Todas as coisas se transformam, todas as relações se transformam, cada dia é um dia novo. Se for capaz de compreender o novo dia, se estou morto completamente para “ontem”, que já é “coisa velha”, morto para todas as coisas que aprendi, que adquiri, que experimentei e compreendi, há então revolução em cada momento que vem, e há transformação. Mas o morrer para ontem não é atividade da mente. A mente não pode morrer por força de uma determinação, de evolução, de um ato da vontade. Se antes reconhecer a verdade de que não pode produzir transformação alguma por ação da vontade, ou por meio de uma determinada conclusão ou compulsão, -- e o que se produz por essa maneira é apenas uma continuidade, um resultado “modificado” e não uma revolução radical; se a mente estiver silenciosa, por uns poucos segundos apenas, para apreender a verdade dessa acessão, vereis, então, acontecer uma coisa extraordinária, independentemente de vos mesmo e da vossa mente. Ocorre então, interiormente, uma transformação, sem nenhuma interferência da mente, que é pensamento condicionado. É um extraordinário estado mental, esse em que não existe “experimentador” e não existe “experiência” (...) Esta revolução total é a única coisa que pode trazer paz ao mundo. O importante, pois é a compreensão da mente, e não do método de operar a transformação de si mesmo e, conseqüentemente, a transformação do mundo. O próprio processo da compreensão do problema produz uma transformação, independente de vós mesmo.(...) A verdade é que traz a revolução, e não a mente sagaz, a mente que calcula.
Krishnamurti - As Ilusões da Mente