O paradoxo do nosso tempo na história é que temos construindo cada vez mais alto, mas menor padrão moral, auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos. Gastamos mais, mas temos menos, compramos mais, mas desfrutamos menos. Temos casas maiores e famílias menores, mais conveniências, mas menos tempo. Nós temos mais diplomas, mas menos senso, mais conhecimento, mas menos juízo, mais especialistas, ainda mais problemas, mais medicina, mas menos saúde.
Nunca estivemos vivendo uma época em que a preocupação com a estética sobrepôs-se de tamanha forma a preocupação com a ética como nos dias de hoje. Revestimos nossas bocas com dentes de porcelanas, mas temos a alma cariada. Nos vestimos de "marcas famosas" para esconder dos outros nossas "marcas desconhecidas" originarias de nossa educação medíocre, disfuncional e estúpida. Fazemos lipoaspirações das gorduras do corpo, mas mantemos nossas mentes com a gordura do embotamento dos condicionamentos e preconceitos disfuncionais oriundos da tradição familiar e social. Investimos nosso tempo e dinheiro em benfeitorias estéticas, mas não nos damos o tempo e a seriedade necessária para a formação de uma consciência apurada e assim nos mantemos num estado de mediocridade, insensibilidade e pobreza de espírito. Lustramos a porcelana, mas não trocamos a água estagnada do vazo.
Nelson Jonas - nj.ro@hotmail.com