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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

27 de abril de 2011

Somos todos ateus com os deuses dos outros

"Somos todos ateus com os deuses dos outros"

O preconceito só existe enquanto se vê o outro como inferior. Apontar as semelhanças que temos, portanto, é um meio eficaz de destruir essa lógica. A peça mostra de maneira clara que ateus e monoteístas compartilham da mesma descrença com relação à imensa parte dos deuses, e divergem somente a respeito de um deles. Quando um teísta percebe que também enxerga quase todas as divindades como mitos, ele pode com mais facilidade se colocar no lugar de um ateu, e vê-lo como igual. Ao mesmo tempo, o contexto do anúncio coloca todos os deuses em pé de igualdade, sugerindo que todos eles são criações humanas.
"Religião não define caráter"

Os grupos que são vítimas de preconceito sempre sofreram com a afirmação de que são imorais: é o caso de mulheres, negros, homossexuais, e particularmente forte no caso de ateus. A palavra "ímpio", por exemplo, significa tanto "ateu" como "cruel" ou "que ofende os pais, a moral, a justiça" - assim como, no vocabulário do racista, "de preto" é sinônimo de ruim. Reza o preconceito que religiosidade significa bondade e ateísmo significa maldade. O anúncio pretende apontar como ambos os estereótipos são falsos.

"A fé não dá respostas. Só impede perguntas."

Essa mensagem contém mais do que parece à primeira vista. É a única em que a crítica ao pensamento religioso parece estar em primeiro plano, o que é reforçado pela imagem sugerindo que a fé é uma prisão. Mas a frase se opõe ao preconceito que emana da fé. Ele é reforçado diariamente nas igrejas com as declarações de padres e pastores, cardeais e papas. A nova versão internacional da bíblia contém 298 versículos citando a palavra ímpio, mostrando que é um assunto recorrente. Ali os ateus são descritos como a epítome da maldade e naturalmente todos são instados a se afastarem deles. É por fé que os religiosos sustentam a veracidade desses textos, e é por fé que reproduzem esses comportamentos. Portanto, a crítica à fé é condição necessária para desmontar o preconceito que ela alimenta. É a fé que impede perguntas fundamentais como "meu livro sagrado descreve os ateus como maus; isso será mesmo verdade?"

"Se deus existe, tudo é permitido"

A frase é uma contraposição à ideia muito popular de que a moralidade é impossível, inexistente ou sem sentido em um mundo sem divindades. Conjugada à imagem, ela aponta que a existência de divindades não cria automaticamente uma moral absoluta porque, assim como existe uma infinidade de deuses, vários deles "únicos", cada um deles vem com seu próprio sistema moral absoluto - e são todos diferentes entre si. Mesmo entre os que concordam com a existência de um mesmo deus, existe enorme multiplicidade de interpretações sobre o que é moral ou não.
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As mensagens acima, fazem parte de um pacote publicitário, implementado pela ATEA (Associação Brasileira de Ateus Agnósticos) - foi lançada na segunda semana de dezembro/2010, seguindo exemplo de alguns países de Europa, como Inglaterra, Itália e Espanha.

O objetivo, era atingir pessoas de segmentos populares, para tanto, o veículo de divulgação escolhido, foram os onibus das capitais: Salvador, São Paulo e Porto Alegre, durante 30 dias, porém, como vivemos num "país laico" - ou seja, uma país, onde o Estado é completamente desvinculado de religiões, os contratos firmados com as respectivas empresas de onibus, foram rompidos, primeiro em São Paulo, depois em Salvador e por último em Porto Alegre.

As empresas publicitárias recuaram, sob alegação de que "as referidas mensagens poderiam vilolar dispositivos das leis de publicidade", portanto, acabariam sofrendo punições.

Daniel Sottomaior, presidente da entidade que reúne os ateus brasileiros, ATEA, declarou que o recuo das empresas em publicar os anúncios, já demonstra o preconceito. Ele afirmou ainda que as peças publicitárias não vai na linha de ofensa a nenhuma religião. O intuito da campanha era tão somente no sentido de chamar a atenção da sociedade e tirar os ateus da invisibilidade.

Continua Sotomaior: "Somos cerca de 2% dos brasileiros ou 4 milhões de ateus. Mas muitos têm medo de se exporem devido ao preconceito de amigos, chefes e familiares. Isso tem que acabar!"

Para saber mais, visite o site: http://www.atea.org.br/

Publicada por Paulo Cavalcanti em Terça-feira, Fevereiro 15, 2011 em seu Blog:
http://bogdopaulinho.blogspot.com/
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