Chegará o dia em que não mais poderei comer doces.
Mas, até lá, continuarei a dar minhas beliscadinhas.
Chegará o dia em que não mais conseguirei correr, nem
pular.
Até lá, continuarei a dar meus pulinhos e minhas
corridinhas por aí...
Chegará o dia em que nem mesmo a ‘pilulazinha azul’ dará
jeito.
Pretendo, até lá, não fazer uso dela.
Desculpem-me!
Não me enquadro na categoria de touro reprodutor que vive
pelo prazer,
Ao invés do prazer pelo viver.
Chegará o dia em que meus amigos me abandonarão.
Ou porque a morte os convidou a cear,
Ou porque a própria vida, em seus tortuosos caminhos
certos,
Incumbiu-se de separar.
Compartilharei muitas e muitas ceias com eles até lá.
Chegará o dia em que não mais haverá
Esta regurgitante necessidade em escrever,
Pois o sentido de todos os escritos
Estará encravado em meus poros
Fazendo do meu transpiro, do meu respiro,
O sentido de todos os escritos.
Mas, até lá, continuarei a escrever coisas,
Por vezes, sem sentido.
Chegará o dia em que reencontrarei conhecidos
Que estagiaram em minha vida.
Neste dia, talvez, eu seja tratado como desconhecido.
Ou, talvez, eu dispense este tratamento.
De qualquer forma, ainda assim, a comunhão permanecerá
impressa
Nos registros do meu Ser, como tem sido desde que eu me
tenho por gente!
Chegará o dia em que minhas pálpebras fechar-se-ão em
definitivo.
Contudo, até lá, que no contato com cada criatura humana
Eu consiga contato do mais humano em mim
Com o mais humano em Ti!
LibaN RaaCh