Os deuses do passado estão mortos, e não podem ser ressuscitados. Eles se tornaram irrelevantes para a consciência humana; foram criados por uma mente muito imatura.
O homem atingiu a maioridade. Ele precisa de uma visão diferente dos deuses, precisa de um tipo diferente de religião. Ele precisa ser libertado do ontem, porque só então o amanhã se tornará possível. O velho deve morrer para o novo vir a ser.
É bom que os deuses velhos tenham sido mortos – mas é difícil para a humanidade dizer-lhes adeus. A humanidade se tornou muito familiarizada com eles. Foram de grande consolo, conforto e conveniência; foram um tipo de segurança. Ao derrubá-los, uma pessoa se sente amedrontada, assustada.
A mente deseja permanecer com o conhecido porque o conhecido é o familiar, o caminho já trilhado. A mente sempre teme entrar no desconhecido. O desconhecido, por um lado, desafia, atrai; por outro, dá medo. Ele é imprevisível, a pessoa não sabe qual será a consequência de antemão.
E a mente sempre é ortodoxa, convencional. A mente é uma convenção, a mente é tradicional, a mente é tradição. Assim, o problema sempre se coloca neste ponto: a mente se agarra ao passado e a vida quer entrar no futuro, e há uma luta suprema constante entre a mente e a vida.
Os que escolhem a mente permanecem mortos. Aqueles que escolhem a vida contra a mente são o sal da terra.
Não se trata apenas de que os deuses de ontem estão mortos, o próprio conceito de um Deus pessoal não tem mais nenhum significado. No futuro não haverá deuses, nem haverá um Deus, pode haver apenas religiosidade.
Tentem entender isto. Deus não pode ter uma forma no futuro, e se você insistir na forma não haverá nenhuma religião. Só o sem forma pode ser concebido – uma qualidade, não uma pessoa; uma energia, não um ser. Não Deus, mas religiosidade. Nem qualquer religião particular – cristianismo, hinduísmo, islamismo –, mas só religiosidade.
Aqueles capazes de perceber isso podem sofrer uma grande transformação em suas vidas. Os que podem ver que Deus tem de ser derrubado em favor da religiosidade e que as religiões devem desaparecer em favor da religiosidade, estas são as pessoas do futuro.
E eu só estou falando com as pessoas que pertencem ao futuro. Não estou interessado nos que estão mortos, não estou interessado nos cemitérios. E os cemitérios podem ser belos... mas, mesmo nesses casos, ainda são cemitérios.
Osho, em "A Revolução: Conversas Sobre Kabir"