Escondida entre as montanhas, num país distante, existia uma aldeia. À entrada da aldeia haviam três estradas e, no local onde elas se separavam, três avisos diziam: "Para o mar", "Para a cidade" , e o terceiro: "Para lugar nenhum". Até onde se podia lembrar, as pessoas só tinham viajado pelas duas primeiras estradas. Ninguém ousava seguir a estrada que levava a "Lugar nenhum". Ela permaneceu deserta e não trilhada.
Jane, uma menina da aldeia, não se cansava de fazer os outros habitantes a mesma pergunta: - Para onde vai a estrada que vai a lugar nenhum? E ela recebia invariavelmente a mesma resposta:
- À lugar nenhum.
As pessoas temiam pela segurança da menina e diziam:
- Nunca siga essa estrada. é muito perigosa. Ninguém jamais teve coragem de percorrê-la.
Mas Jane pensou com seus botões que, se há uma estrada, ela deve levar a algum lugar. Um dia Jane fugiu da aldeia e, cuidando para que não a vissem, pegou a estrada proibida. Andou por um longo caminho, atravessando colinas e vales, passando por riachos e quedas d'água, florestas e desertos. E continuou em frente, até que começou a acreditar que os aldeões deviam estar certos. A estrada, de fato, não levava a lugar algum.
Até que um dia ela avistou um cão e disse a si mesma:
- Se há um cachorro, deve haver uma casa ou pelo menos alguém por perto. Com um misto de medo e esperança, pôs-se a seguir o cachorro. Ele a conduziu por um caminho que dava numa casa escondida no meio de um bosquezinho frondoso. Uma senhora de idade morava na casa.
- Venha, minha pequena - convidou a senhora - venha para minha casa onde há muitos anos não recebo ninguém.
Mostrou a Jane sua mansão repleta de tesouros preciosos.
- Você pode levar o que quiser. Tudo que possuo é seu, basta você querer. É a sua recompensa por ter tido coragem de ter trilhado a estrada que levava a lugar nenhum.
Carregada de ouro e jóias, Jane se despediu da boa senhora.
Nesse meio tempo, os aldeões suspeitaram que Jane lhes havia desobedecido e tomado a estrada proibida. Ansiosos e nervosos, estavam convencidos que algo terrível havia acontecido. Por isso ficaram surpresos ao vê-la se aproximando, vinda daquela estrada, carregando seu precioso tesouro. Com toda a confiança, contou-lhes a verdade sobre sua viagem, e eles a escutaram maravilhados e espantados.
Logo havia uma torrente de aldeões viajando na estrada que levava a lugar nenhum. Caminharam durante dias e noites, mas não chegaram a lugar nenhum. Não encontraram nem o cão, nem a casa nem a boa senhora. Voltaram para a aldeia amargurados e desapontados, xingando Jane e acusando-a de mentirosa e impostora.
Jane balançou a cabeça e disse calmamente:
- É verdade que há um tesouro por descobrir, mas só para aqueles que ousam seguir uma estrada que leva a lugar nenhum.
(autoria desconhecida)