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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

16 de maio de 2011

O Rebelde: Precursor de um Novo Amanhecer

O Rebelde: Precursor de um Novo Amanhecer


Amado Osho,
O rebelde pertence a alguma categoria?

O REBELDE, pela sua própria natureza, não pode pertencer a nenhuma categoria existente.  Ele é uma nova categoria, introduz um novo homem no mundo. Ele é o precursor de um novo amanhecer, de um novo começo. Nenhuma categoria do passado o pode conter. Todas as categorias que têm existido até agora demonstraram ser ou fracassos, ou insuficientes para mudar a humanidade inteira.
O rebelde é a semente para a transformação de tudo.
Existiram indivíduos notáveis no mundo, mas mesmo os mais notáveis são muito pequenos em comparação ao autêntico rebelde do qual estou falando, porque todos eles, de uma maneira ou de outra, fizeram concessões ao sistema. E é aí que o rebelde difere de todos eles.
Eles eram sábios, eram artistas criativos, eram músicos, dançarinos, todos os tipos de pessoas - o passado produziu muitas figuras luminosas, mas algo está faltando nelas. Uma coisa básica que falta é: todas viveram comprometidas com os interesses estabelecidos. Nenhuma delas foi total em sua rebeldia. Sim, rebeldes parciais existiram, mas um rebelde parcial não é suficiente.  O homem precisa de rebeldes totais para mudar o destino da humanidade, tirá-la do caminho para a sepultura e colocá-la no caminho para o jardim do paraíso.
O próprio rebelde terá que criar uma categoria - pelo seu próprio viver, pelas suas próprias respostas, pela sua própria criatividade, pelo seu próprio amor, pela sua própria atitude de não fazer concessões, por se tomar totalmente descontínuo com o passado. O rebelde não terá nenhum passado, nenhuma história. Terá somente o presente e um vasto futuro que está aberto, não dominado pelo passado morto, porque não há passado para o rebelde.
O rebelde significa liberdade absoluta, amor absoluto, criatividade absoluta. Ele é um tipo totalmente novo de homem, com o qual algumas pessoas sonharam no passado, alguns poetas, alguns filósofos, alguns místicos, mas ele tem permanecido um sonho - tanto é assim que as pessoas começaram a chamar esses poetas e místicos de utópicos.
A palavra utopia significa, em suas raízes, “aquilo que nunca vem”. Você pode sonhar a seu respeito, mas o seu sonho é um exercício de completa futilidade; ele é utópico, ele não se tornará realidade - jamais. É uma esperança vã. Ele é um ópio para manter as pessoas sonhando e alucinando, de tal forma que elas possam tolerar o sofrimento e a miséria do presente.
O rebelde não é um sonho.
O rebelde é uma realidade. Ele não é uma utopia.
Ele é uma realização efetiva do potencial do homem, é uma promessa cumprida, um sonho realizado. Naturalmente ele não pode pertencer a qualquer categoria existente. Ele terá que criar sua própria categoria. Ela será criada pelo simples fato de que muitas, muitas pessoas inteligentes, cheias de juventude e vida, prontas para aceitar o desafio de um futuro desconhecido... Lentamente uma categoria se formará por si mesma.
Existem empecilhos para o surgimento do rebelde. O empecilho mais importante é que ele tem que ir contra a multidão, e a multidão tem todo o poder. O rebelde é muito vulnerável, tão vulnerável como uma rosa. Você pode destruí-lo muito facilmente, você pode crucificar um rebelde sem a menor dificuldade.
Mas estou sentindo uma tremenda garantia de que o rebelde nascerá – talvez ele já tenha nascido. As pessoas apenas levarão um pouco de tempo para o reconhecer. Ele é tão novo, não se enquadra em nenhuma categoria; daí, um lapso de tempo é necessário para criar uma categoria e para reconhecê-lo.
Por que eu estou tão certo? Estou tão certo porque o homem chegou a uma crise com a qual nunca se deparou antes. Ele tem que escolher, ou o novo homem, ou o suicídio global. E não penso que as pessoas irão escolher o suicídio global. Essa é a minha garantia, essa é minha esperança de que o novo homem necessariamente surgirá.
Os dias do velho homem terminaram. Ele já viveu demais - quase postumamente. Ele deveria ter morrido há muito tempo; ele tem arrastado o seu cadáver. Mas seu tempo terminou. Ele mesmo criou a situação na qual somente o novo homem, o homem rebelde, rebelando-se contra todas as religiões, todos os governos, todas as instituições, todos os interesses do sistema, rebelando-se contra tudo o que tem mantido o homem cego, prisioneiro, forçando-o a viver em túneis escuros, nunca lhe permitindo conhecer as belezas da vida...
O velho homem criou uma situação tal, que isso tinha que acontecer; estava vindo aos poucos. Cada guerra se tomava mais e mais perigosa.
Foi perguntado a Albert Einstein: “Você tem alguma coisa a dizer a respeito da terceira guerra mundial?” Ele disse: “Sinto muito. Eu não posso dizer nada a respeito da terceira guerra mundial, mas se você quer saber alguma coisa a respeito da quarta, eu posso dizer”.
O homem que fez a pergunta simplesmente não podia acreditar: se ele nada podia dizer sobre a terceira, o que poderia dizer sobre a quarta? Incrédulo, ele perguntou: “Está bem, fale a respeito da quarta”.
E Albert Einstein disse: “A quarta jamais acontecerá - isso é o que pode ser dito a respeito da quarta. A respeito da terceira, nada pode ser dito”.
Todos os seus grandes guerreiros, todas as suas figuras históricas, todos os seus assim chamados grandes homens trouxeram a morte tão próxima que agora o homem precisa escolher.  Não existe outra alternativa que não seja um novo homem. O velho homem eliminou a si próprio da existência.
O rebelde terá uma nova moralidade - não de acordo com algum mandamento, mas de acordo com sua consciência. Ele terá uma nova religiosidade; ele não pertencerá a religião alguma, porque isso é absolutamente estúpido. A religiosidade é um fenômeno privado e pessoal. É exatamente como o amor, não pode ser organizada. No momento em que você organiza a verdade ou o amor, você os mata. A organização funciona quase como um veneno. O novo homem não será um cristão, ou um hindu, ou um muçulmano, ou um budista. Ele simplesmente será religioso.
A religiosidade será tomada não como uma crença, mas como uma maneira de viver - uma maneira graciosa, uma maneira bonita, uma maneira responsável, uma maneira repleta de consciência e repleta de amor, repleta de partilha e amizade, e uma maneira de se criar um mundo sem qualquer fronteira. Nenhum exército é necessário, nenhuma arma é necessária, nenhuma nação é necessária, nenhuma religião é necessária.
Tudo o que é necessário é um pouco de meditação, um pouco de silêncio, um pouco de amor, um pouco mais de humanidade... Apenas um pouco mais e a existência terá uma fragrância de algo tão totalmente único e novo que você terá que encontrar uma nova categoria para ela.

