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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

2 de março de 2011

A estrada à lugar nenhum

Tarde de Inverno

Escondida entre as montanhas, num país distante, existia uma aldeia. À entrada da aldeia haviam três estradas e, no local onde elas se separavam, três avisos diziam: "Para o mar", "Para a cidade" , e o terceiro: "Para lugar nenhum". Até onde se podia lembrar, as pessoas só tinham viajado pelas duas primeiras estradas. Ninguém ousava seguir a estrada que levava a "Lugar nenhum". Ela permaneceu deserta e não trilhada.

Jane, uma menina da aldeia, não se cansava de fazer os outros habitantes a mesma pergunta: - Para onde vai a estrada que vai a lugar nenhum? E ela recebia invariavelmente a mesma resposta: 

- À lugar nenhum.

As pessoas temiam pela segurança da menina e diziam:

- Nunca siga essa estrada. é muito perigosa. Ninguém jamais teve coragem de percorrê-la. 

Mas Jane pensou com seus botões que, se há uma estrada, ela deve levar a algum lugar. Um dia Jane fugiu da aldeia e, cuidando para que não a vissem, pegou a estrada proibida. Andou por um longo caminho, atravessando colinas e vales, passando por riachos e quedas d'água, florestas e desertos. E continuou em frente, até que começou a acreditar que os aldeões deviam estar certos. A estrada, de fato, não levava a lugar algum.

Até que um dia ela avistou um cão e disse a si mesma: 

- Se há um cachorro, deve haver uma casa ou pelo menos alguém por perto. Com um misto de medo e esperança, pôs-se a seguir o cachorro. Ele a conduziu por um caminho que dava numa casa escondida no meio de um bosquezinho frondoso. Uma senhora de idade morava na casa.

- Venha, minha pequena - convidou a senhora - venha para minha casa onde há muitos anos não recebo ninguém. 

Mostrou a Jane sua mansão repleta de tesouros preciosos.

- Você pode levar o que quiser. Tudo que possuo é seu, basta você querer. É a sua recompensa por ter tido coragem de ter trilhado a estrada que levava a lugar nenhum. 

Carregada de ouro e jóias, Jane se despediu da boa senhora.

Nesse meio tempo, os aldeões suspeitaram que Jane lhes havia desobedecido e tomado a estrada proibida. Ansiosos e nervosos, estavam convencidos que algo terrível havia acontecido. Por isso ficaram surpresos ao vê-la se aproximando, vinda daquela estrada, carregando seu precioso tesouro. Com toda a confiança, contou-lhes a verdade sobre sua viagem, e eles a escutaram maravilhados e espantados.

Logo havia uma torrente de aldeões viajando na estrada que levava a lugar nenhum. Caminharam durante dias e noites, mas não chegaram a lugar nenhum. Não encontraram nem o cão, nem a casa nem a boa senhora. Voltaram para a aldeia amargurados e desapontados, xingando Jane e acusando-a de mentirosa e impostora.

Jane balançou a cabeça e disse calmamente:

- É verdade que há um tesouro por descobrir, mas só para aqueles que ousam seguir uma estrada que leva a lugar nenhum.

(autoria desconhecida)
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