A letra é, realmente, desprovida de todo e qualquer
significado quando separada de quem a está lendo. Só não ficará letra morta enquanto estiver vivificada na
reflexão meditativa de quem a lê.
Enquanto os dizeres expressos nas letras permanecerem
reverberando no íntimo de quem lê – apesar de já encerrada a leitura – lá estará
o Espírito daqueles dizeres.
Dentro deste contexto, os dizeres necessários, os dizeres
sôfregos por expressividade, sempre encontram mãos, ou vozes, através dos quais
desembocam...
...às vezes, feito pororoca em retumbante estrondo;
...outras vezes, como enternecedores véus d’água em
cachoeira modesta.
Por isso, os donos das mãos, ou das vozes, quase nunca são
donos dos dizeres.
Conforme o zelo em manter a cuia de nossa natureza
receptiva à altura do seio misericordioso, sempre haverá abundância de dizeres
a verter por mãos, ou vozes; ou, mais poderoso do que tudo, a verter pelo
anonimato do silêncio!
LibaN RaaCh