A vida é uma grande e mascarada peça teatral que não permite ensaios; sem cursos, ela segue seu curso. Não há como saber de antemão os acontecimentos do ato seguinte, uma vez que na mesma, não há script. Quando menos se espera, as pesadas cortinas se fecham e, para a grande maioria, sem aplausos. Grande parte, por medo, prefere dar aos outros o papel principal que lhes é de direito; se conformam em ser apenas tensos expectadores, sempre com medo de uma possível interação repentina. Outros, por demais petulantes, para esconderem seus medos, tornam-se críticos maliciosos. A coragem é só para os que possuem alma de artista, de poeta; para estes, não há como fugir do palco, pois a voz da consciência, destes diretor único, incessantemente grita exigindo desempenho efetivo. Para a covarde massa da platéia, essa voz é profundamente exaustiva. Ao artista e ao poeta o aplauso e o reconhecimento, quase sempre ocorrem muitos anos após o apagar das luzes e o fechamento de suas cortinas, sendo que esse reconhecimento só se dá por meio de outros artistas e poetas; nunca se encontra na mediocridade pública. Esta última, sempre ocupada com o colecionar de fugazes sucessos, não tem os sentidos despertos pelas perguntas feitas por artistas e poetas:
Quem escreve seu roteiro?
Que voz lhe dirige?
Para onde apontam suas luzes?
Seu script é digno da atenção das gerações futuras?
Ser ou parecer? Eis a questão!
Nelson Jonas