre a espiritualidade Fastbook
Outsider
Sobre a cultura de superfície aparente
Talvez, como nunca antes na história da assim chamada "raça humana" — dela, grande parte, de modo totalmente inconsciente, num triste e deplorável estado de ser que beira as raízes do sonambulismo profundo, o qual os mantém num modo acelerado e cabisbaixo —, vê-se o esforço desumano para se adaptar a apenas "subexistir" numa cultura de superfície aparente. Aparentemente, superficialmente, parecemos saudáveis; parecemos felizes; parecemos alegres; parecemos livres; parecemos fraternos; parecemos espiritualmente conscientes; parecemos saber reciclar; parecemos amar; parecemos fortes; parecemos seguros; parecemos belos, parecemos inteligentes, parecemos estar vivos; parecemos saber o que é beleza; parecemos realizados e — o que me parece ser o mais sério nessa tragi-bufa comédia humana —, parecemos acreditar saber o que é a verdade.
Existe um preceito de que, uma mentira repetida muitas vezes, torna-se uma verdade e, no tocante a essa instalada cultura de superfície aparente, isso tornou-se um fato: grandes mentiras são tidas como verdades; grandes ilusões são tidas como realidade; imaturas crenças são tidas como realidade empírica ; desnecessidades são tidas como necessidades; desvalores são tidos como valores; imoralidade é tida como moral; mesmerização de massa é tida por educação; alienação e mediocrização é tido por diversão; desinteressadamente agir em prol do coletivo é ingenuidade, enquanto que buscar por privilégios umbigóides é esperteza.
A hipnose criada por essa cultura de superfície aparente, faz com que entreguemos nossos corpos nas mãos de academias, instituições farmaco-médica-laboratoriais, clínicas de estética, os quais ditam a moda do que é saudável e do que é beleza, moda esta disponível apenas para aqueles que acreditam estar financeiramente estabilizados (ainda que para conseguirem isso, se desestabilizem mental, emocional e fisicamente). Ao nos entregarmos a essa máfia da estética, nos permitimos fazer parte de um lucrativo processo de "mesmerização", de "modelagem", de "colonização corporal", processo esse que nos torna aparentemente iguais no que é estabelecido como ideal e que, ao assim consentirmos, pactuamos de bom grado com o processo de adulteração de nossa natureza real, de nossa originalidade, a qual tem sua beleza própria, única, pessoal e intransferível. A irrefletida aceitação das exigências desse enorme e desfantástico Festival Woodstock das aparências, traz consigo, o roubo da nossa capacidade de percepção da beleza natural, que por sua vez, nos coloca em conflito numa solitária cela formada pelas grossas grades da identificação com a nossa ocasional e momentânea realidade física. Desse modo, encerrados nessa cela, em constante estado de ansiedade e conflito, permanecemos totalmente inconscientes para a chave que nos liberta desse triste confinamento: a percepção da poética beleza noética de nossa realidade atemporal, imaterial, incorpórea.
Outsider
15 de janeiro de 2013
Áudio: Liberdade e felicidade, agora
Como o pescador que sai para o oceano, para o mar alto, a fim de apanhar peixe, assim ele entrava pela vida a colher experiências e ao passo que as ia colhendo, era apanhado na sua própria rede e tinha que desembaraçar-se dessa rede de experiência, para ficar livre, para penetrar nessa Chama que é a essência de toda a experiência. Pouco a pouco essa pessoa que conheceis como Krishnamurti, que principiou como centelha separada, como ser separado da chama, habilitou-se, por meio de grandes experiências, a se unir com a chama.
Eu vos narrei esta história, porque, ordinariamente, quando um indivíduo, principia a evoluir como ser separado, leva eons, séculos para adquirir as lições, todos os ensinamentos que a vida pôde proporcionar antes que haja a possibilidade de perceber, de contemplar essa visão da Libertação e da Felicidade. Porém, para cada um de vós que aqui vos encontrais, é possível, agora, perceber essa visão da Libertação e Felicidade, porque estais agora na presença do Bem Amado e quando o Bem Amado estiver convosco, o tempo, como tal cessa de existir. Não necessitais passar por todas as experiências de tristeza, de aflição, de angustia, de alegria intensa para perceberdes essa meta que é o fim para todos. Assim como, o rio, no começo de um curso, conhece o seu fim e busca apressadamente entrar para o oceano, assim deveis saber, mesmo desde o começo de vossos dias o fim que à todos espera.
Eu vos estou dizendo isto, não para vos impor autoridade, não para vos tornar crédulos, para vos fazer prestar devoção à personalidade de um ser. Eu vos narro, tudo isto, porque, quando vos houverdes unido ao Bem Amado, quando imergirdes na Chama, podereis, então, sair e proporcionar esta Felicidade e esta Libertação aos outros. Podeis dar aos famintos a Felicidade que é duradoura, podeis proporcionar aos que estão na prisão da tristeza e da angustia, a visão da Libertação. Não podeis proporcioná-la, somente podeis mostrar-lhes o rumo, porém é o indivíduo que deve lutar para atingi-la. Pois a autoridade pode ser decepada como a arvore; e se não tiver raízes profundas dentro de vós, bem firmadas ao chão, vossa arvore morrera e terá que ser replantada. Se, porém, tiver as raízes bem e firmemente estabelecidas, então, ela brotará e dará tenras folhas e botões e dará mais uma vez sombra. E fazendo-vos a narrativa desta conquista, da Libertação e Felicidade, eu vos acentuarei, a cada um, que não deveis pensar no indivíduo que está falando, porém sim penetrar no interior e examinar a vós próprios. Pelo fato de haver eu encontrado minha Felicidade, por haver encontrado minha tranqüilidade e minha paz, por me haver unido, com o Bem Amado, desejaria que fizésseis o mesmo. E, para fazê-lo, para sentirdes esta união com o Bem Amado, é preciso que haja dentro de vós um coração puro e forte, uma mente desanuviada e tranquila. Como o sol brilha sobre tudo, sobre o lírio e sobre a arvore da floresta, e auxilia tanto a um como a outra a crescer, assim, quando o Bem Amado estiver convosco, crescereis até à vossa mais plena medida, não importando em que estágio de evolução vos encontrais.
Assim, amigo, quero, que verifiqueis exatamente de começo, que a Felicidade não depende de qualquer outro indivíduo, senão de vós próprios. Tem sido meu intenso anseio unir-me com o meu Bem Amado e este anseio foi cumprido porque foi meu propósito desde os dias primitivos. Agora, enquanto, o Bem Amado está convosco, desde que existe a possibilidade de contemplardes essa visão, de manterdes essa visão e bem estabelecê-la dentro de vosso coração, e da vossa mente, quero que deixeis de lado, que destruais todas as coisas que vos separam e assim vos torneis unos com o Bem Amado. Há uma grande oportunidade, existe uma grande possibilidade de conquista para vós, se sentirdes com bastante força e intensidade.
É meu propósito mostra-vos que dentro de vós reside a força, o poder para atingir e estabelecer dentro de vós a Felicidade e a Libertação, de modo que, quando sairdes para o mundo, possais falar com vossa própria autoridade nascida de vossa própria experiência.
Krishnamurti - A Fonte da Sabedoria Palestras realizadas no Acampamento de Ommen, Holanda, de 1926 à 1928