Há algo de sadomasoquismo na bondade. A bondade implica em ceder de si para outra pessoa que tenha necessidade. A falta do necessário pode levar ao sofrimento. Portanto, o sofrimento alheio está implícito na bondade.
Quem acredita ser bom precisa que o outro esteja sofrendo.
Quem é autor de um ato de bondade sincera obtém inegável alegria e alívio de seus próprios sofrimentos. Vive um momento de intensa sensação de consolo e amparo, comparável a um flash de iluminação. Em prol destes instantâneos iluminados, tende a repetir estados mórbidos.
Um ato bondoso provém de quem gosta de sofrer. Portanto, ‘bom’ é aquele que gosta de sofrer e precisa do sofrimento alheio.
Não é esta a prerrogativa máxima do sadomasoquista?
Enquanto existir dor e sofrimento entre a humanidade, haverá sadomasoquistas... haverá bondade!
Liban Raach