As freiras no convento estavam ficando muito inquietas. A madre superiora chamou-as todas e exigiu saber o que estava acontecendo. Ninguém falou, até que finalmente uma noviça recém-chegada disse: “O que este lugar precisa é de alguns homens sadios!”
A madre superiora ficou chocada. “Bem, ela está certa. Isso é apenas a natureza humana”, disse uma outra freira intrepidamente.
“Muito bem”, disse a madre superiora, “eu distribuirei velas para vocês todas, e assim vocês podem ter algum conforto”.
“Elas não são boas, nós as experimentamos”, gritaram várias vozes.
“Elas eram boas quando eu era jovem”, disse a madre superiora. “Qual é a sua objeção?”
“Bem, reverenda madre, a gente se cansa da mesma coisa, pavio para dentro e pavio para fora”.
(Em inglês a expressão usada é wick in and wick out, que tem o mesmo som de week in and week out, que significa entra e sai semana.)
O homem está ficando cansado de tudo o que é velho - a velha política, a velha religião, a velha espiritualidade, a velha santidade, os velhos valores. O homem está ficando completamente entediado.
Este século deu nascimento a apenas uma escola filosófica, o existencialismo. No existencialismo, o tédio é o tema central - não é Deus, nem é se a existência consiste de matéria ou consciência; não é céu e inferno, não é reencarnação ou renascimento. O tema principal é o tédio.
É significativo que os melhores pensadores desta era acreditem que a necessidade mais fundamental do homem, atualmente, seja a de como sair desse tédio, o qual está se tomando mais e mais pesado, como uma nuvem negra, e está destruindo toda a alegria, tornando a vida sem sentido, criando uma situação na qual parece que nascer é uma maldição, não uma bênção. Os filósofos estão dizendo que a vida é uma maldição, um tédio sem sentido, uma angústia sem fim que não serve a nenhum propósito, absolutamente. Você sofre tanto, você se sacrifica tanto, e o resultado final é simplesmente nada.
Os políticos levaram as nações a um estado de guerra contínua - algumas vezes fria, algumas vezes quente - mas a guerra continua; e os cientistas forneceram os meios de destruir esta Terra pelo menos sete vezes. Esse cálculo de sete vezes é de quase dez anos atrás. Nesses dez anos, eles se tornaram capazes de destruir a Terra pelo menos setenta vezes. Tantas armas nucleares!
Essa é uma combinação estranha. Os filósofos estão dando a idéia do suicídio como a única saída dessa confusão, e os políticos estão criando o comunismo, a democracia, o socialismo, o fascismo, todos os tipos de ideologias - não para o homem, mas o homem deve ser sacrificado por essas ideologias. E os cientistas criaram as armas certas na época certa, de tal forma que a qualquer momento toda a vida deste planeta pode desaparecer. Eu não penso que isso irá acontecer, muito embora as preparações estejam completas - mais do que completas. Isso não irá acontecer, porque a vida tem um intrínseco anseio de viver para sempre, de amar para sempre, ela não deseja a morte; daí a garantia de um novo homem, um homem rebelde, que destruirá tudo aquilo que tem levado o homem para perto da morte absoluta.
Os obstáculos são enormes, mas esses obstáculos também têm um lado positivo. Por trazerem a morte para a humanidade, a humanidade obrigatoriamente terá que procurar uma forma de sobreviver - uma grande rebelião contra as nações, contra as religiões, contra as estúpidas filosofias como o existencialismo, contra uma ciência e tecnologia destrutivas, contra os líderes políticos e religiosos que estão dividindo a humanidade, discriminando as pessoas sem razão alguma.
O novo homem tem toda a chance de ser o salvador. Jesus não virá salvar a humanidade, nem Gautama Buda, nem Krishna, mas uma juventude rebelde ao redor do mundo irá ser a salvadora. Eu confio nas pessoas jovens, confio em seu anseio pelo amor, confio em seu anseio pela vida, confio em seu anseio por cantar e dançar e tocar música. Eu não vejo que eles estejam dispostos a morrer.
Se as pessoas velhas decidirem morrer, elas podem cometer suicídio ninguém as está impedindo. Se os políticos estão tão interessados em morrer, eles podem pular no oceano. Mas eles não têm o direito de destruir aqueles que nem ao menos provaram os prazeres da vida, que nem ao menos respiraram a fragrância da existência, que nem ao menos viram a beleza das flores, das estrelas, do Sol e da Lua; que não conheceram a si mesmos, que ainda não são viajantes de sua própria interioridade, que absolutamente não estão familiarizados com sua própria subjetividade, com seus próprios tesouros.
Não, os jovens do mundo, seja qual for a sua idade... E qualquer um que ame a vida é jovem; até mesmo em seu leito de morte, aquele que ama a vida é jovem. Todos aqueles que são amantes da vida irão criar a atmosfera certa para dar as boas-vindas ao espírito rebelde do homem - porque não há outra alternativa.
Minha certeza a respeito do rebelde como o salvador do homem e deste planeta é absoluta - categoricamente absoluta. O rebelde tem apenas que não temer a opinião pública, não temer a multidão, não temer máscaras, atitudes.

