Entre o fazer e o ‘fazer a diferença’ há um salto quântico.
Quem salta sem desbravar o abismo torna-se oco.
Há os que demoram no abismo. Agradam-se do abismo...
Porém, nenhum tempo é demora. O tempo de ninguém é demora.
O problema está em quem tem pressa, que persegue uma hora que não é a sua.
Quem demora segue sua própria hora. Quem segue sua própria hora não sente demora, nem pressa. Como bem disse Renato Teixeira em sua música "ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais..."
O ‘fazer a diferença’ é estar apto a agregar valor. Meu entendimento de ‘agregar valor’ compreende o bem-estar íntimo de mim mesmo e dos indivíduos ao redor, diferentemente do entendimento comum. Nada de material, muito menos monetário, está envolvido no meu conceito de ‘valor agregado’. Os ganhos materiais são decorrência natural.
Agrega quem não segrega!
Quantos de nós conservamos a crença de que devemos economizar para não faltar, devemos segurar para não ficar sem, devemos prender para não perder? São práticas de segregação. Percebem? Eu não mais me surpreendo ao constatar em mim mesmo impulsos para determinadas práticas desta natureza, pois percebo que me foram ensinadas, insistentemente, como corretas – quanto precisam ser corrigidas, não?
O que propositalmente não ensinam, nem divulgam, é que estas práticas também levam ao distanciamento e à ruptura da capacidade de sentir, à interrupção da faculdade de amar, ao bloqueio do interesse por si mesmo e pelo outro, de ficar atento – ao invés de cometer atentados por não resultarem em nada prático – aos movimentos internos.
E desta segregação nasce o egocentrismo, a avareza, a voracidade, a competitividade e a violência. Por que se indignar e se revoltar com os eventos noticiados que demonstram a banalização da vida humana a que chegamos? Não seria porque eles, estes eventos, confrontam-nos com a segregação embutida e embotada em cada um de nós?
Praticar a não-segregação já ‘faz a diferença’ e conduz, espontaneamente, à compreensão de que o homem é um ser gregário. Diferente do gosto ordinário por se reunir em grupos ou bandos, como se pode inferir, o homem é um ser gregário singular contendo toda a pluralidade da espécie humana.
Liban Raach