..........A estes ouvidos em estado de graça, tudo esta indo por terra, toda forma de rendição, se apresenta, toda resistência esta esfumaçando neste calor que não para de arder, é um estado de presença, de comunhão com a vida, com a certeza de que tudo está certo. Não para de sair coisas, falas, cliques, de dentro do meu peito, não vem da mente, vem bem do centro do peito, bem do centro de onde parte esse calor e é incrivel as sacadas que se apresentam, sem a menor participação do organismo, da mente, do intelecto, do eu. Sei que pode dar ares de loucura, mas ocorre uma profunda compreensão de até onde alcança a compreensão do outro, sem que o outro se quer abra sua boca. Que grande desperdício, viver 47 anos sem experimentar este estado de ser... Estou um estado de profunda doação, não posso reter isto... Isto que sinto é muito, mas muito bom, melhor, prá lá de bom!
..........Não tenho a mínima vontade de olhar para fora... É só abaixar a cabeça, fechar os olhos e ver, ver o que vem. Ouso colocar agora: sinto que a busca está se encerrando e que uma nova fase se apresenta, uma faze de compartilhar, sem a menor expectativa de retorno, de mérito, só compartilhar, só potencilizar. Há uma clareza das situações passadas como nunca antes, há uma vontade de que o outro experimente isto, vejo o mundo através disto, que não tem nada a ver comigo, não tem nada a ver com minha pessoa. Faço aquilo que este centro caloroso me pede, pois, não há mais escolhas... Ela pede, eu faço e nada, nada, nada mesmo vem na frente disto; nada mais vai me separar disto. Tudo que não conseguia compreender agora se faz tão claro, tão lógico e, bem aqui no fundo, sinto que isto nem sequer começou... É algo que está me tomando, me dissolvendo, me desintegrando, jogando as velhas estruturas ao chão. Qualquer coisa que eu olho me gera calorosos sentimentos; há uma paciência destituída de qualquer expectativa de resultados... É como uma folga nas calças, nas calças da alma. É como dizia o poeta:
..........Olha, isso aqui tá muito bom
..........Isso aqui tá bom demais
..........Olha, quem ta fora qué entra
..........Mas quem ta dentro não sai
..........Vou perder me afogar no teu amor
..........Vou desfrutar me lambuzar deste calor
..........Te agarrar pra descontar minha paixão
..........Aproveitar o gosto dessa animação
..........Há um estado cômico, há um palhaço cósmico dentro de mim, que não consegue ver mais a vida com aquela seriedade; ficar sem isto É MORTE EM VIDA. Estou vivendo uma RESSURREIÇÃO... Há uma certeza de que não sou este corpo físico e começa a fazer todo sentido a ilógica da idéia de morte, porque estou sentindo a morte de quem eu me identificava e esta morte se mostra deliciosamente bela... Então, onde está a morte, o luto? Que sentido tem o luto para quem está se deliciando desta dimensão? Quem é que vive luto a não ser quem está identificado com os limites e os apegos do intelecto, do eu, aquele eu que se desespera por permancência?...
..........Não é preciso pensar para escrever: os dedos teclam sem a mente e é gostoso ver o mecanismo funcionando só... É como um estado de PURA TESTEMUNHA.
..........Ainda não há aquela sensação, ou melhor, aquele estado de ser que alguns dizem não haver separação nenhuma entre você e aquilo que é, aquilo que é vivo. Ainda me sinto fisicamente separado, mas não espiritualmente: está havendo uma fusão. Há um estado totalmente diferente... Sinto como se a “BOMBA” pode explodir a qualquer momento e desintegrar toda forma de ilusão.
..........No momento, só quero compartilhar, só isso, mais nada.
..........Há uma sensação, uma certeza interna de que nem preciso abrir a boca para me comunicar. Se me sento diante do outro, algo pode ir fundo nele, algo que não tem nada ver com esta personalidade, este mecanismo. Sinto que algo está atravessando, tomando por completo este mecanismo.
..........Já sei, você deve estar achando muito místico, eu compreendo: eu também pensava assim diante de tudo que me era desconhecido. Mas agora vejo como minha atitude era infantil diante de situações como essas. E vejo um exemplo que mostra bem, o como isto é infantil. Imagine uma criança de 6 anos... Imagine seu pai vindo e querendo falar para ela a respeito do prazer do gozo, do momento de total apagamento, de entrega, de alegria, de completude... Será que essa criança seria capaz de acessar sua fala?... Esse era eu diante da experiência do outro. Sim, claro que só pode ser místico, para quem nunca saiu da esfera do intelecto. No entanto, se você já me acompanha a tempo através do meu blog, com certeza deve ter sentido toda minha seriedade diante de tudo isto. Por que seria irresponsável agora? O que ganharia com isso? Não falo isso movido pela necessidade de receber de você o seu crédito, mas sim, para incentivá-lo a ir fundo nisso, ir fundo com todo seu coração, com toda energia de seu ser, sem titubear... Eu posso lhe garantir que vale cada gota de suor de seu corpo. Não me importo mais em ter que ser aceito, mas me importo ainda que você não aceite pelo menos se manter curioso e investigar sobre isso. Não necessito que acreditem no que vivo, pois isto, isto veio PARA MIM. É um manjar que veio para me alimentar, um manjar sem caroço, um manjar que não deixou espaço para expectativas quanto o modo de ver do outro, com todo respeito e carinho, isso não cabe mais aqui! Isso está tomando todos os espaços que este eu, este intelecto tomou. Sinto dores no corpo, mas também sinto como se as mesmas dores fizessem parte de uma limpeza das células, como se estivessem sendo como que “reorganizadas”. E aí, a dor vem aceita, sem resistência, sem medo de doença, de morte, afinal o que é doença, o que é morte para a consciência? Só este mecanismo, que é este corpo, pode ficar doente... Tudo bem! Pode me chamar de louco!...
..........Outro fator interessante é que quando falo sobre isto com pessoas que refletem isto, a quentura chega a picos altíssimos; quando falo sobre isto com pessoas que buscam isto, ela se manifesta com mais intensidade. Quando começo a sentir que esta sensação de presença está diminuindo, basta abaixar a cabeça em direção ao centro do peito, segurar a respiração brevemente e... Lá está ela de novo e ela vem com alegria maior... Sinto que esses breves momentos em que perco a sensação de presença, são como que uma espécie de estados de platôs, providencialmente instalados para dar uma folga ao organismo, para que se estabeleça a fim de poder receber uma carga maior, mais poderosa... Isso é nítido como um girassol... Sinto que está ocorrendo um trabalho interno que não depende da minha vontade, é algo que, como diria o velho Chico, “me encontrou tão desarmada, que tocou meu coração, mas não me negava nada... Chegou como quem chega do nada, também nada perguntou. Mal sei como ele se chama, mas entendo o que ele quer! Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não, se instalou feito posseiro dentro do meu coração... Chegou fazendo as devidas correções, demolindo tudo que é desnecessário, limpando o terreno da mente, fazendo os devidos preparos para que uma overdose de consciência do que é se manifeste. Minha participação nisso tudo está na compreensão do que está ocorrendo e na total entrega a este acontecimento maior de minha vida... É uma total entrega e cuidado para o momento do novo homem.
..........Sei que talvez para muitos, isto não passe de abobrinha... Mas olha só: tenha paciência... Abobrinha também tem vitaminas!
..........Diante disto tudo, minha palavra só pode ser:
..........“QUE A PRESENÇA, SEJA, AGORA E SEMPRE!"
Nelson Jonas