Da vida não espero mais nada!
Apenas o estar vivo.
Viver já me basta!
No caminho constante de um indivíduo em evolução está contida a fase do desvencilhamento de todas as formas de ilusão, entre elas a falsa noção de segurança dada por posição social, ou remuneração mensal, ou qualquer outra sensação de garantia do seu lugar ao sol em território conhecido - por mais legítimo que seja.
O fato óbvio de estarem em território conhecido já derruba por terra estas noções de segurança.
Entretanto, é vago por demais afirmar que a base e o alicerce verdadeiros, o fundamento inabalável e atemporal, o ponto fixo de apoio na alavanca ou na gangorra da natureza humana encontra-se em uma região fora do conhecido.
Tão vago que lá ficamos em estado de divagação, em absoluta entrega!
Ao sabor do vento, como se estivéssemos à deriva em mar aberto... em amar aberto... no mar da vida em si... na vida em si... a vida dentro de mim... A Vida... O Viver!
Quem, em sã consciência, estaria disposto a se sujeitar a tal situação?
Será que tal situação está reservada, apenas, aos rotulados de fronteiriços da sã consciência?
Quanto não existe de mais graça e de mais encantos em estar à deriva? Quantos não são os ventos benfazejos, os zéfiros, capazes de nos levar a um estado genuíno de arrebatamento?
Muitas vezes, nos retiramos deste estado de entrega - que o nosso estreito entendimento vê como um distanciamento definitivo de quem supomos amar - pois este ainda está em terra firme; enquanto nós, por desbravar mares nunca antes navegados (homenageando Camões), fomos acometidos por uma substância desconhecida em nossas entranhas, algo incurável, uma maldição bendita ou uma benção maldita.
Se não consegui me fazer inteligível, lamento. Lamento por não conseguir expressar - por meio da linguagem escrita - este algo do incognoscível, pertencente ao reino da Poesia, ao reino da Arte, da Arte do Viver e do Viver com Arte.
Do Ser...enfim!
Enfim...O Ser!
Liban Raach