Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

19 de janeiro de 2011

Oh! Peste.


Está confirmado: uma grande onda de contaminação jamais vista invade os grandes centros urbanos e se espalha vorazmente pelas regiões adjacentes, chegando aos locais mais ermos do Globo Terrestre. Onde houver vida, lá estará o gérmen desta contaminação.

Borbulhando dos subterrâneos, enxames e mais enxames saem de buracos abertos na superfície – à moda de enormes cupinzeiros -, alastrando-se, sem piedade nem misericórdia, por todas as edificações. Tem ávida preferência pelos edifícios de instituições financeiras e governamentais. Provavelmente pela abundância de registros burocráticos para lastrear a desconfiança de um ser humano para com outro, numa tentativa inútil de se precaver contra "engano doloso ou culposo", onde é evidente e notória a indiferença e total ausência de empatia entre semelhantes.

Outra zona de convergência desta inóspita epidemia está nas agregações midiáticas, tão proficuamente criativas em descobrir maneiras de adestrar o público-alvo para atender a insaciabilidade de interesses aviltados pela ganância e pelo poder.

Há horários pré-fixados para os enxames se desterrarem, saírem de seus enterrados buracos. Geralmente pela manhã (entre 6h00 e 9h00); retornando ao seu 'habitat' no crepúsculo (entre 17h00 e 21h00). Existe, ainda, uma espécie pestilenta específica predominante em instituições educacionais com preferência pelo horário noturno (entre 19h00 e 22h00). Porém, por enquanto, estes se encontram em estado de fermentação, de germinação. Recebem, diariamente, doses cavalares, fortificantes para as ferraduras de imprescindível serventia no papel de solapar seus iguais em concorrências vindouras.

São estes enxames os reais responsáveis pela degeneração endêmica na qual estamos todos inseridos. A exemplo de insignificantes formiguinhas, optam por pertencerem a uma aglutinação uniforme, deglutindo-se nesta uniformidade, apenas para posarem de vencedores da própria insignificância (qualidade inerente ao ser humano sadio).

A uniformidade aciona o processo de diferenciação entre os indivíduos deste enxame, resultando no inumerável leque de alternativas de entretenimento lícito (cinemas, teatros, restaurantes, shows, barzinhos, baladas, etc.) e outras cujo excesso rotulam de marginais (bebidas alcoólicas, drogas, sexo, etc.) . Tal rotulação contribui para o reforço da auto-imagem de marginal assumida por aquele que assim age, tornando-o ainda mais refém do objeto de sua marginalidade.

O extermínio desta patologia, talvez... E somente talvez... Se dê através do sofrimento de muitos por meio de repetidas catástrofes – ecológicas, metereológicas - causadas indiretamente por quem está obtendo grandes proveitos pela surda e ensurdecedora propagação desta pestilência.

Hoje podemos nos vangloriar de ter atingido inédita evolução em nossos meios de comunicação, capacitando-nos a apreciar o desastre no vizinho confortavelmente sentados em nossa poltrona, tomando um aperitivo e tecendo soluções tão rápidas quanto ineficazes, exatamente igual ao que ocorre nos gabinetes executivos, legislativos ou judiciários.

E querem nos convencer que o voto pode mudar isso...

Liban Raach
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