Responsabilidade Social, por NJRO.
Toda classe dominante que se sente ameaçada procura ocultar o conteúdo de classe de sua dominação e apresentar a sua luta como destinada a manter não uma determinada forma social, histórica, e sim algo “eterno”, concernente a todos os valores humanos.
A fim de salvar um conteúdo social superado, a classe dominante adota uma atitude de proteção às velhas formas, conquanto esteja sempre preparada para, em um momento crítico, abandonar essas velhas formas por uma ditadura sem disfarce.
Ao mesmo tempo, a classe dominante procura levantar suspeitas em relação às novas formas – que podem ainda não ter alcançado a sua plena maturidade – com a finalidade de combater o novo conteúdo social.
Com o tempo, foi se tornando cada vez mais difícil justificar ou glorificar o velho conteúdo social do capitalismo, dados os seus desastres; por isso, os paladinos do capitalismo, defendem agora “apenas” as suas formas de expressão políticas e sociais.
Essa tendência para subestimar o conteúdo e para encarar a forma como se ela fosse essencial, a única coisa realmente digna de atenção, é uma tendência que exerceu influência sobre amplos setores da inquieta intelectualidade do mundo capitalista.
Numa sociedade decadente, a arte, se for verdadeira deve também refletir decadência. E a menos que queira atraiçoar sua função social, a arte deve mostrar o mundo como mutável e ajudar a mudá-lo.
A arte pode levar o homem de um estado de fragmentação a um estado de ser íntegro, total. A arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda não só a suportá-la, como a transformá-la, aumentando-lhe a determinação de torna-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade. A arte, ela própria, é uma realidade social. A sociedade precisa do artista, este supremo feiticeiro, e tem o direito de pedir-lhe que ele seja consciente de sua função social.
Ernst Fischer