A vida não dá ouvidos à nossa lógica; ela segue à sua própria moda, imperturbável. Você tem de ouvir a vida; a vida não ouvirá a sua lógica, ela não se incomoda com ela.
Enquanto segue pela vida, o que você vê? Cai uma grande tempestade e árvores frondosas vêm abaixo. De acordo com Charles Darwin, elas deveriam sobreviver, pois são as mais qualificadas, as mais fortes, as mais poderosas.
Olhem para uma árvore antiga, 90 metros de altura, 300 anos de idade. Só a presença da árvore já transmite força, um sentimento de força e poder. Milhões de raízes espalhadas dentro da terra, nas profundezas, e a árvore mantém-se firme em seu poder.
Claro que a árvore luta — ela não quer sucumbir, se render — mas, depois da tempestade, ela caiu, está morta, não tem mais vida, e toda força se foi. A tempestade foi além da conta — as tempestades sempre são além da conta, porque a tempestade vem do todo e a árvore é apenas um indivíduo.
Então há o mato e o capim — quando a tempestade cai, o capim cresce e a tempestade não pode causar nenhum dano a ele. No máximo pode lhe fazer uma boa limpeza, isso é tudo; toda a sujeira que se acumulara é levada. A tempestade lhe dá um bom banho e, quando se vai, o mato e o capim estão novamente dançando felizes. O capim quase não tem raízes, pode ser arrancado por uma criança pequena, mas a tempestade foi vencida. O que aconteceu?
O capim seguiu o caminho do Tao, o caminho de Lao-Tsé. E a árvore frondosa seguiu Charles Darwin. A árvore frondosa era muito lógica: tentou resistir, tentou mostrar sua força. Se você tentar mostrar sua força, será vencido. Todos os Hitlers, todos os Napoleões, todos os Alexandres são árvores frondosas, árvores fortes. Eles todos foram vencidos.
Lao-Tsé é assim como o mato: ninguém pode vencê-lo porque ele está sempre pronto para se render. Como você pode vencer uma pessoa que se rende, que diz, "Já fui derrotado", que diz, "Senhor, goze da sua vitória, não há por que causar nenhum problema. Fui derrotado".
Até um Alexandre se sentiria fútil diante de um Lao-Tsé; ele não pode fazer nada.
Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"