A escrita é um ilusório agente modificador.
Como disse o confrade Nelson: -"a descrição de um prato de comida, por mais perfeita que seja, não mata a fome". Nada, nem ninguém, foram transformados de forma real, inegável e permanente lendo palavras, por mais tocantes sejam o teor e o fraseado delas.
Pode ocorrer um súbito alumbramento no leitor, tão durável quanto a disponibilidade dele em manter acesas as condições favoráveis àquele alumbramento; ou seja, fugaz como um lapso de luz em nosso ser.
Se considerarmos a vida como uma linha de tempo contínua, o tal lapso de luz seria como o trem que entrecorta esta linha em determinado cruzamento, obrigando-nos a parar para assistir, estarrecidos, aos enormes vagões passando, estremecendo o solo por onde andamos!
E combalidos por esta visão, somos forçados a continuar andando neste mesmo solo vergastado por aqueles assombrosos vagões... sem nunca mais sermos os mesmos!
Liban Raach