"O OUTRO"
Trechos onde K. fala deste Outro ("Otherness" ou "the Other")
"É muito difícil manter o contentamento puro, o descontentamento que diz: isso não é suficiente, deve haver algo mais.Nós todos conhecemos este sentimento, o sentimento do Outro que logo nós traduzimos como Deus, ou Nirvana - e lemos um livro sobre Ele e ficamos perdidos. Mas este sentimento do Outro, a busca, a indagação d'Ele - isto, eu penso, é o começo do impulso real de ser livre de todas as influências políticas, religiosas, tradicionais e abrir caminho através deste muro."
Trechos onde K. fala deste Outro ("Otherness" ou "the Other")
"É muito difícil manter o contentamento puro, o descontentamento que diz: isso não é suficiente, deve haver algo mais.Nós todos conhecemos este sentimento, o sentimento do Outro que logo nós traduzimos como Deus, ou Nirvana - e lemos um livro sobre Ele e ficamos perdidos. Mas este sentimento do Outro, a busca, a indagação d'Ele - isto, eu penso, é o começo do impulso real de ser livre de todas as influências políticas, religiosas, tradicionais e abrir caminho através deste muro."
Poona, Índia, 21 de setembro de 1958.
"Para ter esta extraordinária, fresca e renovada sensação do Outro, a mente deve entender a si mesma. É por isso que é importante que haja um despertar de autoconhecimento mais profundo e abrangente."
Poona, Índia, 17 de julho de 1949.
"Se você está atento a todo este processo da mente, tanto o consciente quanto o inconsciente, se você realmente o vê e o entende, então descobrirá que a mente se torna extraordináriamente quieta sem qualquer esforço. A quietude que é produzida pela disciplina, pelo controle, é a quietude da morte, mas a quietude da qual estou falando vem sem esforço, quando se entende este processo todo da mente. Somente então há uma possibilidade de chegar a existir este Outro, que pode ser chamado Verdade ou Deus."
Madanapalle, 26 de fevereiro de 1956.
"Estando conscientes da monotonia de sua existência, percebo o aborrecimento (a exaustão, o cansaço) de suas múltiplas existências, a mente está sempre tentando capturar este outro estado; mas quando a pessoa vê que a mente é o conhecido, e que seja lá qual for o movimento que ela faça, nunca pode capturar este Outro, que é o desconhecido, então nosso problema não é como capturar o desconhecido, mas se a mente pode libertar-se do conhecido. Penso que este problema deve ser considerado por qualquer pessoa que queira descobrir se há uma possibilidade de vir a existir este outro estado, o desconhecido."
Madanapalle, 26 de fevereiro de 1956.
"Sem o Real, a vida se torna muito embotada, como o é agora para a maioria das pessoas; e estando nossas vidas embotadas, nos tornamos românticos, sentimentais a respeito deste outro estado, o Real."
Madanapalle, 26 de fevereiro de 1956.
"A Verdade, a Realidade ou este Outro, não tem ponto fixo - Ele obviamente não pode ser abordado por um caminho, mas deve ser descoberto de momento a momento."
Madanapalle, 26 de fevereiro de 1956.
"De sua parte você pode dizer que é isso ou aquilo, essa ou aquela qualidade, mas no momento em que acontece não houve verbalização, pois o cérebro estava totalmente quieto, sem nenhum movimento do pensamento. Mas o Outro (estado) não tem relacionamento com coisa alguma e todo pensamento e o ser é um processo de causa e efeito, e assim não havia entendimento ou relacionamento com ele. Era uma chama da qual se podia aproximar - e você só podia olhar para ela e manter-se à distância."
"O Diário de Krishnamurti", de 20 de outubro a 20 de novembro de 1961.
"Toda comparação, medida, pertence ao pensamento e assim ao tempo. O outro estado era a mente sem tempo; era a respiração da inocência e da imensidão."
"O Diário de Krishnamurti", de 20 de outubro a 20 de novembro de 1961.
"Este Outro não é algo extraordinário, não é alguma energia misteriosa, mas é misterioso no sentido de ser algo além do tempo e do pensamento. Uma mente que está presa no tempo e no pensamento nunca pode compreendê-lo. Deve haver morte e destriição total para ele existir; não a revolução das coisas exteriores, mas a destruição total do conhecido no qual todo refúgio e existência são cultivados. Deve haver vazio total e somente então este Outro, o que não tem tempo, surge. Mas este vazio não é para ser cultivado, não é resultado cuja causa possa ser comprada e vendida; nem é decorrência do tempo e do processo evolucionário; o tempo só pode gerar mais tempo."
"O Diário de Krishnamurti", de 20 de outubro a 20 de novembro de 1961.
"A meditação não é o caminho do esforço; todo esforço contradiz, resiste; esforço e escolha sempre criam conflito - e a meditação então se torna apenas uma fuga do fato, do que é. Mas andando naquela estrada, a meditação cedeu àquele Outro (outro estado), silenciando totalmente o cérebro que já estava quieto; o cérebro era apenas uma passagem para aquele imensurável; como um rio profundo e largo no meio de duas margens bem íngremes, este Outro estranho se movia, sem direção, sem tempo."
"O Diário de Krishnamurti", 06 de dezembro de 1961.
"A meditação continuava com aquela quietude e esta quietude era amor; não o amor de algo ou de alguém, a imagem e o símbolo, a palavra e as fotos. Era apenas amor, sem sentimento. Era completo em si mesmo, nu, intenso, sem raiz e direção. O som daquele pássaro ao longe era aquele amor; era a direção e a distância, estava lá sem tempo e palavra. Não era uma emoção, que se apaga e é cruel; o símbolo, a palavra podem ser substituídos - mas não a coisa. Sendo nu, Ele era completamente vulnerável e assim indestrutível. Ele tinha aquela força inacessível daquele outro estado, o desconhecido, que estava chegando através das árvores e além do mar. A meditação era o som daquele pássaro chamando deste vazio e o rugido do mar, fazendo um estrondo na praia."
"O Diário de Krishnamurti", 11 de dezembro de 1961.
"A meditação cedia ao outro estado; era de uma pureza abaladora. Sua pureza não deixava nenhum resíduo; estava lá, era tudo e nada existia."
"O Diário de Krishnamurti", 10 de outubro de 1961.