Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

22 de outubro de 2011

Que adianta saber de tudo quando ainda não sabe quem se é?


Brunton: O que é exatamente o Si de que fala? Se aquilo que diz é verdadeiro deve haver um outro si no homem.

Sri Ramana: É possível ao homem ser possuído por dua entidades, dois "Sis"? Para compreender a questão é preciso em primeiro lugar que o homem se analise a si mesmo. Porque de há muito contraiu o hábito de pensar como pensam os outros, ele jamais encarou o seu Eu de maneira correta. Ele não tem de si uma imagem correta; de há muito vem-se identificando com o seu corpo e com o seu cérebro. Por isso peço-lhe que leve avante a sua investigação: "Quem sou eu?"

Pede-me que lhe descreva esse Si verdadeiro. Que se pode dizer? Trata-se daquilo de que emana o sentimento do Eu pessoal e em que este terá de desaparecer.  

Brunton: Desaparecer? Como é possível a alguém perder o sentido da própria personalidade?

Sri Ramana: O primeiro e principal pensamento de todos os pensamentos, o pensamento mais antigo na mente de qualquer homem, é o pensamento Eu. Somente após o nascimento desse pensamento poderá nascer qualquer outro. Somente depois que o primeiro pronome pessoal eu surgiu na mente poderá aparecer o segundo pronome pessoal Tu. Se lhe fosse dado seguir o fio do Eu até ser reconduzido de volta à sua origem, descobriria que, assim como é o primeiro pensamento a aparecer é o último a desaparecer. É uma experiência pela qual se pode passar.

Brunton: Quer dizer que é possível fazer uma investigação mental no interior de si mesmo?

Sri Ramana: Certamente. É possível caminhar para dentro até que o último pensamento, Eu, desapareça gradualmente.

Brunton: Que sobra então? O homem torna-se-á então inconsciente ou simplesmente idiota?

Sri Ramana: Não; pelo contrário, atingirá aquela compreensão que é imortal e se tornará verdadeiramente sábio, quando tiver despertado para o seu verdadeiro Si, que é a natureza real de todos os homens. 

Brunton: Decerto o sentido do Eu pertence a isso?

Sri Ramana: O sentido do Eu pertence à pessoa, ao corpo, ao cérebro. Quando um homem descobre seu verdadeiro Si algo mais se ergue das profundezas do seu ser e se apossa dele. Essa coisa está por detrás da mente; é infinita, divina, eterna. Alguns chamam-na o Reino dos Céus, outros Nirvana e os hindus Libertação. Dê-lhe o nome que desejar. Quando acontece, o homem na realidade não se perdeu; ao contrário, encontrou-se. 

A menos e até que um homem encete essa busca do verdadeiro Si, com certeza a dúvida e a incerteza acompanhar-lhe-ão os passos através da vida. Os maiores reis e estadistas tentam governar os outros quando no seu íntimo sabem-se incapazes de governar a si mesmos. No entanto, o maior dos poderes está ao alcance do homem que penetrou na sua profundidade... Que adianta saber tudo o mais quando não sabe ainda quem se é? Os homens fogem a esta devassa do verdadeiro Si, mas existirá outra empreitada igualmente digna de ser tomada a peito?

________________________________________
Conversa entre Paul Brunton e Ramana Maharshi, extraída do livro de Arthur Osborne, intitulado: RAMANA MAHARSHI E O CAMINHO DO AUTOCONHECIMENTO - Editora Pensamento 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Que bom que você chegou! Junte-se à nós!