Um padre queria conseguir dinheiro para a sua igreja. Foi-lhe dito que poderia fazer uma fortuna com corridas de cavalo, assim ele decidiu comprar um e tentar a sorte. Contudo, os cavalos estavam caros demais no leilão, e então acabou comprando um jumento. Inscreveu-o nas corridas e para sua surpresa ele obteve o terceiro lugar. No dia seguinte a página de esportes do jornal local destacava: “Burro do Padre dá um Show”. (Em inglês a palavra usada para burro é ass, que também significa bunda).
O padre ficou muito entusiasmado, assim, pôs seu jumento numa outra corrida. Desta vez ele ganhou e o jornal publicou a manchete: “Burro do Padre Desponta na Frente”.
O bispo estava tão chateado com esse tipo de publicidade que pediu ao Padre para não colocar seu jumento em mais nenhuma corrida. No dia seguinte lia-se no jornal: “Bispo corta o Burro do Padre”.
Isso foi demais para o bispo, assim, ele ordenou ao padre para se livrar do jumento, e o padre o deu de presente para uma freira de um convento próximo. Na primeira página lia-se: “Freira Tem o Melhor Burro da Cidade”.
O bispo desmaiou. Mais tarde ele informou à freira que ela deveria se desfazer imediatamente do jumento, então ela o vendeu por dez dólares a um fazendeiro. O jornal, fielmente, relatou a notícia: “Freira dá o Burro por Dez Dólares”.
No dia seguinte o bispo foi enterrado.

