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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

6 de abril de 2012

Estágios da jornada do herói


A jornada do herói inclui três grandes estágios: a preparação, a jornada e o retorno. Durante o estágio de preparação, somos desafiados a provar a nossa competência, coragem, humanidade, ou nossa fidelidade a elevados ideais. Na jornada, deixamos a segurança da família ou da tribo e embarcamos numa busca onde encontramos morte, sofrimento e amor. Porém, o que é mais importante, nossos Selves são transformados. Nos mitos, essa transformação frequentemente é simbolizada pela descoberta de um tesouro ou objeto sagrado. Ao retornarmos da busca, nós nos tornamos Governantes de nossos reinos, os quais são transformados porque nós mudamos. Todavia, precisamos continuamente renascer e nos renovar. Se isto não acontece, nós nos transformaremos em tiranos apegados dogmaticamente às nossas antigas verdades, em detrimento de nossos reinos. Precisaremos empreender novamente a busca sempre que perdemos nosso senso de integridade e inteireza ou começamos a nos sentir incapazes de enfrentar os desafios da vida. 

Preparação

Os quatro primeiros arquétipos nos ajudam na preparação da jornada. Começamos na inocência e, com o Inocente, aprendemos a ter otimismo e confiança. Quando cometemos o "pecado original", nós nos tornamos Órfãos e nos sentimos desapontados, abandonados e traídos pela vida — e, especialmente, por aquelas pessoas que supostamente deveriam tomar conta de nós. Embora o Órfão nos ensine que precisamos prover às nossas necessidades e parar de recorrer aos outros para cuidarem de nós, ele se sente tão impotente e desamparado que sua melhor estratégia de sobrevivência consiste em juntar-se a outras pessoas que se ajudam mutuamente. 

Quando o Guerreiro entra em nossa vida, aprendemos a estabelecer metas e a desenvolver estratégias para alcançá-las, estratégias que quase sempre exigem disciplina e coragem. Quando o Caridoso torna-se ativo, aprendemos a cuidar das outras pessoas e, em última análise, a cuidar de nós mesmos. 

Esses quatro atributos juntos — otimismo, capacidade de nos juntarmos à outras pessoas para nos ajudarmos mutuamente, coragem de lutar por nós mesmos e pelos outros e compaixão e interesse por nós mesmos e pelas outras pessoas — nos proporcionam as habilidades básicas para a vida em sociedade. Todavia, quase sempre ainda nos sentimos insatisfeitos se fizermos apenas isto, muito embora tenhamos aprendido o que é necessário para sermos virtuosos e bem-sucedidos no mundo. 

A Jornada

Nós começamos a ansiar por alguma coisa que está além de nós mesmos e nos tornamos Exploradores, buscando aquela coisa inefável que irá nos satisfazer. Quando atendemos ao chamado e iniciamos a jornada, logo descobrimos que estamos suportando privações e sofrimentos, pois o Destruidor leva embora muito do que parecia essencial para a nossa vida. A iniciação através do sofrimento, entretanto, é complementada por uma iniciação em Eros, o Amante, quando nos vemos amando as pessoas, causas, lugares e atividades. Este amor é tão forte que implica um comprometimento — e não somos mais livres. O tesouro que emerge desse encontro com a morte e o amor é o nascimento do verdadeiro Self. O Criador nos ajuda a começar a expressar esse Self no mundo e nos prepara para retornarmos ao reino. Estas quatro capacidades — esforço, desprendimento, amor e criatividade — ensinam-nos os processos básicos que levam à morte do antigo Self e ao nascimento de um novo. O processo nos prepara para retornar ao reino e mudar nossa vida. 

A Volta 

Ao voltar, percebemos que somos os Governantes do nosso reino. No início, talvez fiquemos desapontados com o estado desses domínios. Todavia, à medida que vamos agindo com base na nossa nova sabedoria e nos tornamos mais plenamente verdadeiros em relação ao nosso mais profundo senso de identidade, a terra devastada começa a florescer. Quando o mago é ativado em nossas vidas, nós nos tornamos aptos a curar e transformar a nós mesmos e aos outros, de modo que o reino pode ser renovado continuamente. A jornada diz respeito, basicamente, à metamorfose.

Todavia, nós não ficamos completamente felizes ou satisfeitos até que possamos enfrentar a nossa própria subjetividade e, assim, o Sábio nos ajuda a conhecer o que é realmente verdade. Quando aprendemos a aceitar nossa subjetividade e a nos libertar de nosso apego aos desejos inferiores, conseguimos alcançar um estado de desprendimento no qual podemos ser livres. Aí, então, estaremos prontos para nos abrirmos ao Bobo e aprendermos a viver o momento alegremente sem nos preocuparmos com o amanhã. 

Este conjunto final de realizações — assumir total responsabilidade pela nossa vida, transformar e curar a nós mesmos e aos outros, desapego e compromisso com a verdade, e a capacidade de sermos alegres e espontâneos — é por si mesmo a recompensa da jornada.

Carol S. Pearson 

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