A chave para esses novos poderes reside na possibilidade do homem tornar-se consciente de si mesmo e de seu lugar no universo que o cerca. Pois a partir disso pode surgir - em casos muito afortunados - uma alma completamente formada, ou um princípio permanente de consciência.
Comumente, não há nem permanência nem consciência no homem. Cada uma dessas funções fala nele automaticamente, e por sua vez, com uma voz diferente, para seus próprios interesses, indiferente aos interesses das outras que formam a totalidade, ainda assim, usando a língua e o nome do individuo.
"Eu preciso ler o jornal!", diz a função intelectual. "Eu vou caminhar!", contradiz a função motora. "Estou com fome!", declara a digestão; "Estou com frio!", o metabolismo. E Eu não vou frustrar-me!" grita a emoção passional, em defesa de alguma delas.
Tais são os muitos 'eus' do homem. E neles reside a chave para todas as contradições internas e externas, que mergulha-o em tal confusão, cancela suas melhores intenções, e mantém-no ocupado pagando as dívidas que foram de forma imprudente efetuadas por cada um dos seus muitos lados. Cada função de sua essência, assim como cada imaginação de sua personalidade, faz promessas, incorre em obrigações, pelas quais o homem como um todo deve aceitar a responsabilidade.
Assim, a primeira condição para uma alma ou um princípio unificador, reside no confinamento gradual de cada função a seu papel apropriado, através da auto-observação e da consciência, e da remoção progressiva das contradições entre elas através do reconhecimento comum de todas elas desse objetivo único.
Rodney Collin