Por que o homem é tão insensível?
Isso é bastante simples, não? Quando a educação se limita a transmitir conhecimentos e a preparar o estudante para obter empregos; quando lhe acena com ideais e o ensina a interessar-se unicamente em seu próprio sucesso — é obvio que o homem tem de tornar-se insensível. A maior parte de nós não tem amor em nossos corações. Nunca olhamos para as estrelas ou nos deleitamos com o murmúrio das águas; nunca observamos a dança do luar sobre as águas de uma torrente, ou o voo de uma ave. Nenhuma canção temos em nosso coração; estamos sempre e sempre ocupados; nossa mente está cheia de planos e de ideais de salvação da humanidade; professamos a fraternidade, e nossa própria fisionomia nos desmente. Eis porque é tão importante recebermos a educação correta enquanto ainda somos jovens, enquanto nossa mente e coração são receptivos, sensíveis, ardorosos. Mas esse ardor, essa energia, essa compreensão “explosiva”, são destruídos quando temos medo; e, em geral, tememos. Tememos nossos pais, nossos mestres, o sacerdote, o governo, o patrão; temos medo de nós mesmos. Consequentemente, a vida se torna coisa temível, sombria, e por isso o homem se torna insensível.
Krishnamurti — A cultura e o problema humano