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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

16 de setembro de 2011

O despessoalizar de nossas relações


Sem dúvida, é uma verdadeira bênção o "despessoalizar" de nossas relações. Ver-se livre do antigo estado de ser que toma tudo como pessoal, é realmente uma grande aventura, é realmente uma grande benção. Viver nesse estado de ser onde não mais se manifesta a ilusão da confiança no limitado conteúdo do intelecto, por mais  sutil que este seja, é realmente um estado de bem-aventurança. Quando não mais ocorre essa ilusória identificação de nossa natureza real como sendo o conteúdo de nosso intelecto, de nossa mente, dessa ilusão "pessoal", ilusão essa que nomeamos de "eu", de "ego", não há nada errado em lugar nenhum, tudo se mostra simples, maravilhosamente simples e certo. De fato, é muito bom quando não mais se apresenta a insana necessidade de buscar por debates, por buscar por inimigos externos, por buscar por pessoas a quem devamos ou não "desmascarar". Perceber que tudo está certo, que você não é responsável por concertar o mundo, traz uma leveza de ser que nos permite, pela primeira vez em nossa vida, desfrutar da vida em toda sua plenitude. É um estado de ser tão maravilhoso que as palavras não alcançam. Poder estar na vida de relação sem a antiga necessidade de querer ver confirmada suas certezas, de querer mostrar ao "outro" que ele não compreende as coisas de modo correto, não precisar reprovar ou concordar com as certezas dos outros é um estado de divina graça.  Neste estado de ser, as certezas já não são importantes, visto que as certezas são da esfera da pessoalidade e, este estado de ser, nada tem a ver com a pessoalidade, mas sim, com "algo" que é totalmente impessoal — as certezas estão exatamente no limitado e estreito campo da pessoalidade. Neste estado de ser, o que importa é o livre compartilhar da manifestação dessa impessoalidade, dessa impessoalidade que não é produto da mente, que não é produto de um limitado intelecto abarrotado de conhecimento livresco ou institucionalizado. Essa impessoalidade compartilhada, simplesmente vem e vai como bem quer, vem pronta sem a necessidade de se preocupar com as palavras, uma vez que as mesmas fluem por si só. Essa impessoalidade se apresenta de forma direta, simples, sem palavras complexas, se apresenta de forma muito natural, muito simples, pois não é fruto da sagaz linguagem do intelecto, mas sim, da amorosa linguagem do coração. Esta impessoalidade não precisa buscar apoio na fala de outros homens de renome, isso que vem não precisa de respaldo, não precisa da aceitação, da concordância ou discordância de terceiros. Isso fica para eles. Nesse estado de ser pelo qual essa impessoalidade se apresenta, não há mais a necessidade da busca pela opinião pessoal de terceiros, uma vez que toda graça já foi sentida no compartilhar, no proporcionar a oportunidade de comunhão com isto que se apresenta através deste estado impessoal. De fato, há uma Graça ainda maior, quando se percebe que um real encontro ocorre, e que nesse encontro, um qualitativo comungar acontece. Nesse estado de ser onde essa impessoalidade se apresenta de forma calorosa e amorosa, a graça sentida através dessa manifestação, dispensa toda forma de doação psicológica de terceiros, não importando se essa doação seja positiva ou negativa, uma vez  que neste estado de ser impessoal, não há espaço para a manifestação da dualidade que nomeia como positivo ou negativo. Esse estado de presença, onde essa impessoalidade se apresenta, tudo se faz simples e funcional, tudo se faz profundamente libertador. Aqui, já não há mais a doentia e deplorável necessidade de buscar por "tapinhas nas costas", por buscar pela necessidade da aprovação alheia, aprovação esta que é uma limitante prisão. Neste estado de ser onde essa impessoalidade se apresenta, não mais há espaço para os velhos jogos de egos, não há espaço para nosso político de plantão. Essa impessoalidade desfaz todos os jogos, jogos estes sempre jogados no tabuleiro da hipocrisia. Neste estado de ser onde esta impessoalidade se apresenta, não há mais espaço para manipulações, não há mais espaço para conchavos, para interesses ocultos, uma vez que a essência desta impessoalidade é amor. Neste estado de ser não existe a menor preocupação em manter ou colecionar amigos,  ou com o conseguir qualquer coisa por meio deles, seja material ou psicologicamente falando. Nesse bem-aventurado estado de ser não há a necessidade infantil de "colecionar amigos ou seguidores"; isso é muito bom quando ainda se está prisioneiro das ilusões do nossa natureza irreal, de nossa personalidade. É a personalidade que acha bom ter uma "enorme rede de amigos", no entanto, só o coração consegue constatar que o "bom" é sempre o grande inimigo do "melhor". Para o coração, o fato de ter ou não ter amigos, o fato de ter ou não ter uma numerosa rede de amigos, nada disso tem relevância. Isso é importante para a mente e não para o coração, pois o coração sabe que, uma rede é sempre uma rede, por mais que aparente ser boa, em sua essência sempre aprisiona, sempre enreda. Neste bem-aventurado estado de ser onde está presença impessoal se manifesta, não há espaço para a solidão. Neste estado de ser, se é livre de pessoas, de números, de sinais e palavras, se é livre na experiência direta desta impessoalidade, desta impessoalidade que podemos chamar de amor. Aqui a única coisa que é importante é o testemunhar deste estado de Ser e, pelo testemunhar deste estado de ser, nele sendo, facilitar a todos para que também desfrutem disto que traz à vida um novo sentido com real sentido.

Nelson Jonas R. de Oliveira
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