Sobre o tesouro da minha mina, postei o meu trono.
Não é bem do alto da acrópole, do meu trono majestoso, sobre o meu tesouro, que percebo quão pouca incandescencência existe na paisagem pobre que se descortina diante dos meus olhos. Pois sou um dos personagens desta paisagem.
É do alto da minha idade. Da minha meia-idade pra ser mais exato. Da idade que me trouxe maturação. Talvez meia maturação... Maturação sim, não maturidade. Porque ‘maturidade’, segundo o dicionário, significa ‘grau em que as atitudes, a socialização e a estabilidade afetiva de um indivíduo refletem, como característica normal do homem adulto, um estado de adaptação ou ajustamento ao seu próprio meio’ - nem adaptado, nem ajustado sou eu - e ‘maturação’, segundo seu significado psicológico, é um ‘aspecto do desenvolvimento, resultante de modificações estruturais e funcionais que possibilitem comportamentos crescentemente complexos’. Sinto-me maturado e saturado. Antes eu era complexado, agora sou complexo. Que PORRA!
Faço minhas as palavras do Rei Ricardo III – célebre personagem de William Shakespeare:
—O meu reino por um cavalo!
De preferência, com ferraduras novas. Assim, os coices serão suficientemente fortes para deixarem marcas profundas em minha alma já envelhecida e desencantada de tudo e de todos.
Liban Raach