Simplesmente não se preocupem com os jornais locais, com a opinião pública, com o que as pessoas falam sobre você. Essas são as maneiras com que as massas têm dominado os indivíduos por séculos. Aqueles que querem ser eles próprios não podem se preocupar com o que as massas retardadas dizem a seu respeito. As massas retardadas sempre estiveram contra qualquer revolução, qualquer rebelião. As massas condenaram qualquer mudança - até mesmo a menor das mudanças.
Quando as estradas de ferro começaram pela primeira vez, o padre, o arcebispo e o papa, todos as condenaram, dizendo que Deus não criou estradas de ferro quando criou o mundo, assim, essas estradas de ferro deviam ser invenção do demônio. E elas pareciam com o demônio, especialmente as versões antigas das estradas de ferro, e suas máquinas certamente pareciam ferozes, feias, muito malévolas. As igrejas proibiram suas congregações, dizendo: “Ninguém deveria entrar nesses trens, porque o demônio irá destruí-lo”.
A estrada de ferro não era muito longa, apenas dezesseis quilômetros. Para o primeiro experimento, estava-se oferecendo passagem grátis, café da manhã e almoço, uma jornada deliciosa de dezesseis quilômetros e uma experiência histórica - porque ninguém jamais havia estado em um trem, você seria o primeiro.
Mas as pessoas que nunca foram freqüentadoras habituais das igrejas também se reuniram para escutar os bispos, os cardeais, o arcebispo; todas as igrejas estavam cheias. Essas pessoas estavam dizendo: “Não se deixem persuadir pelo demônio. Ouçam, ele está prometendo para vocês - sem passagem - café da manhã, almoço, uma deliciosa jornada”. E eles disseram: “Vocês não sabem - esses trens certamente vão começar a andar, mas eles nunca irão parar”. Isso foi dito pelo arcebispo da Inglaterra: “Esses trens são manobrados de tal maneira pelo demônio que, uma vez que você entra, eles partirão, mas não pararão - então o que você irá fazer? Apenas um café da manhã e um almoço e sua vida está terminada”.
As pessoas estavam com muito medo - por um lado muito excitadas, por outro lado muito receosas. Somente criminosos, uns poucos desafiadores do demônio, disseram: “Tudo bem, se eles não pararem, não há nada com que se preocupar - vamos ver. Quando algumas poucas pessoas entraram, então algumas outras, que eram um pouco menos ousadas, disseram: “Se algumas pessoas estão entrando, deixe-nos correr o risco”.
Mas ainda assim os compartimentos estavam quase vazios; em um compartimento para sessenta pessoas havia somente dez ou cinco pessoas.
Em todo o trem não havia mais do que cem pessoas - tremendo, comendo o café da manhã, mas sabendo muito bem: “Este é o último café da manhã, apenas espere pelo almoço e fim”. E esse trem... estava indo tão depressa, eles nunca haviam visto nada parecido; a não ser que o demônio o esteja dirigindo, uma tal velocidade é impossível.
O papa, os arcebispos e os grandes líderes cristãos provaram ser tolos. O trem retornou - ele parou! Mas tudo que é novo, até mesmo uma coisa inocente como um trem, e as massas estão contra.
As massas estão nas garras dos líderes religiosos, dos líderes políticos, e essas pessoas não querem que nenhuma mudança aconteça, porque cada mudança significa um perigo para o status quo, um perigo para o sistema. Qualquer mudança irá trazer outras mudanças, e elas terão que se ajustar a essas mudanças. Quem sabe se esses ajustamentos irão ser favoráveis ou desfavoráveis a elas? A vida para esses líderes e para o sistema é tão confortável e tão luxuosa que é melhor que tudo permaneça como está.
Mas agora a situação é totalmente diferente. O próprio sistema trouxe a situação de uma mudança suprema - ou a vida ou a morte. E a escolha é tal que não penso que alguém escolherá a morte.
Se as pessoas escolherem a vida, terão que escolher os valores da vida. Então a renúncia pregada pelas religiões se tornará fora de moda, a santidade terá que encontrar novas dimensões. Os poetas, pintores, cantores e dançarinos serão os santos. Então os meditadores - as pessoas iluminadas, as pessoas mais conscientes e acordadas - serão os sábios.
Estamos chegando perto de uma tremenda transformação, e iremos vê-la em nossas próprias vidas - algo tão raro e único que jamais aconteceu antes e jamais acontecerá novamente.
Vocês deveriam sentir-se afortunados, abençoados por verem a enorme transformação de todos os velhos padrões, de todos os velhos ideais, e o nascimento de novos valores, novos ideais, novas categorias de honra e respeitabilidade.

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