(trecho extraído da obra "Cosmoterapia", de Huberto Rohden)
Há dois séculos foi feita por Louis Pasteur uma das mais estupendas descobertas no plano da natureza física. Descobriu este cientista que muitas doenças e epidemias são produzidas por seres vivos unicelulares - protozoários, amebas, bacilos, bactérias. Estes unicelulares são seres microscópicos, que se introduzem no organismo e, quando venenosos, podem matar o homem.
A segunda etapa desta descoberta é mais estupenda ainda: descobriu Pasteur que estes micróbios venenosos, causadores de doenças e morte, podem ser desenvenenados e trasformados em antídoto ou remédio contra as próprias doenças que produzem; basta fazer a competente cultura no laboratório, tirando destas bactérias o seu veneno e introduzindo-as depois no sangue duma pessoa sadia. E que acontece? Estas bactérias - digamos o bacilo de Koch, que produz a tuberculose - vivem tranquilamente no organismo vivo, sem fazer nada. Mas, no momento em que uma bactéria venenosa da mesma espécie entra no corpo, as bactérias desenvenenadas se apoderam das suas irmãs venenosas e as desenvenenam, neutralizando-as - e não haverá doença, por falta de veneno. As bactérias desarmadas no laboratório desarmam as bactérias armadas. O antiveneno é feito com o próprio veneno das bactérias.
Processo semelhante ocorre também no mundo superior da metafísica: do próprio mundo material, a cujo veneno o profano sucumbe, pode ser feito o antiveneno, o remédio capaz de salvar o homem do materialismo mortífero. Mas é necessário saber desenvenenar o mundo material, mediante uma cultura de laboratório, processo que somente o homem cósmico compreende.
Por via de regra, o homem profano sucumbe ao veneno do mundo material, que ele adora como ídolo e ao qual sucumbe como a seu tirano mortífero; a idolatria da matéria praticada pelo profano materialista mata o próprio idólatra. Para o profano, a matéria é como uma bactéria venenosa que destrói o organismo do homem em que consegue introduzir-se. O profano nada sabe de vacina, de profilaxia, de imunização; sucumbe simplesmente ao veneno mortífero da matéria, ao materialismo.
Em face desta epidemia e desta mortandade a que o profano sucumbe, resolveu o homem espiritual, o místico, fugir do mundo material e isolar-se perenemente no mundo espiritual - em algum deserto, em alguma floresta, em alguma montanha longínqua, em alguma caverna solitária, longe das bactérias venenosas da materialidade mortífera.
Mas, eis que aparece o homem de consciência cósmica e descobre um processo equidistante entre o profano e o místico: não sucumbe ao veneno do mundo material, nem se isola deste mundo venenoso - mas imuniza-se contra o veneno, servindo-se do próprio material venenoso para fabricar o antídoto salvador contra este veneno mortífero. O homem de conscência cósmica, novo Pasteur da profilaxia, descobriu o segredo de fazer remédio do veneno; vive em pleno mundo material sem ser materialista; vive espiritualmente no meio da matéria; vive puro no meio dos impuros; vive são no meio de doentes; vive vivo no meio dos mortos; vive sem contágio no meio das epidemias contagiosas.