Se você realmente se importa em entrar em contato com o real, com a verdade — ou se preferir, pode usar a palavra Deus ou outra que lhe soe melhor aos ouvidos — se você realmente se importa em entrar em contato com aquilo que você realmente é — e não em manter aquilo que você sustenta ser através das desgastadas máscaras desse inseguro “eu” — prepare-se para o forte impacto da solidão que sempre esteve aí com você, prepare-se para constatação da limitação daquilo que pensamos ser “encontros”. Todo aquele que realmente se importa com a possibilidade da manifestação do real, não pode carregar consigo o medo que torna impossível o contato com a solidão que se é; é preciso ter a ousadia de se abrir para esse medo, para essa solidão e, nesse necessário estado de “abertura iniciática”, ser brindado com a sua benfazeja compreensão. Quando se tem medo de fazer frente à solidão que se é, não há como se alcançar aquele estado de liberdade, felicidade e genuína amorosidade, cuja limitação da palavra amor, não tem como nos apresentar; ao contrário, quando não se é capaz de fazer frente a esse estado natural de solidão, não há como se vivenciar a realidade do que vem a ser a verdadeira liberdade do assim chamado “espírito humano”; não há como vivenciar de forma direta, holística, a realidade que significa a palavra “autonomia”, a realidade do que significa ser uma entidade “psicologicamente autossuficiente”. Sem isso, sem esse consciente estado de abertura, o que fica é a continuidade da sustentação de um limitado estado de ser cuja base é medo, dependências psicológicas, com suas inevitáveis e descabidas exigências, tanto de si mesmo, como dos demais seres humanos que nos cercam, bem como da própria natureza, da qual, ilusoriamente pensamos estar em relação.
Outsider