A idéia de Guru sempre me causou repulsa, uma obstinada negação. Havia um enorme contrassenso em meu modo de ser. Sempre me considerei um "sério buscador", daqueles que não se entregam de modo algum à dependência física de um guru (já não posso afirmar isso quanto aos gurus em forma de livros). Na minha pseudo-seriedade, na minha pseudo-sabedoria, nunca me ocorreu investigar o por que dessa obstinada recusa, o por que dessa obstinada negação, dessa obstinada resistência às experiências de outro ser humano, que afirma ter sido agraciado por uma visão de longo alcance, visão essa que não é fruto dos esforços do intelecto, mas sim, da Graça. Ao contrário, preferia defender com as unhas e dentes do meu intelecto, minha enorme, orgulhosa e presunçosa miopia. Sempre mantinha uma postura de medição analítica preconceituosa, a qual sempre me impediu o tão necessário estado de abertura de mente, sem a qual, nunca se dá o precioso encontro, aquele fecundo encontro no Ser, aquele encontro que é nutritivo em sua comunhão. Meu comportamento sempre foi diametralmente oposto: sempre um modo de vida pautado no enfrentamento político, na discussão verborrágica intelectualóide, na hiperintelectualidade estagnante. Nunca me ocorreu este fato, tão claro como me vem agora: apesar da minha obstinada negação, sempre tive um guru. Seu nome:... intelecto.
Nelson Jonas R. de Oliveira