Mas afinal, de uma vez por todas, vocês também querem fazer esta experiência comigo? Sim ou não? Penetrar na farsa espantosa que corre sob a naturalidade pacífica das relações cotidianas, aquelas que lhes parecem mais habituais e normais, sob a quieta aparência da assim chamada realidade das coisas? A farsa que também lhes faz gritar a cada cinco minutos, meu Deus, com o amigo que está do seu lado, em tom de raiva:
- Desculpe, mas você não está vendo isso? É cego?
E, no entanto ele de fato não vê, porque vê uma outra coisa, quando vocês acreditam que ele deva ver a sua coisa, tal como lhes parece; já ele a vê como lhe parece e, portanto, para ele o cego são vocês.
Esta farsa, meus senhores, eu já havia penetrado.